domingo, 4 de setembro de 2016

Diagnóstico dos garimpos de topázio imperial no Alto Maracujá, Sub-bacia do rio das Velhas, MG

Diagnóstico dos garimpos de topázio imperial no Alto Maracujá, Sub-bacia do rio das Velhas, MG





RESUMO
Esse estudo apresenta um diagnóstico dos garimpos de topázio imperial na cabeceira do rio Maracujá, denominada Alto Maracujá, em Cachoeira do Campo, distrito de Ouro Preto, Minas Gerais. Há muitos anos atuante na região, o garimpo é acusado de afetar seriamente a infra-estrutura e o meio ambiente da região, com destaque para os impactos na drenagem e nas matas ciliares. Para realização do diagnóstico ambiental da atividade garimpeira na região, utilizaram-se técnicas de avaliação de impacto ambiental, visitas a campo, entrevistas, levantamento da literatura técnica e histórica da região e localização dos garimpos via GPS. O estudo apresenta os efeitos no meio ambiente e infra-estrutura, bem como a interação sócio-econômica da atividade na região.
Palavras-chave: topázio imperial, garimpos, avaliação de impacto.

ABSTRACT
This study presents a diagnosis of the imperial topaz artisanal mining (garimpo) at the head of Maracujá river, called high Maracujá, Cachoeira do Campo, district of Ouro Preto, Minas Gerais. Operating in this region for a long time, the garimpo is accused of seriously affecting the infrastructure and the environment of the region with emphasis on natural drainage and levee's forest impacts. To conduct the environmental diagnosis of the garimpos activity in the region it was used environmental assessment techniques, field trips, interviews, historic literature research and GPS survey of the garimpos. This study presents the effects on the environment and infrastructure as well as the socioeconomic interaction of this activity in the region.
Keywords: Imperial topaz, artisanal mining, environmental assessment techniques.



1. Introdução
Segundo Miranda, a atividade garimpeira é uma forma muito antiga de extração mineral. Provavelmente remonta ao século XV através do avanço dos europeus sobre terras desconhecidas como aconteceu no continente americano. Essa atividade pode ser considerada uma modalidade marginal à mineração, encarada pela sociedade como símbolo de desorganização, violência, insegurança, insalubridade, problemas sociais, degradação ambiental e a total falta de técnica para a explotação dos bens minerais. Os garimpos trazem sérios danos ao meio ambiente (IBRAM, 1992).

2. Material e métodos
A metodologia utilizada para a realização desse trabalho consistiu em observações de campo, análise de documentos, levantamento de bibliografia técnica e histórica, depoimentos de pessoas ligadas direta ou indiretamente ao garimpo, entre outros expedientes que se fizeram necessários para melhor avaliação do problema.

3. Resultados
3.1 O topázio imperial
O topázio imperial é o principal objetivo da atividade garimpeira do Alto Maracujá. Trata-se de uma gema rara no mundo, de alto valor econômico, atualmente encontrada somente na região de Ouro Preto (Gandini, 1994). Castañeda et al. (2001) afirma que o topázio imperial foi descoberto por volta de 1772, no local denominado Morro de Saramenha, em Ouro Preto. Com o passar do tempo, a extração dessa gema foi evoluindo e diversos depósitos vêm sendo trabalhados dentro dessa região como as minas do Vermelhão em Saramenha e a do Capão do Lana (maior em produtividade e totalmente mecanizada), em Rodrigo Silva (Sauer et al., 1996). Outras áreas de ocorrência do topázio imperial se caracterizam pela presença de pequenos garimpos de aluvião, grande parte deles, ilegais. A Figura 1 mostra a localização das ocorrências e locais de extração de topázio imperial.
3.2 O Rio Maracujá
O rio Maracujá é afluente da margem esquerda do rio das Velhas, um dos principais afluentes do rio São Francisco. Formado pelos córregos Cipó, Arranchador e Caxambu, o Maracujá banha o maior distrito de Ouro Preto, Cachoeira do Campo. Trata-se de um rio de extrema importância para a região, dotado de grande valor histórico e físico, como atesta Ramos ([ 196_ ]).
3.3 Atividade garimpeira no Alto Maracujá
A atividade de mineração está muito presente no Alto Maracujá com os garimpos de topázio imperial. Pequenas empresas extrativas legais e garimpos individuais ilegais se estabeleceram no local, principalmente, a partir da década de 70 do século XX, quando houve uma intensificação dos garimpos de topázio na região de Ouro Preto.
3.4 Garimpos clandestinos
Os garimpos clandestinos ou manuais de topázio imperial podem ser divididos em dois tipos específicos: o garimpo de margem e o de leito. Entretanto, na maioria das vezes, esses tipos se confundem no campo. A seguir são descritos os diversos tipos identificados durante esse estudo.
3.4.1 Garimpo de margem
A Figura 2 mostra um esquema de um garimpo de margem. Primeiramente há o desmatamento para a retirada da camada de solo orgânico. Seqüencialmente, o decapeamento culmina com a remoção dos horizontes superficiais do solo, de modo a dar ao garimpeiro acesso às camadas mineralizadas e preparar a área para a lavra em profundidade. O decapeamento pode ser desenvolvido por meio de enxadas, enxadões e picaretas.


A abertura da frente de lavra é a fase posterior ao decapeamento, onde os garimpeiros procuram, conforme a necessidade, expandir horizontal e verticalmente sua área de atuação, escavando horizontes mais profundos de solo e as camadas mineralizadas denominadas cascalho. Essas camadas, mais resistentes ao avanço da lavra, são formadas pelas rochas com veios de quartzo onde há a ocorrência do topázio imperial. A profundidade das escavações, tomando-se como nível de referência o topo do horizonte A do solo, varia muito, podendo atingir de 2 a 7 metros em média. Os cortes são abertos em taludes de 90 graus ou taludes irregulares negativos. As ferramentas utilizadas nas aberturas das frentes de lavra são picaretas, enxadas, enxadões e a inusitada enxada-pá (cabo de enxada e na extremidade uma pá disposta em ângulo de 90 graus com o cabo). A Figura 3 ilustra uma frente de lavra na margem do córrego Cipó.


Para a retirada da água que se acumula nas frentes de lavra devido à proximidade do lençol freático, os garimpeiros usam, como subterfúgio, longas mangueiras de 10, 20 metros ou mais de comprimento com diâmetros de 1" e 1,5", estendidas em direção à jusante do córrego Cipó, para sugar a água da abertura produzida.
O cascalho mineralizado é retirado das frentes de lavra e transportado até as margens do córrego por meio de carrinhos de mão ou latas ou galões de plástico. Para a lavagem do cascalho, o garimpeiro se vale de uma peneira de pedreiro ou uma maior, construída por ele próprio com a finalidade de facilitar a cata do topázio imperial.
3.4.2 Garimpo de leito
Esse tipo de garimpo é executado diretamente no leito do córrego ou próximo à margem desse. A Figura 4 mostra a configuração de um garimpo de leito. Desconsiderando o desmatamento e o decapeamento, basicamente comporta as mesmas operações realizadas nos de margem. Tem como diferencial o maior volume de água acumulado nas frentes de lavra e a instabilidade dos taludes escavados no leito do córrego. A Figura 5 mostra uma frente de lavra no leito do córrego Cipó, no Alto Cipó.




Em outra forma de garimpo de leito são utilizadas dragas para aumentar o rendimento da produção. A Figura 6 ilustra como é feito o trabalho de dragagem. O cascalho, juntamente com lama e água, é dragado da área de escavação e jogado contra a superfície de uma peneira. O garimpeiro realiza a cata do topázio na superfície da peneira. A Figura 7 mostra uma frente de lavra no Alto Cipó com uso de draga abandonada temporariamente.




4. Discussão
4.1 Impactos ambientais
As operações que constituem um garimpo de topázio imperial trazem uma série de impactos para o ambiente de entorno. O desmatamento, o decapeamento e a abertura das frentes de lavra destroem ou alteram a diversidade da mata ciliar e interferem na fauna local. Além disso, o decapeamento e a abertura de frentes de lavra elevam os impactos negativos na drenagem do córrego Cipó a níveis preocupantes em escala local e regional. Pilhas de estéril ficam expostas à ação do escoamento superficial e ao transporte de sólidos sedimentáveis. Principalmente, no período das cheias, ocorre o deslocamento dos sólidos rumo à jusante do Cipó, acarretando um alto grau de assoreamento deste, como pode ser verificado na Figura 8.


Quando a lavra do topázio imperial é realizada por dragagem, a geração de sólidos sedimentáveis torna a operação extremamente danosa ao córrego Cipó, devido ao aumento expressivo do nível de turbidez das águas deste. Nota-se, também, uma contribuição considerável desse processo no assoreamento à jusante.
O esgotamento das águas acumuladas nas frentes de lavra, se feito por mangueiras, causa apenas impacto visual. Porém, se realizado com o auxílio de pequenas dragas, causa impactos imediatos ao curso d'água, devido ao aumento da turbidez deste.
Na lavagem do cascalho, a contaminação do curso d'água se dá pelo passante da peneira onde todo o material é manipulado, aumentando a concentração de finos e, conseqüentemente, o nível de turbidez das águas do córrego Cipó. Quando o garimpeiro se vale da construção de barramentos para o represamento das águas do córrego para posterior lavagem do cascalho, isto resulta na interferência do fluxo normal das águas e no impacto visual negativo.
A cata do topázio permite a formação de pilhas de rejeito compostas pelo descarte do cascalho, que contribuem para o assoreamento do córrego no período chuvoso. Seqüências de pilhas ao longo do leito do córrego interferem no fluxo normal de suas águas, na sua morfologia e contribuem para o impacto visual negativo no local.
O abandono temporário das frentes de lavra, seja na margem ou leito do córrego, é uma das ações mais freqüentemente efetuadas pelos garimpeiros. Em geral, costuma-se associar essa prática ao insucesso da lavra ou tática do garimpeiro para escapar da fiscalização ambiental. Os constantes abandonos e retomadas de frentes de lavra impedem a recuperação natural do local afetado.
4.2 Questões sociais, de saúde e de segurança
Além dos impactos diretos e indiretos ao meio ambiente, questões voltadas ao próprio garimpeiro e sua relação com a atividade e o entorno foram consideradas nesse estudo. Esse tipo de atividade predispõe o trabalhador a constantes ameaças à sua integridade física, tais como doenças ocupacionais, desmoronamentos, traumas, quedas, etc. Risco maior é exposto àqueles indivíduos não garimpeiros que circulam desavisados pelo local.
Conflitos entre garimpeiros e entre estes e indivíduos externos ao garimpo são freqüentes, em alguns casos, resultando em morte. Em muitos momentos, tensões com donos de terras ou órgãos fiscalizadores desencadeiam situações desagradáveis a ambas as partes, levando o local a um estado crítico.
Ameaças a obras civis na região também são fatos reais devido ao volume de impactos gerados nos garimpos de topázio imperial. São comuns erosões em estradas que tangenciam o córrego Cipó geradas a partir de desvios deste. O volume de sólidos sedimentáveis acarreta problemas de ordem estrutural em galerias, pontes e pequenos barramentos de sitiantes locais. Impacto de maior destaque se constitui na degradação da qualidade da água que abastece uma população de cerca de 6000 habitantes, comprometendo a eficiência da estação de tratamento de água de Cachoeira do Campo.

5. Conclusões
As atuais condições do garimpo de topázio imperial no Alto Maracujá comprometem o ecossistema da região e a infra-estrutura pública. Caso não ocorra uma organização da atividade sob a forma de cooperativa ou associação, torna-se impossível solucionar o problema e recomenda-se a paralisação imediata do garimpo.

Não há estudo que comprove a dependência econômica da atividade por todos os garimpeiros que atuam na região. Sabe-se que muitos são esporádicos e se beneficiam do garimpo como um instrumento de renda extra. Entretanto, outros têm, nessa prática extrativista, o sustento de suas famílias, já que a atual conjuntura econômica do país não oferece melhor sorte aos mesmos. Isto torna o problema ainda mais complexo. Saber avaliar o ponto exato de equilíbrio entre a necessidade humana de sobrevivência e a preservação ambiental é um desafio proposto a toda sociedade.

Rondônia explora menos de 10% das reservas de ouro do Estado

Rondônia explora menos de 10% das reservas de ouro do Estado




PORTO VELHO – A Amazônia tem contribuído significativamente na atividade de extração e transformação mineral realizada em todo território brasileiro. E é com os olhos voltados a dar maior visibilidade à produção do extrativismo mineral familiar na Região Norte e debater as políticas públicas para o setor que Porto Velho vai sediar o 1° Congresso Internacional de Mineração e Garimpagem Sustentável na Amazônia (CIMIGS). 

Os minérios mais extraídos na Amazônia são, em primeiro lugar, o ferro. O metal chegou a corresponder, em 2008, a 35,2% da produção nacional. Em segundo lugar vem à alumina (bauxita), com 17,6% do total. O alumínio aparece em terceiro, com 15,1%, e o cobre fica na quarta posição, com 11,3%. Ainda em 2008, a extração do nióbio colocou o país em primeiro lugar no ranking internacional, em segundo com a extração de ferro, manganês e alumínio (bauxita), e em quinto com o caulim e o estanho.

Garimpo em Rondônia 
Nas décadas de 60 a 80, o Estado viveu um auge de grande desenvolvimento econômico no setor. Com a abertura da BR-364, a região ficou relativamente bem, quanto ao aspecto financeiro, mas sofria com a atividade explorada de forma clandestina e manual. Em 1970, o Governo Federal proibiu a lavra manual na província estanífera de Rondônia, de acordo com a Portaria nº. 195, determinando que a exploração das jazidas fosse mecanizada, por meio de empresas.

A primeira mina de cassiterita descoberta em Rondônia se localizava no rio Machadinho, no ano de 1955. Em 1973, no auge da extração do minério, chegou-se a tirar até 7,3 mil toneladas. Neste período, a produção de Rondônia correspondeu a 80% do produzido no país.

De lá para cá, pouca coisa mudou. O modelo atual de exploração mineral ainda é artesanal e familiar. Com o apoio das cooperativas, os profissionais extraem apenas uma pequena parcela do potencial existente no Estado, o que representa resultados inferiores a 10%, apesar de estudos técnicos ligados ao setor comprovarem que há forte concentração de ouro na região.

Atualmente a cooperativa dos Garimpeiros, Mineração e Agroflorestal (Minacoop), cooperativa de Garimpeiros do Rio Madeira (Coogarima) e a cooperativa de Garimpeiros do Amazonas (Cogam), contam com 1.498 profissionais atuantes. Esses números representam famílias que fazem circular mensalmente em  Porto Velho cerca de R$ 13 milhões. A atividade gera uma renda média de mais de R$ 8 mil por família.

Preocupação com o Meio ambiente
As cooperativas encaram como desafio principal a desconstrução do atual modelo imposto pelo capital, com subordinação do Estado, e a construção de outra possibilidade de aproveitamento de forma racional dos recursos minerais na Amazônia. A maior preocupação é com a degradação do meio ambiente. A forma como a prática é feita tem gerado grandes prejuízos como crateras, matas devastadas, águas poluídas e outras sequelas, provavelmente irreversíveis.
No Rio Madeira foi explorado apenas 10% da reserva de ouro, que se concentra na região de Abunã, e na região dos Periquitos, aonde nas décadas de 80 foram extraido mais de 100 toneladas de ouro, mas ainda tem muito ouro na região, pois apenas 50% do ouro foi recuperado e o resto voltou para o rio, pois são partículas finas, mas são mas de 200 toneladas de ouro fino,uma reserva significativa e hoje em dia temos tecnologia para recuperar 95% do ouro fino.

Métodos de Lavra-ouro

Métodos de Lavra de ouro

ESCOLHA DO MÉTODO DE LAVRA
A escolha do método de lavra é uma das decisões mais importantes que são tomadas durante o estudo de viabilidade econômica. Na fase de planejamento, a seleção é baseada em critérios geológico, social, geográfico e ambiental, todavia as condições de segurança e higiene devem ser garantidas durante toda a vida útil da mina. Os aspectos relativos à estabilidade da mina, à recuperação do minério e à produtividade máxima também devem ser considerados. A seleção do método de lavra é um dos principais elementos em qualquer análise econômica de uma mina e sua escolha permite o desenvolvimento da operação. Numa etapa de maior detalhe, pode constituir-se como fator preponderante para uma resposta positiva do projeto. A seleção imprópria tem efeitos negativos na viabilidade da mina.
A mineração é uma atividade que é praticada em todo mundo e as técnicas de extração empregadas estão em constante evolução. Os métodos são limitados pela disponibilidade e desenvolvimento dos equipamentos e, como todos os fatores que influenciam em sua seleção, devem ser avaliados levando-se em conta os aspectos tecnológico, social, econômico e político; a escolha do método de lavra pode ser considerada tanto uma arte como uma ciência.
Comumente o método de lavra é designado como sendo a técnica de extração do material. Isso define a importância de sua seleção, já que todo o projeto é elaborado em torno da técnica utilizada para lavrar o depósito. Os trabalhos de infra-estrutura estão diretamente relacionados com o método.
Embora possam ocorrer modificações durante os serviços de lavra, implicando custos adicionais, essas alterações, geralmente, não produzirão um projeto ótimo em termos de eficiência operacional, porém, caso seja imperioso essa mudança, será preciso estabelecer um método que possua maior flexibilidade em termos de variações na técnica de extração. O emprego do termo “técnica de
extração” reflete os aspectos técnicos da seleção do método, que é parte fundamental da análise, dimensionamento dos equipamentos, disposição das aberturas e seqüência de lavra.
A maioria das minas utiliza mais de um método de lavra na sua operação. Um dado método pode ser mais apropriado para uma zona do depósito, todavia em outras partes seu emprego pode não ser a melhor opção.
Selecionado o método, este deve ser seguro e produzir condições adequadas para os funcionários, fomentar a redução dos impactos causados ao meio ambiente, permitir condições de estabilidade durante a vida útil da mina, ser flexível adaptando às diversas condições geológicas e à infra-estrutura
disponível, permitindo atingir a máxima produtividade reduzindo o custo unitário.
As características físicas do depósito limitam as possibilidades de aplicação de alguns métodos de lavra. A profundidade e a extensão do capeamento fornecem uma indicação preliminar sobre a aplicabilidade de técnicas de lavra a céu aberto.
O mergulho do corpo é um fator importante que influencia tanto na seleção do método como na escolha dos equipamentos, podendo ser definidos como suave (horizontal a 20º), médio (20º a 50º) e íngreme (50º a vertical).
A espessura do depósito e a sua forma também permitem a exclusão de determinados métodos. Os depósitos são classificados como estreito (<10 m), intermediário (10 m a 30 m), espesso (30 m a 100m) e muito espesso (> 100m) (Nicholas, 1968).
Além do condicionamento da escolha do método pelo teor do minério e sua distribuição espacial, tem-se ainda considerações sobre as águas superficiais e subterrâneas, quanto às formas de drenagem e bombeamento; considerações geotécnicas sobre o maciço rochoso relacionadas às propriedades permeabilidade, deformabilidade, resistência etc., aliadas as características da geologia estrutural que procurará determinar feições estruturais (falhas, dobras, diques etc.), devendo todas elas ser consideradas no estágio preliminar do projeto.
Outras considerações como estabilidade política do País, questões sociais e geográficas podem influenciar diretamente na escolha do método. Um exemplo disto é que a mineração em regiões remotas raramente desperta o interesse de operários qualificados e sua permanência no local, além da influência direta nos custos e na produtividade, afetando a escala de produção, já que ela depende
do desenvolvimento tecnológico, pois uma operação em grande escala exige infra-estrutura adicional, enquanto que uma operação de pequena escala pode ser feita por um programa sazonal.
Os critérios básicos para definição dos custos de cada método devem ser de forma tradicional através da apropriação de seus componentes individuais, baseando-se em mais de um critério de avaliação econômica, levando-se em conta, também, a situação financeira da empresa, pois se trata reconhecidamente de uma atividade que está sujeita a riscos elevados.
MÉTODOS DE LAVRA PARA O OURO
*A céu aberto: método de bancos em cava ou encostas dependente das condições topográficas do terreno, onde a profundidade máxima da cava dependerá diretamente do teor e da relação estéril/minério, como também, as dimensões das plataformas de trabalho dependerão da produção e da conveniência dos equipamentos;
*Subterrânea: lavra desenvolvida no subsolo em função de dois condicionantes, um é a geometria do corpo (inclinação e espessura) e o outro são as características de resistência e estabilidade dos maciços que constituem o minério e suas encaixantes. As variações do método ocorrem sob a forma
de abertura de poços, túneis e galerias nos maciços das encaixantes ou aplicação de métodos ou técnicas mais sofisticadas como realce auto-portantes (câmaras e pilares, subníveis e VCR – Vertical Crater Retreat); suporte das encaixantes; e abatimento em minas de grande porte;
a) Realce auto-portantes: método que costuma exigir elevada continuidade e homogeneidade da qualidade do minério possuindo alta produtividade face á simplicidade das operações conjugadas empregadas; Câmaras e pilares: método que se presta bem á mecanização, desde que a espessura da camada permita a operação de equipamentos em seu interior; Subníveis: o método permite grande variação em sua aplicação, as perfurações podem ser descendentes, ascendentes ou radial, no Brasil é bastante empregado em vários locais;
b) Suporte das encaixantes: os mais comuns são o recalque (shirinkage) e o corte e enchimento (corte e aterro). Método de menor produtividade quando comparado com aberturas auto-portantes em condições similares. A menor produtividade se justifica em função dos desmonte menores, de um maior número de operações conjugadas e da dificuldade própria de manuseio do minério em recalque ou enchimento. Recalque: método que não se presta bem á mecanização, pois existe uma relação entre as dimensões dos equipamentos de perfuração e a espessura e inclinação da camada para que essa permita a operação dos equipamentos no seu interior. Corte e enchimento: método que permite lidar com variações quanto á continuidade e homogeneidade da qualidade do minério, provendo diluição e recuperação aceitáveis. Quando o
material de enchimento é o próprio estéril, configura-se o enchimento dito mecânico, que pode ser feito com ou sem adição de cimento; quando o material do enchimento é o rejeito do beneficiamento (backfill), cimentado ou não, configura-se o rejeito hidráulico.
c) Abatimento: os mais comuns são o abatimento em subníveis (sublevel caving), por blocos (block caving) e longwall. No Brasil pratica-se o abatimento em subníveis. Subníveis (sublevel caving): método de perfuração ascendente no qual o teto vai sendo abatido de acordo com o encerramento das atividades de extração das galerias;
*Garimpagem manual: método onde o processo se dá pela lavagem do cascalho com ajuda de equipamentos rudimentares e ferramentas manuais para retirada do estéril, podendo subdividir-se em:
a) Garimpagem manual com o auxílio da ação de águas pluviais: as águas pluviais prestam-se a abertura de sulcos na superfície do terreno, desnudando o overburden (sobrecarga), quando o terreno apresenta uma topografia acidentada e rochas friáveis, colocando a mostra os níveis cascalhíferos eventualmente mineralizados e concentrando o material carreado pelas enxurradas, alvo subseqüente de investigação e catação manual;
b) Garimpagem manual com o auxílio da ação de águas fluviais: o método consiste no desvio de pequenos córregos, os quais são direcionados ao decapeamento do material estéril de áreas definidas aleatoriamente ou que tenham sido submetidas a anterior trabalho prospectivo, permitindo a
concentração do material transportado, que é posteriormente submetido a apuração por surucagem (peneiramento).
c) Garimpagem manual por catas: o método consiste na abertura de poços, em geral retangulares e de dimensões variadas, com a finalidade de se alcançar níveis mineralizados utilizando equipamentos como pá, picareta, enxadeco, enxada, suruca (bateria de peneiras com espaçamento das malhas diferenciado) e, eventualmente, cuias e bateias, concentrando o material de interesse,
procedendo-se, em seguida, a catação manual.
* Garimpagem mecânica: o método resumi-se ao tradicional desmonte hidráulico e subseqüente seleção granulométrica/gravimétrica na resumidora (planta de concentração).
a) Garimpagem mecânica por desmonte hidráulico: o método consiste no decapeamento do material estéril quando este recobre o depósito de interesse. A extração desse material é realizada por meio de um jato d’água em alta pressão levado por mangueiras e direcionado pesadamente na base do talude da frente de lavra, provocando um desmoronamento controlado e a movimentação por
gravidade, sendo acumulado num ponto de concentração da polpa (sólido/líquido) assim formada.
b) Garimpagem mecânica por desmonte hidráulico em leitos submersos com auxílio de mascarita, escafandro e chupadora: o método consiste num sistema de bombeamento que promove a sucção da polpa formada a partir da superfície de ataque do leito submerso, muitas vezes com lâminas d’água de até 30 metros, o ponto de sucção no fundo da água é atingido através de tubulação, em cujo interior a polpa é transportada. Os trabalhos no leito ativo dos rios são
antecedidos por investidas prospectivas aleatórias, com vista à detecção de eventuais acumulações cascalhíferas nas depressões do leito, extremamente encachoeirado (caldeirões), obedecendo as sazonalidades das cheias e vazantes, utilizando-se de equipamentos no auxílio dos trabalhos submersos:
A Mascarita: consiste numa simples máscara de mergulho, adaptada a uma mangueira, alimentadora de oxigênio por bombeamento a compressão. O mergulhador faz-se acompanhar de uma pá (rabeta ou rabinha) e um saco (+/- 20 litros) para a coleta de cascalho; O Escafandro: consiste numa roupa especial, impermeável e hermeticamente fechada, provida de um aparelho respiratório adequado, alimentado por um compressor de ar, permitindo maior autonomia de mergulho; A Chupadora: consiste num sistema flutuante, onde são acopladas motor, bomba de sucção, compressor, caixa de seleção (concentração preliminar do material retirado do fundo do rio). A mangueira de sucção é monitorada pelo escafandrista, que transmite à superfície sinais codificados,
através de uma corda amarrada à sua cintura.
*Dragagem: método consiste na utilização de dragas que trabalham nos leitos dos rios, onde a lavra é preferencialmente executada contra-corrente e normalmente requer o represamento do curso d’água para proporcionar condições operacionais à draga. A grande vantagem desse método consiste
em reunir quatro operações em uma única, ou seja: a draga desmonta, carrega o material, transporta e beneficia numa única operação, permitindo a viabilidade econômica da jazida, pois transforma depósitos em jazidas aluvionares, aliadas a alta mecanização e alta produtividade horária. Geralmente são utilizadas as chamadas dragas de alcatruzes e de sucção.

Reservas Brasileiras de ouro

Reservas Brasileiras de ouro

O potencial aurífero em território brasileiro é de significativa
expressão. Os distritos auríferos, definidos pela ocorrência de uma
ou mais jazidas, além de ocorrências e depósitos de menor relevância,
apresentam-se nas mais diversas tipologias, mas, no entanto,
concentram-se em determinadas áreas. Essas áreas estão encaixadas
principalmente em regiões cratônicas e em cinturões móveis associados,relacionados ao ciclo tectônico Brasiliano, cujas idades mais recentes são da ordem de 450 milhões de anos.
A estimativa de cálculo das reservas de ouro no Brasil é um
exercício de difícil realização, uma vez que significativa parte dos
depósitos conhecidos não tem suas reservas convenientemente avaliadas.
As reservas que possuem um melhor nível de detalhamento e
maior confiabilidade nos resultados das cubagens são as reservas que
estão em fase de produção ou em posse de empresas de mineração.
Esses depósitos são considerados as reservas oficiais de ouro do Brasil
e estão devidamente registradas junto ao Departamento Nacional de
Produção Mineral – DNPM. Através da consolidação dos dados e informações
declaradas pelas empresas de mineração por meio do Relatório
Anual de Lavra – RAL pode-se inferir que as reservas de ouro no País
estão devidamente quantificadas e distribuídas.
No decorrer do período 1995-2007, as reservas brasileiras apresentaram
um crescimento anual médio de 5,9% a.a. Em 1996, ocorreu
um expressivo incremento de 112,5% nas jazidas auríferas perfazendo
cerca de 1.700 t de ouro contido. No ano seguinte, um novo acréscimo
de 11,8% elevou as reservas para o patamar de 1.900 t, estabilizandose
nesses níveis até o ano de 2000. A partir de 2001 ocorreu um
decréscimo de 11,1%, com as reservas situando-se em torno de 1.600
t até o ano seguinte. Em 2003, um novo recuo de 20,6% derrubou as
reservas nacionais para 1.270 t.
As taxas negativas de reposição de recursos e reservas verificadas
ao longo dos anos de 1999 a 2003 foram ocasionadas principalmente
pelas expressivas quedas nos preços do ouro nos mercados
internacionais. Esse período recessivo restringiu fortemente a alocação
de recursos em pesquisa mineral, prospecção e explotação em
depósitos auríferos, não só no Brasil, mas em todo o mundo.
A recuperação das cotações, iniciada a partir do biênio 2002-
2003, trouxe de volta os investidores internacionais ao mercado nacional
ocasionando uma retomada de investimentos na indústria aurífera
brasileira.
Os resultados desse aquecimento no mercado propiciaram incremento
nas reservas nacionais, voltando a atingir, em 2007, aproximadamente,
1.590 t de ouro contido representando cerca de 1,8% do
total das reservas mundiais.
Mapa do Brasil com pontos de depósitos auríferos
Atualmente, as reservas nacionais (medida + indicada) de Au
primário contido representam 98,6% do total das reservas legalmente
registradas no País, perfazendo um total de 1.568 t. O gráfico 02
mostra a distribuição das reservas auríferas nos estados brasileiros
tendo Pará como principal representante, com 650 t de ouro contido
equivalentes a 41,5%, seguido por Minas Gerais com 580 t (37,0%),
Goiás (103 t, 6,5%), Bahia (99 t, 6,3%), Mato Grosso (61 t, 3,9%),
Amapá (33 t, 2,1%), Maranhão (18 t, 1,2%) e outros (23 t, 1,5%).
Cabe ressaltar que as reservas auríferas do Pará obtiveram expressivo
incremento com a cubagem dos depósitos de Cu-Au de Salobo
e Sossego/Sequeirinho localizados na Província Mineral de Carajás e
pertencentes à VALE. As reservas (medida + indicada) de Sossego avaliadas
em 517 t de Au contido foram responsáveis por alçar o Pará ao
posto de maior estado detentor de reservas de ouro do Brasil passando
a frente de Minas Gerais. Dados da tabela 04 apontam as reservas de
Minas Gerais com baixos teores médios de Au contido. Contudo, esses
teores estão fortemente distorcidos em razão das reservas da empresa
Rio Paracatu Mineração S/A, que são as mais expressivas do estado e
operam com o menor teor de corte do mundo. Ao se excluir essa reserva
do cálculo, têm-se os seguintes valores para o estado de Minas Gerais:
reserva medida de 14 milhões t de minério ROM com 106 t de Au contido
e teor de 7,50 g/t; reserva indicada de 20 milhões t de minério ROM
com 129 t de Au contido e teor de 6,33 g/t e reserva inferida de 25
milhões t de minério ROM com 188 t de Au contido e teor de 7,54 g/t.

Preço do ouro

Preço do ouro

PREÇOS
 Estrutura de Mercado X Preço
A cotação internacional do preço do ouro tem por base o ouro de 24K e a onça troy ou o grama. Essa cotação, historicamente, sempre esteve submetida a fatores diversos comparados aos demais metais, podendo-se considerar os fatores físicos, os fatores políticos e os fatores financeiros.
Quanto aos fatores físicos, o consumo de ouro é principalmente determinado pelo desempenho da indústria joalheira, apresentando uma relação inversamente proporcional à cotação do metal, a exemplo do que ocorre com praticamente todos os bens. A oferta está relacionada aos teores de corte na mineração e esses dependem da cotação do ouro e dos custos operacionais de produção.
Os fatores políticos decorrem de interesses específicos diversos, intervenientes na cotação do ouro. Bancos centrais da Austrália, Estados Unidos e outros países da Comunidade Européia detêm mais de 60% dos estoques entesourados atuais.
Os fatores financeiros que interferem na formação do preço do ouro começam a ganhar peso com a instituição do mercado livre, em 1968, tendo, com o passar dos tempos, predominado sobre os demais. A influência dos aspectos financeiros nas cotações do metal
foi determinada de forma preponderante pelos especuladores de títulos sobre as cotações  do ouro. Os mercados de matérias-primas nos Estados Unidos abriram-se ao mercado a prazo do ouro, introduzindo um novo elemento nas cotações. Outros mercados que se desenvolviam em paralelo, a exemplo de Londres, Tóquio e Hong Kong tiveram ampliadas as influências dessas operações, ao tempo em que os mercados de ouro físico de Londres e
Zurique, abertos a profissionais em transações com lingotes de 4.000 onças, viam limitada a sua influência, com Zurique ultrapassando Londres em volume de vendas.
 Evolução dos Preços no Mercado Nacional e Internacional
Durante a década de 70, houve um aumento expressivo dos preços dos metais, tendo o ouro vivido, no período, um crescimento espetacular. A elevação do preço do ouro na ocasião foi reflexo, dentre outras causas, da medida tomada pelos Estados Unidos, em
1971, suspendendo a conversibilidade dólar/ouro. A partir de então, surgiram as incertezas quanto ao valor da moeda americana ao longo do tempo, não mais contando com a referência do ouro, quebrando dessa forma uma relação histórica estável entre os dois ativos, criando-se um ambiente favorável à especulação do ouro.
A partir de meados da década de oitenta, o preço do ouro no mercado internacional enfrentou uma tendência de queda, o que também aconteceu no mercado interno, sendo que, em 1992, o preço do metal atingiu a mais baixa cotação dentre os quatorze anos anteriores.
A partir de 1997, após uma rápida subida em 1994, o preço do ouro no mercadointernacional entra em queda vertiginosa, fechando o ano em torno de US$ 331/oz. A baixa cotação do metal é acentuada no ano seguinte, atingindo níveis extremamente baixos (US$ 270/oz).
No ano de 1999, mais precisamente no mês de setembro, verificou-se uma ligeiravariação positiva no preço do ouro, suficiente apenas para manter o nível de produçãorevelando no exercício anterior.
Alguns analistas internacionais prevêem que o preço do metal se estabilize nos próximos dois anos em torno dos US$ 300/oz. No médio prazo, acredita-se que os preços do ouro devam se recuperar, porque há uma demanda maior que a oferta, além de que os Bancos Centrais europeus têm revisto a sua política de venda de estoques, após a criação do euro (moeda única européia). Os Bancos Centrais também concordaram em não aumentar os empréstimos em ouro durante os próximos três anos. Essas medidas foram decisivas para reduzir rumores e especulações sobre uma contínua queda nos preços do ouro, mantendo a estabilidade, ainda que em baixa, dos preços atuais. Ressalta-se que, nos últimos anos, o preço do ouro atingiu suas mais baixas cotações, se mantendo na faixa entre US$ 275/oz e US$280/oz.
Apesar do mercado produtor nacional ter características oligopolísticas, o mesmo sofre uma forte influência de fatores financeiros exógenos, impondo a que o preço no mercadointerno tenda a acompanhar os do mercado externo. A característica essencial de um mercado oligopolista, de poder influenciar na determinação do preço fica, portanto, comprometida. O preço do mercado interno, ao tender a acompanhar os do mercado externo, revela que os vendedores de ouro, ao aceitar o preço externo, reconhecem sua incapacidade de influenciar na sua determinação e, portanto, se comportam como se estivessem em regime de concorrência.
Atualmente, as Bolsas de Metais mais representativas são, sem dúvida, Londres e NovaYork. A complexidade dos fatores que influenciam na cotação internacional do ouro e sua grande variabilidade ao longo do tempo, tornam extremamente difícil um exercício deprevisão do comportamento futuro dos preços do metal. No entanto, pode-se afirmar que toda conjuntura em que as taxas de juros no mercado internacional apontarem para uma queda, certamente tem-se condições favoráveis para uma alta no preço dos metais, provocada por um possível redirecionamento do interesses dos investidores das aplicações de tipo monetário para o mercado de ouro.
Percebe-se, ainda, que, com o processo de globalização e a evolução da tecnologia da informação, cada vez mais a cotação do ouro sofrerá a influência das flutuações ocorridas no mercado financeiro, em decorrência da facilidade de circulação das informações,contribuindo para aumentar a variação das cotações. Como os investidores estão tendo informações instantâneas de todo o mundo, os efeitos de qualquer variável que afete a demanda ou a oferta e, conseqüentemente, o preço, será sentido de imediato, sem o amortecimento que ocorria no passado como resultado da demora na circulação das informações.