segunda-feira, 12 de setembro de 2016

Diamante: uma gema singular

Diamante: uma gema singular




Entre as muitas pedras preciosas, o diamante destaca-se por várias razões e tem características que o tornam único, daí se dividir as gemas em dois grupos: diamante e gemas de cor.

A denominação gemas de cor é muito inadequada, porque há diamantes que são bem coloridos (e com as modernas técnicas de tratamento de gemas eles são cada vez mais comuns) e há muitas gemas que podem ser incolores. Mas essa divisão está consagrada e é amplamente usada e aceita no meio gemológico, pois a diferença entre o diamante e as demais gemas, como veremos, é muito mais que uma questão de cor.

A importância do diamante é ressaltada também nos manuais de gemologia. Neles a descrição das gemas costuma iniciar pelo diamante, vindo a seguir as demais pedras preciosas.

Vejamos, então, quais são as características que tornam o diamante uma gema singular.


Dureza
A substância mais dura que se conhece é o diamante. Ele tem dureza 10 na Escala de Mohs, que vai de 1 a 10. O rubi e a safira têm dureza 9, mas o diamante é na verdade 150 vezes mais duro que eles. Isso tem a vantagem de permitir um excelente polimento, mas traz uma desvantagem: é bem mais difícil serrar, facetar e polir um diamante do que qualquer outra gema. Como nada é mais duro que ele, para polir o diamante é preciso usar pó do próprio diamante e contar com o conhecimento de um lapidador especializado - que, aliás, tem um nome especial: polidor de diamantes.


Aproveitamento Integral
Em matéria de diamante nada se perde. Mesmo as pedras de qualidade muito ruim são muito úteis e valiosas, pois podem ser empregadas em ferramentas de corte ou perfuração. E até mesmo o pó do diamante tem valor, pois, como vimos, ele é usado para polir o próprio diamante.


Diamantes coloridos
Diamantes coloridos

Cor
Como regra, quanto mais escura a cor de uma gema, mais valiosa ela é. Acontece, porém, que 99,9% dos diamantes são incolores ou levemente amarelados. Com isso, quanto menos cor o diamante tiver, mais valioso ele será, a menos que tenha uma cor bem definida (como os da figura ao lado), caso em que o preço poderá ser altíssimo. É por isso que a classificação de diamantes lapidados adotada e recomendada pela Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT possui as categorias: absolutamente incolor, excepcionalmente incolor, nitidamente incolor e aparentemente incolor.


Classificação
Existem várias maneiras de classificar as gemas em termos de qualidade de cor e de pureza, e cada país, ou mesmo cada produtor, emprega o seu. O diamante, porém, é a única gema que possui um sistema de classificação reconhecido internacionalmente. Na verdade existe mais de um, mas hoje em dia praticamente se usa apenas o do Gemological Institute of América - GIA. O sistema adotado pela ABNT é o mesmo, apenas com tradução para o português (conforme tabelas abaixo). Isso facilita muito a comercialização da gema, pois a definição dos preços é muito menos subjetiva.

SISTEMA DE CLASSIFICAÇÃO DO DIAMANTE LAPIDADO QUANTO À COR
CLASSIFICAÇÃO 
ABNT
CLASSIFIAÇÃO 
GIA
CLASSIFICAÇÃO
 HRD/ CIBJO
Absolutamente incolor
D
Exceptional white +
Excepcionalmente incolor
E
Exceptional white
Acentuadamente incolor
F
Rare white +
Nitidamente incolor
G
Rare white
Aparentemente incolor
H
White
Aparentemente colorido
I
Slightly tinted white
Levemente colorido
J
Claramente colorido
K
Tinted white
Nitidamente colorido
L
Acentuadamente colorido
M-Z
Tinted  colour
Cor excepcional
Z+
Fancy diamonds
1) A especificação da cor deve ser determinada por um profissional competente, utilizando um conjunto de padrões obtido por comparação com os conjuntos de padrões HRD, CIBJO ou do GIA, sob luz artificial padronizada, equivalente a 5.000- 5.300 kelvins (ABNT).

2) GIA = Gemological Institute of America.
HRD = Hoge Raad voor Diamant.
CIBJO = Confédération Internationale de la Bijouterie, Joaillerie e Orfèvrerie, des Diamants et Pierres.


SISTEMA DE CLASSIFICAÇÃO DO DIAMANTE LAPIDADO QUANTO À PUREZA
(adotada mundialmente, inclusive pela ABNT)

CLASSE

CARACTERÍSTICAS
FL
Flawless
Interna e externamente puro ao exame com equipamento óptico.
IF ou LC
Internally flawless ouloupe clean
Internamente livre de qualquer inclusão ao exame com equipamento óptico.
VVS1 / VVS2
Very very small inclusions
Inclusões pequeníssimas e muito difíceis de serem visualizadas ao exame com equipamento óptico.
VS1 / VS2
Very small inclusions
Inclusões muito pequenas e difíceis de serem visualizadas ao exame com equipamento óptico.
SI1 / SI2
Small inclusion(s)
Inclusões pequenas, fáceis de serem visualizadas com equipamento óptico e invisíveis a olho nu através da coroa.
I1 ou P1
Piqué I
Inclusões evidentes ao exame com equipamento óptico e difíceis de serem visualizadas a olho nu através da coroa, não diminuindo a transparência do diamante.
I2 ou P2
Piqué II
Uma inclusão grande e/ou algumas inclusões menores, fáceis de serem visualizadas a olho nu através da coroa, diminuindo um pouco a transparência do diamante.
I3 ou P3
Piqué III
Uma inclusão grande e/ou numerosas inclusões menores, muito fáceis de serem visualizadas a olho nu através da coroa, diminuindo sensivelmente a transparência do diamante.
1) As subdivisões encontradas em algumas das classes são definidas de acordo com número, posição, tamanho, cor, forma e natureza das inclusões.

2) A pureza de um diamante deve ser determinada por um profissional competente, examinando a gema sob iluminação adequada, com equipamento óptico de lentes aplanáticas e acromáticas com dez aumentos (ABNT).



Controle do Preço
Existe uma empresa, a DeBeers Consolited Mines, que exerce um grande controle sobre a produção e comercialização do diamante em todo o mundo. Esse controle já foi bem maior e, embora nunca tenha sido um monopólio, chegou perto disso. Como consequência, o preço do diamante há muito tempo é definido em grande parte pela atuação dessa empresa. Não fosse por isso, essa gema, que está entre as pedras preciosas mais caras do mundo, seria valiosa sim, mas não tanto.


Conhecimento da Produção
Grande parte das gemas, provavelmente a maior parte delas, é produzida por processos ainda bastante rudimentares ou pouco mecanizados, a exemplo dos garimpos brasileiros. Com isso, o real volume produzido não é bem conhecido, de modo que a produção mundial é sempre um valor estimado. Já com o diamante é diferente. Como a produção está muito centralizada em uma só empresa, é bem mais fácil obter dados confiáveis sobre o volume da produção anual, bem como saber, ano a ano, quais os países que mais produziram.


Estilo de Lapidação
Cada gema costuma ter um estilo de lapidação que lhe é mais adequado. Para as turmalinas, por exemplo, recomenda-se a lapidação navete. Para a alexandrita, a lapidação pera. Para o diamante, a lapidação mais apropriada é o brilhante. Em nenhuma das gemas conhecidas, porém, a lapidação mais indicada se confunde tanto com a própria gema como no caso do diamante. O brilhante está tão associado ao diamante que muitas pessoas usam erroneamente esse nome como sinônimo de diamante, dizendo "anel de brilhante" quando querem dizer anel de diamante. Isso não é correto porque o diamante pode ser lapidado do outras maneiras e outras gemas podem receber lapidação brilhante.


Controle de Procedência
O diamante é a única gema que possui um controle internacional de procedência. Devido ao seu uso para aquisição clandestina de armas, sobretudo em países africanos (o que gerou as expressões "diamantes de sangue" e "diamantes de conflito" para designar os diamantes assim vendidos), foi criado em 2002 o Processo Kimberley. Trata-se de um acordo que envolve dezenas de países produtores, pelo qual os signatários não compram diamantes brutos que não venham acompanhados de um documento padronizado atestando sua procedência, o chamado Certificado do Processo Kimberley. O Brasil é, desde 2003, um dos signatários desse acordo e tem tido presença ativa nas reuniões realizadas para tratar desse assunto.

Prospecção aluvionar aplicada a alguns minerais gemológicos de Minas Gerais: diamante, crisoberilo e topázio

Resumo
Prospecção aluvionar foi efetuada em drenagens de reconhecida ocorrência de três minerais gemológicos (diamante, crisoberilo e topázio), visando a contribuir para o conhecimento de suas associações mineralógicas e tendências de distribuição no meio aluvionar. Sob condições semelhantes, observou-se uma "taxa de dispersão" relativa para cada um dos três minerais, com provável decréscimo do diamante para o topázio. Essa técnica prospectiva, combinada com métodos analíticos modernos, é considerada uma ferramenta de importância fundamental na detecção e avaliação de áreas aluvionares mineralizadas.
Palavras-chave: prospecção mineral em aluviões, diamante, crisoberilo, topázio.
Abstract
Alluvial prospecting carried out in drenages in which three gem minerals (diamond, chrysoberyl and topaz) are mined, aimed to contribute to the knowledge of mineral associations and to the distribution trends in the fluvial systems. Under similar conditions, a "dispersion rate" relative to each mineral has been found, showing probably decreasing values from diamond to topaz. This technique, if improved by modern analytics, is of primary importance for determining and evaluating alluvial mineralized areas.
Keywords: alluvial mineral prospecting, diamond, chrysoberyl, topaz.


Introdução
A prospecção no meio aluvionar de minerais pesados com interesse econômico tem se revelado um importante instrumento na descoberta de novos depósitos, de modo particular em regiões intertropicais como a nossa, onde, em geral, o manto intempérico é bastante espesso. A aplicação dessa técnica, no entanto, é quase restrita a empresas que prospectam diamante, ouro, cassiterita e poucos outros bens minerais, limitando, assim, sua difusão na literatura geológica. Pesquisas efetuadas durante as décadas de 1970-80 mostraram, também, a utilidade dessa técnica em estudos, com ênfase nos minerais pegmatíticos de Minas Gerais (e.g., Cassedanne, 1972, Cassedanne & Baptista, 1984). No presente trabalho, através da amostragem sistemática de aluviões contendo minerais com interesse gemológico, objetivou-se conhecer as suas distribuições ao longo das drenagens atuais, bem como os seus comportamentos "relativos" na evolução do registro geológico.

Metodologia de estudo
A prospecção aluvionar tem por fim a obtenção de um resíduo mineral pesado, por bateiamento de sedimentos inconsolidados aprisionados em armadilhas naturais presentes no leito vivo dos rios. Objetivando futuras comparações, a mesma quantidade de material deve ser coletada nos pontos de amostragem (Cassedanne, 1972). No estudo, em cada ponto, 20 litros de aluvião foram amostrados e lavados, para retirada do material argiloso, e, logo após, peneirados a 2mm (com determinação à vista desarmada dos grãos mais grossos) e o resíduo fino foi concentrado em bateia. O pó mineral resultante, ou "fundo-de-bateia", foi utilizado para posterior estudo qualitativo e semi-quantitativo.
Em laboratório, esses minerais foram novamente peneirados e a fração entre 0,25-0,50mm foi submetida a tratamento com bromofórmio (d=2,89) para eliminação do material leve. As distintas populações foram separadas com lupa binocular, sendo os minerais de identificação duvidosa estudados por microssonda eletrônica. No tratamento estatístico dessas populações, utilizou-se a seguinte convenção de percentagens, seguindo a metodologia proposta em Chaves, (1997): Abundante (A): 75-100%, Comum (C): 25-75%, Raro (R): 1-25% e Muito raro (M): <1%.

Minerais pesados pesquisados
O estudo foi dirigido a três minerais gemológicos, ocorendo nas porções leste/nordeste de Minas Gerais (Figura 1) - diamante, crisoberilo e topázio. Foram visadas as áreas de cabeceiras de drenagens, onde a prospecção e/ou lavra desses minerais tem sido importante, em termos comerciais, ao longo das últimas décadas.

Figura 1 - Áreas onde foram desenvolvidos os trabalhos de prospecção aluvionar no centro-nordeste de Minas Gerais. 1) Alto/Médio Rio Jequitinhonha, 2) Ribeirão Santa Cruz e Rio Marambaia e 3) Ribeirão Maracujá.

Minerais pesados nos aluviões diamantíferos do rio Jequitinhonha
O rio Jequitinhonha nasce na serra do Espinhaço a leste de Diamantina, percorrendo um longo caminho pelo norte do Estado de Minas Gerais rumando para nordeste. Da nascente até a vila de Mendanha, o Jequitinhona desenvolve o seu alto curso, onde os vales são apertados, com freqüência formando canyons e sumidouros ao atravessarem domínios formados por quartzitos do Supergrupo Espinhaço (Mesoproterozóico). A partir de Mendanha (Figura 2), fora do Espinhaço, os vales tornam-se progressivamente mais abertos, aparecendo, em suas bordas, antigos terraços e extensa planície de inundação (Chaves & Uhlein, 1991).

Figura 2 - Esboço geológico (segundo Chaves 1997) e áreas de prospecção aluvionar no Rio Jequitinhonha ao norte de Diamantina.

Diamantes são lavrados nessa bacia desde suas cabeceiras até próximo de Grão Mogol, quase 600km rio abaixo, tanto por processos de garimpagem (no alto curso), como por dragas de grande porte (no médio curso), definindo a principal atividade econômica regional. Os diamantes do rio Jequitinhonha caracterizam-se por constituir populações onde os cristais são predominantemente pequenos (média de 0,20-0,30ct de peso), porém, bem formados e livres de jaças e/ou inclusões. Tipos geminados, agregados e borts são muito raros, denunciando o elevado grau de selecionamento dessas populações.
Nos depósitos aluvionares do rio Jequitinhonha, deu-se preferência às amostragens dos rejeitos de garimpos, mais ricos em minerais pesados. Como em geral as áreas de garimpagem envolvem trechos extensos ao longo da drenagem, em cada ponto o material foi sempre coletado em dois ou até em cinco locais diferentes. Apresentam-se as diversas espécies determinadas na Tabela 1. O diamante, por ser uma fase de extrema raridade (improvável de "aparecer" em uma prospecção desse tipo), não foi encontrado no estudo.

Tabela 1 - Freqüências dos minerais pesados nos aluviões diamantíferos do rio Jequitinhonha. 1, Almandina; 2, Anatásio; 3, Andalusita; 4, Cianita; 5, Crisoberilo; 6, Diásporo; 7, Estaurolita; 8, Euclásio; 9, "Favas" (fosfatos); 10, Hematita; 11, Ilmenita; 12, Lazulita; 13, Magnetita; 14, Monazita; 15, Ouro; 16, Pirita; 17, Rutilo; 18, Sillimanita; 19, Turmalina; 20, Xenotímio; 21, Zircão (A=abundante, C=comum, R=raro, M=muito raro).

Na região, o conhecimento dos minerais pesados teve como principal objetivo a caracterização de granadas supostamente relacionáveis a intrusões ultrabásicas, conforme aceito por diversos geólogos prospectores que atuam na serra do Espinhaço. Essa suposição não foi confirmada, pois as granadas estudadas apresentam quimismo incompatível com rochas ultrabásicas (25 grãos em WDS-Microssonda Eletrônica resultaram ser almandinas, de origem ácida). Entretanto diversos outros minerais quase desconhecidos, em termos regionais, como andaluzita, crisoberilo, diásporo e estaurolita, foram identificados no estudo (Tabela 1).

Crisoberilo (e topázio) nos minerais pesados dos rios Santa Cruz e Marambaia
A região de Catugi, ao norte de Teófilo Otôni (Figura 1), é cortada pelo ribeirão Santa Cruz, afluente do rio Marambaia. Este último é um tributário do rio Mucuri. Tal região, pouco estudada em termos geológicos, apresenta um grande número de depósitos aluvionares ricos em crisoberilo (localmente alexandrita), incluindo ainda outras drenagens importantes (do ponto de vista da presença desse mesmo mineral), tais como o ribeirão Faísca e o rio Americaninhas (Figura 3).

Figura 3 - Esboço geológico (segundo Fontes et al. 1978) e áreas de prospecção aluvionar no Ribeirão Santa Cruz e no Rio Marambaia a leste de Catugi.

Ao sul de Catugi, predominam rochas de natureza gnáissica, que constituem colinas extensas, localmente entrecortadas por morros altos com formas de pão-de-açúcar, as quais denunciam a presença de intrusões graníticas. O embasamento regional, gnáissico, é de idade pré-cambriana, mas ainda necessita de determinações geocronológicas mais acuradas, sendo constituído de gnaisses, gnaisses granitóides e migmatitos, além de charnockitos.
O "Complexo Gnáissico-Migmatítico" (Fontes et al., 1978) apresenta associações mineralógicas de grau metamórfico médio-alto, onde se deram intensos processos tectônicos e granitizantes. Gnaisses kinzigíticos mostram bandamento característico, com alternâncias de bandas leucocráticas, na maioria das vezes boudinadas, e bandas mesocráticas, com predomínio de minerais máficos. A granada almandina está quase sempre presente nos níveis félsicos, junto a quartzo, feldspatos e biotita. Como acessórios ocorrem cordierita, sillimanita e grafita. Rochas charnockíticas ocorrem intimamente associadas a esse complexo.
Os granitos, intrusivos nas rochas anteriores, são porfiríticos, isotrópicos e de granulação grossa, nos quais salientam-se cristais centimétricos de feldspato branco, determinado como albita, ou, ainda, feldspato rosado, potássico. A matriz é constituída de quartzo, feldspatos, biotita e, mais raramente, granada. Os pegmatitos podem ser considerados incomuns nessa região e os poucos observados são do tipo homogêneo, os quais não apresentam zoneamento interno.
Os rios da área possuem larguras variáveis entre 5-20m, com cascalhos basais que podem atingir mais de 1m de espessura. Apesar de os serviços de garimpagem também ocorrerem nos depósitos aluvionares, pela maior facilidade de lavra deu-se preferência aos depósitos coluvionares, que estão nas proximidades dos rios. Corpos pegmatíticos em lavra não foram considerados no estudo. A Tabela 2 relaciona os minerais encontrados na prospecção aluvionar.

Tabela 2 - Freqüências dos minerais pesados nos aluviões ricos em crisoberilo dos rios Santa Cruz e Marambaia. 1, Almandina; 2, Anatásio; 3, Andalusita; 4, Cordierita; 5, Coríndon; 6, Coríndon (safira); 7, Crisoberilo; 8, Crisoberilo (alexandrita); 9, Espodumênio; 10, Estaurolita; 11, Hematita; 12, Ilmenita; 13, Magnetita; 14, Monazita; 15, Ouro; 16, Pirita; 17, Rutilo; 18, Sillimanita; 19, Topázio; 20, Turmalina; 21, Xenotímio; 22, Zircão.

Nas amostragens, efetuadas ao longo dos rios Santa Cruz e Marambaia (Figura 3), verificaram-se minerais pesados com diferentes graus de arredondamento (mesmo os da mesma espécie), indicando processos de reciclagem, porém as espécies não apresentaram diferenças significativas entre si nos diversos pontos. Como os pegmatitos são raros na região e os minerais encontrados, como crisoberilo, coríndon (safira) e zircão, são bastante resistentes ao transporte fluvial, acredita-se que suas áreas-fontes situem-se à razoável distância e que os processos de concentração devem estar associados a retrabalhamentos de depósitos coluvionares sub-recentes.

Minerais pesados do ribeirão Maracujá
O ribeirão Maracujá tem as suas nascentes na serra do Rodrigo Silva, que integra o complexo metamórfico do Quadrilátero Ferrífero, constituindo uma das cabeceiras da bacia do Rio das Velhas. O longo período de colonização, iniciado no século XVII com a descoberta de aluviões auríferas (atualmente exauridas), deixou as encostas desnudas, aumentando as taxas de assoreamento no sistema aluvial, de direção geral N-S, perpendicular à estruturação E-W das seqüências metamórficas (Figura 4).

Figura 4 - Esboço geológico (segundo Dorr II 1969) e áreas de prospecção aluvionar no ribeirão Maracujá nas cercanias de Cachoeira do Campo.

O alto curso do ribeirão é desenvolvido sobre várias unidades de metamorfitos, datadas do Arqueano ao Paleoproterozóico, pertencentes respectivamente aos supergrupos Rio das Velhas e Minas. Em seus médio e baixo cursos afloram rochas do complexo basal arqueano, na região designado de "Complexo do Bação" (Dorr II 1969). Essa unidade na área é composta por gnaisses com estruturas migmatíticas e, raramente por rochas de composição granítica mais homogêneas, pouco ou não orientadas, que cortam os migmatitos mostrando contatos intrusivos.
O Supergupo Rio das Velhas, principal fonte do ouro aluvionar da região, aflora em discordância angular sobre o embasamento cristalino, sendo na área constituído por xistos e filitos intensamente meteorizados. O Supergrupo Minas ocorre em discordância angular sobre esta última unidade, sendo formado, na base, por uma estreita faixa do Grupo Caraça (quartzitos e xistos quartzosos), na porção intermediária, pelo Grupo Itabira com suas formações Cauê (itabiritos) e Gandarela (filitos e rochas metacarbonáticas) e, no topo, por uma extensa porção de rochas do Grupo Piracicaba (filitos com intercalações de quartzitos).
A prospecção aluvionar na região do Quadrilátero Ferrífero torna-se prejudicada pela abundância de óxidos de ferro nos concentrados, podendo constituir mais que 95% deles. Mesmo nas porções do ribeirão Maracujá que estão acima do nível itabirítico (Formação Cauê), a presença de óxidos é abundante pela presença de lentes de quartzitos ferruginosos intercaladas no Grupo Piracicaba. A existência desses minerais tornou mais demorado o processo de separação dos concentrados no laboratório.
A amostragem, em seis pontos ao longo da drenagem (Figura 4), indicou a presença de topázio, comum na cabeceira, diminuindo progressivamente em direção aos outros pontos. O euclásio assim como cinábrio são acompanhantes raros do topázio na área, só encontrados nas partes altas. Isto indica que a rocha-fonte está na serra do Rodrigo Silva, não havendo novas contribuições a partir dos subafluentes. Interessante ainda observar que o topázio desaparece de todo a curta distância (±10km), devendo refletir seu esfacelamento na clivagem basi-pinacóide perfeita. O ouro é um outro mineral característico da área (Tabela 3).

Tabela 3 - Freqüências dos minerais pesados nos aluviões topazíferos do ribeirão Maracujá. 1, Almandina; 2, Anfibólio; 3, Cianita; 4, Cinábrio; 5, Estaurolita; 6, Euclásio; 7, Goethita; 8, Hematita; 9, Ilmenita; 10, Magnetita; 11, Monazita; 12, Olivina; 13, Ouro; 14, Óxido de manganês; 15, Pirita; 16, Pirita limonitizada; 17, Rutilo; 18, Topázio (imperial); 19, Turmalina; 20, Zircão.

Discussões
Os minerais pesados de interesse econômico constituem fases acessórias em rochas ígneas, metamórficas e sedimentares. Sua ocorrência e dispersão nos sedimentos varia em função das condições de intemperismo da área-fonte e dinâmica de transporte. Da maior importância, ainda, são os teores e as granulometrias originais dos minerais na fonte e, principalmente, da resistência física e química deles aos agentes naturais. Logo, a identificação das espécies presentes em certo sedimento permite não só conhecer sua(s) fonte(s), como também os diversos estágios da evolução do registro sedimentar, visto que tal evolução atua no sentido da eliminação progressiva dos tipos menos resistentes. Pettijohn (1957) apresentou uma escala de estabilidade química, destacando zircão e rutilo como as fases mais estáveis in situ (Tabela 4), desconsiderando, porém, os fatores que agem no transporte aluvionar.

Tabela 4 - Séries de estabilidade de alguns minerais pesados em função do ataque de agentes químicos em sedimentos in situ (Pettijohn, 1957).

Os dados obtidos sobre a distribuição dos minerais estudados trouxeram importantes deduções a respeito da formação dos depósitos onde se encontram. Dessa maneira, as propriedades físicas e químicas particulares do diamante, tais como dureza inigualável e alta estabilidade química (que o fazem resistir aos processos intempéricos e metamórficos), permitem que esse mineral sobreviva continuamente ao longo do registro geológico. Entretanto existe uma sistemática redução no tamanho médio dos cristais a partir de sua área-fonte, como resultado do transporte fluvial. Tal redução no tamanho, porém, é acompanhada pela melhoria gemológica dos diamantes, visto que os tipos de qualidade inferior são destruídos (Sutherland, 1982).
Assim, depósitos de diamantes economicamente viáveis podem ocorrer em locais a centenas de quilômetros desde sua área-fonte primária e o rio Jequitinhonha é um bom exemplo de tal fato. O único fornecedor do mineral para este rio é o Conglomerado Sopa, do Supergrupo Espinhaço. No entanto, tal rocha já é um "paleo" sedimento aluvionar e, provavelmente, sobreveio antes desse outros ciclos sedimentares (Chaves, 1997, Chaves et al., 1998). Ao longo do Jequitinhonha, os teores médios de diamante decrescem de 0,5-1,0ct/m3 nas cabeceiras até cerca de 0,008ct/m3 na zona de dragagem da Cia.Tejucana, quase 100km abaixo de Mendanha. Conforme mostrado no estudo, nenhum outro possível mineral cogenético sobreviveu aos múltiplos processos de erosão e sedimentação ocorridos.
Em relação ao crisoberilo, os estudos demonstraram que tal mineral, apesar de sofrer arredondamento, é muito mais resistente do que já descrito. Sua ocorrência no Médio Jequitinhonha, a dezenas de quilômetros das áreas de afloramento de rochas graníticas ácidas (Complexo Basal da região de Gouveia), onde não se conhecem pegmatitos mineralizados, faz supor que essas últimas rochas foram em grande parte erodidas preteritamente à sedimentação cenozóica. Deve ser destacado, que, nas zonas mais próximas ao Complexo Basal, tem sido encontrado euclásio (Chaves & Karfunkel, 1994), outro mineral gemológico de fonte pegmatítica, que, possuindo várias direções de clivagem perfeita, é facilmente pulverizado durante o transporte fluvial.
Ao longo dos rios Santa Cruz e Marambaia, o mesmo processo se verifica. Embora as zonas pegmatíticas mineralizadas nessa região terem sido em grande parte erodidas (Cassedanne & Baptista, 1986), o crisoberilo (e sua variedade alexandrita) ocorre em depósitos economicamente importantes em muitas áreas, pois numerosos afluentes drenaram ou drenam as suas (paleo) áreas-fontes. Essa proximidade relativa da(s) fonte(s) é corroborada pela existência comum de topázio (incolor/azul), inclusive em seixos rolados, além de outros minerais "frágeis", como xenotímio e outros fosfatos.
No conhecimento da distribuição de topázio no ribeirão Maracujá, a prospecção aluvionar mostrou-se também de grande utilidade. Na zona serrana do alto curso desse rio, ocorre sua rocha-fonte entre as formações Cercadinho e Fecho do Funil (Gandini, 1994). Os depósitos aluvionares mais ricos no mineral estão concentrados até o sopé da serra, sendo, inclusive, verificados pequenos serviços de garimpagem clandestina (as áreas são de concessão para pesquisa e/ou lavra de mineradoras de ferro). Entretanto, em espaço bastante curto, a mineralização desaparece, indicando que não existem novos aportes de topázio a partir dos afluentes.

Conclusão
O estudo procurou demonstrar que, principalmente em função de suas propriedades físico-químicas, cada mineral vai possuir a sua "taxa de dispersão" própria e que o conhecimento dessa taxa pode definir critérios para a pesquisa aluvionar. Assim, corroborando outros estudos (e.g. Chaves, 1997; Chaves et al., 1998), o diamante é registrado em locais onde inexistem rochas-fontes, o crisoberilo pode apresentar fontes longínquas e o topázio só ocorre em sítios com área-fonte próxima. A prospecção enfocando bens gemológicos em regiões onde suas ocorrências são bem conhecidas, é uma técnica de grande utilidade, não só visando determinar a distribuição espacial da mineralização, como também, em províncias minerais onde achados "casuais" são freqüentes, para ser aplicada na busca sistemática de novos depósitos. Deve-se, ainda, salientar que a mesma técnica pode também servir na cubagem dos depósitos, bastando o adensamento da malha dos pontos de amostragem de campo.



Garimpeiro é preso extraindo pedras preciosas na zona rural de Manhuaçu

Garimpeiro é preso extraindo pedras preciosas na zona rural de Manhuaçu
Foram apreendidas com 29 pedras de rubi. Ele foi multado em mais de R$ 15 mil
Garimpeiro é preso extraindo pedras preciosas na zona rural de Manhuaçu (foto ilustrativa)
Garimpeiro é preso extraindo pedras preciosas na zona rural de Manhuaçu (foto ilustrativa)
Um garimpeiro de 56 anos foi preso  no córrego da Laje, zona rural de Manhuaçu(MG). Com ele a Polícia Militar apreendeu 29 pedras,  supostamente sendo gemas de rubi.

O garimpo foi localizado no córrego da Laje, onde o garimpeiro escavou um buraco de aproximadamente dois metros de profundidade, destruindo a vegetação de uma área de trinta metros quadrados nas proximidades. O local faz parte de uma área de preservação permanente e o garimpeiro não apresentou licença para a pratica de sua atividade.

Diante das infrações o garimpeiro foi preso e apreendidos ainda as suas ferramentas de trabalho e vinte e nove pedaços de pedras que segundo o autor seriam gemas de rubi, extraídos daquele garimpo.

Ele foi ainda multado em pouco mais de R$ 15.800,00 e levado à delegacia de polícia para demais providências. Redação MinasNoticias.com

Mina de turmalina na Paraíba está no centro de fraude internacional

Mina de turmalina na Paraíba está no centro de fraude internacional

Esquema explorava ilegalmente a turmalina paraíba, uma das pedras preciosas mais caras que existem. Operação teria ligação com Al-Qaeda.

Uma das pedras preciosas mais caras que existem em uma das regiões mais miseráveis do país. O Fantástico mostra como funcionava um esquema internacional para explorar ilegalmente a turmalina paraíba e levá-la para fora do Brasil.
Os repórteres Maurício Ferraz e Alan Graça Ferreira revelam como a turmalina paraíba chegava à Tailândia, em um esquema que teria conexão com um dos grupos terroristas mais temidos do mundo.
Sertão da Paraíba, cidade de Salgadinho, distrito de São José da Batalha. É uma das regiões mais pobres do país, mas guarda um tesouro valioso, 40 metros debaixo da terra.
O Fantástico teve acesso à mina que funcionava até janeiro deste ano sem autorização, sem segurança e com pouquíssima circulação de ar e iluminação.
Maurício Ferraz: Você anda, anda, anda e vai faltando o ar. Em alguns pontos da mina o que liga um túnel ao outro é um buraco de 15, 20 metros. Eles colocam madeiras e a gente tem que confiar.
O lugar está no centro de uma fraude internacional que envolvia empresários do Brasil e compradores estrangeiros, entre eles um homem do Afeganistão, Zaheer Azizi, suspeito de envolvimento com um dos principais grupos terroristas do mundo, a Al-Qaeda.

Apesar da precariedade no trabalho e dos riscos, uma preocupação a empresa tinha: fechar os túneis com grade. As grades são para evitar o roubo da pedra preciosa que era explorada ilegalmente. Os garimpeiros chamam de caolim, um tipo de uma argila. E é geralmente onde eles encontram a turmalina tão preciosa.
A turmalina paraíba é uma das pedras mais raras, mais caras e mais procuradas do mundo. Mais rara até que o diamante. “É umas das gemas mais caras que se tem pela raridade, porque o diamante, na verdade, geologicamente falando, não é tão raro quanto se pensa”, afirma Antônio Luciano Gandini, geólogo da Universidade Federal de Ouro Preto.
“A turmalina paraíba, devido ao seu neon, essa cor com essa grande luz que ela tem, ela impressiona os olhos de todo e qualquer consumidor. Nós podemos ter valores que podem começar de R$ 15 mil, R$ 20 mil e atingir até R$ 200 mil por quilate”, diz a joalheira e gemóloga Lydia Leão Sayeg.

Um quilate corresponde a 200 miligramas. O nome Paraíba vem do estado onde ela foi descoberta. Existem outros tipos de turmalina. Nenhuma tão valiosa quanto esta.

Além da Paraíba, mais três lugares do mundo produzem esse tipo de turmalina: no Brasil, no Rio Grande do Norte; e na África, na Nigéria e em Moçambique. Mas nenhum deles oferece uma pedra de maior qualidade do que São José da Batalha. “São as melhores ocorrências do mundo na Paraíba”, diz o geólogo Antônio Luciano Gandini.

Durante dois anos, a Polícia Federal e o Ministério Público Federal investigaram minas da região. Também acompanharam os passos de garimpeiros e empresários no Brasil e no exterior com a ajuda do FBI, a Polícia Federal dos Estados Unidos. Assim, desvendaram o esquema de exploração ilegal das turmalinas paraíbas.

Rainieri Addario: É bom as pedras?
Sebastião Lourenço: Tem 150 gramas de mercadoria. 
Rainieri Addario: Isso que tirou do passado ou tirou hoje?
Sebastião Lourenço: Hoje, começou hoje.
Rainieri Addario: Glória a Deus. Eu estou falando para você que nós vamos tirar um bilhão de doláres!

Duas pessoas falam na gravação, feita com autorização da Justiça em março do ano passado: Ranieiri Addario e Sebastião Lourenço. Ranieri seria um dos donos da empresa Parazul Mineração, que explorava sem autorização a mina do começo da reportagem.
Segundo a investigação, Sebastião era um dos líderes do grupo e o responsável pela venda das pedras. “Essa turmalina, a partir do momento em que ela é extraída, ela é ensacada transportada para Parelhas, município do Rio Grande do Norte”, diz o delegado da Polícia Federal Fabiano Martins.

Em Parelhas, fica a sede da mineração Terra Branca, empresa que tem autorização do Departamento Nacional de Produção Mineral para extrair pedras preciosas. Sebastião é um dos investidores. O irmão de Ranieri, Ricardo, é um dos donos.

As turmalinas, raríssimas, eram misturadas com outras de menor valor. De acordo com a investigação, essa fraude era uma forma de tentar legalizar a exploração clandestina.

“Era feito dessa forma porque a organização criminosa não tinha autorização para lavrar turmalina paraíba na mina de São José da Batalha, mas tinha autorização para lavrar em Parelhas”, conta o procurador da República João Raphael Lima.
“De Parelhas elas iam para Governador Valadares, onde elas eram lapidadas e de lá elas eram remetidas para o exterior”, afirma Fabiano Martins.
Imagens feitas por agentes do FBI em fevereiro do ano passado mostram Sebastião vendendo turmalina paraíba extraída ilegalmente em uma feira na cidade de Tucson, no Arizona, Estados Unidos.
Segundo a PF, em apenas cinco dias, o grupo teria faturado US$ 1 milhão. Ranieri e Sebastião estão entre oito pessoas suspeitas de integrar a quadrilha. Sebastião e outros cinco foram presos. Ranieri está foragido. O outro homem que segue livre é um cidadão do Afeganistão: Zaheer Azizi.

“Era um financiador do grupo aqui no Brasil. Aquelas pedras eram enviadas de alguma forma para ele e ele vendia essas pedras em vários locais do mundo”, afirma João Raphael Lima.

O esquema foi denunciado por um brasileiro especialista em pedras preciosas, que prestava serviços ao grupo.
No depoimento, gravado pela Polícia Federal, o homem faz uma afirmação sobre Azizi: “Esse pertence à Al-Qaeda”.

A PF investigou essa alegação. Descobriu que o afegão está proibido de entrar no Brasil desde 2005, quando chegou com passaporte falso. Na época, as embaixadas do Brasil nas duas cidades onde ele tem casas, Islamabad, no Paquistão, e Bangcoc, na Tailândia, enviaram telegramas para o ministério das Relações Exteriores listando as suspeitas contra Azizi.

O texto diz que há alegações de que Zaheer Azizi estaria envolvido com os crimes de lavagem de dinheiro, contrabando de joias, tráfico de drogas e subsídio ao terrorismo. A direção da Polícia Federal diz não ter encontrado provas concretas ligando Azizi a grupos terroristas.
 
“É bom frisar que são apenas suspeitas”, diz o delegado.

“No Brasil não é crime financiar o terrorismo. O Congresso Nacional brasileiro em nenhum momento editou lei que tipifique o crime terrorismo”, afirma o procurador.

O Fantástico viajou até Bangcoc, na Tailândia, para procurar uma das lojas do afegão Zaheer Azizi naquele país. A jornalista Mariana Aldano foi até um centro comercial onde se vendem apenas pedras preciosas. Lá, paraíba é sinônimo de luxo e riqueza.
Maria Aldano: Bastou dar uma voltinha no shopping que a gente já encontrou uma prateleira cheia de turmalina paraíba. Depois de passar pelo controle de segurança, a gente conseguiu chegar até uma das lojas do Azizi e vamos ver se eles dão autorização e mostram para gente a turmalina paraíba.

Após se identificar como jornalista, a repórter é obrigada a apagar o que tinha filmado. Mas ela continua a gravar o áudio. O homem diz que o chefe é o senhor Azizi e que ele não está.

Segundo a investigação, era de escritórios como o citado que Azizi acompanhava seus negócios no Brasil, em tempo real, por câmeras de segurança. Em uma gravação, de novembro do ano passado, Azizi, em Bangcoc, conversa com Sebastião, na Paraíba:

Sebastião: Alô.
Zaheer Azizi: Oi.
Sebastião: Ei, Azizi.

O afegão deixa claro que consegue ver o brasileiro. “Eu posso vê-lo", diz Azizi.

Em nota, o advogado de Sebastião Lourenço afirma que Sebastião e Azizi se conhecem há muitos anos, e que o afegão é um cliente importante. Ele nega que Sebastião comercialize pedras da Parazul, a empresa que extraía ilegalmente a turmalina paraíba.

O advogado de Rainieri Addario também nega as acusações e diz que seu cliente não é mais sócio da empresa. “Ranieri foi vítima também dos que hoje administram a Parazul”, diz Ivanildo Albuquerque Filho, advogado de Rainieri Addario.

O irmão de Rainieri, Ricardo, também falou. Ele é dono da mineração Terra Branca, empresa do Rio Grande do Norte, onde, segundo a investigação, as pedras eram repassadas como legais. “Nós não temos nenhum vínculo com o que acontece na Paraíba para lá”, afirma Ricardo Addario, dono da mineração Terra Branca

Ele também afirma que não tem nenhum tipo de relação com o irmão. “Não vejo, não vi, ele não frequenta a minha casa", afirma Ricardo Addario. 
“O Ministério Público Federal irá processar essas pessoas por organização criminosa com tentáculos internacionais, crime de usurpação do bem da União, crime ambiental”, afirma o procurador João Raphael Lima.
“Toda essa riqueza ia parar no exterior sem qualquer benefício para comunidade. Eles cavavam de uma forma rudimentar, absolutamente precária”, diz o delegado da Polícia Federal Fabiano Martins.
Situação que o Fantástico registrou, caminhando, com cuidado, pela mina em São José da Batalha.
Maurício Ferraz: Tudo muito improvisado. A fiação, molhada. A madeira que faz escoramento está bem podre, úmida. Eram nessas condições que os garimpeiros trabalhavam.