sábado, 17 de setembro de 2016

Vale terá que pagar mensalmente R$ 3 milhões para três aldeias Xikrin

Vale terá que pagar mensalmente R$ 3 milhões para três aldeias Xikrin

O Tribunal Regional Federal da 1ª Região ordenou que a empresa Vale deposite mensalmente R$ 3 milhões para as três aldeias Xikrin afetadas pelo empreendimento Onça Puma, de extração de níquel, na região sudeste do Pará. A reportagem do G1 Pará entrou em contato com a Vale e espera resposta.
A partir do próximo dia 19 de setembro, de acordo com a decisão do desembargador Antonio Souza Prudente, a Vale terá que depositar mensalmente R$ 1 milhão para cada uma das aldeias Xikrin afetadas pela Onça Puma: O-odjã, Dudjekô e Cateté. Os valores deverão ser repassados até que a Vale cumpra as obrigações de compensação ambiental relativas ao empreendimento, nunca efetivadas.
A decisão atende pedido das associações indígenas Xikrin e teve parecer favorável do Ministério Público Federal. No mês passado, Xikrin e MPF assinaram um termo de ajuste de conduta que definiu exatamente como serão aplicados os recursos da compensação ambiental da Onça Puma.
As três aldeias Xikrin da região do Cateté, no sudeste do Pará, entre as cidades de Ourilândia do Norte, Parauapebas
 e São Félix do Xingu, foram cercadas por quase todos os lados por uma das atividades econômicas mais poluidoras, a mineração. São 14 empreendimentos no total, extraindo cobre, níquel e outros minérios, todos de propriedade da Vale.
Um dos empreendimentos, de extração e beneficiamento de níquel, chamado Onça Puma, em sete anos de atividade contaminou com metais pesados o rio Cateté e inviabilizou a vida dos cerca de 1300 Xikrin. Casos de má-formação fetal e doenças graves foram comprovados em estudos.
Nota da Vale
A Vale informou que foi intimada da decisão judicial e que ingressou com as medidas judiciais cabíveis visando suspender a liminar que determina o pagamento de R$ 3 milhões mensais e a liberação de parte dos valores bloqueados à comunidade indígena Xikrin.
A Vale esclareceu ainda que a Mina de Onça Puma, em Ourilândia do Norte, sudeste do Estado, está regularmente licenciada pela Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Estado do Pará (Semas), com atendimento de todas as condicionantes estabelecidas pelo órgão ambiental e pela Fundação Nacional do Índio (Funai).
De acordo com a mineradora, há anos tenta executar as ações do Plano Básico Ambiental (PBA) no interior da Terra Indígena Xikrin do Cateté, mas enfrenta resistência por parte dos indígenas. Ele mantêm a negativa de acesso da empresa, mesmo após determinação do Supremo Tribunal Federal (STF), segundo a empresa.
A Vale ainda informa que assumiu o compromisso com o  MPF de custear a contratação de técnico para acompanhar a execução do PBA, mas estaria aguardando a indicação dos Procuradores Federais. A empresa esclarece que já apresentou estudos técnicos, demonstrando que as atividades em Onça Puma não geram poluição do Rio Cateté.
Com relação ao Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), a Vale disse que entende que o acordo celebrado com os indígenas quanto à destinação de recursos financeiros estimula a litigiosidade,  já que gera expectativa de recebimento de valores, que ainda estão em discussão judicial.
A Vale destacou em nota que até o momento, os indígenas descumprem a ordem judicial de prestar conta do recurso de R$ 1.7 milhão,  já levantado.
No que diz respeito às destinações do recurso, a Vale informou que desenvolve projetos de produtividade e infraestrutura junto à comunidade Xikrin e arca mensalmente com o seguro saúde de todos os habitantes das aldeias. Ao todo, a empresa afirma repassar aos indígenas cerca de R$ 13 milhões por ano.


Fonte: G1

Mineradora peruana é melhor ação do mundo com alta de 460%

A Hochschild Mining, que opera três minas no Peru e uma na Argentina, subiu 460 por cento em 2016, superando todas as outras empresas do índice Bloomberg World, formado por 5.125 ações. Os papéis caíam 5,2 por cento nas negociações em Londres nesta quinta-feira.Os preços mais elevados da prata, a produção nova de sua principal mina, Inmaculada, no Peru, e a desvalorização do peso argentino transformaram a ação na favorita dos investidores. A Hochschild reduziu dívidas e deverá reportar seu primeiro lucro após três anos de prejuízos.
Agora a estratégia da empresa é se concentrar em encontrar novas reservas de prata e ouro perto das minas atuais e usar uma fatia maior de sua capacidade de processamento, segundo Ignacio Bustamante, CEO da Hochschild. Ele planeja evitar a compra de qualquer novo ativo. “Haverá muita pressão dos investidores para que não haja fusões e aquisições”, disse Bustamante. “Tem havido muita destruição de valor em termos de aquisições”.
Futuro chato
Trata-se de mais um exemplo de como as empresas de mineração redefiniram sua ambição. Após acumular bilhões de dólares em dívidas na corrida para satisfazer a demanda da China por commodities, muitas delas agora estão em sentido inverso. Os níveis de dívidas estão caindo porque as empresas estão reduzindo custos, vendendo ativos e indo atrás apenas das minas mais rentáveis. O CEO da Rio Tinto resumiu a história no mês passado quando disse que a segunda maior mineradora do mundo poderia ser “monótona” por um bom tempo.
No entanto, para as empresas produtoras de prata o ano trouxe uma recuperação surpreendente. Os metais preciosos subiram com os sinais de que o Federal Reserve manterá as taxas de juros baixas, aumentando o apelo de investimentos que não geram rendimento. A prata subiu 37 por cento em 2016 e está a caminho do maior ganho anual desde 2010.
O segundo melhor desempenho do índice Bloomberg World também é de uma produtora de prata. A Coeur Mining, que tem sede em Chicago, subiu 390 por cento neste ano.
Para Hochschild, é provável que os ganhos da melhor ação do mundo já tenham ficado no passado, segundo analistas da BMO Capital Markets. Não existem “catalisadores significativos para o futuro, certamente não como a desalavancagem do balanço da empresa do início do ano”, informou o banco em um relatório na semana passada.
Título em inglês: World’s Best Stock Is a 460% Gain in Peruvian Silver Miner
Fonte: Bloomberg L.P.

TURMALINAS CUPRÍFERAS DO BRASIL, NIGÉRIA E MOÇAMBIQUE 1ª Parte

TURMALINAS CUPRÍFERAS 
DO BRASIL, NIGÉRIA E MOÇAMBIQUE
1ª Parte




As turmalinas conhecidas sob a designação ”Paraíba”, em alusão ao Estado onde foram primeiramente encontradas, causaram furor ao serem introduzidas no mercado internacional de gemas, em 1989, por suas surpreendentes cores até então jamais vistas.
A descoberta dos primeiros indícios desta ocorrência deu-se sete anos antes, no município de São José da Batalha, onde estas turmalinas, da espécie elbaíta, ocorrem na forma de pequenos cristais irregulares em diques de pegmatitos decompostos, encaixados em quartzitos da Formação Equador, de Idade Proterozóica, associadas com quartzo, feldspato alterado, lepidolita, schorlo (turmalina preta) e óxidos de nióbio e tântalo, ou bem em depósitos secundários relacionados.
Estas turmalinas ocorrem em vívidos matizes azuis claros, azuis turquesas, azuis “neon”(ou fluorescentes), azuis esverdeados, azuis-safira, azuis violáceos, verdes azulados e verdes-esmeralda, devidos principalmente aos teores de cobre e manganês presentes, sendo que o primeiro destes elementos jamais havia sido detectado como cromóforo em turmalinas de quaisquer procedências.
A singularidade destas turmalinas cupríferas pode ser atribuída a três fatores: matiz mais atraente, tom mais claro e saturação mais forte que os usualmente observados em turmalinas azuis e verdes de outras procedências.
Estes matizes azuis e verdes estão intimamente relacionados à presença do elemento cobre, presente em teores de até 2,38 % CuO, bem como a vários processos complexos envolvendo íons Fe2+ e Fe3+ e às transferências de carga de Fe2+ para Ti4+ e Mn2+ para Ti4+. Os matizes violetas avermelhados e violetas, por sua vez, devem-se aos teores anômalos de manganês. Uma considerável parte dos exemplares apresenta zoneamento de cor, conseqüência da mudança na composição química à medida que a turmalina se cristalizou.
Em fevereiro de 1990, durante a tradicional feira de Tucson, nos EUA, teve início a escalada de preços desta variedade de turmalina, que passaram de umas poucas centenas de dólares por quilate a mais de US$2.000/ct, em questão de apenas 4 dias. A mística em torno da turmalina da Paraíba havia começado e cresceu extraordinariamente ao longo dos anos 90, convertendo-a na mais valiosa variedade deste grupo de minerais. A máxima produção da Mina da Batalha ocorreu entre os anos de 1989 e 1991 e, a partir de 1992, passou a ser esporádica e limitada, agravada pela disputa por sua propriedade legal e por seus direitos minerários.
A elevada demanda por turmalinas da Paraíba, aliada à escassez de sua produção, estimulou a busca de material de aspecto similar em outros pegmatitos da região, resultando na descoberta das minas Mulungu e Alto dos Quintos, situadas próximas à cidade de Parelhas, no vizinho estado do Rio Grande do Norte.
Estas minas passaram a produzir turmalinas cupríferas (Mina Mulungu com até 0,78 % CuO e Mina Alto dos Quinhos com até 0,69 % CuO) de qualidade média inferior às da Mina da Batalha, mas igualmente denominadas “Paraíba” no mercado internacional, principalmente por terem sido oferecidas muitas vezes misturadas à produção da Mina da Batalha. A valorização desta variedade de turmalina tem sido tão grande que, nos últimos anos, exemplares azuis a azuis esverdeados de excelente qualidade, com mais de 3 ct, chegam a alcançar cotações que superam os US$20.000/ct, no Japão.
Embora as surpreendentes cores das turmalinas da Paraíba ocorram naturalmente, estima-se que aproximadamente 80% das gemas só as adquiram após tratamento térmico, a temperaturas entre 350 oC e 550 oC. O procedimento consiste, inicialmente, em selecionar os espécimes a serem tratados cuidadosamente, para evitar que a exposição ao calor danifique-os, especialmente aqueles com inclusões líquidas e fraturas pré-existentes. Em seguida, as gemas são colocadas sob pó de alumínio ou areia, no interior de uma estufa, em atmosfera oxidante. A temperatura ideal é alcançada, geralmente, após 2 horas e meia de aquecimento gradativo e, então, mantida por um período de cerca de 4 horas, sendo as gemas depois resfriadas a uma taxa de aproximadamente 50 oC por hora. As cores resultantes são a cobiçada azul-neon, a partir da azul esverdeada ou da azul violeta, e a verde esmeralda, a partir da púrpura avermelhada. Além do tratamento térmico, parte das turmalinas da Paraíba é submetida ao preenchimento de fissuras com óleo para minimizar a visibilidade das que alcancem a superfície.
Até 2001, as turmalinas cupríferas da Paraíba e do Rio Grande do Norte eram facilmente distinguíveis das turmalinas oriundas de quaisquer outras procedências mediante detecção da presença de cobre com teores anômalos através de análise química por fluorescência de raios X de energia dispersiva (EDXRF), um ensaio analítico não disponível em laboratórios gemológicos standard. No entanto, as recentes descobertas de turmalinas cupríferas na Nigéria e em Moçambique acenderam um acalorado debate envolvendo o mercado e os principais laboratórios gemológicos do mundo em torno da definição do termo “Turmalina da Paraíba”, sobre o qual trataremos no artigo do próximo mês.

TURMALINAS CUPRÍFERAS DO BRASIL, NIGÉRIA E MOÇAMBIQUE 2ª Parte


TURMALINAS CUPRÍFERAS 
DO BRASIL, NIGÉRIA E MOÇAMBIQUE
2ª Parte




Até o ano de 2001, o termo “Turmalina da Paraíba” referia-se à designação comercial das turmalinas da espécie elbaíta, de cores azuis, verdes ou púrpureas a violetas, que contivessem pelo menos 0,1% de CuO e proviessem unicamente do Brasil, precisamente dos estados da Paraíba (mina da Batalha, situada próxima à localidade de São José da Batalha) e do Rio Grande do Norte (minas de Mulungu e Alto dos Quintos, situadas nas vizinhanças da cidade de Parelhas).
Tudo começou a mudar quando, naquele ano, uma nova fonte de turmalinas cupríferas foi descoberta na Nigéria, na localidade de Ilorin (mina de Edeko), voltando a ocorrer quatro anos mais tarde, em meados de 2005, desta vez em Moçambique, na região de Alto Ligonha, aproximadamente 100 km a sudoeste da capital Nampula.
De modo geral, as elbaítas com cobre destes países africanos não possuem cores tão vívidas quanto às das brasileiras, embora os melhores exemplares da Nigéria e de Moçambique se assemelhem aos brasileiros.
Análises químicas revelaram que as turmalinas da Nigéria têm concentrações surpreendentemente altas de cobre (até 2,18 % CuO), muito similares aos das encontradas no Brasil (Mina da Batalha: até 2,38 % CuO; Mulungu: até 0,78 % CuO; e Alto dos Quinhos: até 0,69 % CuO).
O achado destes depósitos africanos ocasionou acalorados debates no mercado e entre laboratórios, uma vez que as gemas de cores azuis a verdes saturadas procedentes da Nigéria e de Moçambique não podem ser diferenciadas das produzidas no Brasil por meio de ensaios gemológicos usuais e tampouco por análises químicas semi-quantitativas obtidas pela técnica denominada EDXRF.
Recentemente, constatou-se ser possível determinar a origem das turmalinas destes 3 países por meio de dados geoquímicos quantitativos de elementos presentes como traços, obtidos por uma técnica analítica conhecida por LA-ICP-MS (abreviatura do termo em inglês laser ablation-inductively coupled plasma-mass spectometry).
De modo geral, as turmalinas da Nigéria contêm quantidades maiores dos elementos Ga, Ge e Pb, enquanto as procedentes do Brasil têm teores mais elevados de Mg, Zn e Sb. As turmalinas cupríferas de Moçambique, por sua vez, exibem conteúdos enriquecidos dos elementos Be, Sc, Ga, Pb e Bi, mas nelas falta Mg.
No que se refere às inclusões, o quadro típico das turmalinas da Nigéria guarda similaridade com o do Brasil, e nele se observam inclusões bifásicas (líquidas e gasosas), fraturas cicatrizadas, plumas, minerais e, ocasionalmente, tubos de crescimento. Estes últimos, de cor amarela amarronzada, são muito mais freqüentes - embora não exclusivos - das turmalinas da Nigéria.
Em fevereiro de 2006, o Comitê de Harmonização de Procedimentos de Laboratórios, que consiste de representantes dos principais laboratórios gemológicos do mundo, decidiu reconsiderar a nomenclatura de turmalina da “Paraíba”, definindo esta valiosa variedade como uma elbaíta de cores azul-néon, azul-violeta, azul esverdeada, verde azulada ou verde-esmeralda, que contenha cobre e manganês e aspecto similar ao material original proveniente da Paraíba, independentemente de sua origem geográfica. Nos certificados, deve ser descrita como pertencente à espécie “elbaíta”, variedade “turmalina da Paraíba”, citando, sob a forma de um comentário, que este último termo deriva-se da localidade onde foi originalmente lavrada no Brasil. A determinação de origem torna-se, portanto, opcional.
Esta política é consistente com as normas da CIBJO, que consideram a turmalina da Paraíba uma variedade ou designação comercial e a definem como dotada de cor azul a verde devida ao cobre, sem qualquer menção ao local de origem.
Por outro lado, como essas turmalinas cupríferas são cotizadas não apenas de acordo com seu aspecto, mas também segundo sua procedência, tem-se estimulado a divulgação, apesar de opcional, de informações sobre sua origem nos documentos emitidos pelos laboratórios gemológicos, solicitação que muito poucos terão recursos para atender satisfatoriamente.

TURMALINAS CUPRÍFERAS DO BRASIL, NIGÉRIA E MOÇAMBIQUE 3ª Parte -

TURMALINAS CUPRÍFERAS 
DO BRASIL, NIGÉRIA E MOÇAMBIQUE
3ª Parte
 - SUBSTITUTOS



As turmalinas cupríferas azuis a azuis esverdeadas provenientes do Brasil (Paraíba e Rio Grande do Norte), Nigéria e Moçambique, conhecidas como turmalinas da Paraíba, vêm alcançando cotações crescentes no mercado internacional há alguns anos, o que estimulou o emprego de uma série de substitutos para elas, como ocorre com as mais cobiçadas gemas.
Como as turmalinas não são obtidas por síntese para fins gemológicos, mas apenas experimentalmente e com objetivos tecnológicos, outras gemas naturais, compostas e imitações têm sido utilizadas com esta finalidade.
Os mais eficazes substitutos são, evidentemente, as turmalinas naturais não-cupríferas de cores algo similares às das legítimas elbaítas da Paraíba. Embora não apresentem a saturação vívida destas, ocasionalmente suscitam dúvidas quanto a sua identidade (cupríferas ou não), o que, infelizmente, não pode ser conclusivamente diagnosticado apenas por meio de ensaios gemológicos usuais.
A apatita que, na realidade, trata-se de um grupo de minerais, é a segunda gema natural mais utilizada como substituto da turmalina da Paraíba. Este fosfato de cálcio e flúor é empregado, principalmente, como fertilizante, nas indústrias química e farmacêutica e, em muito menor proporção, destinado à joalheria. Os exemplares azuis e azuis esverdeados de qualidade gemológica provenientes, sobretudo, de Madagascar, do Brasil e de Mianmar possuem aspecto e tons bastante similares aos da turmalina da Paraíba. A distinção entre a apatita e a turmalina é simples quando se dispõe de instrumentos gemológicos básicos, pois, embora estas duas gemas apresentem índices de refração próximos, sua birrefringência, peso específico e espectro de absorção (se presente) são bastante diferentes.
A apatita apresenta um suprimento relativamente grande, geograficamente diversificado e regular. O inconveniente em utilizá-la em larga escala na indústria joalheira reside no fato de que sua dureza é de apenas 5 na Escala de Mohs, semelhante à do vidro, o que significa que possui brilho menos intenso e é muito mais facilmente riscável que a turmalina, apresentando, portanto, menor durabilidade que esta. Em vista disso, é recomendável empregá-la na confecção de peças de joalheria menos sujeitas ao contato com outras superfícies, principalmente na forma de brincos ou pingentes, e menos aconselhável em anéis e pulseiras.
Recentemente, apareceram no mercado brasileiro zircônias cúbicas de cor azul “neon” muito similar à da turmalina da Paraíba. Felizmente, elas são facilmente identificáveis por sua densidade muito superior à da turmalina, sua natureza isótropa (comporta-se de forma distinta ao exame no polariscópio, extinguindo a luz por completo), por apresentarem leitura negativa no refratômetro (o índice de refração da zircônia cúbica é superior ao limite do instrumento) e por não exibirem o cenário típico de inclusões das turmalinas, caracterizado por inclusões fluidas, tubos de crescimento e/ou minerais.
Outros substitutos menos eficazes, mas vistos com enorme freqüência no mercado, por se tratarem de materiais de baixo custo, são os vidros artificiais e as gemas compostas (dobletes e tripletes).
Os vidros artificiais que imitam a turmalina da Paraíba possuem peso específico e índice de refração variáveis segundo a composição, mas geralmente muito inferiores aos da turmalina, apresentam completa extinção da luz no polariscópio (por sua natureza monorrefringente) e costumam exibir forte reação à luz ultravioleta (sobretudo de ondas curtas). Além disso, com uma simples lupa de 10 aumentos, pode-se observar o quadro de inclusões característico dos vidros artificiais, com bolhas de gás esféricas e/ou alongadas e estruturas resultantes da distribuição heterogênea dos seus constituintes, conhecidas como “marcas de redemoinho”, ausentes na turmalina.