quinta-feira, 22 de setembro de 2016

PÉROLAS 2ª parte - Breve histórico

PÉROLAS2ª parte - Breve histórico 




As pérolas estão presentes com destaque em muitas culturas desde os mais remotos tempos da Humanidade, por seu fascínio e características únicas. Muito contribuiu para esta longínqua admiração o fato de que estas gemas são utilizadas em seu estado natural, não necessitando que o Homem as aprimore para revelar sua beleza. Por esta razão, são simbolicamente consideradas um presente da Natureza.
Nunca se saberá quem teve o privilégio de vê-las pela primeira vez nem onde, mas provavelmente tratava-se de alguém em busca de alimento ao longo de algum rio ou orla marítma. Curiosamente, algumas cuturas tinham tanto ou mais apreço pelas conchas que pelas próprias pérolas.

Até onde sabemos, as mais antigas evidências arqueológicas de pérolas têm aproximadamente 6.000 anos e foram encontradas na região do Golfo Pérsico, onde os mortos eram, em algumas ocasiões, enterrados com uma pérola disposta em uma de suas mãos.
Os mais antigos manuscritos hoje conhecidos com menção às pérolas são chineses e datam de aproximadamente 2.350 A.C.. Há uma ode às pérolas de autoria de Confúcio e testemunhos de aproximadamente 1.000 anos dando conta da popularidade de figuras do Buda recobertas por nácar.
As antigas culturas do Oriente Médio, Índia e Pacífico Sul parecem ter sido as que primeiro admiraram e utilizaram as pérolas como adorno, provavelmente devido à proximidade com as principais fontes históricas desta gema, respectivamente o Golfo Pérsico, o Estreito de Manaar - localizado entre Índia e Sri Lanka - e as Ilhas da Polinésia Francesa. Segundo o historiador romano Plínio, o Estreito de Manaar era, em seu tempo, a mais importante fonte de pérolas.
O interesse pelas pérolas disseminou-se pelo Mediterrâneo durante os Impérios Romano e Bizantino a ponto de, ainda por volta de 100 A.C., ter-se já convertido em moda.

Par de brincos com pérolas cultivadas Mabe (à esquerda)
Fotografia: Luiz Antônio Gomes da Silveira
À medida que as antigas rotas comerciais entre a Ásia e a Europa gradualmente se expandiam e que os cruzados passaram a trazer estas gemas do Oriente, seu uso difundiu-se também pelo restante da Europa a partir do século XI.
Com o passar dos anos, Lisboa e Sevilha tornaram-se os maiores centros europeus de comercialização de pérolas provenientes do Golfo Pérsico, Índia e Caribe.
Nas Américas pré-colombianas, sabe-se que Incas e Astecas tinham grande apreço pelas pérolas por sua beleza e supostos poderes mágicos. Colonizadores relataram ter encontrado nativos do Novo Mundo de posse de formidáveis peças confeccionadas com pérolas. Entre eles, acredita-se que os norte-americanos das regiões próximas à costa do Atlântico e dos leitos dos rios Mississipi, Tennessee e Ohio tenham sido os primeiros a coletá-las e utilizá-las.
O Golfo Pérsico e sobretudo a costa de Bahrain, foi a principal fonte de pérolas durante mais de 2.200 anos, de aproximadamente 300 A.C. até meados do século XX.
Além das já citadas, outras importantes fontes históricas de pérolas naturais são o Mar Vermelho, Golfo de Oman, costas noroeste, norte e nordeste da Austrália, costa sul de Mianmar, Venezuela (Ilha Margarita), México, Golfo do Panamá, Colombia, China, Filipinas, Papua-Nova Guiné, Bornéu e Japão.
As principais fontes históricas de pérolas de água doce são os rios da Europa, sobretudo da Inglaterra, Escócia, País de Gales, Irlanda e França; e a América do Norte, particularemente os EUA, onde se destacam o rio Mississipi e seus afluentes.
Século XX e primeira década do século XXI
Nas primeiras décadas do século passado já era notório o declínio da produção de pérolas no Golfo Pérsico devido ao esgotamento da população de ostras produtoras causado pela coleta indiscriminada.
A situação se agravou com a Grande Depressão de 1929, a descoberta dos campos de petróleo na região e os consequentes danos ambientais de sua exploração, alterarando drasticamente o panorama mundial desta gema. Grande parte da mão-de-obra antes empregada no mergulho para coleta de pérolas deslocou-se para a indústria do óleo, mais estável e segura.
O advento das técnicas de cultivo de pérolas ocorreu em um momento crítico de indisponibilidade de pérolas naturais e, com o passar dos anos e seu aprimoramento, a oferta de cultivadas se sobrepôs largamente à de naturais, alterando para sempre o mercado de pérolas.

Modelo usa peças com pérolas cultivadas
Fotografia: Cibele Andrade Joias
Quase nada restou da atividade de mergulho para coleta de pérolas, hoje restrita a colecionadores amadores ou caçadores de tesouros. A atua produção de pérolas naturais é desprezível, de modo que os exemplares disponíveis geralmente fazem parte de patrimônios ou coleções particulares.
As pérolas naturais são hoje em dia, possivelmente, mais raras que em qualquer outro período da História, causando a valorização dos ítens de muito boa qualidade, adquiridos praticamente apenas por colecionadores ou connoisseurs, bem como por cidadãos de culturas que conferem especial valor às pérolas naturais, como é o caso daqueles de diversas nações árabes.

O ESPODUMÊNIO E SUAS VARIEDADES

O ESPODUMÊNIOE SUAS VARIEDADES



O espodumênio é uma espécie mineral cujo nome é menos popular entre os consumidores de gemas e jóias que os de suas variedades kunzita, hiddenita e trifana, sobretudo a primeira delas.
A kunzita apresenta exuberantes matizes rosas, lilases e violetas, que se assemelham aos da alfazema, perfeitamente transparentes e de tonalidades claras, às vezes ligeiramente azulados. Ela foi descoberta em Pala, Califórnia, no início do século 20 e deve seu nome a George Frederick Kunz (1856 – 1932), o mineralogista que primeiro a descreveu.
A atraente e rara hiddenita, igualmente transparente, possui uma coloração verde-esmeralda intensa, devida a impurezas de cromo, sendo sua designação uma homenagem a William E. Hidden (1853 – 1918), seu descobridor e um eminente colecionador de minerais em seu tempo.
A trifana, amarela pálida, cuja cor se atribui a impurezas de ferro, foi a primeira variedade gemológica de espodumênio a ser descoberta, em Minas Gerais, por volta de 1870, nove anos antes que a hiddenita fosse identificada na Carolina do Norte (EUA). A designação trifana não é consensual no meio gemológico, de modo que a tendência atual é designar as variedades com o nome do mineral, seguido pelo sufixo correspondente a sua cor, tal como espodumênio amarelo ou amarelo esverdeado. As variedades kunzita (rosa) e hiddenita (verde produzido pelo cromo) são exceções, pois tratam-se de termos consagrados. Ainda assim, na prática comercial diária, é difícil determinar se um espécime contém ou não cromo, de forma a designá-lo como hiddenita ou simplesmente espodumênio verde.
O espodumênio é um silicato de lítio e alumínio, incolor em seu estado puro. Cristaliza-se no sistema monoclínico e ocorre em característicos cristais prismáticos alongados, com terminações achatadas, muitas vezes de tamanhos consideráveis; possui seção freqüentemente quadrada ou retangular e faces longitudinais estriadas, com numerosas figuras de corrosão na forma de triângulos escalenos.
Sua dureza varia de 6½ a 7, apresenta clivagem perfeita em duas direções paralelas às faces prismáticas e quase perpendiculares entre si, o que faz com que seja uma pedra de difícil lapidação. Apresenta brilho vítreo (nacarado nas superfícies de clivagem), sendo que a kunzita geralmente exibe fluorescência de cor alaranjada a rosa dourada à luz ultravioleta, muito mais intensa sob comprimentos de onda longos e, adicionalmente, pode apresentar fosforescência.
A kunzita e a hiddenita possuem pleocroísmo intenso, perceptível até mesmo à vista desarmada, pela simples rotação dos exemplares, principalmente os mais saturados. A cor mais intensa corresponde a direção paralela à do comprimento do cristal e, para melhor aproveitar o efeito ao lapidar-se a gema, deve-se orientar a faceta principal (mesa) perpendicularmente a esta direção. Por apresentar-se sempre em tonalidades claras, o espodumênio costuma ser lapidado com a maior profundidade possível para obter-se a máxima retenção da cor, procurando-se, contudo, resguardar as proporções esteticamente corretas, o que resulta em gemas de rara beleza.
Ao contrário de muitas gemas coradas, que são lavradas principalmente em depósitos secundários, o espodumênio é mais comumente extraído de suas fontes primárias, os pegmatitos graníticos. Os principais países produtores de kunzita e hiddenita são, atualmente, Afeganistão, Brasil, Madagascar, Myanmar, Sri Lanka e EUA.
A produção brasileira de espodumênio tem se mostrado irregular nos últimos anos, sendo que os principais depósitos estão localizados no estado de Minas Gerais, nos municípios de Galiléia, Conselheiro Pena, Resplendor, Água Boa e Barra do Cuité.
As principais inclusões observadas nos espodumênios são as fásicas, os finos tubos de crescimento com aspecto de agulhas, os planos de geminação e de clivagem, além das inclusões que comprovam sua origem pegmatítica, tais como muscovita, feldspato e minerais de argila.
O fascinante matiz lavanda das kunzitas deve-se a traços de manganês, mas esta variedade pode empalidecer se exposta à luz por longos períodos de tempo. A cor pode ser restaurada por irradiação, que deve ser seguida de tratamento térmico a temperaturas entre 200oC e 250oC ou por exposição à luz, com o objetivo de remover os componentes verdes e marrons que simultaneamente se formam.
Como a autêntica hiddenita é muito rara, espodumênios de cor verde intensa devem ser vistos com extrema reserva, pois não é raro nos depararmos com material com esta coloração obtido por irradiação, de praticamente qualquer natureza, a partir de espécimes originalmente rosas. A coloração verde-esmeralda resultante deste tratamento é instável e o empalidecimento extremamente rápido, ocorrendo, às vezes, em menos de uma hora. Não há qualquer centro de cor envolvido nesta mudança, mas sim uma alteração no estado de valência do manganês, que passa de Mn3+ a Mn4+.

TOPÁZIO IMPERIAL

TOPÁZIO IMPERIAL



Algumas teorias procuram explicar a origem do termo topázio e a mais plausível é que derive do vocábulo sânscrito tapas, significando fogo. A designação imperial, por sua vez, foi atribuída à gema em homenagem a D. Pedro I que, segundo relatos históricos, teria se encantado com a exuberância dos matizes e tons de alguns exemplares de topázio que lhe foram oferecidos durante uma estadia na antiga Vila Rica, em Minas Gerais, de onde foram extraídos.
Descoberto por volta de 1760, o topázio imperial é a variedade mais valorizada desta espécie mineral e ocorre unicamente na região de Ouro Preto, em diversos depósitos numa área de aproximadamente 150 km2. Atualmente, as minas mais produtivas são as do Capão do Lana, cuja lavra é inteiramente mecanizada e situa-se na localidade de Rodrigo Silva; e a do Vermelhão, localizada em Saramenha, além de diversos depósitos aluviais nas cabeceiras de alguns córregos e ribeirões da região.
Esta fascinante variedade de topázio ocorre numa ampla gama de cores, do amarelo alaranjado ao laranja-pêssego, do rosa ao vermelho-cereja. A cor mais rara é a roxa, seguida pela roxa rosada, vermelha-cereja e pelas bicolores.
Em termos de composição química, o topázio trata-se de um silicato de alumínio e flúor, incolor em seu estado puro. Acredita-se que as cores do imperial se devam à presença de elementos de transição e de terras raras dispersos na rede cristalina do mineral, entre eles Cr, Cs, Fe, V, Mn e Ti, sendo que os teores dos dois primeiros exibem uma correlação com a intensidade e tonalidades do amarelo ao avermelhado.
Existem topázios de cores algo similares ao imperial provenientes de outras fontes no mundo, porém a produção é pequena e descontínua, como em Katlang (Paquistão) ou apresenta importância apenas histórica, como a outrora proveniente da Rússia, onde o jazimento encontra-se praticamente esgotado.
O topázio imperial ocorre em pequenos cristais prismáticos, apresentando faces estriadas longitudinalmente, quase sempre com uma única terminação. Possui clivagem basal perfeita e sua elevada dureza (8 na escala Mohs) e brilho intenso conferem às gemas lapidadas uma rara beleza.
Acredita-se que o topázio imperial possui origem hidrotermal, relacionada ao último evento vulcânico ocorrido na região; a rocha mineralizada compõe-se de uma argila alterada, cortada por veios de caolinita, que são lavrados por desmonte hidráulico, sendo, em seguida, os espécimes submetidos à cata manual e classificação.
Os minerais associados ao topázio imperial são quartzo, mica, dolomita, especularita, rutilo e, raramente, euclásio, florencita e xenotima. As principais inclusões são as fásicas, os tubos de crescimento, as fraturas parcialmente cicatrizadas e as minerais, sobretudo de ankerita, tremolita, rutilo, goethita, especularita, topázio e pirofilita.
O topázio imperial pode ser submetido a tratamentos, por meio de técnicas amplamente utilizadas e aceitas no mercado internacional de gemas, visando melhorar o seu aspecto e tornar suas cores ainda mais atraentes, com o conseqüente aumento do seu valor monetário.
O método mais usual é o tratamento térmico, através do qual obtém-se gemas rosas a partir de exemplares alaranjados ou amarelos amarronzados, mediante a remoção do centro de cor amarelo. Este tratamento é estável e, geralmente, a melhor coloração é obtida após um lento aquecimento até uma temperatura de aproximadamente 450oC.
Outros tipos de tratamento, mais recentemente aplicados ao topázio imperial, consistem no preenchimento de fraturas com resina, de uso consagrado em diamantes, rubis, safiras e esmeraldas, e o método de difusão superficial, empregado comumente em safiras e rubis.
Como único país produtor da singular variedade imperial, o Brasil ocupa posição privilegiada na exportação do mineral topázio, seguido pela Nigéria, Madagascar, Paquistão, Sri Lanka e Rússia. Atualmente, os principais países de destino do topázio imperial são os Estados Unidos, Taiwan, Japão, Alemanha, Hong-Kong, China, Índia e Itália.

OPALESCÊNCIA E IRIDESCÊNCIA

OPALESCÊNCIA E IRIDESCÊNCIA


Opalescência
Este termo é utilizado para definir o aspecto leitoso de alguns materiais gemológicos, especialmente o da opala comum e de algumas pedras-da-lua.
A opalescência deve-se ao denominado Efeito Tyndall, que consiste na dispersão da luz através de pequenas partículas de matéria dispostas em sua trajetória, no interior da gema, formando um feixe ou nuvem visível. O fenômeno é exatamente o mesmo que se observa quando um raio de luz ilumina as partículas de pó dispersas na atmosfera de uma habitação.
Iridescência
Jogo de cores exibido pelas opalas ditas preciosas ou nobres, mas não pelas opalas comuns.
À diferença da maior parte das gemas, cujas cores resultam da absorção seletiva da luz, as cores iridescentes da opala preciosa são causadas por fenômenos de difração e interferência da luz devidos, por sua vez, à reflexão e à refração em fissuras ou fraturas no interior da gema. Por  este motivo, as cores iridescentes possuem elevada pureza espectral.
Iridiscência ou jogo de cores em Opala
Diferentemente de outras gemas, a opala não é um material cristalino, mas um gel de sílica endurecido e hidratado, de composição SiO2.nH2O. Embora tenha assumido o estado sólido, ainda retém quantidades consideráveis de água, que variam, geralmente, entre 3 e 10%. As variedades desta gema são translúcidas - raramente transparentes - e, com exceção da opala de fogo, não devem ser submersas em líquidos densos, devido a sua alta porosidade.
A opala ocorre em depósitos primários, preenchendo fraturas em arenitos, ou em depósitos secundários, e procedem, em sua maior parte, de três países:
1) Austrália: opalas branca e negra (maior produtor mundial, em volume e qualidade);
2) México: opalas de fogo, branca e de água;
3) Brasil: opala branca e de fogo; pequeníssima produção de opala negra, em Pedro II (Piauí); opala de fogo em Capão Grande e Campos Borges (Rio Grande do Sul) e opala verde amarelada a marrom amarelada, às vezes com efeito olho-de-gato (Bahia)

Esfera de Opala - Foto: Super Marina
O principal tratamento a que se submetem as opalas é o tingimento. O processo consiste em submergí-las em solução de açúcar ou mel (para saturar o material) e, em seguida, tratá-las com ácido sulfúrico, para carbonizar o açúcar e torná-las negras. A impregnação com resinas é uma prática corrente, utilizada com a finalidade de melhorar a qualidade e aumentar sua durabilidade.
Embora a opala sintética seja comercializada desde 1974, os substitutos encontrados com maior frequência no mercado são as pedras compostas. Entre os dobletes, o mais comum é formado por opala na parte superior, geralmente em forma de domo, e ônix ou outro material escuro na inferior.
Entre os tripletes, o mais usual está composto de quartzo, vidro ou outro material incolor na parte superior, em forma de domo, uma fina camada de opala na porção intermediária e ônix ou outro material escuro na parte inferior.

EFEITO OLHO-DE-GATO

FENÔMENOS ÓPTICOS 
EFEITO OLHO-DE-GATO


Um dos mais belos e instigantes fenômenos ópticos observados em gemas é o denominado efeito olho-de-gato, também conhecido como acatassolamento ou chatoyance.
Ele deve-se à reflexão da luz em finas fibras cristalinas, cavidades, canais, tubos de crescimento ou inclusões em forma de agulhas, dispostos paralelamente na gema, resultando no aparecimento de um raio luminoso, sedoso e ondulante perpendicular à direção das inclusões, nos exemplares adequadamente orientados e lapidados em estilo cabochão. Quanto mais numerosas e finas forem essas inclusões, mais perfeita a reflexão e mais definido o raio que parece mover-se, à medida que giramos o espécime.
 
O efeito olho-de-gato é mais espetacular se observado à luz refletida proveniente de um único foco, preferencialmente pontual, ou diretamente sob luz solar. As iluminações difusas ou múltiplas prejudicam a apreciação deste fenômeno.
Entre as gemas nas quais podemos observar o fascínio do chatoyance estão o crisoberilo, o quartzo (inclusive nas variedades olho-de-tigre e olho-de-falcão), a turmalina, o berilo, a apatita, o diopsídio, a alexandrita, a pedra-da-lua, a cianita e as incomuns escapolita, enstatita, petalita, tremolita, prehnita, caroíta e kornerupina. Exemplares de coríndon (rubi e safira), topázio azul, peridoto e zircão também podem, em raras ocasiões, exibir o fenômeno de acatassolamento.


Alexandrita Olho-de-Gato sob luz natural (à esquerda) e sob luz incandescente (à direita)
Fotografia: Wimon Manorotkul
Fonte: Pala International (www.palagems.com)


De acordo com as normas técnicas vigentes no Brasil e no exterior, o termo olho-de-gato sem descrição adicional se reserva apenas ao crisoberilo, o mais cotizado dentre os materiais gemológicos que podem apresentar este fenômeno; os demais devem ser designados pelo nome da gema, seguido do mencionado termo (ex: turmalina olho-de-gato). O crisoberilo que exibe este efeito é também denominado cimofana.
O olho-de-gato pode confundir-se com algumas gemas de ampla ocorrência no Brasil, sendo o quartzo olho-de-gato seu substituto mais comum, embora este não apresente o feixe de luz ondulante tão bem definido, o sutil fundo translúcido, nem seu polimento alcance a excelência do material genuíno.
 
O quartzo olho-de-gato costuma ocorrer nas cores castanha clara, castanha amarelada, cinzenta ou amarela esverdeada e as inclusões responsáveis pelo fenômeno são fibras de asbesto ou hornblenda.
Além das características visuais mencionadas, faz-se a distinção entre exemplares soltos de crisoberilo e quartzo, facilmente, mergulhando-os em bromofórmio. Neste líquido, de densidade 2,89, o quartzo (d = 2,65) flutua, enquanto o crisoberilo (d = 3,73) afunda. Caso o espécime esteja cravado, é possível identificá-lo mediante a leitura do seu índice de refração médio pelo método de visão distante, com auxílio de um refratômetro. O índice de refração médio do quartzo situa-se por volta de 1,55, enquanto o do crisoberilo está próximo de 1,75. Se a luz se transmitir através do exemplar, a averiguação do seu espectro de absorção, com auxílio de um espectroscópio manual, é igualmente um exame diagnóstico. O crisoberilo exibe uma banda de absorção na região do azul-violeta, centrada em 444 nm (nanômetros), cuja intensidade aumenta com a cor, enquanto o quartzo não apresenta quaisquer linhas ou bandas de absorção na região do espectro visível.