sábado, 1 de outubro de 2016

Corrida por mineração no fundo do mar gera polêmica

Corrida por mineração no fundo do mar gera polêmica

Mineração
Image captionIdeia de explorar metais do leito oceânico vem sendo considerada há décadas
As perspectivas de uma "corrida do ouro" nas profundezas do mar, abrindo um polêmico caminho para a mineração no leito oceânico, estão mais próximas.
A ONU recém-publicou seu primeiro plano para o gerenciamento da extração dos chamados "nódulos" - pequenas rochas ricas em minerais - do fundo do mar.
Um estudo técnico promovido pela Autoridade Internacional do Leito Oceânico (ISA, na sigla em inglês), o órgão da ONU que controla a mineração nos oceanos, diz que as companhias interessadas podem pedir licenças a partir de 2017.
A ideia de explorar ouro, cobre, manganês, cobalto e outros metais do leito oceânico foi considerada por décadas, mas só recentemente se tornou factível, por conta do alto preço das commodities e de tecnologias mais modernas.
Especialistas em proteção ambiental vêm advertindo há tempos que a mineração no leito oceânico pode ser altamente destrutiva e poderia ter consequências de longo prazo desastrosas para a vida marinha.
O próprio estudo da ONU reconhece que a mineração provocará "danos ambientais inevitáveis".
Mas o relatório foi divulgado em meio ao que um porta-voz do órgão descreve como "um aumento sem precedentes" no interesse das companhias estatais e privadas.

Divisão de receitas

O número de licenças emitidas para a busca de minerais já chega a 17, com outras sete prestes a serem emitidas e muitas mais em análise. Elas cobrem vastas áreas dos Oceanos Pacífico, Atlântico e Índico.
De acordo com a Convenção da ONU sobre o Direito do Mar, a ISA foi estabelecida para estimular e administrar a mineração do fundo do mar para o benefício mais amplo da humanidade - com uma parcela dos lucros dirigida para os países em desenvolvimento.
Agora o órgão está dando o passo significativo de não só mais simplesmente manejar pedidos para exploração mineral, mas também considerar como licenciar as primeiras operações reais de mineração e como dividir as receitas.
"Estamos à beira de uma nova era de mineração do leito marinho profundo", disse à BBC o conselheiro legal do ISA, Michael Lodge.
A atração é óbvia. Uma análise do leste do Pacífico - uma área de 5 milhões de quilômetros quadrados conhecida como zona Clarion-Clipperton - concluiu que mais de 27 bilhões de toneladas de nódulos poderiam estar misturadas à areia.
Essas pedras poderiam conter 7 bilhões de toneladas de manganês, 340 milhões de toneladas de níquel, 290 milhões de toneladas de cobre e 78 milhões de toneladas de cobalto - apesar de ainda não se saber o quanto disso é acessível.

Operações viáveis

Image captionONU tenta avaliar quais empresas têm a capacidade técnica para atividade
De acordo com o estudo de planejamento, a ISA enfrenta o desafio de tentar garantir que os benefícios da mineração de nódulos cheguem além das próprias companhias e ao mesmo tempo fomentar operações comercialmente viáveis.
O plano se baseia em prover operadores com incentivos para assumir riscos no que poderiam ser investimentos caros sem perder a chance de os países em desenvolvimento receberem uma fatia das receitas.
A ISA tenta agora avaliar que companhias têm capacidade suficiente para desenvolver o trabalho, ainda que nenhuma empresa tenha experiência específica nessa nova modalidade de mineração.
Um fator chave na avaliação da ISA é a necessidade de salvaguardas ambientais, então o documento pede o monitoramento do leito marinho durante qualquer operação de mineração - apesar de os críticos questionarem se a atividade na profundeza dos oceanos pode ser policiada.

Debate

As perspectivas da mineração no fundo do mar já geraram um forte debate entre cientistas marinhos.
"Não creio que nós tenhamos a propriedade sobre o oceano profundo, no sentido de que possamos fazer o que quisermos com ele", afirma Jon Copley, biólogo da Universidade de Southampton e chefe de missão do navio de pesquisas britânico James Cook.
"Em vez disso, nós dividimos a responsabilidade por sua condução", diz. "Nós não temos um histórico bom em alcançar um balanço em nenhum outro lugar - pense nas florestas tropicais -, então a questão é: 'Será que conseguiríamos acertar?", questiona.
O também biólogo Paul Tyler, do Centro Nacional Oceanográfico, da Grã-Bretanha, adverte de que espécies únicas podem ser colocadas em risco.
"Se você limpa aquela área pela mineração, aqueles animais terão que fazer uma dessas duas coisas: ou se dispersam e colonizam outra fissura hidrotermal em outro lugar ou eles morrem", comenta.
"E o que acontece quando elas morrem é que a fissura se torna biologicamente extinta", diz.
A química marinha Rachel Mills, da Universidade de Southampton, sugere um debate mais amplo sobre a mineração em geral, com o argumento de que todos nós usamos minerais e que as minas em terra são muito maiores do que seria qualquer uma no leito do mar.
Ela fez pesquisas para a Nautilus Minerals, uma empresa canadense que planeja explorar minas nas fissuras hidrotermais na costa da Papua Nova Guiné.
"Tudo o que nos cerca, e a maneira como vivemos, depende de fontes minerais, mas não nos perguntamos com frequência de onde eles veem", afirma.
"Precisamos nos perguntar se há mineração sustentável em terra e se há mineração sustentável no mar. Acho que são as mesmas questões morais que devemos colocar se é nos Andes ou no Mar de Bismarck", diz.
Esse debate deve crescer mais com a proximidade cada vez maior do início das operações de mineração.

Após lapidadas, Turmalina contrabandeada da PB era vendida por até US$ 350 mil cada gema

Após lapidadas, Turmalina contrabandeada da PB era vendida por até US$ 350 mil cada gema


A coletiva de imprensa concedida pela Polícia Federal, em conjunto com o Ministério Público Federal, para tratar da Operação Sete Chaves, não revelou o nome dos envolvidos, apesar de haver um deputado estadual da Paraíba com suspeitas de participar do esquema de extração ilegal da pedra preciosa Turmalina Paraíba. De acordo com a polícia, após sair do Brasil, as pedras eram comercializadas por até US$ 350 mil.
Segundo informações, o deputado envolvido é João Henrique (DEM). Fontes ligadas ao parlamentar negaram que ele faça parte da quadrilha e que tenha sido preso, mas confirmou que foi cumprido um mandado de busca e apreensão na casa do deputado estadual no município de Monteiro.
De acordo com a polícia, a investigação começou desde 2009 e seria impossível calcular o quanto a receita deixou de arrecadar com a venda ilegal das pedras consideradas uma das mais valiosas do mundo. A pedra é encontrada em apenas cinco locais no mundo, três deles no Brasil e a mais preciosa na Paraíba, no município de São José da Batalha.
O modus operandi da quadrilha consistia em extrair as pedras do município paraibano onde ia até o Rio Grande do Norte, onde as pedras seriam lapidaas e seguiam para o exterior, os principais destionos eram os Estados Unidos, Hong Kong e Bangcoc. A pedra era vendida nos Estados Unidos por US$ 350 mil a gema.

A operação contou inclusive com a participação do FBI, o que possibilitou delegações no exterior. Os detidos são acusados de usurpação de bem da União, exploração sem licença ambiental, lavagem de dinheiro, evasão de divisas, entre outros. Somando as penas previstas, os acusados podem pegar ataé 20 anos de prisão.

Cerca de 130 policiais federais, de todo o Nordeste cumpriram simultaneamente 35 medidas judiciais, sendo 8 de prisão preventiva, 19 mandados de busca e apreensão e 8 de sequestro de bens, nos estados da Paraíba, Rio Grande do Norte, Minas Gerais e São Paulo. Os trabalhos estão sendo desenvolvidos nas cidades de João Pessoa, Monteiro/PB, Salgadinho/PB, Parelhas/PB, Natal/RN, Governador Valadades/MG e São Paulo.
A organização criminosa é formada por diversos empresários e por um deputado estadual, que se utilizavam de uma intrincada rede de empresas off shorepara suporte das operações bilionárias nas negociações com pedras preciosas e lavagem de dinheiro.
Considerada uma das pedras mais caras do mundo, a turmalina Paraíba era retirada de São José da Batalha, um distrito do município de Salgadinho, na Paraíba e enviada à cidade de Parelhas, no Rio Grande do Norte, onde era esquentada com certificados de licença de exploração. De lá, as pedras seguiam para Governador Valadares em Minas Gerais para a comercialização em mercados do exterior como Bangkok, na Tailândia, Hong Kong, na China, Houston e Las Vegas, nos Estados Unidos.
Os Policiais suspeitam que um gigantesco volume dessas pedras já esteja nas mãos de joalheiros e de particulares no exterior. Uma única pedra de turmalina azul “Paraíba” pode chegar ao valor de 3 milhões de Reais. O mercado clandestino da pedra pode tem gerado uma movimentação milionária de capital ilícito, no Brasil e no exterior.
A operação contou com a colaboração de fiscais do Departamento Nacional de Produção Mineral-DNPM e da Secretaria da Receita Federal.
Todos os investigadosresponderão pelos crimes de lavagem de dinheiro, usurpaçãode patrimônio da União, organização criminosa, contrabando e evasão de divisas.


[1]O termo Sete Chaves – referência feita aos negociadores no mercado restrito da pedra, turmalina azul, que guardavam à “sete chaves” o segredo sobre a existência de uma pedra extra valorizada e pouco conhecida no mercado de pedras preciosas.

Redação

Nova mina de Turmalina Paraíba renderia 1 bilhão de dólares a investigados na operação 'sete chaves'

Nova mina de Turmalina Paraíba renderia 1 bilhão de dólares a investigados na operação 'sete chaves'


Os diálogos interceptados durante a Operação Sete Chaves revelam a descoberta de nova reserva de turmalinas Paraíba, negócio “muito bom”, segundo os investigados. Eles comentam que lucrarão cerca de “um bilhão de dólares” com o negócio e que estarão “bem de vida até a sexta geração da família de todos eles”.
Diálogo interceptado, em abril de 2014, revela a visita de especialistas do Gems Institute of America à mina em São José da Batalha. No trecho, um dos investigados comenta que na semana anterior havia extraído pedras de qualidade e que a visita dos americanos foi encomendada por Sebastião Lourenço e Azizi, com o objetivo de analisar a qualidade da extração das turmalinas paraíba.
Entre os dias 31 de março de 2014 e 17 de abril do mesmo ano, uma expedição do GIA visitou minas brasileiras nos estados de Minas Gerais, Rio Grande do Norte e Paraíba. A expedição tinha o objetivo de “reunir informações e documentar o estado atual das minas de pedras coloridas, particularmente esmeralda e turmalina”.
Turmalina paraíba é uma das pedras preciosas mais caras do planeta
Estima-se que um quilate (0,2 grama) da pedra custa em média U$ 30 mil e pode chegar a custar até U$ 100 mil, dependendo das características da gema. A maior dessas pedras já encontrada, a Ethereal Carolina Divine Paraíba, tem 191,87 quilates e é de propriedade do filantropo canadense Vicente Boucher. A pedra foi avaliada em até U$ 125 milhões.Embora haja turmalinas em outras regiões do Brasil e do mundo, apenas as gemas do distrito de São José da Batalha (PB) conseguem alcançar teores de cobre acima de 2% A turmalina paraíba é uma das pedras preciosas mais caras do planeta. Em razão de suas características particulares, de seu azul incandescente, a gema paraibana exerce fascínio em todo o mundo, sendo utilizada nas joias confeccionadas por grifes nacionais (Amsterdan Sauer e H Stern) e internacionais (Dior e Tiffany & Co UK).

As turmalinas são um minério comum encontrado em várias localidades. Entretanto, a autêntica turmalina paraíba possui traços de cobre, manganês e ouro em percentuais únicos, o que proporciona um efeito de fluorescência que não se encontra em nenhuma outra gema. Embora haja turmalinas em outras regiões do Brasil e do mundo, apenas as turmalinas do distrito de São José da Batalha (PB), conseguem alcançar teores de cobre acima de 2%. No Rio Grande do Norte e África, onde se exploram também turmalinas, os teores de cobre não chegam a 0.80%.
A pedra foi batizada de turmalina paraíba por ter sido encontrada pela primeira vez em São José da Batalha, distrito do Município de Salgadinho, na região do Cariri, interior da Paraíba, a 244 km da capital. Segundo relatos da imprensa, a primeira turmalina paraíba foi descoberta em 1982 por Heitor Dimas Barbosa, dono da Mina da Batalha. Na época da descoberta, Heitor Barbosa foi citado em revistas estrangeiras como o homem que descobriu a raríssima turmalina paraíba. A qualidade excepcional da pedra foi comprovada pelo Gemological Institut of America (GIA) nos Estados Unidos.

Da Redação com MPF

A lenda da maldição do diamante Hope

A lenda da maldição do diamante Hope

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Diamante “HOPE”
Os diamantes já foram temas de inúmeros filmes, livros, documentários, e são um dos objetos mais valiosos do mundo, não apenas pelo seu alto custo agregado, mas também por seu valor histórico. Os gregos da Antiguidade, por exemplo, acreditavam que o fogo de um diamante refletia a chama do amor, na Idade Média, as pessoas acreditavam que o diamante possuía o poder de reatar casamentos desfeitos (hoje em dia, ele pode atar casamentos de maneira prática, mas isso agora não vem ao caso), e ainda na Idade Média era usado em batalhas como símbolo de coragem.
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Jean Baptiste Tavernie
Nome originado do grego “adamas” significa “inconquistável, indomável” devido a sua rigidez e dureza. No Brasil, os primeiros diamantes foram encontrados na cidade de Diamantina, em Minas Gerais, em 1725, e durante cerca de um século, o Brasil dominou a produção mundial de diamantes, elevando ao máximo a sua exploração, extração e comercialização. Existem inúmeros diamantes famosos ao longo da História, um deles é o Hope, um diamante que não proporcionou muita sorte nas mãos dos donos pelos quais passou. Se há ou não uma maldição sobre o Hope, não há como afirmar, mas a própria História mostra o quão infelizes foram às pessoas que possuíam esse diamante.
A lenda 
Este diamante tornou-se conhecido na década de 1660, quando o rei Luís XIV o comprou de um comerciante francês. A joia possuía originalmente 112 quilates e se resumia em uma enorme pedra azul lapidada em forma de triângulo. O diamante teria sido supostamente roubado de um templo sagrado da Índia, erguido em homenagem à deusa Sita, no qual estava incrustado na estátua da divindade e representava um de seus olhos. Quando os nativos descobriram o roubo, eles teriam colocado uma maldição sobre aqueles que por ventura obtivessem a pedra sagrada.
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Luis XIV
O que houve, segundo a lenda, é uma sucessão de acontecimentos trágicos envolvendo o diamante. Logo depois que um guerreiro roubou a pedra preciosa, ele foi assassinado. O comerciante francês, que vendeu a pedra ao rei Luís XIV, teria falido e contraído uma grave doença que o matou em meio a horríveis convulsões.
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Henry Philip Hope
O rei Luís XIV, que nada sabia a respeito, entregou a joia comprada para o seu joalheiro lapidá-la a seu gosto, e a pedra passou a ter aproximadamente 67 quilates, e foi designado como o “diamante azul da coroa”. O rei era acostumado a usar a joia no pescoço em ocasiões solenes, e uma vez a entregou para que sua amante pudesse prová-la. Quando a Madame de Monespan provou o diamante, ela também teria sido “amaldiçoada”, e algum tempo depois foi cruelmente abandonada pelo rei, morrendo sozinha e na miséria. Mais tarde, o bisneto, o rei Luís XV readaptou a pedra para fazer parte do seu pendente da Ordem do Tosão de Ouro.
Anos depois, Luís XVI ofereceu a pedra como símbolo de casamento a Maria Antonieta. Durante a Revolução Francesa, os reis foram presos e decapitados. Na mesma época, suas joias foram roubadas, inclusive o diamante azul, que desapareceu sem deixar rastro. Anos depois os ladrões foram condenados à pena de morte.
Em 1812, a joia voltou a aparecer em posse de um mercador londrino chamado Daniel Eliason. Francis Hope, membro do parlamento, comprou a joia em um leilão, e o seu nome foi dado a joia. Logo depois, morreu de mal súbito. Sua esposa, que ficou com a pedra, morreu queimada em um incêndio que houve em sua residência. Assim, o diamante Hope passou para as mãos do sobrinho da família, Thomas Hope, que em seguida faliu e foi deixado pela mulher.
Thomas vendeu o diamante para um príncipe russo chamado Iva Kitanovski. Ele presenteou uma artista francesa com a joia. Resultado: a artista foi assassinada com um tiro, e o príncipe foi esfaqueado até a morte por revolucionários.
O diamante Hope passou pelas mãos de um joalheiro grego, este caiu de em penhasco, foi vendido a um sultão que algum tempo depois enlouqueceu, e depois um homem chamado Habib Bey teve a posse do diamante, mas não demorou muito e morreu afogado.
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Mrs. Evalyn Walsh McLean
A maldição hindu parecia de fato ser devastadora. A joia foi vendida para a família Maclean. Algum tempo depois, a mãe do patriarca morreu, dois empregados da família tiveram o mesmo fim, o filho de 10 anos da família morreu atropelado por um carro, a filha se matou, e a mãe, que era uma alcoólatra, também morreu violentamente. O patriarca entrou em depressão e morreu meses depois em uma clínica. 
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Museu Smithsonian, Washington DC
10 de Novembro de 1958
O Instituto Smithsonian de Washington DC, EUA, adquiriu a pedra em 1958 sendo o atual dono do diamante de reputação negativa. Desde que se encontra em posse do instituto, não houve nenhum incidente nem acontecimentos estranhos que pudessem ser ligados a joia. Apenas mais um detalhe deve ser mencionado: diz-se também, que a pessoa que levou o diamante até o instituto, teve a casa incendiada, perdeu a mulher e o cachorro.
Hope, que no inglês significa “esperança”, é um nome um tanto quanto irônico ou contraditório para algo que trouxe tanta desgraça aos seus donos. Se a lenda é verdadeira ou não, a discussão ficará entre os céticos e crentes de plantão, mas uma coisa é certa, havendo maldição ou não, a sua má fama se estende por gerações bem como a sua inigualável beleza azul.
*A imagem de capa mostra o aspecto do diamante Hope em 1974.

Idade do Universo: O que sabemos e o que não sabemos?

Idade do Universo: O que sabemos e o que não sabemos?


Idade do Universo: O que sabemos e o que não sabemos?
Este gráfico, do Big Bang ao presente, resume todo o saber atual sobre a história do nosso Universo. [Imagem: NASA/WMAP]
Dúvidas científicas
Quando ouve falar de como o Universo foi criado - Big Bang, expansão, idade do Universo e tudo o mais - você tem a impressão de estar às voltas com fatos e fenômenos inquestionáveis?
Talvez não seja ainda o momento para ser tão otimista com nossas teorias - algumas delas, a propósito, meramente hipóteses.
Senão, vejamos.
Idade do Universo
Um dos feitos mais comemorados no campo da Astrofísica no século passado foi a descoberta de que a idade do Universo é praticamente a mesma, fosse ela medida pela idade das estrelas mais antigas, fosse ela estimada de uma forma totalmente diferente, pela recessão das galáxias.
Os dois métodos resultaram em tempos muito longos, na casa dos bilhões de anos, aparentemente dando uma confirmação tranquilizadora de que ambos provavelmente estão no caminho certo.
Mas só aparentemente, porque os dois valores não eram idênticos e os cientistas rapidamente perceberam uma discrepância crucial: as estrelas mais antigas que os novos telescópios começavam a captar eram simplesmente mais velhas do que o próprio Universo.
Eles trabalhavam em refinamentos nas medições e em novos modelos para resolver esta contradição quando, em 1998, descobriu-se a aceleração cósmica, mostrando que o Universo era, na verdade, muito mais antigo do que se pensava, e, vindo bem a calhar, era mais velho do que as estrelas mais antigas.
Mas permaneceu um enigma.
Primeiro enigma
O movimento do Universo é governado pela matéria, cuja gravidade tende a retardar a expansão, e pela aceleração, que tende a aumentar a expansão. Como a densidade média da matéria no Universo cai constantemente à medida que o Universo incha, com o tempo essa densidade tem um valor cada vez menor.
Curiosamente, hoje ela parece ter quase exatamente o mesmo valor (quando expressa nas mesmas unidades) que o parâmetro de aceleração.
Por quê? Ainda não se sabe.
Idade do Universo: O que sabemos e o que não sabemos?
Da mesma forma, não sabemos tudo sobre a gravidade. [Imagem: Sandbox Studio/Ana Kova]
Segundo enigma
E não é tudo: Há também um segundo enigma.
O valor teórico do parâmetro de aceleração pode ser praticamente qualquer coisa; na verdade, cálculos fundamentais de mecânica quântica sugerem que ele deveria ser muito maior do que é. Por que ele resulta tão pequeno quando o medimos é um mistério.
Chega de enigmas nas teorias e explicações que você julgava tão definitivas?
Ainda não: Acaba de surgir mais um.
Terceiro enigma
Arturo Avelino e Bob Kirshner, do Centro Harvard-Smithsoniano de Astrofísica, nos EUA, acabam de publicar um artigo chamando a atenção para mais um enigma na nossa já tão esburacada teoria cosmológica.
O Universo não se expande a uma taxa constante que seja a combinação desses dois fatores (retardamento pela gravidade e aceleração pela expansão). Nos primeiros nove bilhões de anos da evolução cósmica, a contração dominava e o Universo gradualmente diminuía sua expansão.
Contudo, como a importância relativa da aceleração cósmica cresce com o tempo, durante os últimos cinco bilhões de anos a aceleração tem dominado, e o Universo acelerou sua expansão.
Idade do Universo: O que sabemos e o que não sabemos?
Grande parte das esperanças dos astrofísicos está na busca por explicações sobre o que é a Matéria Escura. [Imagem: NASA]
Curiosamente, hoje o Universo parece estar da mesma forma que teria se estivesse sempre se expandindo, de forma constante a uma taxa constante - a taxa necessária para evitar um re-colapso final, geralmente referido como Big Crunch, em oposição ao Big Bang.
Por quê? Respostas são bem-vindas.
Pesquisas observacionais
Embora este terceiro enigma soe como bastante semelhante ao enigma original, os dois astrofísicos ressaltam que este é de fato diferente: Estamos vivendo (aparentemente) em uma época privilegiada - os outros enigmas não têm essa implicação.
Ainda não se conhecem explicações para esses enigmas. Se estamos dando voltas em nossas teorias, perdidos em tautologias ou matemáticas que simplificam demais a realidade é algo ainda por descobrir.

Podem existir tipos específicos de partículas elementares ainda desconhecidas, sugere a dupla, que poderiam nos dar respostas ou indicar caminhos, mas por agora a única coisa que é certa é que precisamos de mais pesquisas observacionais para que as hipóteses e teorias possam passar pelo crivo frio dos fatos.