quarta-feira, 5 de outubro de 2016

Espanha recupera finalmente tesouro encontrado no Algarve

Espanha recupera finalmente tesouro encontrado no Algarve

Greg Stemm, co-fundador da Odyssey , com uma investigadora da equipa de conservação da empresa junto do tesouro espanholDR/ODYSSEY MARINE EXPLORATION
Depois de anos de conflitos, chega ao fim o caso que colocou Espanha em tribunal contra a empresa norte-americana Odyssey Marine Exploration. Na terça-feira o tribunal de Atlanta, nos Estados Unidos, decretou que a empresa de exploração marítima terá de entregar a Espanha o tesouro de 500 mil moedas que encontrou, em 2007, na costa do Algarve.
O caso remonta a 2007, quando a Odyssey Marine Exploration encontrou 500 mil moedas de prata nos destroços de uma embarcação do século XIX no Oceano Atlântico, sem ter divulgado a localização do achado. Apesar de a companhia americana ter baptizado a descoberta como “Black Swan”, os funcionários do ministério da Cultura espanhola suspeitaram desde o princípio que o tesouro pertencia a uma embarcação espanhola, Nuestra Señora de las Mercedes, afundada pelos britânicos em 1804 na costa do Algarve. O caso está em tribunal desde então, defendendo o governo espanhol que o tesouro fora transportado para os EUA ilegalmente.

Em Novembro do ano passado, depois de vários processos e de o tribunal de Tampa, na Florida, ter declarado finalmente que o tesouro, avaliado em 400 milhões de euros, pertencia à Espanha, por ter sido encontrado a 21 milhas da costa algarvia na Zona Económica Exclusiva (ZEE), em frente ao cabo de Santa Maria, em Faro, a Odyssey recorreu ao Supremo Tribunal de Atlanta para invalidar a decisão, adiando assim novamente a entrega das 500 mil moedas à coroa espanhola.

"A inevitável verdade é que o Nuestra Señora de las Mercedes é um navio da Marinha espanhola e que os destroços deste navio de guerra, toda a carga e também vestígios humanos que existam são património natural e legal de Espanha", declarou então juiz Steven Merryday, do tribunal a Florida.

Agora, conhecida a decisão do recurso, a empresa norte-americana terá de devolver o tesouro, que está guardado numas instalações secretas da Odyssey. No entanto, a empresa não se dá por vencida e garante que o caso não fica por aqui e que vai recorrer ao Tribunal Supremo Americano. “É pouco provável que o Tribunal Supremo aceite o caso”, disse ao El País Jorge Dezcallar, embaixador de Espanha em Washington, explicando que será difícil que outros juízes decidam sobre o caso, depois de dois tribunais terem decretado a mesma sentença. “O importante desta resolução é que a sentença deve executar-se e as moedas devem ser devolvidas ao nosso país muito em breve”, continuou o embaixador espanhol.

A Espanha prepara agora a recuperação dos objectos, esperando apenas a autorização do tribunal, que deverá sair nos próximos dias. Segundo a imprensa espanhola os peritos do governo viajaram em dois aviões para transportarem o tesouro, que além de moedas em ouro e prata, tem ainda lingotes de cobre e estanho, caixas de ouro, entre outros objectos militares como canhões. Todo o processo será supervisionado pelo juiz, responsável do caso, que assegurará que a transferência decorre em segurança.

Durante muito tempo este caso esteve no centro das atenções. Ainda em 2010, uns documentos divulgados pela Wikileaks, revelavam que a embaixada dos Estados Unidos se mostrou disponível para ajudar a Espanha a resolver o conflito que mantinha com a Odyssey, em troca de um quadro de Pissarro, exposto no museu Thyssen-Bornemisza de Madrid. Alegadamente a obra “A Rua de Saint-Honoré depois do meio-dia” (1897) terá sido confiscada pelos nazis em 1939, e agora é reclamada pelo seu neto, Claude Cassirer, um cidadão norte-americano.

Tesouro com moedas de ouro é encontrado em naufrágio de 1533.

Tesouro com moedas de ouro é encontrado em naufrágio de 1533.

tesouro encontrado
O tesouro foi encontrado em um barco que havia desaparecido misteriosamente em 1533, em uma lagoa artificial no deserto da Namíbia. Estima-se que o valor das moedas de ouro pode chegar a 11 milhões e meio de euros.
O nome do navio, um galeão português, era Bom Jesus, e os arqueólogos acreditam que finalmente desvendaram o mistério de seu sumiço no século XIV.
Bom Jesus afundou na Namíbia e, até então, o local exato do naufrágio era desconhecido.
As escavações começaram há 8 anos, em 2008, porém, somente agora arqueólogos confirmaram a descoberta sensacional com pedras preciosas, uma espada espanhola, moedas de ouro, e valiosas relíquias que afundaram com o navio.
tesouro encontrado
O arqueólogo Dieter Noli começou a pesquisa dos materiais sem suspeitar que se tratava do referido navio. Os primeiros restos do naufrágio foram encontrados em uma lagoa artificial que havia sido esvaziada para a realização de obras.
À princípio os arqueólogos não ficaram surpreendidos, já que a região é famosa por ter muitos naufrágios, alguns com mais de 120 anos de idade. Mas um tesouro tão valioso nunca havia sido achado até agora.
Assim que recebeu as fotos, enviadas pelos trabalhadores que escavavam, Dr. Noli não demorou a identificar um pedaço de canhão do século XIV.
tesouro encontrado
Quando chegou à região, o arqueólogo descobriu que havia outros objetos muito mais valiosos e interessantes, como um baú de tesouro cheio de moedas de ouro espanholas e portuguesas. Ele não teve dúvidas, era realmente Bom Jesus.
tesouro encontrado

A rota do Bom Jesus

Os arqueólogos envolvidos, após muitos estudos, conseguiram descobrir qual era a rota do navio quando aconteceu o naufrágio. Bom Jesus desapareceu durante seu caminho para a Índia, carregado de ouro, estanho, peças de marfim, e quase 20.000 quilos de cobre. A razão do naufrágio  ainda é  um mistério. Acredita-se que o motivo tenha sido a combinação de carga pesada, com uma tempestade pelo caminho.

E agora, para quem vai o tesouro?

Na teoria, o conteúdo deste material torna-se propriedade do Estado onde foi encontrado, a não ser que o barco descoberto seja de outro país, como é o caso de Bom Jesus. Mas o governo de Portugal decidiu renunciar aos seus direitos  em favor da República da Namíbia.

Mar Sem Fim já contou sobre outros naufrágios e tesouros descobertos…

Recentemente um naufrágio fenício datado de 700 aC foi descoberto no Mediterrâneo. O barco estava a 120 metros de profundidade. 
Nos Estados Unidos, foi encontrado um navio de 1857 com pepitas de ouro e moedas antigas. Uma bolsa de tecido descoberta no naufrágio, foi aberta revelando uma pequena fortuna em moedas de ouro conhecidas como águias duplas, cujo valor era de US$ 20 no século XIX. Hoje, moedas de procedência similar são vendidas entre US$ 9.500, e US$ 110 mil o exemplar. A bolsa continha 134 delas.

Os cinco maiores tesouros encontrados nesta década


Prataria veio à tona durante reforma de propriedade em São Petersburgo Foto:TASS
Tesouro da família Narichkini, encontrado em 2012
O tesouro da famosa família fidalga dos Narichkini foi encontrado durante trabalhos de reforma da sua antiga propriedade na rua Tchaikovsky, em São Petersburgo. Quando retiravam o assoalho, os pedreiros se surpreenderam com a descoberta de um esconderijo, onde estavam guardados mais de 200 mil objetos preciosos fabricados sob encomenda.
Na maioria deles, encontra-se representado o brasão dos Narichkini, o que permite classificar o material como uma valiosa coleção de museu. Segundo os especialistas, é a descoberta mais importante das últimas décadas. São especialmente valiosas as pratarias antigas, adornos de ourivesaria e condecorações.
O valor do tesouro, escondido quando estourou a Revolução de 1917, foi avaliado em 4 milhões de euros. Todos os objetos foram entregues ao governo; metade do seu valor foi dividida entre três empresas que hoje pertencem a proprietários particulares.
Preciosidades de Batu Khan, encontradas em 2014
Arqueólogos descobriram um tesouro singular a 2,5 metros do solo, sob o prédio do Museu Estatal de Tvier. Em uma grande caixa de madeira havia mais de duzentos objetos da segunda metade do século 12 e início do século 13, incluindo adereços de trajes caros, bordados a ouro, e fragmentos de prata.
Tesouros de Batu Khan foram encontrados sob o prédio do Museu Estatal de Tvier Foto: Press Photo
A parte mais importante do tesouro consiste em diversos artigos de prata da época do jugo tártaro-mongol: adornos triviais e cerimoniais de uma senhora abastada, elaborados a partir das várias técnicas de ourivesaria conhecidas na época. O tesouro foi somado ao fundo do Museu Estatal de Tvier.
Moedas do século 17, encontradas em 2015
As escavações no bairro Kadachevski, na região de Moscou, revelaram uma descoberta valiosa. À profundidade de 1,5 metro foi encontrado um tesouro composto por mais de mil moedas da época de Aleksêi Mikháilovitch, o segundo tsar da família Romanov).
Os copeques de cobre, que consistem na maior parte do tesouro, foram cunhados em processo manual no período de 1654 a 1663 e são uma verdadeira raridade. A chamada Revolta do Cobre, ocorrida em meados de 1662, desvalorizou as moedas de cobre, fazendo com que esse metal fosse substituído pela prata.
Moedas e objetos dos séculos 17 e 18 seguiram para museus Foto:Evguênia Novojenina/RIA Nôvosti 
Além do saco de dinheiro, os arqueólogos localizaram objetos de uso cotidiano dos séculos 17 e 18: azulejos e cerâmicas de fogões, ícones e fragmentos de cadinhos de fundição de cobre, entre outros. Todos os objetos serão destinados ao Museu de Moscou e ao Museu Histórico Estatal.
Antes, porém, farão parte da exposição internacional Denkmal, especializada em conservação, restauração, utilização e popularização de patrimônio cultural. O evento está agendado entre 14 e 16 de outubro no salão VDNKh, em Moscou.
Moedas do século 16, encontradas em 2015
Durante as escavações arqueológicas nas ruínas da torre Tainitchnia, nas proximidades do lago Ládoga, foi descoberto o esconderijo de moedas de prata da época de Ivan, o Terrível. 
Preciosidades da época de Ivan, o Terrível foram reveladas durante restauração da Fortaleza de Ládoga Foto: Aleksêi Danitchev/RIA Nôvosti
Em um pequeno saco, guardado na parede da fortaleza por volta de 1582, quando o Exército sueco cercou a região, havia 116 moedas de prata, provavelmente pertencentes a algum dos chefes militares. Depois de restauradas, as moedas serão entregues ao Museu Histórico Estatal.
Ânforas da Grécia Antiga às margens do mar Negro, encontradas em 2015
Os arqueólogos da expedição de Bospor, organizada pelo Museu Histórico Estatal, encontraram dezoito ânforas perto do povoado de Golubitskaia, na região de Krasnodar. Os vasos estavam guardados em um grande buraco, possivelmente para posterior utilização, e por isso estava em bom estado de conservação. Os objetivos datam do final do século 5.
Pútin (à esq.) ajuda a limpar ânfora da Grécia Antiga descoberta na península de Taman Foto: Aleksêi Druzjinin/RIA Nôvosti
Foi a primeira vez que tesouros desse tipo foram descobertos no local, embora as escavações tenham começado por volta de 2006. As ânforas, segundo os pesquisadores, teriam sido levadas da Grécia Antiga para a península de Taman: esses grandes vasos de cerâmica eram usados na época para conservação e transporte de azeite de oliva e vinho. Todos os objetos serão futuramente transferidos para o Museu Histórico Estatal.

Obras de arte que fizeram o pé-de-meia de muitos colaboradores de Hitler

Os incríveis tesouros saqueados pelos nazistas

Obras de arte que fizeram o pé-de-meia de muitos colaboradores de Hitler nos últimos 70 anos podem começar a voltar a suas origens

GROSBY GROUP
Traído pela declaração de renda
Cornelius Gurlitt, de 81 anos, levava uma vida discreta, mas as somas em dinheiro que carregava no bolso não batiam com sua declaração de imposto de renda

O agente secreto britânico James Bond (com seu mais famoso e melhor intérprete, Sean Connery) se aproxima do arquivilão Auric Goldfinger (Gert Fröbe). Provoca-o para uma partida de golfe, em que está em jogo, na aposta, uma barra de ouro nazista (com a cruz gamada e tudo) retirada do fundo do lago Toplitz. A partida segue, Bond ganha depois de quase perder – prenúncio do que acontecerá no fim do filme 007 Contra Goldfinger, dirigido por Guy Hamilton em 1964.
O lago existe de fato, e fica nos Alpes austríacos, perto da cidade de Salzburg – berço do compositor Wolfgang ­Amadeus Mozart. E é verdade que os nazistas o usaram como base para vários experimentos, incluindo torpedos e futuras minas submarinas. E é verdade também que ao fim da guerra ali foram jogadas milhões de notas falsas – libras britânicas – produzidas por 142 falsários de elite, selecionados pelos nazistas em campos de concentração, inclusive o de Auschwitz, e levados para o campo de Sachsenhausen.
A produção dessas notas fazia parte da Operação Bernhard, que leva o nome de seu idealizador, o major da SS Bernhard Krüger. O plano inicial era o de inundar a Grã-Bretanha com as notas falsas – consideradas até hoje como perfeitíssimas –, provocar uma inflação incontrolável e desestabilizar a economia. O plano jamais foi posto em prática por várias razões técnicas, entre as quais a dificuldade de fazer as notas chegarem à Grã-Bretanha, pois a Luftwaffe alemã jamais teve a supremacia sobre a Royal Air Force,­ nem a Marinha nazista conseguiu a hegemonia no mar. O dinheiro de araque tivera, porém, vários usos: de pagar suprimentos e matérias-primas comprados no “mercado paralelo” continental, até o de custear salários de agentes e espiões no estrangeiro.
Depois da guerra, mergulhadores ousados conseguiram retirar muitas dessas notas do fundo do lago. E elas chegaram a ter uso no mercado, a tal ponto que a Grã-Bretanha, em 1957, decidiu substituir todas as notas de mais de 5 libras em circulação por novas emissões do seu Tesouro.
Essa é apenas uma das inumeráveis histórias – misturando verdade e ficção – sobre os enigmáticos, misteriosos, sinistros e em alguns casos fantasiosos, em todo caso fantásticos, tesouros nazistas. A principal fonte de alimentação das histórias – reais muitas, fantasiosas outras, até hoje não se sabe exatamente em que percentual, embora se saiba com certeza que existem as dos dois tipos – foi o verdadeiro saque, em ouro e moeda, a que os nazistas submeteram os territórios e os povos ocupados.

WWW.LOSTART.DE / STAATSANWALTSCHAFT AUGSBURG/AFP PHOTOMais de € 1 bi
Algumas obras da coleção de Cornelius Gurlitt amealhadas por seu pai para os nazistas


Pé-de-meia

O saque começou antes da guerra nos países do leste da Europa, como Polônia, República Tcheca (que entre 1918 e 1993 foi Tchecoslováquia) e também a Áustria, e depois da guerra em países do oeste, como a Holanda e a Bélgica. Há uma estimativa de que tais aportes trouxeram às finanças nazistas, na época, mais de US$ 600 milhões apenas em ouro. Além disso, houve o saque mais sinistro ainda praticado nos campos de extermínio, sobretudo dos prisioneiros judeus, que compreendiam desde objetos como armações de óculos, joias, cigarreiras, até os dentes de ouro das vítimas assassinadas. 
Parte desse ouro foi parar em bancos suíços, de onde trafegava também para Portugal, a fim de pagar suprimentos de tungstênio, matéria-prima para o revestimento das bombas fabricadas. Diante de boatos de que os nazistas estavam fabricando dinheiro falso, a partir de certo ponto o governo português passou a exigir pagamento em ouro. A esse propósito, também no campo da ficção, há o excelente romance de Robert Wilson A Small Death in Lisbon, de 1999, que junta tramas que vão desde a Segunda Guerra até o período posterior à Revolução dos Cravos em Portugal.
DAVIS/TOPICAL PRESS AGENCY/GETTY IMAGES/1938Exposição de curiosidades
O conceito de “arte degenerada” dos nazistas era bastante amplo e incluia, por exemplo, o retrato de Albert Einstein, pintado por Max Liebermann. Einstein, o físico que criou a teoria da relatividade, era judeu e fugiu para os Estados Unidos

No caminho desse ouro, havia também, estima-se, toda a sorte de desvios, provocados por nazistas que, à medida que compreendiam que a derrota na guerra se aproximava, cuidavam de fazer seu pé-de-meia, até sob a forma de propinas para autoridades envolvidas nesse “war business”. Houve também acusações de que parte do ouro tenha ido parar nos cofres do Banco do Vaticano com a ajuda da Ordem dos Franciscanos, sob a forma de barras ou de francos suíços. Hoje, a principal fonte de tais suspeitas é um relatório do agente do Tesouro norte-americano Emerson Bigelow, tornado público em 1997. As acusações foram sempre negadas e – é bom que se ressalte – jamais comprovadas. Há estimativas de que a parte desse ouro que pegou os vários “desvios” possíveis poderia chegar ao equivalente a US$ 300 milhões – e uma parcela poderia, inclusive, ter acompanhado nazistas que fugiram para a América do Sul. É verdade que a falta de informações precisas a respeito aumenta o furor imaginativo.
Mas havia outra forma – igualmente rica em valores – assumida pelo “saque nazista”. Trata-se das obras de arte que eles tomaram por onde passavam, subtraindo acervos de museus, confiscando de famílias judias ou de outros perseguidos, ou simplesmente comprando-as a preço vil de pessoas que desejavam escapar à perseguição. Uma das formas mais conspícuas desse “confisco” foi a promovida pelo desejo de eliminar o que os nazistas consideravam como “arte degenerada” – notadamente a de muitos artistas de vanguarda do começo do século 20. Chegaram a promover uma famosa exposição dessa “arte inferior” em Munique, em 1937, com 650 peças de variada procedência.
Quase todos os dirigentes nazistas gostavam de ser reconhecidos como amantes das artes e da cultura. Mas a começar pelo Führer e seus ministros Joseph Goebbels (Propaganda) e Hermann Göring (comandante da Luftwaffe e ministro sem pasta) esse gosto era, em primeiro lugar, seletivo. Os “degenerados” – por seu estilo, origem étnica ou posição política – não tinham vez na seleção, a não ser como objeto de curiosidade – assim como num museu se pode ter, por exemplo, exemplares de cascavéis ou animais daninhos.
MARC MÜELLER/EFEGaleria secreta
Prédio onde foram encontrada s as obras escondidas desde o final da guerra

Museu do Fürher

Hitler desejou criar um “Führersmuseum” em Linz, na Áustria, perto de sua cidade natal, Braunau am Inn. Uma das principais seções do museu seria dedicada à “arte decadente”. Com a eclosão da Segunda Guerra, a construção do museu foi suspensa. E com a derrota nazista, postergada para sempre. Entretanto, a projetada construção desse museu deu margem a um dos casos mais curiosos da construção do “acervo nazista” – fosse da arte “degenerada”, fosse da simplesmente “saqueada” ou “confiscada”. Trata-se do caso Gurlitt, trazido à luz neste final de 2013.
O caso veio a público na semana em que se lembrava o 75º aniversário da Krystallnacht, o pogrom contra sinagogas e lojas judaicas de 1938, em que perderam a vida 91 judeus e mais de 30 mil foram aprisionados. A revista Focus foi a primeira a revelar que algum tempo atrás as autoridades policiais haviam descoberto cerca de 1.500 pinturas guardadas secretamente num apartamento na cidade, na casa de um certo Cornelius Gurlitt, um cidadão que vivia completamente isolado, como um ermitão, sem família nem amigos.
Cornelius Gurlitt chamara a atenção de autoridades alfandegárias ao viajar num trem de Zurique para Munique, em 2010, com € 9 mil nos bolsos. Transportar € 9 mil através da fronteira sem declará-los não é crime nem contravenção. Mas o que chamou a atenção foi o fato de Gurlitt não ter conta em banco, nem seguro-saúde, nem jamais ter declarado renda para o fisco. Apesar disso, era proprietário de um apartamento razoável e levava uma vida aparentemente confortável.
Ao inspecionar seu apartamento, já em 2012, as autoridades descobriram nada menos que 1.280 obras de arte, entre pinturas a óleo, aquarelas, desenhos e litografias, cuidadosamente armazenadas e em bom estado, por trás de montes de embalagens tetra de suco e de comida enlatada dos anos 1980. Os autores das obras deixaram policiais e perícia atônitos: Matisse, Picasso, Chagall, Renoir, Dürer, Toulouse-Lautrec, Canaletto, Beckmann, Munsch, entre muitos outros. Acredita-se que Gurlitt teria vendido alguns dos quadros para se manter, já que não tinha outra fonte de renda.
A origem do acervo está na atividade de seu pai, Hildebrand Gurlitt. Usando seus conhecimentos no mundo das artes, tornou-se um dos encarregados de amealhar peças de arte para os nazistas, fossem elas “saudáveis”, para  as coleções, ou “degeneradas”, para o museu. Ele o fez com dedicado empenho. Levou o acervo para Dresden, no leste da Alemanha, mas de lá o retirou, conforme a guerra se aproximou do fim, e declarou que grande parte fora destruída no bombardeio que arrasou o centro da cidade, em 15 de ­fevereiro de 1945.
Hildebrand morreu em 1956, em acidente de carro. O acervo passou para sua mulher, até sua morte, em 1967, quando ficou para seu filho, Cornelius, que o guardou ciosamente. Agora, depois da descoberta, discute-se o que fazer – tanto com o acervo como com o próprio Cornelius. Das 1.280 obras (que serão objeto de estudo por parte de uma comissão de peritos), estima-se que 590 faziam parte do “saque” nazista. Existe uma política de devolução, adotada internacionalmente, a herdeiros ou a instituições saqueadas. Outras 390 deveriam ter sido vendidas no exterior, para capitalização do regime, e não o foram. E 310 seriam da coleção comprovada do próprio Hildebrand. Esse processo vai, certamente, durar anos, e será objeto de ações judiciais.
Mais urgente é decidir o que fazer com Cornelius Gurlitt, que completou  81 anos em dezembro. Ele tinha 12 anos quando a guerra terminou, em maio de 1945; e 23 quando seu pai morreu. Até o momento, não pode ser acusado de crime, a não ser, talvez, de sonegação, o que a essa altura é um crime menor diante do quadro histórico. E ele quer pelo menos os “seus quadros”, os de que ele seja legitimamente herdeiro, de volta. O caso – que pode acabar virando livro – dá ideia da complexidade das histórias em torno dos “tesouros nazistas”.

Conheça RASSOR, o robô-minerador espacial simplesmente incansável

Conheça RASSOR, o robô-minerador espacial simplesmente incansável

Um dos maiores desafios atualmente enfrentados pela NASA em sua missão de exploração espacial é a tarefa de conseguir propelentes para viagens longas. Um projeto desenvolvido por ela, por sua vez, promete ajudar a resolver esse desafio de uma maneira bastante interessante, usando um robô especialista em mineração para coletar materiais importantes da superfície de um planeta remotamente.
Com o nome de RASSOR (sigla para “Regolith Advanced Surface Systems Operations Robot”), o robô tem um conceito bastante interessante, que consiste em um pequeno veículo com quatro “tambores”. Estes contam com pás giratórias que conseguem, ao mesmo tempo, escavar, coletar e armazenar materiais em seu interior, indo de água a oxigênio e até mesmo possíveis combustíveis de foguete.
O RASSOR, vale notar, já está sendo trabalhado há algum tempo pelo órgão norte-americano – de fato, chegamos a falar dele anos atrás em outras matérias –, mas de lá para cá, o robô ganhou uma aparência bem mais ameaçadora. Como você pode conferir no vídeo abaixo, o veículo mais lembra uma pequena máquina de matar, com tantas lâminas e “dentes”.
Outro ponto interessante a notar é que o RASSOR também foi feito para ser extremamente resistente; o que é uma diferença grande, em comparação aos veículos incrivelmente frágeis das sondas da NASA. Além de ser em torno de cinco vezes mais rápido do que a Curiosity, por exemplo, ele é capaz de trabalhar ininterruptamente por até 16 horas e carregar quase 20 quilos de material. Tudo isso e ainda consegue escalar, aguentar quedas e, é claro, escavar.
Infelizmente, a NASA ainda não tem uma previsão para quando o veículo vai entrar em operação. Mas, vendo o que ele já é capaz de fazer agora, não seria surpresa se ele estivesse pronto para ser colocado em órbita em um futuro não tão distante.
Fonte: Tecmundo