terça-feira, 18 de outubro de 2016

Bilionário que comprou quadro por R$ 545 milhões pagou no crédito para conseguir milhas

Bilionário que comprou quadro por R$545 milhões pagou no crédito para conseguir milhas

Se quiser, o chinês Liu Yiqian, de 52 anos, agora pode viajar de Londres a Nova York na primeira classe 733 vezes sem pagar
Liu Yiqian, com tigela da dinastia Ming (Foto: Sotheby's)
Q é uando bilionário, pagar uma passagem aérea a mais ou a menos não faz a mínima diferença, certo? Nada disso.O magnata chinês Liu Yiqian, de 52 anos, pode até ter gastado US$ 170 milhões (o equivalente a R$ 545 milhões) em um quadro do italiano Amedeo Modigliani, mas fez questão de garantir seus pontos no cartão crédito. Segundo a esposa do ricaço, Wang Wei, o marido fez um plano de pagamento de um ano pelo American Express (ou seja, o famoso "parcela em 12 vezes").

Fizemos um plano de pagamento de um ano pela pintura", afirmou Wang Wei ao New York Times. "Se tivéssemos que dar em dinheiro de cara, seria um pouco difícil para nós. Tipo, quem tem dinheiro para isso?"
No ano passado, Liu já usou seu American Express para pagar US$ 36 milhões por uma rara tigela da dinastia Ming, feita 500 anos atrás. De acordo com a Bloomberg, a compra gerou 422 milhões pontos no cartão naquela época — 28 milhões de milhas.
Partindo do mesmo cálculo, a mais recente aquisição do chinês pode ter rendido dois bilhões de pontos em seu cartão, ou 132 milhões de milhas em voos. Haja viagens. Se quiser, Liu agora pode viajar de Londres a Nova York na primeira classe 733 vezes sem pagar. No entanto, um porta-voz da American Express não quis confirmar ao site Daily Mail o número de pontos acumulados.
Liu Yiqian não foi sempre rico. Antes de se tornar um investidor bem-sucedido, trabalhou como taxista quando era mais novo. A obra adquirida por ele, que ultrapassou as expectativas da casa de casa de leilões Christie's de US$ 100 milhões, é um dos últimos trabalhos da carreira tragicamente curta de Modigliani.
A pintura "Nu couché" provocou escândalo quando foi exibida pela primeira vez em Paris. Não foi o único nu do italiano, mas é o mais desinibido pela postura da modelo, que mostra seu corpo deitado com as pernas e braços abertos. Superou o "Nu couché" em preço apenas a pintura "Mulheres de Argel", de Pablo Picasso, que estabeleceu o recorde de maior valor já pago por uma obra de arte em um leilão — a Christie's vendeu o quadro em maio por US$ 179,4 milhões. 
A pintura "Nu couche", do pintor italiano Amedeo Modigliani, vai a leilão na Christie's, em Nova York. A estimativa é que a pintura seja venda por US$ 100 milhões (Foto: Ben Pruchnie/Getty Images)

QUER INVESTIR EM OURO? MINA ESTÁ À VENDA POR R$ 129,3 MILHÕES

QUER INVESTIR EM OURO? MINA ESTÁ À VENDA POR R$ 129,3 MILHÕES

A “BARGANHA” PODERIA RENDER ATÉ R$ 510 MILHÕES EM OURO E AINDA FICA PRÓXIMA A UM CONDOMÍNIO MILIONÁRIO COM CAMPOS DE GOLFE


Propriedade em North Scottsdale, no Arizona: mina de ouro e cobras para interessados (Foto: Reprodução/Daily Mail)

Os analistas internacionais andam apostando no ouro como investimento sólido. Que dirá uma mina inteira.Uma propriedade que está à venda no estado americano do Arizona é uma verdadeira mina de ouro – para quem tem R$ 129,3 milhões para pagar. O lote de 117 acres de terra em North Scottsdale inclui uma vista incrível, montanhas e, sim, uma mina de ouro que poderia render até US$ 170 milhões, o equivalente a R$ 510 milhões.
A mina Gold Hill foi aberta em 1874. O minério saía de lá e seguia de trem para São Francisco, na Califórnia, de onde era embarcado para a Inglaterra. Só que uma crise econômica afetou o mercado em 1890 e derrubou o preço o metal, levando os donos a abandonar a exploração.
A propriedade inclui a mina Gold Hill, que teria pelo menos 30 mil toneladas de minério de ouro (Foto: Reprodução/Daily Mail)

Agora, a corretora Sotheby’s Realty está vendendo a propriedade por US$ 43 milhões, com 30 mil toneladas de minério de ouro sob a superfície. Nesse caso, a mina renderia cerca de US$ 12 milhões, bem abaixo do valor pedido. Mas estudos sugerem que as terras guardam nada menos do que 380 mil toneladas do minério, o que deixaria o novo dono com US$ 127 milhões, ou R$ 386,2 milhões de lucro.
Se o argumento de venda não for suficiente, basta saber que ali perto está localizado um condomínio exclusivo com propriedades milionárias e seis campos de golfe.
É claro que não se trata de um investimento para todo tipo de empreendedor. A mina está fechada há muitos anos e é um viveiro de cascavéis.

História do Ouro no Brasil

No fim do século XVII a produção açucareira no Brasil enfrenta uma séria crise devido à prosperidade dos engenhos açucareiros nas colônias holandesas, francesas e inglesas da América Central. Como Portugal dependia, e muito, dos impostos que eram cobrados da colônia a Coroa passou a estimular seus funcionários e demais habitantes, principalmente os do Planalto de Piratininga, atual São Paulo, a desbravar as terras ainda desconhecidas em busca de ouro e pedras preciosas.
A primeira grande descoberta deu-se nos sertões de Taubaté, em 1697, quando o então governador do Rio de Janeiro Castro Caldas anunciou a descoberta de “dezoito a vinte ribeiro de ouro da melhor qualidade” pelos paulistas. Neste mesmo ano, em janeiro, a Coroa havia enviado a Carta Régia onde prometia ajuda de custos de R$ 600.000/ano ao Governador Arthur de Sá para ajudar nas buscas pelos metais preciosos.
Iniciou-se então a primeira “corrida do ouro” da história moderna. A quantidade de gente deixando Portugal para vir ao Brasil era tanta que em 1720 D. João V criou uma lei para controlar a saída dos portugueses, como a proibição da emigração de portugueses do noroeste de Portugal, bem como autorizações especiais e passaportes para outros casos. De 300 mil habitantes em 1690, a colônia passara a cerca de 2.000.000.
Durante o século XVIII, auge do período de exploração do ouro no Brasil, diversos povoamentos foram fundados. Esta foi a medida encontrada pela Coroa para tentar acalmar um pouco o verdadeiro caos que se instalara na colônia com cidades inteiras sendo abandonadas por seus habitantes que saíam em busca de ouro nos garimpos.
Após a queda de produção do sistema de exploração aurífera de aluvião, passou a ser necessárias técnicas mais refinadas que exigiam a permanência por maior período do garimpeiro junto aos locais de exploração o que também contribuiu para o estabelecimento das vilas.
É nesse período que são fundadas as Vilas de São João Del Rei, do Ribeirão do Carmo, atual Mariana, Vila Real de Sabará, de Pitanguí e Vila Rica de Ouro Preto, atual Ouro Preto, além de outras.
Porém, a Coroa, que já impusera o imposto do Quinto quando do começo das explorações, onde exigia que um quinto de tudo que fosse extraído seria dela por direito, ainda resolvera completar a carga tributária com mais impostos gerando uma série de insatisfações (incluindo a Inconfidência Mineira, que teve na exploração da metrópole um de seus principais motivos).
A exploração do ouro no Brasil teve grande importância porque deslocou o eixo político-econômico da colônia para região sul-sudeste, com o estabelecimento da capital no Rio de Janeiro. Outro fator importante foi a ocupação das regiões Brasil adentro e não apenas no litoral como se fazia até então. A exploração aurífera possibilitou ainda, um enorme crescimento demográfico e o estabelecimento de um comércio/mercado interno, uma vez que os produtos da colônia não eram mais apenas para exportação como ocorria com o açúcar e o tabaco do nordeste e fez com que surgisse a necessidade de uma produção de alimentos interna que pudesse suprir as necessidades dos novos habitantes. Ainda um último aspecto importante da explosão demográfica provocada pelo período de exploração do ouro no Brasil colônia, foi a questão do desenvolvimento de uma classe média composta por artesãos, artistas, poetas e intelectuais que contribuíram para o grande desenvolvimento cultural do Brasil naquela época.

Maior Mina de ouro do Brasil está em Paracatu- MG

Maior Mina de ouro do Brasil está em Paracatu- MG


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Embora os estrangeiros dominem a mineração do metal no país, nas cidades crescem os empregos, a renda e a arrecadação de impostos 

A maior mina em operação no Brasil está em Paracatu e não tem bandeira verde e amarela. É canadense, nacionalidade da multinacional Kinross, que a controla. Tudo o que produz é exportado. Somente nos quatro primeiros meses deste ano saíram da mina da Kinross US$ 163,9 milhões em ouro para o mercado internacional, volume 82,2% maior do que o registrado no mesmo período do ano passado (US$ 90 milhões).

Embora a exploração e os lucros gerados pela mineração de ouro estejam com os estrangeiros, não se pode negar o forte impacto econômico das atividades das empresas nas regiões onde estão instaladas. Em torno das minas, a oferta de empregos é crescente, a renda está em processo ascendente e o poder público se empanturra de impostos.

Em Paracatu, a Kinross é dona de 10.942 hectares. Terras que, neste ano prometem gerar 500 mil onças-troy (unidade de medida para barras de ouro que equivale a quase US$ 1.250 cada), resultando em um faturamento aproximado de US$ 1 bilhão. Tais números garantem à pequena cidade mineira o título de dona da maior mina brasileira em área e volume de ouro no país. “Disparadamente, somos a maior. Apesar de termos um teor de ouro pequeno no minério que retiramos, movemos uma quantidade enorme de rochas para produzirmos muito”, explica o presidente da companhia no Brasil, José Roberto Mendes Freire.
Capital de sobra

Em produtividade, a mina retira 0,4 gramas de ouro por tonelada de rochas extraídas — o menor índice do país. Mas, em um único dia, movimenta 120 mil toneladas de pedras para compensar a baixa ocorrência. “Em 2004, começamos estudos para prolongar o tempo de vida da mina. A princípio, ela só duraria mais 10 anos. Em 2008, porém, começamos a expansão e criamos uma segunda planta, o que aumentou o tempo de exploração para mais 34 anos”, explica Marcos Paulo Dias Gomes, gerente de processos da Rio Paracatu Mineração, nome da mina da Kinross no município mineiro. Para ampliar a produção, até 2009 foram investidos US$ 570 milhões. Neste ano, o desembolso será de US$ 235 milhões. Para o presidente da Kinross, nunca foi tão promissor investir em mineração.

Para os executivos da Kinross, enquanto a demanda se mantiver aquecida, vale a pena investir na exploração de minas no Brasil. Portanto, a nova corrida do ouro que se vê no Brasil está muito longe do fim. Os mais otimistas acreditam que ela está apenas começando, tamanho é o potencial de consumo no país por joias e outros objetos feitos com o metal — somente nos últimos seis anos, mais de 30 milhões de pessoas ascenderam à classe média. Sendo assim, no que depender dos investidores estrangeiros, não faltará capital para a exploração de minas. 

A nova febre do ouro tem garantido a renda não somente às empresas que exploram o metal. Lugarejos pequenos, com jazidas enormes, começam a ganhar características de regiões prósperas. Limpas, bem-organizadas, as cidades estão substituindo as residências pequenas e simples, comuns no interior do país, por edifícios altos, alguns funcionando como clubes exclusivos.

Paracatu, com seus 85 mil habitantes, é exemplo claro desse novo ciclo do ouro. Com a mineração, a pequena cidade mineira entrou no seleto grupo de exportadores brasileiros — 95% de tudo o que vende para o exterior saem da mina controlada pela canadense Kinross. É o metal que também sustenta as mais de 2 mil empresas instaladas na cidade, que garantem parte substancial de um Produto Interno Bruto (PIB) de aproximadamente R$ 1 bilhão.

Além de prédios luxuosos, está trocando a comida tradicional pelo fast food, e as feiras, pelos hipermercados. As ruas, pequenas, estão abarrotadas de carros novos. 

Para a condutora turística Christiane Pereira dos Santos, 27 anos, o município está se tornando um local melhor para viver. “A mina de ouro realmente provocou impactos fortes em Paracatu. Mas precisamos de mais coisas. Será necessário um desenvolvimento mais sustentável, de preservação ambiental de melhoria social — quase 40% da população estão na pobreza”, diz.

Kinross: Somente nos quatro primeiros meses deste ano saíram da mina US$ 163,9 milhões em ouro para o mercado internacional

A educação, pelo menos, deu um passo importante, acredita Christiane. Faculdades foram abertas na cidade e a oferta de cursos é cada vez maior. Esse movimento é impulsionado pela própria Kinross, necessitada de mão de obra qualificada. “Quanto melhor for qualificado o profissional, melhores serão os nossos resultados”, diz o presidente da mineradora, José Roberto Mendes Freire. Todo esse movimento tem atraído grandes empresas, como a rede de fast food Giraffas, do Distrito Federal, e o hipermercado da rede mineira Bretas. (VM)

Victor Martins
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domingo, 16 de outubro de 2016

Turmalina paraíba foi descoberta há 20 anos

Turmalina paraíba foi descoberta há 20 anos, em São José da Batalha (PB). Pedra tem um azul único

Turmalina paraíba foi descoberta há 20 anos, em São José da Batalha (PB). Pedra tem um azul único e um brilho incomparável.


Serra da Borborema, região do cariri paraibano. A imensa cordilheira que corta a caatinga tem muito mais do que beleza. Na região foi descoberta a mais especial e rara das pedras preciosas: a turmalina paraíba. De um azul único, brilho incomparável, alcançou valores nunca imaginados. Um recorde: a turmalina brasileira superou a cotação dos diamantes.

Um caminho de terra e poeira é a ligação da cidade do tesouro com o resto do mundo. Em São José da Batalha, o berço das turmalinas, nada mudou com a descoberta das pedras tão valiosas. O povoado segue a rotina sem pressa e sem novidades. Os moradores
apenas assistiram a riqueza ser levada para bem longe do local. As turmalinas permanecem nas histórias que alimentam muitos sonhos na região.

"Muita gente teve pedras valiosas na mão", conta o ex-garimpeiro Antônio Carlos Costa.

"Uma pedrinha dessas custa de R$ 8 a R$ 10 mil. Não me desfaço dela. Fica como lembrança, para as pessoas verem o que eu faço na vida. Pelo menos fica para os netos, bisnetos, tataranetos. E a história continua", diz o ex-garimpeiro Gerlado Oliveira.

Os moradores guardam mágoa de um passado em que a riqueza esteve bem perto, ao alcance das mãos deles. Mas naquele tempo a turmalina paraíba não tinha o valor que tem hoje.

"Ninguém sabia o valor, entoa, trocava por moto, carro. E assim mandaram tudo para fora", conta Geraldo Oliveira.

E é atrás da história de persistência e obstinação que se vai ao encontro do garimpeiro José de Souza, conhecido por Deda. Dá para imaginar que o homem que ocupa uma casa tão modesta já morou na melhor casa da cidade? Ele já foi dono de caminhões, de um bom carro, de minas de garimpo. Tudo comprado com o dinheiro das turmalinas que achou. Mas hoje a cobiçada pedra azul não passa de um retrato na parede.

"Não tenho ideia de quanto a pedra valeria hoje, mas eu não entregaria a ninguém por menos de R$ 2 milhões. Tenho esperança de que vou conseguir outra", diz Deda, que vai em busca da pedra da fortuna. A caminhada é longa. São seis quilômetros até a mina. Basta seguir por um túnel.

O garimpeiro não teve dinheiro para pagar a energia e tem que trabalhar no escuro, à luz de velas. A mina tem 150 metros de extensão.

"Na realidade, dá para ver o mínimo. Mas não tem outro jeito", conta o garimpeiro, que não tem medo de perder a turmalina no meio da escuridão. "Trabalhamos de olho nela".

Não importa se é dia ou noite, o caçador solitário de turmalinas cava sem parar. A maratona continua empurrando o carrinho.

De carregamento em carregamento, todo o material é retirado de dentro da mina. São toneladas de cascalho. O rejeito da mina cobriu toda a encosta do morro. Deda conta que são oito anos de suor no local. "Meu pensamento fica em Deus", diz.

Caulim é uma argila branca, onde os garimpeiros encontram as turmalinas. Na primeira mina de turmalina da região, uma galeria gigantesca está desativada. Exploração agora, só com máquinas.

"É impossível calcular, mas, pela experiência que temos, ainda não foram explorados 10% dessa mina", conta o minerador Sérgio Barbosa.

As galerias têm passagens para todos os lados e chegam a 60 metros de altura.

E pensar que a mais rara das pedras preciosas foi encontrada em uma região marcada pela aridez, em uma terra considerada pobre, que não serve para plantar. A primeira turmalina paraíba foi descoberta a sete metros de profundidade, 20 anos atrás, graças à obstinação de um homem: Heitor Barbosa, que o Globo Repórter foi conhecer em Belo Horizonte, Minas Gerais.

Heitor Dimas Barbosa é o dono da mina de São José da Batalha. Todas as pedras que ele guarda vieram de lá. Com orgulho, mostra revistas estrangeiras onde é citado como o homem que descobriu a raríssima turmalina paraíba, em 1982. Era tão bonita e diferente que até comerciantes de joias achavam que não era verdadeira.

"Falavam que era sintética", lembra Heitor Barbosa, que não desistiu. Enviou amostras do mineral ao Gemological Institut of America, nos Estados Unidos, que comprovou: era uma turmalina com cobre e manganês na composição, o que dá o azul especial. Heitor Barbosa diz que não ficou rico porque vendeu as pedras por valor muito baixo e aplicou todo o dinheiro na mina de São José da Batalha, mas garante que ainda vai enriquecer. "Eu tenho uma convicção muito forte de que ainda vou encontrar uma pedra acima de três quilos", diz.

A mina do tesouro, em São José da Batalha, fica em uma região onde não existem empregos. Homens arriscam a vida diariamente nas profundezas da terra.

O local de trabalho do garimpeiro José Tadeu Taveira fica a 60 metros de profundidade. O jeito é colocar o capacete e encarar uma escada. "Não tem perigo", garante Tadeu, que enfrenta esse expediente todo dia.

Os garimpeiros trabalham sempre em dupla: um retira o caulim com a picareta e o outro recolhe com a pá. É também uma medida de segurança. Em caso de desmoronamento, um pode socorrer o outro.

"O perigo está sempre por perto", diz José Tadeu.

Mais perto do que se imagina. Durante a entrevista, uma barreira desabou.

"Na época da chuva é perigoso porque dá infiltração e começa a desabar", explica José Tadeu.

O desmoronamento foi em uma parede. Por precaução, as escavações estão suspensas nas galerias mais profundas.

O professor José Adelino Freire, do Departamento de Minas da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), alerta: o garimpo de São José da Batalha é uma atividade arriscadíssima. "Quem trabalha lá corre risco de morte. Acho que a universidade deve atuar nessas áreas e orientar os garimpeiros para que eles façam uma exploração mais racional", diz o professor.

O garimpeiro Geone de Sousa escapou de morrer graças ao colega que estava com ele e foi buscar socorro. "Caiu uma barreira quando eu estava embaixo, suspendendo a bomba. Quando escutei o barulho, não deu tempo de correr. Caiu por cima de mim. Eu quebrei o fêmur em dois lugares", conta Geone, que retornou ao trabalho com oito pinos na perna e contando com a proteção divina.