sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

Tesouro nacional, a turmalina Paraíba é uma pedra raríssima

Tesouro nacional, a turmalina Paraíba é uma pedra raríssima


O Brasil é, mesmo, um país privilegiado em termos de riquezas naturais. Além do verde deslumbrante da Amazônia e das abundantes pedras preciosas e do ouro das Minas Gerais, o país produz ainda outros tesouros, em escala mais rara e ainda mais valiosa. Estou falando de duas pedras especiais, a turmalina Paraíba e o topázio Imperial. Hoje vou contar um pouco sobre a primeira:
A história da turmalina Paraíba é bastante recente. Começou nos anos 80, quando dois garimpeiros da Paraíba encontraram os primeiros exemplares das até então desconhecidas pedras azuis com brilho néon e, formando uma cooperativa, iniciaram o processo de extração.
É uma gema bem rara e valiosa. Quando a gente coloca uma dessas pedras no escuro, ela parece estar acesa, como se fosse um neón. É a única gema transparente que possui cobre em sua composição, o que confere a cor vibrante, iluminada e elétrica. Diz-se que, assim como o sol, essa gema tem luz própria!
 Turmalina Paraiba cópia
Em 1990, durante a tradicional feira de Tucson, EUA, teve início a escalada de preços desse mineral. As cotações quintuplicaram em apenas quatro dias. A mística em torno da pedra havia começado e cresceu extraordinariamente ao longo dos anos 90. Atualmente, no mercado internacional, elas exibem as mais altas cotações do universo gemológico. 
Mas porque, afinal, essas gemas alcançam valores tão elevados no mercado? Listo abaixo alguns motivos:
- Produção escassa: até agora, só há notícias de turmalinas Paraíbas em duas regiões do planeta, Brasil e África.
- Dificuldade de exploração e extração. As condições geológicas em que essa gema é encontrada representam grande desafio para os profissionais da área: a extração deve ser feita manualmente, para evitar qualquer risco de desperdiçar algum material bruto;
- A maioria dos minerais encontrados é muito pequena. Portanto, pedras de qualidade, tamanho médio e grande são raríssimas.

Pedra semipreciosa? Risque esse termo do seu dicionário!

Pedra semipreciosa? Risque esse termo do seu dicionário!


Pedras Coloridas
Precioso e semiprecioso são duas palavras conhecidas de nosso vocabulário, sendo que a primeira é verdadeira e a segunda falsa.
Precioso é um adjetivo qualificativo, logo o seu oposto deveria ser não-precioso. A mesma coisa podemos dizer da palavra honesto (e tantos outros adjetivos), não permite a existência de semi-honesto. Hans Stern, o fundador da H.Stern, costumava dizer não existem pedras semipreciosas, assim como não existem mulheres semigrávidas. “Ou é ou não é”, dizia. 
No caso das pedras preciosas, a palavra semipreciosa surgiu no início do século passado, provavelmente oriundo de grandes joalheiros do hemisfério norte que costumavam trabalhar com apenas quatro famosas pedras:  diamante, safira, rubi e esmeralda. Eles pouco conheciam as pedras vindas do Brasil e rapidamente as classificaram de semipreciosas.
O motivo principal talvez fosse pela fragilidade em relação às quatro pedras acima citadas, mas isto também é uma inverdade, uma vez que uma água marinha tem a mesma dureza da esmeralda e ambas fazem parte da família dos berilos.
Precioso, no caso das gemas, é uma soma de atributos muito bem definido e a França foi o primeiro país a reconhecer isto. Desde 14/02/2002 uma lei proíbe o uso da palavra semipreciosa em qualquer documento escrito sobre gemas naturais.
Só um parênteses: A Lei francesa, define o que é pedra preciosa: Toda aquela com grau de dureza maior do que o vidro, ou seja, acima de 6 na escla Mohs (sim, as pedras brasileiras estão acima de 6); Toda aquela que tem aspecto agradável, em ternos de cor, brilho e cintilação. E, por fim, toda aquela que é incomum, mas não tão rara a ponto de ser impossível de se encontrar.
Concluindo, as pedras podem ser mais ou menos valiosas em função do tamanho ou da intensidade de cor.  Ametista, topázio imperial, topázio azul, água marinha e tantas outras são pedras preciosas, algumas podendo valer mais do que diamantes. Portanto, nossas pedras já não sofrem mais com o pejorativo e falso adjetivo semiprecioso. E você pode riscar do seu dicionário essa palavra pra lá de preconceituosa!

Rubelita:

Rubelita: 


Na Natureza, encontramos turmalinas em quase todas as cores do arco-íris: vermelho, azul, amarelo, verde…
Geralmente, elas são nomeadas de acordo com a sua cor como, por exemplo, turmalina verde ou turmalina vermelha. Alguns exemplares no entanto, receberam nomes especiais, como é o caso da rubelita.
Essa gema preciosa é uma turmalina com nuances que vão desde o rosa alaranjado até o vermelho intenso, e o seu nome deriva do Latim rubellus, que significa avermelhado.
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Mas não são todas as turmalinas rosas e vermelhas que podem ser chamadas de rubelita! Para definir como a pedra será nomeada, deve-se observar seu comportamento na presença da luz do Sol e de luz artificial.
Se apresentar manchas amarronzadas ao ser exposta a uma fonte de luz, ela será classificada como turmalina vermelha ou rosa, de acordo com a sua cor. Mas se ela não demonstrar alteração na tonalidade, será uma rubelita.
Em algumas pedras, a presença de inclusões gasosas e líquidas é um dos aspectos que as caracterizam, contribuindo para sua beleza e identidade. Na rubelita, desde que não atrapalhem a passagem de luz, elas são muito apreciadas, pois contribuem para a sua aparência singular.
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Anéis de ouro branco com turmalinas. Foto: Jacques Dequeker para Vogue
O responsável pelo surgimento dessas inclusões é o elemento químico Manganês, que além de determinar a cor desse tipo de turmalina, faz com que durante o crescimento do cristal surjam fissuras internas. Quanto mais Manganês presente em sua estrutura, mais fissuras e mais escura a rubelita será, portanto é extremamente difícil de se encontrar espécimes com cor forte sem nenhuma inclusão.
As maiores minas de rubelita estão localizadas no Brasil, Madagascar, Moçambique, Paquistão e Nigéria e exemplares rosa shock são característicos de uma mina localizada na Califórnia, Estados Unidos.
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Brincos de rubelitas da coleção Nature
Associada à sedução e ao amor, a cor desse tipo de turmalina certamente é uma das preferidas dos casais apaixonados. Quando aliada ao brilho do ouro branco e diamantes, como nessas joias H.Stern, sua beleza é ainda mais destacada, assim como a da mulher que usa joias com rubelitas.
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Turmalina Paraíba, uma das gemas mais caras do mundo

Turmalina Paraíba, uma das gemas mais caras do mundo







Por Pedro Jacobi 
 


Talvez você, como muitos, já deve ter se perguntado, em algum momento de sua vida - afinal, o que é essa tal de Turmalina Paraíba e por que ela é uma das gemas mais caras do mundo?

A resposta, é lógico, está na sua raridade e beleza. Uma das características dessa gema é a sua cor brilhante, vívida, quase um neon que só é salientada após a lapidação.

Do ponto de vista técnico ela é uma variedade cuprífera de elbaíta, uma variedade de turmalina cuja fórmula é Na(Li,Al)3Al6B3.Si6O27(OH,F)4. O nome Paraíba vem da primeira localidade onde essa turmalina foi descoberta.
Segundo a lenda a turmalina Paraíba foi descoberta por Heitor Dimas Barbosa em 1981. Heitor passou anos escavando um pegmatito próximo da Vila S. José da Batalha, acreditando que debaixo do morro chamado Paraíba existia algo diferente.
Somente em 1989, Heitor conseguiu o primeiro lote de pedras de qualidade. As cores eram extraordinárias nunca vistas antes em nenhuma outra turmalina: estava descoberta uma das gemas mais preciosas do mundo.
As cores são variadas, mas a clássica é o azul neon cor gerada pelo conteúdo de cobre do manganês na estrutura cristalina da turmalina.

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As brasileiras clássicas com seus tons de azulAcima Turmalinas Paraíba vindas da África com diversas colorações

A cor e seu brilho extraordinário são realçados após a lapidação e pelo aquecimento. O aquecimento da turmalina é feito para que a cor alcance o seus tons mais vívidos, a sua principal característica.
As Turmalinas Paraíba brasileiras são raras e, geralmente, pequenas. As estatísticas mostram que são necessárias 2.000 toneladas de material para produzir 40 quilates. O que é pior, aa minas brasileiras já estão praticamente exauridas.

O preço do quilate varia de acordo com a cor, tamanho, transparência, ausência de inclusões e lapidação. Em geral é comum ver preços acima de US$10.000 por quilate em pedras de bom tamanho.

No entanto uma nova descoberta está fazendo as Paraíbas mudarem de continente...

A Paraíba na África:

Mais recentemente, em 2001, foram descobertas turmalinas “Paraíba”na Nigéria e em Moçambique. Essas novas descobertas geraram muitas polêmicas sobre o termo Paraíba. Os gemólogos estavam propensos a chamar a gema de Elbaíta Cuprífera. Mas em 2006 foi decidido que todas as turmalinas tipo elbaita com cobre deveriam ser chamadas de Turmalinas Paraíba ou tipo Paraíba.
As turmalinas vindas da África não podem ser diferenciadas das brasileiras. Somente com estudos químicos foi possível identificar a “digital química” destas turmalinas que realmente tem alguns elementos traços um pouco diferentes.
O que, no entanto, preocupa é que as Paraíbas africanas são muito maiores do que as brasileiras e podem ser produzidas em maiores quantidades o que vai acabar afetando os preços do quilate. Aqui é raro uma Turmalina Paraíba com mais de cinco quilates enquanto que na África estão surgindo várias acima de dez quilates sendo que é de Moçambique a maior Paraíba lapidada do mundo (foto).

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Uma Turmalina Paraíba rara com 14,2 quilates de Moçambique57,19 quilates de Moçambique é a maior Turmalina Paraíba lapidada 
do mundo e pode valer mais de 25 milhões de dólares.


Fotos: Wimon Manorotkul


Diamante: o tesouro da terra

Diamante: o tesouro da terra

 Fonte=Ciência e tecnologia
planeta Terra é o carbono e que, devido às suas propriedades químicas peculiares, forma um dos minerais mais fascinantes e intrigantes conhecidos pelo homem: o diamante.
O nome vem do grego “adamas” que significa o invencível, o indomável. Foi descoberto supostamente na Índia onde os nativos hindus já conheciam a pedra no oitavo século antes de Cristo, conforme registros encontrados nos textos Sânscritos “Arthasastra e Ratnapariska”.
Quais são as características que este mineral possui e que muitas vezes é insubstituível na indústria e que provoca tanto fascínio quando cravado em uma joia? Qual a sua origem? Será que existem diamantes fora do planeta Terra? Nesta matéria, por enquanto, será abordado somente as principais propriedades deste mineral e o que o faz tão fascinante e intrigante no mundo mineral.

Do que é feito o diamante?

O diamante é um dos três minerais compostos de carbono em estado puro. Os outros dois correspondem à grafita e à lonsdaleíta. Este último é muito raro, muitas vezes conhecido como diamante do tipo III, é menos estável e associa-se a choques de meteoritos, sendo que sua origem não está ligada a processos internos da Terra. Desses três o mais comum é a grafita, totalmente oposta ao diamante quanto às propriedades físicas, possuindo dureza menor e coloração cinza/negra opaca. Esta diferença é devido à estrutura cristalina, ou seja, diferentes arranjos dos átomos de carbono formando simetrias distintas.
Figura 1 – Estruturas cristalinas do diamante (a), da grafita (b) e da lonsdaleíta (c). (Fonte: Harlow, G. E. “What is Diamond?” in: Harlow, GE. E (ed.), The Nature of diamond. Cambridge: University of Cambridge, 1998).
Figura 1 – Estruturas cristalinas do diamante (a), da grafita (b) e da lonsdaleíta (c). (Fonte: Harlow, G. E. “What is Diamond?” in: Harlow, GE. E (ed.), The Nature of diamond. Cambridge: University of Cambridge, 1998).
A grafita possui simetria hexagonal, onde os anéis hexagonais estão contidos num mesmo plano formando lâminas que se sobrepõem umas às outras, possuindo ligações covalentes somente em alguns desses planos. Enquanto o diamante exibe simetria cúbica, onde cada átomo de carbono está ligado por ligações covalentes a outros quatro átomos desse mesmo elemento químico, os quais não estão contidos em um mesmo plano (Figura 1). Este maior empacotamento dos átomos da estrutura cristalina do diamante, consequência das condições especiais de sua formação, lhe confere propriedades únicas, como alta dureza, condutividade térmica e características óticas.
O diamante é a substância mais dura conhecida, 10 na escala de Mohs, tendo grandes aplicações industriais. Em um mesmo cristal há direções em que esta dureza é um pouco menor, as quais são utilizadas pelos lapidadores no momento de corte da pedra. Sua morfologia externa, a qual é influenciada pela sua estrutura interna, lhe confere grande importância econômica. A forma como um mineral usualmente se cristaliza é chamada de hábito, o mais comum nos diamantes é o octaedro, sendo outros também observados como cubos, dodecaedros rômbicos e trioctaedros, além de combinações dos mesmos.
No diamante observa-se a ocorrências de cavidades de dissolução (ou trígonos). São cavidades de forma triangular que ocorrem nas faces octaédricas dos cristais (Figura 2). Esta característica ajuda na identificação deste mineral e permite a sua orientação no momento da lapidação.
Figura 2 – Cristal octaédrico de diamante com trígonos de cristalização, com 17,8 quilates (aproximadamente 10X10 mm), proveniente de um garimpo de Mato Grosso. Fotografia de Marcelo Lerner (Fonte: Cornejo, C., Andrea, B. Minerais e pedras preciosas do Brasil. São Paulo: Editora Solaris. 2010. 704p).
O seu brilho inconfundível vem do seu alto índice de refração (2,4175), o que significa que a luz percorre seu interior cerca de 2,4 vezes mais lentamente do que no vácuo. Já o seu índice de dispersão (quando a luz entra no cristal, além de refratada, ela é decomposta, e a diferença entre o índice de refração entre o vermelho e o violeta caracteriza esta propriedade) também é relativamente alto (0,044), proporcionado um imponente jogo de cores conhecido como “fogo”.
As cores nos diamantes estão muitas vezes relacionadas às impurezas presentes em sua estrutura, gerando uma concentração dos chamados “centros de cor”. Por exemplo, o nitrogênio na rede cristalina deste mineral pode proporcionar cores amareladas ou mesmo não influenciar na cor, já o boro dá origem às tonalidades azuis. A origem das cores rosa, vermelha e púrpura ainda não foram totalmente determinadas, mas supõe-se que estejam relacionadas a deformações da estrutura cristalina do diamante, as quais provocam uma absorção seletiva da luz pelo cristal. A coloração negra é devido às inúmeras inclusões dessa mesma cor, provavelmente grafita, enquanto que a cor verde é possivelmente causada por radioatividade natural, embora existam muitas outras hipóteses sobre a origem desta coloração (Figura 3).
Sua transparência, assim como de qualquer outro mineral, está relacionada à quantidade de inclusões dentro do cristal, ou seja, quanto maior as quantidades de inclusões mais opaco será o cristal. São raros os diamantes que apresentam pouca ou nenhuma inclusão, quanto maior a pedra mais difícil de ser livre de impurezas. Normalmente os diamantes com alto grau de transparência são lapidados para serem usados como joias.
Figura 3 – Diversidade de cores, formatos e qualidades do diamante brasileiro. Fotografia do gemólogo Daniel Berringer (Fonte: Cornejo, C., Andrea, B. Minerais e pedras preciosas do Brasil. São Paulo: Editora Solaris. 2010. 704p).
Figura 3 – Diversidade de cores, formatos e qualidades do diamante brasileiro. Fotografia do gemólogo Daniel Berringer (Fonte: Cornejo, C., Andrea, B. Minerais e pedras preciosas do Brasil. São Paulo: Editora Solaris. 2010. 704p).
Outra propriedade importante e que ajuda na identificação desta pedra é a fluorescência/fosforescência. São fenômenos ligados à luminescência (emissão de luz visível por um mineral exposto a alguma excitação) geralmente causada, neste caso, pela exposição à luz ultravioleta. Apenas dois terços dos diamantes apresentam fluorescência, que consiste na emissão de luz somente enquanto o material é excitado. Já na fosforescência a emissão de luz continua após o encerramento da excitação do material, e está presente em raríssimos diamantes.
Além de todas estas propriedades fascinantes que proporcionam vastas aplicações tanto na indústria como na joalheria, o diamante nos traz importantes informações sobre o local onde foi formado: o manto terrestre. As inclusões em diamantes são estudadas principalmente por conterem informações como idade, composição, pressão, temperatura e até movimentos do manto, sobre as porções mais profundas da Terra onde ainda não há o acesso direto. Este mineral pode ser transportado desde o manto inferior até regiões próximas à superfície e as inclusões minerais podem ficar intactas, ao contrário de outros minerais que podem ser re-equilibrados e/ou modificados em pressões e temperaturas mais baixas. Os diamantes representam, portanto, amostras diretas e únicas do manto inferior.
Devido a essas características admiráveis associadas às ideias de magia, poder, riqueza e amor eterno é que os diamantes são considerados lendas, tesouros da terra e que de acordo com uma das frases mais célebres da história: “Diamonds are Forever”.