domingo, 2 de abril de 2017

Os 10 Hábitos das Pessoas Ricas.


Moro manda KPMG esclarecer se Lula desviou dinheiro da Petrobras

Moro manda KPMG esclarecer se Lula desviou dinheiro da Petrobras

Juiz intimou auditora sobre suposta atuação do ex-presidente

O juiz Sergio Moro intimou a auditoria KPMG a dizer se foram constatadas irregularidades na Petrobras relacionadas ao ex-presidente Lula.
O magistrado ordena ainda que, caso existam provas, para que sejam enviadas à 13ª Vara Federal de Curitiba num prazo de 30 dias.
A KPMG foi contratada este ano para fazer auditorias independentes nos balanços financeiros da petroleira. Ela substitui o a Pricewaterhouse Coopers (PWC).

O ouro do rio Xingu

O ouro do rio Xingu

A mineradora canadense Belo Sun quer extrair 60 toneladas do metal precioso das margens do rio e, para isso, vai investir US$ 1 bilhão. Mas os imensos riscos sociais e ambientais levantam dúvidas sobre a viabilidade do negócio no coração da Amazônia

O ouro do rio Xingu
Eldorado: a Volta Grande do Rio Xingu, onde está localizada a mina de ouro. Para Mauro Barros (detalhe), diretor-geral da Belo Sun, o projeto trará desenvolvimento para a região

O garimpo, assim como os jogos de azar, é um vício. Para muitos moradores da Vila Ressaca, uma pequena comunidade localizada às margens do Rio Xingu, no Pará, só isso explica alguém se arriscar a descer dezenas de metros em um buraco instável, preso a um cabo de aço, dia após dia, ano após ano. “Dá para ganhar muito dinheiro no garimpo”, afirma Eguinaldo Silva, o Naldo, morador da Ressaca, ex-garimpeiro e hoje piloto de lancha, ou “voadeira”. “Só que, do jeito que se ganha, se gasta.” Pelas ruas de terra da vila, enlameadas nessa época do ano por conta das chuvas constantes, as histórias dos tempos de glória dessa corrida do ouro se repetem.
No bar do Gilson, um bêbado proclama os números do negócio, em altos brados. “Hoje, quem consegue dois gramas de ouro tem sorte”, afirma o ébrio, resoluto. No posto de saúde, a recepcionista Luciene Silva confirma a derrocada da atividade. “Meu marido trazia para casa 120, 130 gramas por semana. Hoje, quando sobram duas é muito”, diz a moradora, resignada. Mata adentro, no entanto, as precárias operações mineradoras são tão comuns quanto os agrupamentos de bois a se movimentar lentamente pelas pastagens, vegetação que, há algum tempo, substituiu as densas florestas amazônicas como a paisagem predominante na região.
Acontece que o ouro rareou, mas não acabou. Ao contrário. Ele só está incorporado em rocha dura, ou sã, como dizem os geólogos, na camada logo abaixo do solo mais raso, o saprólito, inalcançável pelos métodos rudimentares dos garimpeiros. Para extraí-lo é necessário profissionalizar. O modo de vida crédulo do local, que confia a própria sorte na manipulação a mãos limpas do mercúrio, metal pesado, altamente tóxico e capaz de separar o ouro do solo, precisa dar lugar aos engenheiros e seus equipamentos pesados. É aí que entra a mineradora canadense Belo Sun.

Em 12 anos, a mina vai gerar 60 milhões de toneladas de resíduos, que serão armazenados em uma barragem
Em 12 anos, a mina vai gerar 60 milhões de toneladas de resíduos, que serão armazenados em uma barragem
Listada na bolsa de Toronto, principal praça de comércio da mineração mundial, a empresa está instalando no município de Senador José Porfírio, onde fica a Ressaca, uma operação de grande porte, que consumirá investimentos de US$ 1 bilhão. A meta é extrair 60 toneladas de ouro no período de 12 anos, o suficiente para mais do que duplicar o valor aportado e colocar a mina entre as cinco maiores do País. “É uma região com grande potencial”, afirma Mauro Barros, diretor-geral da companhia no Brasil. Os planos são de começar a produzir em 2019. Mas, para isso, a Belo Sun terá de superar disputas jurídicas e desconfianças.
Em uma área altamente desgastada pela construção da Usina de Belo Monte, a mina de ouro aparece como a nova grande ameaça ao meio ambiente a aos modos de vida ribeirinho e indígena. Os canadenses têm ao seu lado o Governo do Pará, que já autorizou a instalação, e uma lógica econômica que promete gerar milhares de empregos e milhões de reais em impostos. Os números do mercado e o histórico de projetos na região, no entanto, levantam dúvidas sobre os benefícios dessa exploração. O projeto está em fase avançada. Em fevereiro deste ano, a Belo Sun obteve a licença de instalação do empreendimento. Mas, pouco depois, a Defensoria Pública do Estado obteve uma liminar suspendendo a operação.
A alegação era de que a mineradora não colocou em prática os planos de remoção da população que será atingida pelo empreendimento, além de ter adquirido terras federais que, na verdade, haviam sido destinadas à reforma agrária, ainda nos anos 1980. Na terça-feira 21, a desembargadora Célia Regina de Lima Pinheiro, do Tribunal de Justiça do Estado do Pará, caçou a liminar, mas condicionou o início da operação à retirada das famílias da área de influência da mina. Se conseguir superar a pendenga jurídica, a Belo Sun terá 12 anos, a partir do início da mineração, para retirar o máximo de ouro que conseguir do local.
Após esse período, ela ficará responsável por recuperar e monitorar os efeitos da sua operação por oito anos. Considerando que o projeto foi iniciado em 2010, com as atividades de prospecção e análise, serão 31 anos de trabalhos, para um faturamento estimado em mais de R$ 6 bilhões. Tudo o que envolve o projeto é polêmico. A começar pela questão ambiental. O ouro, como é de se imaginar, não é muito fácil de extrair. O processo industrial em grande escala, apesar de mais organizado, não é muito diferente do garimpo. Primeiro, cava-se o solo.

Remoção: Antonia Melo, coordenadora da Xingu Vivo, que teve de deixar sua casa, em Altamira. Ao lado, amostras de rocha catalogadas pela Belo Sun
Remoção: Antonia Melo, coordenadora da Xingu Vivo, que teve de deixar sua casa, em Altamira. Ao lado, amostras de rocha catalogadas pela Belo Sun (Crédito:Divulgação)
A rocha, então, é triturada e transportada para a unidade de separação. Em vez do mercúrio, o elemento utilizado para retirar o metal do solo é o cianeto. Para cada tonelada de rocha cavada, obtém-se um grama de ouro. Os planos da mineradora são de criar duas “cavas”, a Ouro Verde e a da Grota Seca. A primeira localiza-se a 106 metros do Rio Xingu, a segunda, a um pouco mais: 427 metros. Ao lado delas, haverá o que se chama “pilha de estéril”, que é, basicamente, solo amontoado. Dois lagos de contenção acumularão água da chuva, para abastecer a planta de beneficiamento, onde se produz o ouro.
À esquerda da Ouro Verde ficará a barragem de rejeitos. Construída com a própria rocha extraída das cavas, a barragem receberá tudo o for retirado do solo e não referir-se a ouro ou outro metal de valor. Ao final do projeto, ela terá recebido 60 milhões de toneladas de lixo. Apenas 1.500 metros separam as águas do Xingu dessa lama. O risco é considerado alto. Caso a barragem se rompa e a lama escorra para o rio, os prejuízos são incalculáveis. A comparação inevitável é com a tragédia de Mariana, no Rio Doce.
Mas, apesar do volume ser o equivalente a um terço do que vazou em Minas Gerais, a região onde fica a mina de ouro, na chamada Volta Grande do Rio Xingu, é muito mais complexa e já está bastante prejudicada pela construção de Belo Monte. “Apesar dos danos serem altos, a chance de o rompimento acontecer é remota”, aposta Barros. “Multiplicando uma probabilidade pela outra, você tem o risco alto, mas é seguro.” Responsável por conceder a licença, a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Pará (Semas) afirma que está sendo prudente.
Em nota enviada à DINHEIRO, o órgão diz que estão sendo exigidos da mineradora “uma série de planos e programas de mitigação”. Segundo Barros, os impactos são inevitáveis. A questão é saber se os ganhos provenientes do projeto compensam suas alterações sociais e ambientais. “Na minha visão, compensam”, afirma o executivo. “Vamos trazer desenvolvimento para a região.” Esse desenvolvimento está ancorado em números, como os R$ 10 milhões anuais que o município de Senador José Porfírio, de 11 mil habitantes, terá à disposição para investir, graças aos impostos pagos pela mineradora. Ou os 600 empregos diretos, e mais de mil indiretos, que serão gerados pela operação.

A justiça do Pará condicionou o início da operação à remoção das famílias afetadas pelo empreedimento
Impacto: como no caso de Altamira (à esq.), a população da Vila Ressaca (à dir.) terá de ser realocada para a instalação da mina – A justiça do Pará condicionou o início da operação à remoção das famílias afetadas pelo empreendimento (Crédito:Daniel Teixeira | Divulgação)
Essa lógica econômica, por outro lado, é questionável em diversos pontos. “Todo esse ouro deverá ser destinado à exportação, ficará muito pouco de imposto aqui”, afirma Écio Moraes, diretor executivo do Instituto Brasileiro de Gemas e Metais Preciosos (IBGM). O Brasil é o 10o maior produtor de ouro do mundo, ao lado da Indonésia, com uma extração de 95 toneladas no ano passado – considerando a cotação atual do metal, de US$ 1,1 mil por onça troy, isso equivale a um faturamento de US$ 3,7 bilhões. O mercado é liderado pela China, que produziu 460 toneladas. A Austrália, segunda colocada, extraiu 271 toneladas. As cinco toneladas da Belo Sun fariam pouca diferença ao País.
O setor também não conta com uma cadeia de negócios das mais extensas. Metade do ouro extraído no mundo, o equivalente a pouco mais de 2,1 mil toneladas, se destina à produção de joias. Os demais consumidores são os investidores, que respondem por cerca de um quarto do total, os bancos centrais, e a indústria eletrônica, que comprou, no ano passado, apenas 253 toneladas. O mercado interno demanda pouco, entre 16 e 17 toneladas. A maior parte para abastecer as grandes joalherias nacionais, como H.Stern e Vivara. Elas compram, basicamente, de pequenos garimpos.
As grandes minas brasileiras, como a de Paracatu (MG), operada pela também canadense Kinross, que recentemente ampliou sua produção anual para 15 toneladas, destinam-se ao mercado externo. “O Brasil tem um grande potencial em mineração de ouro”, afirma Moraes, do IBGM. “Mas, infelizmente, a lógica por aqui ainda é a da época de colônia.” Lógica, por sinal, talvez seja a palavra mais temida na região. Há tempos que os moradores locais são reféns de racionalidades alheias, que parecem trazer pouco benefício, ou, ao contrário, condenar modelos centenários de existência ao ostracismo, em troca de ganhos econômicos duvidosos.
Maior cidade da região, com 110 mil habitantes, Altamira é um modelo perverso de como o desenvolvimento parece mais excluir do que incluir. O município foi diretamente afetado pela construção de Belo Monte, a terceira maior hidrelétrica do mundo, o que se reflete em seus números. De 2010 a 2014, seu PIB cresceu de R$ 842 milhões, para R$ 3,9 bilhões. A renda per capita saltou de R$ 8 mil para R$ 37 mil. Mais de 80% da população, no entanto, ganha menos de dois salários mínimos. A violência, por outro lado, explodiu. A taxa de homicídios da cidade subiu de 60,9 para 124,6 por 100 mil habitantes, entre 2010 e 2015. A remoção das pessoas em função da construção da usina teve um efeito negativo na economia local.
“Todo dia eu sofro”, afirma Maria Elena Araújo, uma das moradoras de Altamira que teve de deixar sua casa. “Antes eu morava ao lado do centro, agora preciso andar oito quilômetros.” Muitos dos RUCs, como são chamados os reassentamentos urbanos construídos pela Norte Energia para abrigar os afetados, estão longe do rio, que garantia a subsistência de boa parte dessas pessoas, que hoje se veem desocupadas. “Todos esses projetos, de Belo Monte a Carajás, estão sobre as costas do povo paraense”, afirma Antonia Melo, ativista da ONG Xingu Vivo, que defende os interesses de ribeirinhos e indígenas.
DIN1011-mina4APREENSÃO Esse risco agora paira sobre o povo da Vila Ressaca e da Vila Galo, que terão de ser removidos. Luciene Silva espera com ansiedade o momento. “É um tiro no escuro”, diz a recepcionista. O que ela gostaria era ficar perto do rio, em um lugar igual ao que mora. “Aqui é tranquilo, dá para criar os filhos soltos.” Para Marcelo Salazar, articulador da ONG Instituto Socioambiental (ISA) na região, imaginar que é possível conciliar a atividade mineradora com o modo de vida local é uma utopia. “São dois mundos que não podem existir simultaneamente. Ou é um, ou outro”, afirma Salazar.
O ISA desenvolve programas que exploram o extrativismo ambiental, de castanhas, por exemplo, com o objetivo de criar cadeias sustentáveis de negócio. É essa economia que, para Salazar, deveria estar sendo incentivada. A Belo Sun diz que entende essa realidade, e tem planos para contribuir com essa cadeia. A lógica parece correta. Mas, na prática, a história da indústria do ouro na Volta Grande do Rio Xingu vai contra esse raciocínio. A descoberta do metal por ali se deu no início do século 20. Os primeiros garimpos se instalaram na década de 1950.
Nos anos 1980 e 1990, vieram os grandes grupos, entre eles o TVX Gold, uma dos primeiros grandes empreendimentos do empresário brasileiro Eike Batista, que também naufragou. Um pouco antes, uma empresa chamada Verena Minerals passou a explorar o local. Em junho de 2010, seus acionistas se reuniram em Toronto para definir mudanças em sua estrutura acionária e rebatizar a companhia. O nome escolhido: Belo Sun. “Eu acredito que eles não vão cometer os mesmos erros de Altamira, no mesmo lugar”, afirma Luciene, exercitando a velha arte de viver da fé, talvez a maior habilidade local.
Assista ao vídeo:



A nova fronteira da educação-que já movimenta R$ 51 bilhões

A nova fronteira da educação

O ensino básico está atraindo grandes investidores locais e globais. Saiba por que Jorge Paulo Lemann, Alan Greenberg e os grupos SEB, Bahema e Tarpon apostam pesado nesse mercado, que já movimenta R$ 51 bilhões

Crédito: Paulo Vitale
Chaim Zaher, sócio do Grupo SEB: “É uma percepção de fundos e investidores de que acontecerá uma explosão no ensino básico como foi no superior” (Crédito: Paulo Vitale)
No início de março, o americano Alan Greenberg, cofundador da Avenues: A Escola Mundial, uma rede global de educação básica, esteve em São Paulo para anunciar o lançamento da unidade brasileira. Criada em 2012, em Nova York, para preparar líderes pela prática, mentoria e experiência, a Avenue escolheu o Brasil para receber o seu segundo campus. A decisão tem a ver com o perfil da cidade: uma megalópole que é referência cultural e financeira na América Latina.
Com investimento aproximado de R$ 150 milhões, a escola infantil e de ensino fundamental e médio será instalada no antigo prédio da SulAmérica, no bairro Cidade Jardim, na zona Sul paulistana, numa área de 28 mil metros quadrados. O espaço está em obras e terá capacidade para atender 2,1 mil alunos, que terão de desembolsar cerca de R$ 7 mil de mensalidade. Com o projeto em mãos, Greenberg mostra algumas alterações que serão realizadas para melhorar a circulação e a integração entre as áreas.

Inspiração: o bilionário Jorge Paulo Lemann criou o fundo Gera Ventura Capital, que tem R$ 1 bilhão para investir na melhoria da educação no País
Inspiração: o bilionário Jorge Paulo Lemann criou o fundo Gera Ventura Capital, que tem R$ 1 bilhão para investir na melhoria da educação no País (Crédito:Sergio Lima/Folhapress)
Nenhuma delas, porém, irá atrasar a programação de receber a primeira turma em agosto de 2018 – o calendário seguirá o da América do Norte. Em 10 anos, a ideia é ter 20 escolas em locais com as mesmas características de Nova York e São Paulo. Neste momento, os investidores da Avenue estão em diferentes fases de desenvolvimento em Londres, China, Cidade do México, Vale do Silício e Dubai. “O coração da Avenue é criar líderes globais em cidades globais”, afirma Greenberg. “Na nossa visão, seremos uma escola com 20 campus e não 20 diferentes escolas. Por isso, não estamos começando uma escola em São Paulo, mas trazendo uma marca para o País.”
A decisão de um investidor estrangeiro apostar na educação básica no Brasil coincide com um movimento que vem ganhando força nos últimos meses. O bilionário Jorge Paulo Lemann criou o fundo Gera Venture Capital, de R$ 1 bilhão, para investir em educação. Com um aporte de R$ 100 milhões, ele montou a Escola Eleva, no bairro de Botafogo, no Rio de Janeiro, que abriu as portas no início deste ano e pretende ser a referência desse segmento no País. A ambição de Lemann é a mesma do empresário Chaim Zaher, sócio do Grupo SEB e da universidade Estácio; e das gestoras Tarpon Investimentos e Bahema.
Nessa onda, Rodrigo Galindo, da Kroton, afirmou algumas vezes que, após a consolidação do ensino superior, seus esforços se voltarão para o ensino básico. “É uma percepção de fundos e investidores de que acontecerá uma explosão no ensino básico como foi no superior”, afirma Chaim. “Mas, quem pensar apenas no resultado de curto prazo, vai se dar mal. Educação básica é longo prazo.” O que une todos eles é o potencial desse mercado, que gera uma bolada anual estimada em R$ 51,3 bilhões. É um negócio uma vez e meia maior que o ensino superior.

Alan Greenberg, cofundador da Avenue - A Escola Mundial: “O coração da Avenue é criar líderes globais em cidades globais”
Alan Greenberg, cofundador da Avenue – A Escola Mundial: “O coração da Avenue é criar líderes globais em cidades globais” (Crédito:Andre Lessa/Istoe)
As receitas geradas pelas 40 mil escolas privadas brasileiras ainda estão dispersas. Os cinco maiores grupos não têm mais do que 5% de participação nesse mercado. E o ciclo de estudo também é um diferencial em relação ao do ensino superior. Os alunos estudam por ao menos 12 anos, três vezes mais que a faculdade, em média. Para as empresas, isso evita a constante renovação e captação de alunos e assegura uma atrativa geração de caixa.
“Há um espaço grande para a educação básica privada, o que pode aumentar ainda mais a desigualdade e a distância com a educação pública”, diz Daniel Domingues, professor de economia da Universidade de São Paulo. “Por outro lado, o País é carente de bons exemplos de qualidade de ensino. Se as boas ideias forem disseminadas e escalonadas para o setor público, o potencial de ganho para a sociedade é enorme.” Estudos têm mostrado que a qualidade é mais importante do que a frequencia em uma escola.
Pesquisadores têm tentado provar que ensino ruim faz mal ao desenvolvimento da criança. Por isso, quanto mais cedo uma criança tem acesso a diferentes estímulos de aprendizado, mais benefícios ela colhe no futuro. O economista James Heckman, vencedor do Nobel em 2000, provou a eficácia dos investimentos na primeira infância (período que compreende de 0 a 6 anos), após décadas de pesquisa. O resultado ficou conhecido como Equação Heckman, que aponta um retorno de US$ 7 para cada US$ 1 investido nessa fase de vida.
No Brasil, porém, apenas três em cada 10 crianças frequentam creches. “Os fundos vêm para melhorar a qualidade do ensino desde a creche, que é a base de formação de um indivíduo”, afirma Eduardo Queiroz, diretor-presidente da Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal. “O Brasil não melhora a educação geral porque não tem ideia do que faz no começo.” É nesse princípio de aprendizado que Chaim Zaher, do Grupo SEB, quer fazer a diferença. Em fevereiro, ele anunciou a compra da rede canadense de escola bilíngüe Maple Bear, por R$ 160 milhões, que tem 85 unidades franqueadas no País e faturamento de R$ 350 milhões.

Frederico Affonso Ferreira, diretor-presidente da Bahema: “Muitas escolas precisam de apoio financeiro para perenizar os seus projetos”
Frederico Affonso Ferreira, diretor-presidente da Bahema: “Muitas escolas precisam de apoio financeiro para perenizar os seus projetos” (Crédito:Andre Lessa/Agencia IstoÉ)
Entre o final de 2016 e o início deste ano, ele investiu em dois sistemas de ensino: a recompra do Pueri Domus, do Grupo Pearson, para quem tinha vendido o negócio em 2010; e a aquisição do Múltiplo, da Oxford University. Além desses, o Grupo está em fase de expansão da Concept, uma escola bilíngüe que tem uma metodologia de aprendizado baseada na criatividade – o modelo foi pioneiro no País e terá como competidor a Avenue, citada no início desta reportagem (leia quadro ao final da reportagem).
Lançada em Ribeirão Preto e em Salvador neste ano, a unidade paulistana da Concept será instalada no prédio do colégio Sacré-Couer, no Jardim Paulista. O investimento na adaptação desse antigo endereço tradicional da elite é de R$ 75 milhões. “Acreditamos que quem vai liderar esse mercado é quem souber inovar e antecipar as tendências na educação”, diz Thamila Zaher, diretora-executiva do SEB. “Entendemos que é preciso ter uma proposta de valor para continuar. Fora disso, não vai ser sustentável.”
Há três anos, Chaim decidiu apostar na educação básica e dividiu o Grupo SEB em quatro unidades de negócio. Cada uma delas atende a uma proposta de ensino e tem marcas bastante específicas. O nome Dom Bosco oferece um conteúdo pragmático e conservador. O Pueri Domus foca no ensino bilíngüe e a inovação. A Concept aposta na vanguarda fica e a Conexia, por fim, vende soluções em educação, do material didático à gestão pedagógica. Até o ano que vem, Chaim terá R$ 400 milhões para investir na expansão, seja orgânica ou por aquisições.
Por enquanto, esse valor é suficiente para consolidar a estratégia de curto prazo do SEB. Mas uma abertura de capital na bolsa de valores não está descartada. “O IPO vai acontecer quando fizer sentido, principalmente no projeto de internacionalização do grupo”, diz Chaim. “Faremos o que for necessário para atingir a nossa meta e não vamos ter freios nem limites dentro das nossas condições.” O Grupo SEB disputa com a Somos Educação, da Tarpon Investimentos, a liderança na educação básica.

Eduardo Queiroz, diretor-presidente da Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal: “Os fundos vêm para melhorar a qualidade do ensino desde a creche, que é a base da formação”
Eduardo Queiroz, diretor-presidente da Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal: “Os fundos vêm para melhorar a qualidade do ensino desde a creche, que é a base da formação” (Crédito:Divulgação)
O fundo de investimento, que tem como proposta de atuação apostar em poucos negócios e em parcerias de longo prazo, como a BRF, entrou nesse segmento em fevereiro de 2015, com a aquisição do controle da empresa que pertencia à Abrilpar Participações. Entre sistemas de ensino, editoras e escolas, a Somos é a maior nos dois primeiros, com marcas como Anglo, Ática e Saraiva, e detém a operação de 32 escolas próprias em cinco estados e no Distrito Federal.
No ano passado, a companhia totalizou uma receita líquida de R$ 1,8 bilhão, 15% maior do que o resultado de 2015. Outro destaque foi a geração operacional de caixa de R$ 649 milhões, três vezes maior do que a do ano anterior. “A expansão faz parte da nossa estratégia e a geração de caixa, que foi bastante relevante, mostra a força do negócio”, diz Marcelo Lima, sócio da Tarpon e vice-presidente da Somos. “Há potencial para crescer em escolas próprias.” Potencial foi o que levou a Bahema decidir se tornar, praticamente, uma startup em educação.
Com quase 60 anos, a companhia da família Affonso Ferreira, que foi a principal representante da fabricante de máquinas agrícolas Caterpillar no Nordeste do País e se tornou uma relevante investidora de empresas de capital aberto ao usar o seu caixa para comprar ações, estava próxima de encerrar suas atividades. Seu mais importante investimento foi no Unibanco, onde permaneceu por 25 anos. Com a fusão do banco dos Moreira Salles com o Itaú, mais de 98% dos ativos da Bahema foi distribuído entre os sócios e a empresa se tornou não operacional.
No ano passado, antes de o Conselho de Administração decidir fechar as portas, os primos Frederico e Guilherme, que fazem parte da nova geração da família, apresentaram a proposta de criar uma nova história e transformar o dinheiro que estava em caixa (cerca de R$ 30 milhões) em investimentos em escolas do ensino básico do País. “A nova geração da Bahema acredita em investimentos com propósito e na formação do pensamento crítico”, diz o diretor-presidente Frederico Affonso Ferreira. “Diferente do ensino superior, o ensino básico é quase um produto artesanal e muitas escolas precisam de apoio financeiro para perenizar os seus projetos.”

Marca líder: a Tarpon Investimentos, dona da Somos Educação, tem o Anglo como uma de suas principais marcas
Marca líder: a Tarpon Investimentos, dona da Somos Educação, tem o Anglo como uma de suas principais marcas (Crédito:Divulgação)
Como a Tarpon, a ideia é preservar a característica de ser um investidor de longo prazo. Mas a Bahema fez uma das mais difíceis escolhas dentro da educação básica: buscar apenas escolas com DNA e ignorar aquelas com sistemas de apostilas. Desde fevereiro de 2016, quase 80 escolas foram visitadas, de características mais diversas. Desde uma com mensalidade de R$ 400 em Diadema, na região metropolitana de São Paulo, até aquelas de R$ 7 mil, que são consideradas modelos. Frederico e Guilherme queriam acumular conhecimento das práticas de gestão e das necessidades.
Nessa peregrinação, encontraram de tudo, principalmente donos querendo vender o negócio e se mudar para Miami. Essas, obviamente, foram dispensadas. Eles explicavam que não são pedagogos, muito menos um fundo de private equity, com necessidade de triplicar os resultados em pouco tempo. Tudo o que eles não querem nesse projeto de educação é ser comparados aos financistas vorazes por choque de gestão, ganho de escala e formação dos próximos alunos de universidades direcionadas a formar executivos tradicionais para o mercado.
Os primeiros investimentos da Bahema foram anunciados em fevereiro. Ela aportou R$ 42,3 milhões na compra de 80% da Escola da Vila, que tem três unidades em São Paulo, e de 5% do capital da Escola Parque, do Rio de Janeiro, com outras três unidades. Há negociações avançadas com a Balão Vermelho, de Belo Horizonte, mas que ainda depende do acerto de algumas pendências. “As marcas não serão unidas em uma só. Elas são um sucesso pelos seus projetos e os modelos que acreditamos não são escaláveis”, diz Frederico. Nessa nova fonteira da educação, ainda há espaço para todos os modelos.
DIN1012-educacao8


Experiência e adaptação

Por Paula Bezerra, de Ribeirão Preto

DIN1012-educacao9
Foto: Felipe Gabriel
A experiência dos novos conceitos pedagógicos, que privilegiam o ensino adaptativo, é o pilar da Concept, escola modelo do Grupo SEB, lançada neste ano em Ribeirão Preto, cidade do interior paulista, e em Salvador. Foram quase cinco anos de um estudo liderado pela diretora-executiva Thamila Zaher para entender como criar uma escola inovadora, que seja uma inspiração para a formação dos novos líderes. O modelo, importado da Finlândia, trabalha a aprendizagem de forma lúdica e criativa.
A escola incentiva o senso crítico e analítico entre os jovens, com conceitos que estimulam a diversidade de projetos. A Concept não segue o modelo tradicional de aula, com alunos sentados de frente para a lousa. Os jovens levam os temas que querem discutir com o educador e podem fazer as atividades em qualquer ambiente. “A regra da Concept é não ter regra”, diz Zacarias Gonçalves, diretor nacional da escola. “A intenção é fazer com que os alunos tenham mais curiosidade e interajam mais ao longo das aulas.”
Ex-executivo da Apple, Gonçalves entrou no projeto do SEB em junho de 2016 para ajudar a desenvolver um modelo de ensino que realmente conversasse com os pilares de inovação e empreendedorismo. Na multinacional de tecnologia, a função dele era identificar práticas inovadoras para transmitir aos educadores. É essa experiência que ele levou para Concept, que, em breve, deve abrir uma unidade no Vale do Silício, para ficar próxima do berço da inovação.

Diamante de mais de 700 quilates é encontrado em Serra Leoa

Diamante de mais de 700 quilates é encontrado em Serra Leoa

Diamante de mais de 700 quilates é encontrado em Serra Leoa
(Arquivo) O regime de Kimberley enumera as condições a serem cumpridas por um país para que seus diamantes possam ser exportados legalmente - AFP

Um diamante de 706 quilates foi encontrado em Serra Leoa, anunciou nesta quinta-feira a presidência, prometendo um “processo de comercialização transparente”, em um país marcado pelo tráfico dos chamados “diamantes de sangue” durante a guerra civil (1991-2002).
O diamante foi encontrado na província de Kono, leste do país, por um pastor, Emmanuel Momoh, que procura ocasionalmente diamantes. A pedra foi apresentada na quarta-feira ao chefe de Estado, Ernest Bai Koroma, por um chefe tribal da região, segundo um comunicado da presidência.
Segundo o comunicado, o presidente Koroma agradeceu pelo diamente não ter sido vendido em contrabando fora do país e garantiu que “o processo de comercialização será transparente”.
A polêmica sobre os “diamantes de sangue”, essas pedras preciosas que serviram para financiar conflitos na África, como em Angola e em Serra Leoa, resultou em 2000 em um regime de certificação das pedras, chamado Kimberley, apoiado pela ONU e que reúne 75 países.
O regime de Kimberley enumera as condições a serem cumpridas por um país para que seus diamantes possam ser exportados legalmente.
O diamante descoberto em Serra Leoa, uma vez certificado por especialistas, será um dos maiores já registrados. Seu valor ainda não foi estimado.
Em 2015, foi extraído da mina de Karowe, em Botsuana, o maior diamante encontrado em cem anos, de 1.111 quilates.
O maior diamante do mundo é o Cullinan, de 3.106 quilates, encontrado na África do Sul em 1905.
Este diamante foi dividido em várias pedras enormes, as principais delas foram usadas para adornar o cetro real britânico e a coroa imperial, que fazem parte das joias da Coroa Britânica.