sexta-feira, 12 de maio de 2017

Cobre se recupera com investidores ajustando posições

Cobre se recupera com investidores ajustando posições


Os preços do cobre sobem levemente nesta sexta-feira, beneficiados por um movimento de ajuste de posições por parte dos investidores que aproveitam duas semanas de quedas praticamente ininterruptas da commodity.
Perto das 6h46 (de Brasília), o contrato para três meses do metal vermelho operava em alta de 0,38%, a US$ 5.559,50 a tonelada, na London Metal Exchange (LME). Às 7h28, o cobre para julho subia 0,22%, a US$ 2,5135 por libra-peso, na New York Mercantile Exchange (Nymex).
Os preços da commodity estão “muito voláteis no momento”, afirmou Nitesh Shah, analista da ETF Securities. “Faz sentido se colocarmos em contexto que ele subiu muito rapidamente no início do ano”, acrescentou.
Nas últimas semanas, o cobre caiu em meio a uma retiradas das posições especulativas feitas durante as semanas que se seguiram ao início do mandato do presidente norte-americano Donald Trump. A demanda mais fraca na China também contribuiu para esse refluxo.
Os demais metais básicos operavam majoritariamente em alta na LME. O alumínio subia 0,80%, a US$ 1.888,50 a tonelada; o chumbo recuava 0,07%, a US$ 2.175,50 a tonelada; o estanho avançava 0,13%, a US$ 19.900 a tonelada; o zinco tinha alta de 0,83%, a US$ 2.608 a tonelada; e o níquel apresentava ganho de 0,65%, a US$ 9.355 a tonelada.
Fonte: Dow Jones Newswires

Futuros do minério na China caem pela 7ª semana em 8 com queda persistente da demanda

Futuros do minério na China caem pela 7ª semana em 8 com queda persistente da demanda


Os contratos futuros de minério de ferro na China caíram para perto de mínimas de quatro meses nesta sexta-feira e registraram sua sétima perda semanal de oito, pressionados pelas preocupações com a fraca demanda do maior consumidor do mundo.
A demanda de aço mais lenta do que o esperado na China e uma nova repressão às usinas poluidoras foram sublinhadas pelos esforços de Pequim para se proteger dos riscos financeiros através de regulamentações financeiras mais rígidas.
O contrato mais negociado do minério de ferro para setembro na bolsa de Dalian fechou em queda de 2,4 por cento a 450,50 iuanes (65 dólares) a tonelada. Ele tocou 448 iuanes mais cedo, não muito distante da mínima de quinta-feira de 445 iuanes, que foi o ponto mais fraco desde 4 de janeiro. O contrato caiu 3 por cento na semana.
O minério de ferro para entrega imediata na China, no entanto, subiu 1,6 por cento para 61,38 a tonelada, de acordo com o Metal Bulletin.
Fonte: Extra

Petrobras surpreende com lucro de R$4,45 bi no 1º tri e já fala em dividendos

Petrobras surpreende com lucro de R$4,45 bi no 1º tri e já fala em dividendos

12/05/2017
 


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Logotipo da Petrobras na sede da empresa em Vitória 10/02/ 2017. REUTERS/Paulo Whitaker
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Por Marta Nogueira e Rodrigo Viga Gaier SÃO PAULO/RIO DE JANEIRO (Reuters) - A Petrobras teve lucro líquido de 4,45 bilhões de reais no primeiro trimestre, o melhor resultado em dois anos, impulsionado por um desempenho operacional histórico, apesar de uma menor demanda por derivados no mercado interno, informou a estatal nesta quinta-feira. O forte resultado líquido, registrado em meio a reduções acentuadas de gastos e despesas e maiores exportações, veio acima das previsões de analistas compiladas pela Reuters, que apontavam lucro de 3,773 bilhões de reais no período. A empresa reverteu assim prejuízo de 1,246 bilhão de reais registrado no primeiro trimestre do ano passado. O resultado operacional medido pelo Ebitda (lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação) ajustado subiu para o recorde histórico de 25,254 bilhões de reais, ante 21,193 bilhões de reais no mesmo período do ano passado, ressaltou o presidente da Petrobras, Pedro Parente, a jornalistas. O lucro do primeiro trimestre e um ganho contábil de 6,7 bilhões de reais previsto para o segundo trimestre, com a venda da Nova Transportadora do Sudeste (NTS), levaram Parente a falar sobre a retomada de pagamentos de dividendos para o exercício de 2017, o que não ocorre desde 2014, antes de a empresa lançar prejuízos bilionários por conta do atos de corrupção que envolveram a petroleira. "Tem um resultado positivo relevante para o segundo trimestre... que aumenta as chances (de pagar dividendos), aumenta sem dúvida nenhuma, mas não posso prometer isso. Nosso desejo é pagar dividendos o mais cedo possível, e a empresa trabalha forte para isso", declarou Parente, que está perto de completar um ano à frente da companhia. O desempenho do trimestre foi alcançado também por meio de menores gastos com importação de petróleo e derivados, em função da maior participação do óleo nacional na carga processada e da maior oferta de gás natural nacional, num mercado interno que registrou retração. Isso em momento em que a extração do pré-sal está crescente. "A produção está crescendo e estamos usando mais óleo nacional... e um volume expressivo foi exportado a um preço maior", disse o diretor financeiro da Petrobras, Ivan Monteiro, citando ainda redução no custo de logística para processar nas refinarias. A Petrobras registrou produção total de petróleo e gás natural de 2,805 milhões de barris de óleo equivalente por dia, em média, no período. Foram produzidos 2,248 milhões de barris por dia (bpd) de petróleo, sendo 2,182 milhão bpd no Brasil, 10 por cento acima do mesmo período do ano passado, o que permitir à empresa elevar exportações do óleo de boa qualidade do pré-sal. A Petrobras citou menores despesas com vendas, gerais e administrativas, que somaram 4,697 bilhões de reais no primeiro trimestre, uma queda de 26,6 por cento ante o mesmo período do ano passado. A estatal também registrou redução das despesas financeiras líquidas e menores gastos com baixas de poços secos/subcomerciais. O CEO ressaltou ainda uma redução de 18 por cento nos gastos operacionais gerenciáveis. "O controle de custos e a redução de gastos estão sem dúvida por trás desse resultado da companhia no primeiro trimestre", disse Parente. Como parte da redução de custos, Parente apontou que o número de empregados do sistema Petrobras caiu 17 por cento no primeiro trimestre ante o mesmo período de 2016, para um total de 65.220 funcionários. MENORES VENDAS A receita com vendas, entretanto, caiu 3 por cento na comparação com o mesmo período do ano anterior, para 68,365 bilhões de reais, em meio a menor demanda no mercado interno. O volume de vendas de diesel, o combustível mais vendido pela empresa, caiu 12 por cento, para 702 mil barris/dia, enquanto a comercialização de gasolina recuou 4 por cento, para 539 mil barris/dia, com o impacto da crise econômica e da maior concorrência no mercado doméstico. De outro lado, as exportações de petróleo, derivados e de outros produtos aumentaram 72 por cento ante o mesmo período do ano passado, para 782 mil barris/dia. REDUÇÃO DA DÍVIDA Com bons resultados operacionais em ambiente adverso, a empresa reduziu a alavancagem, com o índice dívida líquida sobre Ebitda ajustado recuando a 3,24 vezes no primeiro trimestre, ante 4,81 vezes no mesmo período de 2016, aproximando-se cada vez mais da meta de 2,5 no fim de 2018. "É possível sim que cheguemos a esse (indicador dívida líquida sobre Ebitda) 2,5 antes do fim de 2018, mas isso de maneira nenhuma significa que a gente possa relaxar, porque nossa conta de juros ainda consome um valor elevado", afirmou Parente, lembrando que a companhia ainda tem um endividamento que é o dobro de suas pares. O endividamento bruto da petroleira caiu 5 por cento ante 31 de dezembro de 2016 para 364,758 bilhões de reais, e do endividamento líquido em 4 por cento, para 300,975 bilhões de reais. Em dólares, a dívida líquida caiu 1,388 bilhão de dólares ante dezembro de 2016, para 94,993 bilhões de dólares, com aumento do prazo médio para 7,61 anos, ante 7,46 anos. O presidente da Petrobras lembrou ainda que os recursos advindos da venda da NTS, que entrarão no resultado do segundo trimestre, ajudarão a companhia a reduzir mais a dívida. "Então a gente observa uma trajetória que sem dúvida está abaixo daquela que a gente previu no plano... a meta de 2,5 não significa a meta ideal para endividamento, porque nós estamos pagando ainda uma conta de juros que é 5 ou 6 bilhões maior do que a gente pagava anteriormente...", disse. De qualquer forma, o diretor financeiro ressaltou que, desde que entrou na empresa, no início de 2015, esta é a primeira vez que a Petrobras tem todas as alternativas de funding à sua disposição, diante da melhora dos resultados, o que permitirá um alongamento dos vencimentos. "A companhia tem hoje a sua disposição muitas alternativas de funding, e a gente vai explorar ao longo do ano... a posição de caixa hoje de 23 bilhões de dólares que permite a gente ao longo de um ano pagar o serviço da dívida e as amortizações de caixa", disse Monteiro. Dessa forma, o diretor disse que a companhia vai "explorar sim alternativas para mudar o perfil" da dívida, uma vez que a empresa tem concentração de vencimentos importantes pela frente. "Temos alternativas de funding e vamos no momento adequado submeter as alternativas à diretoria." A Petrobras registrou fluxo de caixa livre positivo pelo oitavo trimestre consecutivo, de 13,368 bilhões de reais, 5,6 vezes superior ao registrado no primeiro trimestre de 2016. (Com reportagem adicional e texto de Roberto Samora)

Ibovespa avança em sessão com intensa agenda de balanços

Ibovespa avança em sessão com intensa agenda de balanços

sexta-feira, 12 de maio de 2017 11:17 BRT

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Por Flavia Bohone SÃO PAULO (Reuters) - O principal índice da bolsa paulista engatava o quarto pregão seguido de ganhos nesta sexta-feira, em sessão marcada por uma bateria de balanços corporativos, com as ações da Petrobras e da Qualicorp entre os destaques positivos. Às 11:15, o Ibovespa subia 1,04 por cento, a 68.242 pontos. O giro financeiro era de 2,6 bilhões de reais. O cenário político tranquilo, após a conclusão nesta semana da votação da reforma da Previdência em comissão especial da Câmara dos Deputados, também favorecia o tom positivo do pregão, com investidores mais otimistas sobre o avanço da medida no Congresso Nacional. Além disso, os mais recentes dados da economia brasileira, incluindo a desaceleração da inflação, corroboram a expectativa pela manutenção dos cortes da taxa básica de juros e têm levado alguns agentes econômicos a acreditar em cortes maiores da Selic. DESTAQUES - PETROBRAS PN subia 4,45 por cento e PETROBRAS ON avançava 4,8 por cento após a petroleira reportar lucro líquido de 4,45 bilhões de reais no primeiro trimestre, o melhor resultado em dois anos, impulsionado por um desempenho operacional histórico, apesar de uma menor demanda por derivados no mercado interno. - QUALICORP ON ganhava mais de 13 por cento, após divulgar os números do primeiro trimestre. A administradora de planos de saúde teve lucro líquido consolidado de 111,5 milhões no período, recuo de 43,8 por cento ante mesma etapa do ano passado. Analistas da corretora Coinvalores avaliam os dados como sólidos e destacam que a queda no lucro líquido refletiu benefício fiscal registrado no primeiro trimestre do ano passado e que excluindo esse impacto, o aumento do lucro líquido foi de 84 por cento. - BRF ON avançava 1,4 por cento, após reportar dados do primeiro trimestre mostrando prejuízo líquido de 286 milhões de reais, conforme a receita operacional líquida encolheu em meio à queda dos preços e dos volumes produzidos. Para analistas do Credit Suisse, os números do período foram fracos, mas o banco destaca que a perspectiva para os próximos trimestres é de melhora. - KROTON ON ganhava 1,3 por cento, após informar seus números referentes ao primeiro trimestre, com alta de 17,6 por cento no lucro líquido ante igual período do ano passado, para 577,1 milhões. A companhia também divulgou estimativas para 2017. - MARFRIG ON tinha alta de 0,5 por cento, tendo como pano de fundo o anúncio da empresa de que sua subsidiária Keystone Foods submeteu à Securities and Exchange Comission (SEC, órgão que regula o mercado de capitais norte-americano) registro inicial para abertura de capital nos Estados Unidos. Além disso, os números da empresa para o primeiro trimestre também estavam no radar. - LOJAS AMERICANAS PN caía 3,3 por cento, entre os destaques negativos do Ibovespa, após reportar prejuízo líquido consolidado de 132,9 milhões de reais no primeiro trimestre, ante resultado negativo de 23,9 milhões de reais em igual etapa do ano passado. - JBS ON perdia 2,4 por cento, também entre as maiores perdas do índice, diante de nova operação da Polícia Federal que investiga fraudes e irregularidades em aportes concedidos pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), através de seu braço de investimentos BNDESPar, a uma grande empresa do ramo de proteína animal, que, segundo uma fonte da PF, seria a JBS.

ESPECIAL-Nova era do petróleo na Foz do Amazonas dispara alerta por ameaça a ecossistemas

ESPECIAL-Nova era do petróleo na Foz do Amazonas dispara alerta por ameaça a ecossistemas

sexta-feira, 12 de maio de 2017 11:06 BRT
 


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Uma casa entre rios, ao lado da foz do rio Amazonas na costa do Estado do Amapá, perto da cidade de Macapá.  31/03/2017 REUTERS/Ricardo Moraes
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Por Marta Nogueira OIAPOQUE, Amapá (Reuters) - Sentada à mesa em sua pequena e bucólica ilha no rio Oiapoque, exatamente entre o Brasil e a Guiana Francesa, a moradora brasileira mais ao norte do país, Valéria Leal, reflete sobre a retomada da exploração de petróleo na região amazônica do Amapá. Ela teme que o Estado, que abriga um dos maiores berçários de vida marinha e de floresta preservada do mundo, fique apenas com os riscos ambientais da atividade petrolífera, uma preocupação de muitas comunidades, como pescadores e indígenas. Apesar da crescente oposição de ambientalistas, uma nova era de perfurações na Bacia da Foz do Amazonas, a 120 quilômetros da longínqua cidade de Oiapoque, está para começar neste ano. Lá, um consórcio da francesa Total com a britânica BP e a Petrobras aposta realizar a próxima grande descoberta de petróleo em águas profundas do país. As companhias gastaram mais de 600 milhões de reais apenas na aquisição de cinco blocos exploratórios na área, de olho em reservas gigantes estimadas em 14 bilhões de barris in situ, que incluem possíveis jazidas adjacentes. Somente a petroleira francesa, líder do consórcio, investiu em atividades na região outros 200 milhões de reais. Mas até agora praticamente nada chegou aos moradores, até porque o investimento exige equipamentos e infraestruturas não encontradas no Amapá, um dos Estados mais pobres do país e que em 2016 registrou a maior taxa de desemprego. "Se fosse para o bem comum, seria bom... Nós aqui no extremo norte estamos completamente desassistidos... não sei quais as vantagens que virão, se tudo será feito fora daqui", afirmou Valéria, que mora na ilha com seu marido, há 27 anos, a cerca de 50 km da foz do rio Oiapoque. A petroleiras planejam, por exemplo, instalar sua base marítima no Porto de Belém, no Pará, onde equipamentos como tubos de perfuração e brocas já estão armazenados, aguardando o início das perfurações. "Se for para usar o Pará como base para eles, será igual quando os portugueses vieram para cá e levaram tudo sem nenhum benefício", disse o indígena Adair Jeanjaque, de 25 anos, da etnia Galibi, ao receber à Reuters em sua aldeia, às margens do Oiapoque, fonte de sustento de grande parte da população local. A preocupação com as possíveis perfurações não é privilégio apenas de Oiapoque, uma cidade com cerca de 23.600 moradores, e já corre por municípios litorâneos ao sul do Estado, como Calçoene, onde não é difícil encontrar pescadores que saibam ou tenham tido contato com as empresas de petróleo. Enquanto isso, o Ibama ainda avalia se as perfurações podem colocar em risco a complexa e amplamente desconhecida biodiversidade da região, ainda que as empresas já tenham realizado pesados investimentos. O Ministério Público Federal no Amapá, inclusive, recomendou ao Ibama nesta semana que suspenda a exploração de petróleo na foz do rio Amazonas, até que sejam avaliados os impactos da atividade na barreira de corais existente na região. O Ibama informou na quinta-feira que ainda não havia sido notificado. GRANDEZA AMBIENTAL A Bacia da Foz do Amazonas se estende ao longo de toda a costa do Estado do Amapá e da Ilha de Marajó (Pará) e abriga o maior cinturão contínuo de manguezais do planeta, que chega a ter 80 quilômetros de largura em alguns pontos, formado pelas toneladas de sedimentos trazidos ao mar pelos rios amazônicos todos os anos, incluindo o rio Amazonas, o maior do mundo. Além disso, o mar do Amapá tem recifes de corais, rodolitos e esponjas com propriedades inéditas, de acordo com uma descoberta publicada no ano passado na revista Science Advances, que chocou a comunidade científica com a extensão do ecossistema que está em águas mais profundas do que o comum, de mais de 100 metros de profundidade. Localizados logo após o limite da mancha de sedimentos pesados que vêm da Amazônia, os recifes podem ser o lar de espécies inteiramente novas, incluindo um tipo de peixe borboleta tropical que se destaca pelo colorido brilhante, dizem os pesquisadores. A publicação chamou a atenção da ONG Greenpeace, que lançou uma forte campanha em defesa dos corais amazônicos e contra a tentativa de abertura de uma nova fronteira petrolífera. A existência dos recifes no Amapá, que estão a apenas 28 quilômetros de uma das perfurações previstas pela Total, já era conhecida pelo Ibama e pesquisadores em geral, mesmo antes do leilão das áreas em 2013, mas o conhecimento sobre eles ainda é muito escasso, mesmo após a publicação do artigo. "O Amapá é realmente um Estado esquecido pelos brasileiros e nós mesmos não tínhamos ideia de todas as ameaças... grande parte da população depende dos oceanos... dos mangues e da floresta. O risco de um vazamento de grandes proporções chegar nessa costa afetaria grande parte da população", disse o porta-voz da campanha, Thiago Almeida. A Total, empresa que lidera o consórcio de petroleiras com blocos na Foz do Amazonas, afirmou estar ciente das questões ambientais da região e, desde 2015, quando deu entrada no licenciamento, vem fazendo um trabalho junto ao Ibama para prevenir impactos ambientais. "As atividades de petróleo e gás já convivem com sistemas sensíveis... Quando o Brasil licitou esses blocos, entendemos que era uma vontade, uma decisão soberana... para pesquisar se existia ou não petróleo, conhecendo a existência desse ecossistema", disse à Reuters Maxime Rabilloud, que está na presidência da Total no país há cerca de dois anos. Para o Ibama, no entanto, não há nada decidido. "É uma área de muita sensibilidade, tudo ali preocupa o Ibama... a gente só consegue chegar a uma decisão final (sobre se as empresas poderão trabalhar ali) no término do licenciamento", afirmou o analista ambiental do Ibama, Alexandre Souza. Em meio à complexidade ambiental e à dificuldade para a obtenção da licença, a agência reguladora do setor de petróleo (ANP) ampliou o prazo para a conclusão da primeira fase de perfuração dos cinco blocos de 2017 para 2020. Segundo Souza, o processo de licenciamento já tem bastante detalhe e atualmente o órgão aguarda respostas das empresas sobre questões como projetos de mitigação e de monitoramento. Mas especialistas da região temem que os esforços de planejamento de ações relacionadas a acidentes não sejam suficientes, até pela incerteza de alguns movimentos das marés. A pesquisadora do Instituto de Pesquisas Cientificas e Tecnológicas do Amapá (Iepa) Valdenira Ferreira, uma das responsáveis pela elaboração do Atlas de Sensibilidade Ambiental de Óleo na Bacia da Foz do Amazonas, contratado pelo governo federal, afirmou à Reuters que as correntes marítimas vão para acima do Brasil, mas as correntes das marés, perpendiculares ao continente, são completamente desconhecidas. "As correntes de marés varrem todo o litoral e adentram os rios até mais de 100 km, dependendo do rio... Se houver um derramamento de óleo hoje e você perguntar onde ele irá atingir, ninguém sabe dizer", disse Valdenira, destacando que se o óleo for pesado e se misturar com os sedimentos dos rios, pode afundar, cobrindo e matando os recifes com características únicas. Estudos da Total apresentados ao Ibama, entretanto, defendem que as correntes oceânicas levariam qualquer possível vazamento para longe da costa do Brasil. CREDIBILIDADE SOB AMEAÇA A Bacia da Foz do Amazonas foi a mais disputada do leilão que arrecadou o maior bônus de assinatura da história do Brasil, a 11ª Rodada de Licitações de blocos exploratórios. Além dos cinco blocos liderados pela Total, outros foram arrematados por BP, Queiroz Galvão Exploração e Produção, BHP, Ecopetrol e Brasoil (comprada recentemente pela PetroRio). Dessas, a companhia francesa é a que está mais avançada nos processos de licenciamento ambiental. Apesar de acreditar que conseguirá o sinal verde para seguir com seus investimentos, Rabilloud, da Total, destacou que uma demora ainda maior no licenciamento irá comprometer o interesse da empresa nos leilões previstos para este ano no Brasil. "É complexo pedir mais dinheiro para entrar em mais blocos de pesquisa, sem ter a previsibilidade ou visibilidade de quando os blocos anteriores poderão ser avaliados, se existe ou não petróleo", afirmou. De qualquer forma, a companhia já tem forte atuação no Brasil, tendo assinado em 2016 um acordo com a Petrobras de 2,2 bilhões de dólares. A Total também detém 20 por cento de Libra, considerada a maior reserva de petróleo do Brasil. A francesa planeja perfurar até nove poços exploratórios, a profundidades de água de cerca de 1.900 metros, encorajada por uma descoberta recente da Exxon Mobil na República da Guiana, em áreas com os mesmos padrões geológicos do Amapá. "Eu diria que em termos de abertura de nova fronteira no Brasil, a Foz do Amazonas é forte candidata", disse o geólogo Pedro Zalán, que trabalhou na campanha exploratória da Petrobras na região no passado. Entre 1970 e 2012, foram perfurados cerca de 90 poços exploratórios na bacia pela Petrobras e a grande maioria no delta da Foz do Rio Amazonas, sem nenhuma descoberta comercial. Zalán explicou que o delta do Amazonas não confirmou o grande potencial de outros deltas, como o do rio Níger e o do Mississipi, por ser muito mais novo geologicamente. Mas ele disse que as descobertas em outros países reativaram o interesse na Foz do Amazonas, até porque a nova era da exploração na região terá poços mais profundos e fora do delta. DESENVOLVIMENTO INCERTO Uma descoberta comercial na região poderia, no futuro, aumentar a arrecadação e ajudar no desenvolvimento econômico do Amapá, mas a avaliação sobre isso não é unânime. "Eu acho que pode ser bom, porque vai gerar emprego para a região", afirmou o pescador Francisco Assunção de Lima, ao retornar de uma pescaria em Calçoene. Mas alguns moradores estão mais preocupados com a falta de atenção das autoridades e a ausência dos serviços mais básicos, diante das incertezas sobre a exploração petrolífera. "A única coisa que cresce aqui é aquele buraco ali", disse o pescador Nilton José, ao apontar um grande buraco em uma rua de terra batida, à beira de um rio na cidade de Amapá. Para o oceanógrafo Ricardo Motta Pires, chefe do Parque Nacional do Cabo Orange, unidade de conservação gerida pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) no Amapá, uma descoberta de petróleo poderá atrair grande quantidade de pessoas em busca de emprego, causando desordem para cidades litorâneas do Amapá e ampliando os problemas sociais, uma vez que a atividade cria poucas vagas, pelo menos em um primeiro momento. "Eu tenho muito medo do desenvolvimento, eu acho que a civilização humana já ocupa muito o planeta, os humanos não têm o direito de usufruir do planeta no nível que estão utilizando...", disse ele, defendendo que alguns lugares paradisíacos deveriam ficar como estão. "Somos uma entre milhões de espécies, todos têm direito à vida, e a gente está ocupando tudo." (Por Marta Nogueira)