domingo, 21 de maio de 2017

A MORTE DOS GARIMPOS DE MATO GROSSO

A MORTE DOS GARIMPOS DE MATO GROSSO



Mato Grosso é muito rico em mineração, entretanto a maioria das jazidas minerais ainda está por descobrir. Porém vamos ver o que aconteceu com os garimpos que foram descobertos.
Cuiabá cresceu e prosperou graças ao outro de Miguel Sutil. Antigamente havia mais ouro que gente em Cuiabá. As minas esgotaram e em lugar do ouro nasceu a capital de Mato Grosso.
No norte foram descobertos muito ouro e diamante em Diamantino, Alto Paraguai, Nortelândia, Arenápolis, Santo Afonso, Nova Marilândia. Todas foram cidades criadas a partir do garimpo. Estes garimpos estão quase chegando ao fim. Não porque esgotaram os diamantes, mas porque os proprietários das terras fecharam as frentes de trabalho. Bilhões de reais foram tirados dali em outro, diamante, carbonato e hoje é o que é. As cidades que ora cresciam constantemente, hoje paralisaram e o progresso vai sendo definhando cada vez mais. Os garimpos tornaram-se pastos de fazendeiros que não criam gado.Quem sai perdendo não é o povo, nem os fazendeiros, mas o progresso das cidades que vão diminuindo.
Dizem os ambientalistas que os garimpeiros vão poluir os rios, cavar imensos buracos. Na verdade o que precisa ser feito é um planejamento, como trazer a água até os locais dos garimpos para que se lave o cascalho aí mesmo, sem ter que levá-lo ao rio. Quanto aos buracos basta apenas que sejam soterrados novamente assim que terminar a procura do metal. No mesmo momento em que se vai cavando um buraco, já pode ir tapando os outros. A maioria dos garimpos existe nos cerrados e não nas florestas o que não atrapalha muito a vegetação.
Outra coisa que se deveria fazer são pequenas agriculturas na região, seja de arroz, de milho, de mandioca, de banana e produtos hortifrutigranjeiros. Uma cidade não se pode viver exclusivamente do garimpo, pois o metal acaba e a cidade vai à falência.
Como exemplo disto temos Nortelândia, aliás, a mais prejudicada. O povo vivia do garimpo, pois as terras do município são propriedades privadas da Camargo Correa. Lá na tal fazenda é permitido explorar as minas de ouro, diamante e urânio e levar toda a produção para os Estados Unidos sem pagar um centavo de imposto ao município.
Fechados os pequenos garimpos da cidade e como não há outra atividade a executar, nada mais resta fazer nestas pequenas cidades a não ser abandoná-las. Os garimpeiros dessa região foram para outras plagas como Batovi, Paranatinga, Peixoto Azevedo, Sinop, Rondônia e outros. Os que ficaram, sofrem as conseqüências.
Os donos dos garimpos de Nortelândia não querem mais que furem buracos nas fazendas deles. O manchão velho da cidade foi fechado bem como a Lagínha, Deserto e outros. Roça não cresce em pedras e indústrias não têm. O que resta mesmo é deixar o local e procurar melhora em outro município.
Outra coisa que se deveria fazer no garimpo é o aproveitamento do cascalho que poderia ser vendido como Brita, pedrisco, areia lavada, fabricação de tubos, manilhas e aproveitados para asfalto. Traria uma boa renda à cidade.
Alguma medida deveria ser tomada para reabrir os garimpos para o povo, porém de maneira inteligente, conscientizada. Para que serve o diamante lá no chão? Como o dinheiro dele poderia dar emprego a muita gente e trazer o progresso para as pobres cidades.
E assim em todo o Mato Grosso os garimpos estão sendo fechados. Não devemos deixar isto acontecer. Devemos tratar de buscar outros e não fechar os que têm.
Outra coisa que deveria ser evitado é o trabalho com dragas, estas sim, acabam com a terra em pouco tempo, fazendo o mesmo com os rios. Os trabalhos deveriam ser como antigamente: manualmente.
Devemos pensar nisto. Devemos pensar no povo. Vamos trabalhar consciente e as coisas melhoram. Ficar sem trabalho é que não podemos, pois as conseqüências serão gravíssimas.

Os donos do ouro

Os donos do ouro

Como um pedreiro tímido e um diarista inconsequente inauguraram o mais movimentado garimpo ilegal da atualidade

Bruno Abbud

, da Redação

bruno.abbud@olivre.com.br


Ednilson Aguiar/O Livre
Garimpo da Serra da Borda, em Pontes e Lacerda
Barracas improvisadas tomam parte da Serra da Borda



No fim de 2014, enquanto Sebastião Dantas e seus colegas garimpeiros passavam o dia perfurando as terras do fazendeiro Celso Luiz Fante, o morro vizinho, que integra a Serra da Borda, ainda era um manto de floresta que repousava quieto sobre toneladas de ouro. Até então, ninguém sabia disso. O barulho das máquinas só começou depois que um pedreiro tímido de Pontes e Lacerda saiu para trabalhar num local próximo e acabou descobrindo a notícia. Voltou para a cidade determinado a encomendar um detector de metais de Cuiabá. Três dias depois, encontrou o almejado metal precioso. Em menos de um mês, 500 garimpeiros exploravam o local.
Situada nos fundos da fazenda da família Azambuja, a área que chegou a comportar 7 mil homens agora é cortada por uma estrada de terra vermelha que dá acesso ao cume, onde fica o “buracão” – a parte nobre do garimpo. É por ela que Sebastião, três anos de labuta naquelas paragens, vai caminhando a passos curtos na manhã do último 18 de março, um sábado, logo depois de agradecer a carona e deixar o carro apressadamente. Em poucos minutos, lá está ele, aos 57 anos, escalando um amontoado de pedras e água. Alcança seu pedaço, cumprimenta um companheiro, apanha uma enxada e começa a escavar o chão. “Tem um povo que não gosta que filme aqui, não”, diz. “Ontem mesmo tomaram a câmera de um fotógrafo”.
Alguns metros acima, olhares de estranhamento. “Melhor vocês falarem com o chefe”, sugere outro garimpeiro. “O homem que manda é o Manéu”, confidencia. “Segue reto, você vai ver a única tenda que tem televisão. É a dele”.
Mais adiante, dezenas de barracas de madeira e lona enfileiram-se dentro, fora e ao redor de uma cratera de cinquenta metros de diâmetro. Um rombo marrom na selva verde. Alguns homens comem sentados, outros sobem e descem carregando alviões e barrotes, dirigem caminhonetes, pilotam britadeiras, puxam baldes de terra de túneis verticais escuros. Nada de televisão. Ninguém conhece Manéu.

Alguns homens comem sentados, outros sobem e descem carregando alviões e barrotes, dirigem caminhonetes, pilotam britadeiras, puxam baldes de terra de túneis verticais escuros.

A poucos metros de distância, entretanto, alguém se manifesta. “Quem quer saber?”, pergunta um homem negro, de estatura baixa, com um chapéu largo de palha sobre a cabeça e uma lata de cerveja na mão. “Manoel, Manéu, Manelzinho, tem vários aqui. Tem um monte. Eu sou Manoel. Ele é Manoel. Aquele ali é Manoel. Que Manoel você quer?”, completou, impaciente, apontando pessoas aleatórias.
Ele bebe desde a noite passada, porque a noite passada foi noite de sexta-feira. Conversa com dois amigos em frente a uma espécie de mercearia que serve ao mesmo tempo de bar e banco. No bar, a geladeira desligada, deitada na horizontal e repleta de gelo, serve de freezer e mesa. No banco, a caixa de ovos manuseada por um homem cego de um olho que troca ouro por dinheiro – ou por comida – serve de caixa registradora. Manoel quer saber quem somos, de onde viemos, se somos da Polícia e pede para ver nosso crachá. Quase duas horas de negociação depois, aceita conversar e mostrar o garimpo.
Manoel, 33 anos, não revela o sobrenome, mas confessa ser conhecido como “Neguinho do ouro”. “Recebi o apelido das pessoas que ganharam dinheiro através de mim”, conta. “Dava sacos de terra que, na hora de peneirar, rendiam mil, quinze mil. Teve gente que conseguiu dezoito mil reais. Como o único neguinho que estava dando saco de terra era eu, ficou Neguinho do ouro. Quem deu ouro? Neguinho. Que neguinho? O Neguinho do ouro”.
Na Serra da Borda desde o primeiro semestre de 2015, Manoel conta que foi convidado pelo homem que descobriu o garimpo, um sujeito cujo nome era Johnny. “Nós chegamos aqui por meio de amigos”, diz. A voz esganiçada conta mais detalhes da história: “Todo mundo tinha vontade de ficar rico e a gente também. Então viemos buscar essa ilusão”. Não era ilusão.
Ednilson Aguiar/O Livre
Garimpo da Serra da Borda, em Pontes e Lacerda
Manoel diz ter feito fortuna com garimpo: "Comprei caminhonete, viagem, cachaçada, rapariga"

Nascido em Várzea Grande, “filho de um comedor de peixe com maxixe”, como gosta de se definir, Manoel aprendeu a garimpar aos 15 anos com o pai, ex-garimpeiro. Aos 18, encontrou ouro pela primeira vez. “Achei uma pepita de doze quilos”, diz. “Deu três quilos e meio para cada. Pergunta para o pessoal do nosso grupo, ninguém gosta de falar”, continua. “Uns acham que é mentira, mas não. Um era leiteiro, outro pescador, outro roçador, carpinteiro, o único garimpeiro era eu”. Manoel está bêbado, as palavras vão jorrando da garganta. Dois anos mais tarde, em 2004, ele jura ter descoberto mais ouro, desta vez na Serra Dourada, em Goiás. “Fiz R$ 7 milhões lá. Comprei caminhonete, viagem, cachaçada, rapariga. Tinha duas Hilux na garagem. Falava: ‘Vamos para a praia? Vamos’. Se falasse: ‘Ah, não tenho dinheiro, eu dizia: ‘Você vai comigo, toma, cinquenta mil aqui, ó. Vamos embora”.
Manoel credita a boa sorte a uma superstição que parece valer para todos os garimpeiros: a de que a ostentação de hoje garante o ouro de amanhã. “Quanto mais o garimpeiro ganha, mais ele gasta, e quanto mais você gasta o que ganhou, mais ouro vem no futuro”, resume. “Quando estava acabando o meu dinheiro, eu achava mais ouro. Acabou o dinheiro, achava 500 mil. Acabou o dinheiro, 350 mil. Acabou o dinheiro, mais R$ 800 mil”.

“Quanto mais o garimpeiro ganha, mais ele gasta, e quanto mais você gasta o que ganhou, mais ouro vem no futuro”

Ele continua a seguir sua crença. “Garimpeiro não vive de ilusão, vive do ouro”, afirma. “Gastei tudo o que tinha. Aí fui lá e peguei mais, o dobro. Falei ‘Jesus, não mereço isso tudo, não’. Fui lá, trepei no ouro de novo. Falei ‘meu Deus, isso não é justo comigo não, meu pai’. Fui lá e... ouro de novo”.
Na Serra da Borda, ao que tudo indica, não foi diferente. “Não fui o cara que pegou mais ouro aqui”, conta. “Mas fui um dos caras que pegou um pouco de ouro”. Segundo Manoel, as primeiras pepitas começaram a surgir ainda em 2015, em um túnel de 40 metros no alto do morro, onde o solo é composto de rocha – o que significa que, manualmente, só é possível escavar meio metro por dia. O dinheiro da venda do ouro foi repartido entre a equipe, formada por cerca de 30 garimpeiros. Manoel comprou outra caminhonete Hilux – e ficou famoso no garimpo por ter batido o carro em seguida. Perda total. “Teve uns que compraram fazenda, outros casa, eu comprei uma Hilux, bati a Hilux, mas nem por isso deixei de ganhar dinheiro de novo”, garante. “Conquistei casa, glamour, luxo, ostentação, mulherada, muitas e muitas mulheres”. Na opinião dele, contudo, se engana quem fala em dinheiro fácil no garimpo.
Ednilson Aguiar/O Livre
Garimpo da Serra da Borda, em Pontes e Lacerda
Vida subterrânea: garimpeiros que integram time de Johnny procuram ouro no coração da montanha

Há vários jeitos de escavar a terra. O mais seguro é começar na diagonal e seguir quase horizontalmente por um longo trajeto que acaba no interior da montanha. O mais frequente é também o mais perigoso: o buraco vertical. “Pensam que é fácil fazer dinheiro no garimpo”, observa Manoel com uma nova lata de cerveja na mão. “Mas ninguém viu o que ele passou a 60 metros de fundura, uma falta de ar, um desmaio por falta de oxigênio, um amigo que desce para socorrer. Isso ninguém vê. Por que? Porque ninguém posta”, diz. “Só posta luxúria, corrente de ouro, pulseira de ouro, cordão de ouro, um quilo de ouro para vender. Só ostentação”.
Manoel percorre o garimpo como se estivesse na própria casa. Cumprimenta um a cada dois metros. Interrompe o trajeto na frente de um pequeno comércio. Lá de dentro, um homem lhe passa um maço grosso de notas de R$ 50 e R$ 100. Manoel é respeitado. Não fosse Johnny, no entanto, nada disso estaria acontecendo. “O Johnny me chamou, através dele vim para cá”, conta. “Ele foi o cara que descobriu o garimpo”.
O homem que descobriu o garimpo
Johnny é um pedreiro tímido e acuado de quarenta e poucos anos, cabelos longos e lisos, olhos de índio e a pele esbranquiçada pelo pó de rocha. “O Johnny fez muito ouro, muito ouro mesmo”, conta Francisco das Chagas, um dos 2,5 mil garimpeiros que ainda vivem na Serra da Borda. “Quem chegou primeiro fez muito ouro aqui”.
Cinco anos atrás, Johnny resolveu abandonar o trabalho nas construções para se dedicar à busca pelo ouro. Casou-se com Vanuza, uma mulher loira de meia idade que “mexe com garimpo” há 27 anos. Juntos, percorreram vários rincões do Brasil cavando buracos na terra. “Mas o ouro que a gente estava explorando estava meio fraco”, conta Johnny, no alto da Serra da Borda, com um cigarro de tabaco escuro entre os dedos enrolado numa folha de caderno com listras azuis, a dois passos de um túnel de 40 metros de profundidade. “Então parei de mexer com garimpo e vim fazer um serviço aqui na fazenda vizinha”. Era a propriedade de Sebastião Freitas de Azambuja, a 40 quilômetros de Pontes e Lacerda.
Ednilson Aguiar/O Livre
Garimpo da Serra da Borda, em Pontes e Lacerda
Johnny e sua equipe trabalham no "buracão"

Numa conversa com os funcionários do lugar, soube que um peão diarista havia encontrado uma pepita de dez gramas no meio do pasto. “Fiquei curioso”, diz Johnny. “Pedi para minha esposa ligar para um amigo meu em Cuiabá e mandar um detector de metais para mim”. Três dias depois, encontrou ouro pela primeira vez. “Mas não eram dez gramas”, conta. “Era uma fagulha de três décimos”. Ele então conseguiu autorização do dono da fazenda para explorar a área. Só havia um problema: Johnny é claustrofóbico. Mas isso foi rapidamente resolvido por Vanuza, que acionou seus contatos e logo montou uma equipe para cavoucar a área. “Poucos dias depois, começamos a subir a serra. Aí o ouro apareceu”.
Embora a riqueza parecesse estar próxima, a inconsequência do diarista que havia descoberto a primeira pepita no pasto acabou atrapalhando os planos da turma de Johnny. Certo dia, o peão se embebedou na cidade e deu com a língua nos dentes. “O menino tinha bebido umas cachaças”, conta o garimpeiro. “E começou a espalhar que tinha achado ouro”. Quando o fazendeiro Azambuja soube, mandou parar com a garimpagem. Não queria uma multidão nas suas terras. De nada adiantou. Em menos de um mês, mais de 500 garimpeiros ocupavam o morro.
Johnny também não arredou os pés da montanha. Em pouco tempo, conseguiu arrancar da terra cerca de 130 quilos de ouro – o equivalente a R$ 16,5 milhões, levando em consideração o preço final de R$ 127 por grama. O lucro foi dividido entre os 35 garimpeiros da equipe. “Não imaginava que ia dar ouro dessa forma”, diz.
Se a abundância prevalecia em 2015, hoje a situação é bem diferente. “Foi muito bom aqui no começo”, diz o pioneiro. “Agora está difícil. Ouro tem, só que está fundo”. Johnny gastou os últimos dias puxando a corda da roldana, um balde amarrado na ponta, recheado de pedras que os colegas extraem a 40 metros da superfície. Ele investiu em pequenos explosivos que os homens instalam no interior da montanha. “Até terça-feira a gente chega no ouro”, diz em voz baixa, como se estivesse tentando convencer a si mesmo. “De novo”.
Na próxima reportagem da série, o que pensam os garimpeiros sobre o fechamento da área pela polícia e como criminosos exploraram o garimpo.

Galeria de Fotos

Como funciona uma mina de diamantes?

Como funciona uma mina de diamantes?

Na maioria dos casos, máquinas gigantes escavam em busca das pedras preciosas, que são separadas do cascalho pelo peso e identificadas por um sofisticado sistema de raios x. As minas são criadas em regiões com alta concentração de um tipo de rocha, denominado pelos geólogos de kimberlito. Esse material é formado pelo resfriamento do magma, que chegou até a superfície há milhões de anos, carregando elementos de regiões profundas da Terra. Feitos de carbono submetido a altíssima pressão, os diamantes foram forjados até 200 km abaixo da superfície há pelo menos 3 bilhões de anos. O tipo mais comum de mina é o de poço aberto – como a representada no infográfico a seguir –, baseada na escavação do kimberlito, e a maioria delas está na África. No Brasil, a produção se concentra em minas formadas por erosão de kimberlito. As águas de rios e lençóis freáticos carregam pedras, que se concentram em áreas superficiais e passam a ser exploradas por mineradores. As 26 toneladas de diamante produzidas no mundo movimentam US$ 13 bilhões. O maior comprador é a China.
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Supermáquinas, explosivos e alta tecnologia são usados para vasculhar toneladas de rocha.
Amaciando a terra
Após encontrar provas geológicas da presença de diamantes, os mineiros escavam o kimberlito. Mas a ferramenta deles não é picareta, não: os caras colocam explosivos em buracos de até 17 m de profundidade feitos pela perfuradora. O objetivo é fazer a rocha dura virar cascalho.
Trio parada dura
Três máquinas gigantes fazem o trabalho pesado: a perfuradora abre buracos na rocha para a colocação de explosivos, a escavadora movimenta até 50 toneladas de rocha por minuto e o caminhão mineiro leva 100 toneladas de material para o beneficiamento.
Buraco fundo
Com o avanço da escavação, o poço fica mais afunilado, chegando a centenas de metros de profundidade e a quilômetros de largura. A maior mina de diamantes em operação, com 600 m de profundidade e 1,6 km de diâmetro na parte mais larga, é a Argyle Diamond, na Austrália.
Plano B
Quando a escavação afunila demais, é preciso cavar um túnel paralelo ao poço. Do túnel principal, partem túneis perpendiculares para extrair a rocha mais profunda. No subterrâneo, são usadas versões menores das máquinas empregadas na superfície.
Coisa fina
O material extraído da mina vai para o processamento. O cascalho é triturado duas vezes, lavado e peneirado. Em seguida, as pedrinhas – de 1,5 a 15 mm – vão para um tanque de flotação. As pedras mais pesadas, com potencial de ser diamantes, ficam no fundo e as mais leves são descartadas.
Catando milho
Uma máquina de triagem equipada com raios X identifica os diamantes. Ao rolarem na esteira e serem atingidos pela radiação, eles ficam fluorescentes. Um sensor registra essa luz e aciona um jato de ar, que separa o que importa do restante das pedras. Por último, rola uma checagem manual.
Feitos para brilhar
Cerca de 30% dos diamantes são gemas, ou seja, têm características ideais para se tornar joias: cor, claridade, tamanho e possibilidade de lapidação. O restante é usado na indústria para a produção de peças de corte, como brocas, discos, serras e bisturis. Como transmitem calor rapidamente, diamantes também são usados em termômetros de precisão.
VALE QUANTO PESA
Cada tonelada de terra extraída rende 1 quilate de diamantes (0,2 g)
Valor de mercado
Um caminhão carregado rende até 20 diamantes de 1 g. Pedras usadas em joias valem, em média, US$ 1 mil/quilate. Para uso industrial, paga-se em torno de US$ 10/quilate.
Além do brilho
O valor do diamante é baseado em cor, claridade, tamanho e lapidação. Gemas azuis, laranja, vermelhas e rosa são raras. Brancas e amareladas são mais comuns (98% do total).
Joia da coroa
O maior dos diamantes foi extraído na África do Sul em 1905. A pedra bruta tinha 3,1 mil quilates e foi lapidada em nove. As duas maiores (Cullinan I e II) foram dadas à realeza britânica.
– Em 1714, foi encontrado o primeiro diamante no brasil, em um garimpo de ouro próximo a Diamantina, MG.
– O diamante mais caro do mundo foi leiloado em Londres por US$ 46 milhões. O Graf Pink pesa 24,78 quilates e tem coloração rosada.

A maldição do diamante Hope e outras pedras preciosas zicadas

A maldição do diamante Hope e outras pedras preciosas zicadas

A maldição do diamante Hope começa na Índia, onde ele foi encontrado, e causa muitos estragos mundo afora

Diamante Hope - Black Orlov
Diamante Hope - Delhi Purple

ILUSTRAS Dalts
Diamante Hope - Lobos

A LENDA DA MALDIÇÃO DO DIAMANTE HOPE

1) As origens do diamante Hope são envoltas em mistério. Há quem diga que era o olho de uma estátua da deusa Sita, num templo hindu. A maldição teria se iniciado quando ela foi roubada, no século 17, pelo mercador francês Jean Baptiste Tavernier. Supostamente, Tavernier teve uma morte trágica, devorado por lobos.

Diamante Hope - Guilhotina
2) A pedra tinha 112 quilates (22 g, que valiam cerca de 150 kg de ouro). Mas, comprada pelo rei francês Luís XIV, em 1668, foi lapidada em uma peça menor, o Diamante Azul da Coroa. Ficou na família real por três gerações, até que Luís XVI o ofereceu à Maria Antonieta, em seu casamento. Em 1793, o casal foi guilhotinado.

Diamante Hope - Dívidas de família
3) Com os eventos da Revolução Francesa, o diamante sumiu e só reapareceu em 1812, nas mãos do banqueiro inglês Thomas Hope, que o rebatizou. Em 1839, seu irmão Henry assumiu a posse da pedra, mas morreu no mesmo ano. O neto Francis teve que vendê-la para quitar dívidas da família. Acredita-se que sua esposa,  May Yohé, foi a primeira a afirmar que o diamante estava amaldiçoado. Ela até estrelou o filme The Hope Diamond Mystery (1921). Mas morreu pobre.

Diamante Hope - Sanatório
4) Em 1907, o merchant norte-americano Simon Frankel, também dono do diamante, faliu e jogou a culpa na pedra. Em 1911, ela chegou à socialite Evalyn McLean, cujo filho morreu em um acidente de carro e o marido foi internado em um sanatório. Ela foi a última dona particular – hoje, o Hope pertence ao Instituto de Museus Smithsonian.



OUTRAS PEDRAS PRECIOSAS AMALDIÇOADAS


Koh-i-noor
Só para mulheres
Uma lenda afirma que o diamante Koh-i-Noor, que ornamenta a coroa inglesa, traz má sorte para os homens que o possuem. Antes de ser confiscada pela realeza britânica, em 1850, a belezura de 109 quilates foi associada a várias mortes, como a do imperador indiano Shah Jahan, que construiu o Taj Mahal, e de seus filhos.

Cortando o mal pela raiz
Outra história folclórica afirma que, há muitos séculos, um monge roubou um diamante de uma estátua hindu e, a partir daí, a pedra ficou amaldiçoada, levando seus donos ao suicídio. Para interromper a zica, o tesouro (conhecido como Olho de Brahma) foi lapidado em outras gemas, dando origem ao Black Orlov. Em 2006, a atriz Felicity Huffman desafiou a má fama da pedra e a usou na cerimônia do Oscar, em que concorria como melhor atriz. Não venceu…



Diamante Hope - La Peregrina
Lágrima da traição
Uma das joias da atriz Elizabeth Taylor, a pérola La Peregrina, tem uma trajetória associada a casos de traição. Pertenceu ao rei espanhol Felipe II, que a deu à rainha inglesa Maria Tudor. Ela morreu quatro anos depois. A pérola voltou para a coroa espanhola e devastou a dinastia Habsburgo na Espanha.

Safira de araque
A safira Delhi Purple, que na verdade é uma ametista, é associada à má sorte e ao suicídio. Seu último dono, o cientista Edward Heron-Allen, tentou se livrar dela várias vezes, mas ela sempre era devolvida! Após sua morte, em 1943, a pedra foi doada ao Museu de História Natural de Londres, com uma carta advertindo seus futuros donos.

Como foram erguidas as pirâmides do Egito?

Como foram erguidas as pirâmides do Egito?

como-foram-erguidas-as-piramides-do-egitoEgito A construção das pirâmides botou milhares de egípcios para suar, exigiu conhecimentos avançados de matemática e muitas pedras. Das cem pirâmides conhecidas no Egito, a maior (e mais famosa) é a de Quéops, única das sete maravilhas antigas que resiste ao tempo. Datada de 2 550 a.C., ela foi a cereja do bolo de uma geração de faraós com aspirações arquitetônicas. Khufu (ou Quéops, seu nome em grego), que encomendou a grande pirâmide, era filho de Snefru, que já tinha feito sua piramidezinha. O conhecimento passou de geração em geração, e Quéfren, filho de Quéops, e Miquerinos, o neto, completaram o trio das pirâmides de Gizé. Para botar de pé os monumentos, que nada mais eram que tumbas luxuosas para os faraós, estima-se que 30 mil egípcios trabalharam durante 20 anos. “Esses trabalhadores eram trocados a cada três meses. A maioria trabalhava no corte e transporte dos blocos”, diz Antonio Brancaglion Jr., egiptólogo do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Além do pessoal que pegava pesado, havia arquitetos, médicos, padeiros e cervejeiros. Tudo indica que esses caras eram livres (e não escravos), pagos com cerveja e alimentos. Mas há controvérsias. Alguns apostam em 100 mil trabalhadores, além de teses que atribuem a obra a ETs!
Pedra sobre pedra Cerca de 2,3 milhões de blocos ajudaram a botar de pé a pirâmide de Quéops
As pedras foram o começo de tudo – cada bloco pesava em média 2,5 toneladas, mas isso variava: o tamanho diminuía de acordo com a altura, e em lugares específicos, como a câmara do rei, havia pedras gigantes, estimadas em até 80 toneladas. Depois de cortados nas pedreiras, os blocos eram lixados e catalogados: escrevia-se o nome do faraó e o do grupo de trabalhadores responsáveis. No total, 2,3 milhões de blocos teriam sido usados na construção da pirâmide de Queóps
É PEDREIRA!
Para erguer as pirâmides, o terreno foi aplainado. Além de deixar a terra pronta para o trabalho, o processo rendeu uma fonte natural de matéria-prima: o platô era rico em rochas calcárias, um tipo de pedra mais mole, extraída com ferramentas de cobre. Rochas de calcário mais fino, usadas para dar brilho à pirâmide, vinham da região próxima de Tura
VOU DE BARCO
O faraó escolheu granito para decorar a câmara do rei, onde ele foi sepultado. Como a pedra não era encontrada na região, os blocos vinham de até 800 quilômetros de distância, da pedreira de Assuã, em barcos pelo rio Nilo. Os pesadíssimos blocos, alguns com até 80 toneladas, também revestiam as câmaras e os corredores internos
BASE CONCRETA
Para alguns pesquisadores, a análise da taxa de minerais presentes em partes dos blocos da pirâmide mostra que pode ter sido usado um tipo de concreto primitivo tanto na parte externa quanto na interna. Se a teoria for verdade, essa terá sido a primeira aplicação de concreto de que se tem notícia – antes disso, os pioneiros eram os romanos
Rock’n’roll Teorias explicam como os egípcios rolaram as pedras
A proeza de transportar os blocos gigantes é tão complexa que até hoje não existe consenso. Isso pode ter sido feito com cordas; com uma espécie de trenó de troncos de madeira cilíndricos, sobre os quais as pedras deslizavam; ou com a ajuda de tafla, um tipo de barro que, molhado, fica escorregadio e ajuda a deslizar os blocos. Depois de assentados, os blocos eram cortados em um ângulo de 51º, o que deixava a face da pirâmide lisa
SUBINDO A LADEIRA
O que é – Uma rampa feita de terra e cascalho, com escoras nas laterais
Pontos positivos – Como ocuparia apenas uma das faces, esta rampa deixaria as laterais da pirâmide livre – assim, seria mais fácil checar se a obra estava “torta”
Pontos negativos – Para que a rampa alcançasse a altura total, teria que ser muuuito longa, e o trabalho teria que ser interrompido toda vez que fosse necessário espichá-la
ZIGUEZAGUE
O que é – Rampa única em ziguezague construída em torno da pirâmide. É a teoria mais popular atualmente
Pontos positivos – A rampa teria uma inclinação constante, ao contrário da rampa única
Pontos negativos – A rampa tampa a visão da totalidade da obra. Assim, haveria o risco de, ao desmanchar a rampa, perceber que as faces da pirâmide estavam tortas
DEBAIXO DOS CARACÓIS
O que é – Até os 43 metros de altura, usa-se a rampa externa. A partir daí, seria usada uma rampa interna em espiral, recuada a 15 metros da face externa. No fim de cada andar, uma aresta permite que as pedras girem 90º
Pontos positivos – Reaproveitaria o material da rampa externa para o resto da construção. Um sistema de contrapeso carregaria as pedras maiores
Pontos negativos – Como a linha não é reta, a rampa aumentaria a distância pela qual os blocos teriam que ser arrastados
PAU NA MÁQUINA
O que é – Várias teorias sugerem que máquinas eram usadas para subir os blocos pirâmide acima. Essas máquinas poderiam ser guindastes, alavancas ou sistema de gangorras, com um cesto de areia de um lado e o bloco de outro
Pontos positivos – As máquinas dariam alívio à dureza do trabalho braçal
Pontos negativos – Faltaria espaço para manobrar, e as máquinas não dariam conta dos blocos maiores
TAMANHO É DOCUMENTO
Comparada com prédios e campos de futebol, a pirâmide sai ganhando
ALTURA – 147 metros
Equivale a – Prédio de 49 andares – o Copan, por exemplo, tem 140 metros
PESO DE 1 BLOCO – 2,5 toneladas
Equivale a – 3 Fuscas de 800 quilos
PESO TOTAL – 6,5 milhões de toneladas
Equivale a – 11,5 navios de carga carregados
ÁREA – 13 acres (52 598 m2)