segunda-feira, 4 de setembro de 2017

Reação ao fim da Renca foi 'histeria', 'infantilidade' e 'desinformação', dizem geólogos

Reação ao fim da Renca foi 'histeria', 'infantilidade' e 'desinformação', dizem geólogos   
A extinção da Renca - reserva mineral no Pará e no Amapá do tamanho da Dinamarca - é "o maior ataque à Amazônia em 50 anos". O alarme ecoou no final de agosto em todo o mundo: da tribuna do Senado, pela voz do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), ao jornal inglês The Guardian.
A forte reação deu resultado e o presidente Michel Temer determinou na quinta-feira "a paralisação de todos os procedimentos relativos a eventuais direitos minerários na área (…) em respeito às legítimas manifestações da sociedade e a necessidade de esclarecer e discutir as condições que levaram à decisão de extinção da Renca".
Geólogos ouvidos pela BBC Brasil, no entanto, acusam os protagonistas dessa reação de "histeria", "infantilidade" e "desinformação.
Eles argumentam que a maior parte da Renca (Reserva Nacional do Cobre e Associados) continuará bloqueada para mineração porque hoje seu território engloba nove áreas protegidas, entre unidades de preservação ambiental e terras indígenas, que não sofreram alteração no decreto de extinção da reserva mineral. Essa área bloqueada representa mais de 70% da Renca, segundo a ONG WWF.
A Renca foi criada em 1984, no regime militar, para evitar a exploração da área por capital estrangeiro - embora as formações geológicas sejam promissoras, não se conhece seu potencial real e ainda seriam necessários anos de pesquisa para que mineradoras iniciem operação.
Enquanto as pesquisas estão paralisadas, os geólogos sustentam que a reserva está hoje ocupada por garimpeiros ilegais que não seguem qualquer legislação ambiental, enquanto a mineração feita por empresas estaria sujeita a uma série de regras que mitigam seu impacto. Segundo estimativa do instituto Imazon, a partir dos voos que partem de Laranjal do Jari (AP), cerca de 2 mil garimpeiros atuariam na Renca hoje.
"A Renca não é o paraíso de Adão e Eva intocável. É uma região onde está havendo garimpagem violenta sem respeito à lei, aos padrões de exploração mineral avançados e sem recolher impostos", afirma o geólogo Onildo Marini, professor aposentado da UnB e hoje diretor-executivo da Agência para o Desenvolvimento Tecnológico da Indústria Mineral Brasileira (Adimb). 

Mineração x outras atividades

Os geólogos ouvidos pela BBC Brasil dizem também que a presença de mineradoras na Amazônia coíbe o avanço de outras atividades de maior impacto, como agropecuária e extração de madeira. Assim como o governo tem feito, eles citam o exemplo da exploração de minério de ferro em Carajás, pela Vale.
Em parceria com o ICMBio, órgão de conservação ambiental do governo, a mineradora banca a preservação de cinco unidades de conservação no entorno da mina. Elas somam cerca de 7,6 mil quilômetros quadrados (cinco vezes a cidade de São Paulo), dos quais a operação da Vale ocupa menos de 2%.
Imagens de satélite mostram que nos últimos 40 anos a área ao redor dessas cinco unidades foi intensamente devastada por madeireiros e pela agropecuária. Ambientalistas, porém, consideram que a atividade mineradora acabou atraindo população para a região, indiretamente provocando o desenvolvimento dessas atividades mais predatórias.
Imagens de satélite do Google de área protegida da Vale: Área protegida pela Vale em parceria com o governo está preservada, enquanto todo o em torno fora dessa área foi devastado | Foto: Google© BBC Área protegida pela Vale em parceria com o governo está preservada, enquanto todo o em torno fora dessa área foi devastado | Foto: Google
"No caso da Renca, virou uma histeria por uma grande desinformação. Qualquer área do Brasil em que a mineração acontece tem um impacto, não se pode negar isso. Mas o impacto é pontual, muito menor que a agricultura. Sou suspeito, pois sou geólogo, mas falo com conhecimento de causa", afirma Claudio Gerheim Porto, professor do departamento de Geologia da UFRJ.
Insuspeito, o jornalista Lúcio Flávio Pinto, referência na cobertura da Amazônia e na denúncia de ilegalidades de grandes empresas na região, concorda com a maioria das críticas feitas pelos geólogos e defende a extinção da Renca.
Ele é crítico de Carajás pelo fato de a maior parte da produção ser exportada como matéria bruta, em vez de ser processada em aço no país, o que geraria mais riqueza. Considera, porém, que a operação da Vale de fato gerou preservação.
"Eu combato Carajás porque é um projeto colonial, mas, se não fosse Carajás, não teria mais floresta nesta área. As pessoas (que estão criticando o fim da Renca) ou estão de boa intenção enganadas, ou com excesso de boa intenção, ou têm má-fé", afirmou à BBC Brasil.
O jornalista defende que a área seja aberta para mineração e que as empresas paguem taxas para bancar a conservação das reservas florestais e indígenas.
Michel Temer: Temer minimizou polêmica sobre reserva: 'De uma singeleza ímpar' | Foto: Isac Nóbrega/PR© BBC Temer minimizou polêmica sobre reserva: 'De uma singeleza ímpar' | Foto: Isac Nóbrega/PR
"Há risco de impacto ambiental (com a mineração) na Renca? Sim, toda vez que você adensa a população (na área devido a uma nova atividade econômica), aumenta o risco de impacto, mas é muito mais fácil você prevenir e controlar com a mineradora do que com garimpeiro, com soja, com madeireiro, com assentamento rural", disse.
Protestos contra o fim da reserva: Governo enfrentou duras críticas após decreto de extinção da Renca | Foto: José Cruz/Agência Brasil© BBC Governo enfrentou duras críticas após decreto de extinção da Renca | Foto: José Cruz/Agência Brasil
Apesar disso, Pinto reconhece que a forte reação da sociedade acabou tendo efeitos positivos.
Após as críticas, Temer revogou o primeiro decreto e publicou um novo prevendo a criação do Comitê de Acompanhamento das Áreas Ambientais da Extinta Renca, que será consultado sobre a concessão de outorgas para a exploração mineral na área. O órgão terá representantes de ministérios, Funai, Agência Nacional de Mineração e dos governos do Amapá e do Pará.
Ele comemorou a iniciativa, "inédita, uma grande vitória", mas apontou a necessidade de que o comitê tenha também a participação do Ministério Público e da sociedade civil, para que possa atuar com isenção.
Renca: Extinção de reserva foi promovida sem consulta ao Congresso e à sociedade civil | Foto: WWF-Brasil/Zig Koch© BBC Extinção de reserva foi promovida sem consulta ao Congresso e à sociedade civil | Foto: WWF-Brasil/Zig Koch

'Gota d'água'

Adriana Ramos, coordenadora de Política e Direito do Instituto Socioambiental (ISA), rebate as críticas aos que se opuseram ao fim da Renca - e aponta riscos ambientais caso isso se confirme.
Ela nota que a extinção da reserva mineral vem acompanhada de outras propostas do governo, como flexibilização do licenciamento ambiental, regulamentação da mineração em terra indígena e redução de unidades de preservação como a Floresta Nacional do Jamanxim, no Pará.
Amazônia: Governo federal reabriu a área na Amazônia para a exploração mineral© AFP Governo federal reabriu a área na Amazônia para a exploração mineral
"A revogação da Renca foi uma gota d'água. Ela pegou uma sociedade insegura, preocupada e vendo uma movimentação absolutamente errática do governo em relação à conservação da Amazônia como um todo", afirma.
"A preocupação é com o conjunto da obra. Se o Congresso aprovar as mudanças do licenciamento ambiental nos termos que o governo negociou com diferentes setores, vai retirar uma série de salvaguardas importantíssimas que teriam que ser cumpridas pela mineração", reforça.
Ramos também considera que não há garantia de que a presença das mineradoras vai coibir o garimpo ilegal e teme que os garimpeiros acabem migrando para outras áreas de preservação. Ele cita também o desastre ambiental de Mariana, devido ao rompimento da barragem de rejeitos de uma mineradora da Vale, para argumentar que a fiscalização sobre as empresas é falha.
A coordenadora do ISA defende o desenvolvimento de atividades que não impliquem em qualquer desmatamento, como manejo florestal e extrativismo vegetal (óleos, seringa, castanha, etc.).
"O maior patrimônio da Amazônia é ser a maior área de floresta tropical contínua do planeta. Qualquer opção que signifique retirada da floresta não deveria ser a nossa primeira opção", defende. 

'Infantilidade'

Os geólogos ironizam a proposta: "A Amazônia intocável é uma infantilidade, não melhora a vida do povo amazônico, nem traz recursos para o país como um todo. Se olhar a nossa balança comercial, o que está salvando o Brasil é a agricultura e a mineração", afirma Marini.
"Essa é a perspectiva que queremos para a população amazônica? Viver de salário mínimo, catando castanha, retirando borracha? Um país com 13 milhões de desempregados não pode se dar ao luxo de bloquear uma atividade como a mineração, que com um dano mínimo gera alto valor", crítica também Elmer Prata Salomão, dono da consultoria Geos e presidente do conselho consultivo da Associação Brasileira das Empresas de Pesquisa Mineral.
Com um cálculo que publicou no livro Recursos Minerais no Brasil: problemas e desafios junto com o geólogo Tadeu Veiga, ele busca fundamentar seu argumento.
A partir dos números do Departamento Nacional de Produção Mineral - que apontam que em 2013 foram extraídas 175 milhões de toneladas de minérios diversos na Amazônia, no valor de US$ 14,7 bilhões - os dois calculam que a atividade naquele ano gerou US$ 26,6 milhões de dólares por hectare lavrado.
Para chegar nesse cálculo, eles estimaram que as 175 milhões de toneladas de minérios extraídas implicaram na remoção de 566 milhões toneladas de solos e rochas. Isso, segundo eles, caberia em um buraco com superfície equivalente a uma "pequena fazenda" de 554 hectares (um terço da cidade de São Paulo) e profundidade de 50 metros (um prédio de pouco mais de 15 andares).
"Apenas para comparação, a produtividade da soja na região Norte é de 3 toneladas por hectare. A cotação em 2013 oscilava em torno de US$ 420 por tonelada. A receita do agronegócio alcançaria então US$ 1.260 por hectare, muito menor do que a receita média proporcionada pelas jazidas em lavra", comparam no artigo.
A coordenadora do ISA responde à ironia: "As populações que são da Amazônia vivem de coletar castanha. Tem comunidade que vende castanha para o pão da Wickbold, tem comunidade que vende óleos para os produtos da Natura. Isso é uma economia de base florestal, sustentável e que atende a inclusão social das comunidades locais, que não são geólogos para trabalhar na mineração".
Lúcio Pinto ressalta que as cidades do Pará impactadas pela mineração são as que têm maior renda per capita do Estado e também as prefeituras com maior receita - mas, por causa da corrupção e da má administração, persistem problemas graves em saúde, moradia e saneamento, observa.

Fonte:  BBC

Terra está na 'linha de tiro' de 16 estrelas   

Terra está na 'linha de tiro' de 16 estrelas   
Astrônomos calculam as chances de outras estrelas lançarem meteoros em nossa direção: Oi. Você vem sempre aqui?© NASA Oi. Você vem sempre aqui? Do ponto de vista estritamente científico, a posição de Saturno em relação à Terra no momento em que você nasceu não é capaz de afetar sua personalidade. Mil desculpas, astrologia.
Mas, se serve de consolo, há outro astro – esse bem distante do Sistema Solar – que tem muito potencial para influenciar a vida de nós, terráqueos, em um futuro bem distante. Não por meio de alterações sutis na suas qualidades e defeitos, que fique claro, mas pelo fato de que ele talvez arremesse um asteroide em direção à Terra.
Estamos falando da estrela Gliese 710 , que passará a 0,25 anos-luz de nós daqui 1,35 milhões de anos. Calma, isso pode até ser perto do ponto de vista cósmico, mas ainda é bem longe na escala humana. Gliese definitivamente não se chocará conosco.
O problema é outro. Uma hipótese bem aceita por astrônomos é a de que o Sistema Solar seja rodeado por uma enorme e dispersa nuvem de pequenos pedregulhos gelados: a nuvem de Oort. Caso essa nuvem realmente exista, ela estará justamente no caminho de Gliese 170 conforme ela se aproximar.
Uma estrela como essa, com 60% da massa do Sol, exerce grande atração gravitacional. Mais do que o suficiente para alterar a rota dos asteroides da hipotética nuvem de Oort, lançando-os contra a parte mais interna do Sistema Solar (e aumentando muito, por tabela, as chances de que a Terra seja atingida).
Gliese 170 é a que passará mais perto, mas não é a única. Até a ainda distante data de sua chegada, 16 estrelas passarão a no mínimo 2 parsecs (6 anos-luz) da Terra. Essa distância, apesar de um pouco mais segura, já é suficiente para alterar a trajetória dos objetos da nuvem de Oort – o risco diminui, mas não passa.
Sabemos isso graças a Coryn Bailer-Jones, pesquisador do Instituto Max Plank em Heidelberg, na Alemanha. Em um artigo publicado na última quinta (31), ele usa informações coletadas pelo telescópio espacial Gaia, da Agência Espacial Europeia (ESA), para fazer os cálculos mais precisos disponíveis sobre a futura aproximação de outros astros.
A preocupação não é exagero. É claro que um “encontro” com outra estrela não é garantia de que seremos atingidos. Só um fenômeno que, em seu auge, aumenta (muito) esse risco. Como a nuvem de Oort provavelmente se estende por até 200 mil vezes a distância entre a Terra e Sol, seus asteroides estão ligados ao Sistema Solar por um frio de gravidade muito tênue, o que os torna facilmente influenciáveis por outro astro de grande porte. Segundo Bailer-Jones, com cálculos precisos o suficiente, seria possível calcular qual era a posição das estrelas mais próximas de nós há 60 milhões de anos, quando os dinossauros foram extintos – e, quem sabe, descobrir que uma delas arremessou o bólido que atingiu a península de Yucatán naquela época.
A antecipação é chave para conseguirmos nos defender de impactos como esses. “ Hoje não há, aparentemente, nada em órbita que possa atingir a Terra. Essa é a notícia boa”, explicou à SUPER Lindley Johnson, oficial de defesa planetária da NASA, em julho. “A ruim é que nós só enxergamos 30% dos asteroides. Há muita coisa lá fora, mas, felizmente, o espaço é um lugar muito grande também.”

Fonte:  Super

Garimpos de topázio imperial no Alto Maracujá, Sub-bacia do rio das Velhas, MG  

RESUMO
Esse estudo apresenta um diagnóstico dos garimpos de topázio imperial na cabeceira do rio Maracujá, denominada Alto Maracujá, em Cachoeira do Campo, distrito de Ouro Preto, Minas Gerais. Há muitos anos atuante na região, o garimpo é acusado de afetar seriamente a infra-estrutura e o meio ambiente da região, com destaque para os impactos na drenagem e nas matas ciliares. Para realização do diagnóstico ambiental da atividade garimpeira na região, utilizaram-se técnicas de avaliação de impacto ambiental, visitas a campo, entrevistas, levantamento da literatura técnica e histórica da região e localização dos garimpos via GPS. O estudo apresenta os efeitos no meio ambiente e infra-estrutura, bem como a interação sócio-econômica da atividade na região.
Palavras-chave: topázio imperial, garimpos, avaliação de impacto.

ABSTRACT
This study presents a diagnosis of the imperial topaz artisanal mining (garimpo) at the head of Maracujá river, called high Maracujá, Cachoeira do Campo, district of Ouro Preto, Minas Gerais. Operating in this region for a long time, the garimpo is accused of seriously affecting the infrastructure and the environment of the region with emphasis on natural drainage and levee's forest impacts. To conduct the environmental diagnosis of the garimpos activity in the region it was used environmental assessment techniques, field trips, interviews, historic literature research and GPS survey of the garimpos. This study presents the effects on the environment and infrastructure as well as the socioeconomic interaction of this activity in the region.
Keywords: Imperial topaz, artisanal mining, environmental assessment techniques.



1. Introdução

Segundo Miranda et al. (1997), a atividade garimpeira é uma forma muito antiga de extração mineral. Provavelmente remonta ao século XV através do avanço dos europeus sobre terras desconhecidas como aconteceu no continente americano. Essa atividade pode ser considerada uma modalidade marginal à mineração, encarada pela sociedade como símbolo de desorganização, violência, insegurança, insalubridade, problemas sociais, degradação ambiental e a total falta de técnica para a explotação dos bens minerais. Os garimpos trazem sérios danos ao meio ambiente (IBRAM, 1992).


2. Material e métodos

A metodologia utilizada para a realização desse trabalho consistiu em observações de campo, análise de documentos, levantamento de bibliografia técnica e histórica, depoimentos de pessoas ligadas direta ou indiretamente ao garimpo, entre outros expedientes que se fizeram necessários para melhor avaliação do problema.


3. Resultados
3.1 O topázio imperial
O topázio imperial é o principal objetivo da atividade garimpeira do Alto Maracujá. Trata-se de uma gema rara no mundo, de alto valor econômico, atualmente encontrada somente na região de Ouro Preto (Gandini, 1994). Castañeda et al. (2001) afirma que o topázio imperial foi descoberto por volta de 1772, no local denominado Morro de Saramenha, em Ouro Preto. Com o passar do tempo, a extração dessa gema foi evoluindo e diversos depósitos vêm sendo trabalhados dentro dessa região como as minas do Vermelhão em Saramenha e a do Capão do Lana (maior em produtividade e totalmente mecanizada), em Rodrigo Silva (Sauer et al., 1996). Outras áreas de ocorrência do topázio imperial se caracterizam pela presença de pequenos garimpos de aluvião, grande parte deles, ilegais. A Figura 1
mostra a localização das ocorrências e locais de extração de topázio imperial.
3.2 O Rio Maracujá
O rio Maracujá é afluente da margem esquerda do rio das Velhas, um dos principais afluentes do rio São Francisco. Formado pelos córregos Cipó, Arranchador e Caxambu, o Maracujá banha o maior distrito de Ouro Preto, Cachoeira do Campo. Trata-se de um rio de extrema importância para a região, dotado de grande valor histórico e físico, como atesta Ramos ([ 196_ ]).
3.3 Atividade garimpeira no Alto Maracujá
A atividade de mineração está muito presente no Alto Maracujá com os garimpos de topázio imperial. Pequenas empresas extrativas legais e garimpos individuais ilegais se estabeleceram no local, principalmente, a partir da década de 70 do século XX, quando houve uma intensificação dos garimpos de topázio na região de Ouro Preto.
3.4 Garimpos clandestinos
Os garimpos clandestinos ou manuais de topázio imperial podem ser divididos em dois tipos específicos: o garimpo de margem e o de leito. Entretanto, na maioria das vezes, esses tipos se confundem no campo. A seguir são descritos os diversos tipos identificados durante esse estudo.
3.4.1 Garimpo de margem
A Figura 2 mostra um esquema de um garimpo de margem. Primeiramente há o desmatamento para a retirada da camada de solo orgânico. Seqüencialmente, o decapeamento culmina com a remoção dos horizontes superficiais do solo, de modo a dar ao garimpeiro acesso às camadas mineralizadas e preparar a área para a lavra em profundidade. O decapeamento pode ser desenvolvido por meio de enxadas, enxadões e picaretas.

 
 
A abertura da frente de lavra é a fase posterior ao decapeamento, onde os garimpeiros procuram, conforme a necessidade, expandir horizontal e verticalmente sua área de atuação, escavando horizontes mais profundos de solo e as camadas mineralizadas denominadas cascalho. Essas camadas, mais resistentes ao avanço da lavra, são formadas pelas rochas com veios de quartzo onde há a ocorrência do topázio imperial. A profundidade das escavações, tomando-se como nível de referência o topo do horizonte A do solo, varia muito, podendo atingir de 2 a 7 metros em média. Os cortes são abertos em taludes de 90 graus ou taludes irregulares negativos. As ferramentas utilizadas nas aberturas das frentes de lavra são picaretas, enxadas, enxadões e a inusitada enxada-pá (cabo de enxada e na extremidade uma pá disposta em ângulo de 90 graus com o cabo). A Figura 3 ilustra uma frente de lavra na margem do córrego Cipó.

 
 
Para a retirada da água que se acumula nas frentes de lavra devido à proximidade do lençol freático, os garimpeiros usam, como subterfúgio, longas mangueiras de 10, 20 metros ou mais de comprimento com diâmetros de 1" e 1,5", estendidas em direção à jusante do córrego Cipó, para sugar a água da abertura produzida.
O cascalho mineralizado é retirado das frentes de lavra e transportado até as margens do córrego por meio de carrinhos de mão ou latas ou galões de plástico. Para a lavagem do cascalho, o garimpeiro se vale de uma peneira de pedreiro ou uma maior, construída por ele próprio com a finalidade de facilitar a cata do topázio imperial.
3.4.2 Garimpo de leito
Esse tipo de garimpo é executado diretamente no leito do córrego ou próximo à margem desse. A Figura 4 mostra a configuração de um garimpo de leito. Desconsiderando o desmatamento e o decapeamento, basicamente comporta as mesmas operações realizadas nos de margem. Tem como diferencial o maior volume de água acumulado nas frentes de lavra e a instabilidade dos taludes escavados no leito do córrego. A Figura 5 mostra uma frente de lavra no leito do córrego Cipó, no Alto Cipó.

 
 

 
 
Em outra forma de garimpo de leito são utilizadas dragas para aumentar o rendimento da produção. A Figura 6 ilustra como é feito o trabalho de dragagem. O cascalho, juntamente com lama e água, é dragado da área de escavação e jogado contra a superfície de uma peneira. O garimpeiro realiza a cata do topázio na superfície da peneira. A Figura 7 mostra uma frente de lavra no Alto Cipó com uso de draga abandonada temporariamente.






4. Discussão
4.1 Impactos ambientais
As operações que constituem um garimpo de topázio imperial trazem uma série de impactos para o ambiente de entorno. O desmatamento, o decapeamento e a abertura das frentes de lavra destroem ou alteram a diversidade da mata ciliar e interferem na fauna local. Além disso, o decapeamento e a abertura de frentes de lavra elevam os impactos negativos na drenagem do córrego Cipó a níveis preocupantes em escala local e regional. Pilhas de estéril ficam expostas à ação do escoamento superficial e ao transporte de sólidos sedimentáveis. Principalmente, no período das cheias, ocorre o deslocamento dos sólidos rumo à jusante do Cipó, acarretando um alto grau de assoreamento deste, como pode ser verificado na Figura 8.

 
 
Quando a lavra do topázio imperial é realizada por dragagem, a geração de sólidos sedimentáveis torna a operação extremamente danosa ao córrego Cipó, devido ao aumento expressivo do nível de turbidez das águas deste. Nota-se, também, uma contribuição considerável desse processo no assoreamento à jusante.
O esgotamento das águas acumuladas nas frentes de lavra, se feito por mangueiras, causa apenas impacto visual. Porém, se realizado com o auxílio de pequenas dragas, causa impactos imediatos ao curso d'água, devido ao aumento da turbidez deste.
Na lavagem do cascalho, a contaminação do curso d'água se dá pelo passante da peneira onde todo o material é manipulado, aumentando a concentração de finos e, conseqüentemente, o nível de turbidez das águas do córrego Cipó. Quando o garimpeiro se vale da construção de barramentos para o represamento das águas do córrego para posterior lavagem do cascalho, isto resulta na interferência do fluxo normal das águas e no impacto visual negativo.
A cata do topázio permite a formação de pilhas de rejeito compostas pelo descarte do cascalho, que contribuem para o assoreamento do córrego no período chuvoso. Seqüências de pilhas ao longo do leito do córrego interferem no fluxo normal de suas águas, na sua morfologia e contribuem para o impacto visual negativo no local.
O abandono temporário das frentes de lavra, seja na margem ou leito do córrego, é uma das ações mais freqüentemente efetuadas pelos garimpeiros. Em geral, costuma-se associar essa prática ao insucesso da lavra ou tática do garimpeiro para escapar da fiscalização ambiental. Os constantes abandonos e retomadas de frentes de lavra impedem a recuperação natural do local afetado.
4.2 Questões sociais, de saúde e de segurança
Além dos impactos diretos e indiretos ao meio ambiente, questões voltadas ao próprio garimpeiro e sua relação com a atividade e o entorno foram consideradas nesse estudo. Esse tipo de atividade predispõe o trabalhador a constantes ameaças à sua integridade física, tais como doenças ocupacionais, desmoronamentos, traumas, quedas, etc. Risco maior é exposto àqueles indivíduos não garimpeiros que circulam desavisados pelo local.
Conflitos entre garimpeiros e entre estes e indivíduos externos ao garimpo são freqüentes, em alguns casos, resultando em morte. Em muitos momentos, tensões com donos de terras ou órgãos fiscalizadores desencadeiam situações desagradáveis a ambas as partes, levando o local a um estado crítico.
Ameaças a obras civis na região também são fatos reais devido ao volume de impactos gerados nos garimpos de topázio imperial. São comuns erosões em estradas que tangenciam o córrego Cipó geradas a partir de desvios deste. O volume de sólidos sedimentáveis acarreta problemas de ordem estrutural em galerias, pontes e pequenos barramentos de sitiantes locais. Impacto de maior destaque se constitui na degradação da qualidade da água que abastece uma população de cerca de 6000 habitantes, comprometendo a eficiência da estação de tratamento de água de Cachoeira do Campo.
 
5. Conclusões
As atuais condições do garimpo de topázio imperial no Alto Maracujá comprometem o ecossistema da região e a infra-estrutura pública. Caso não ocorra uma organização da atividade sob a forma de cooperativa ou associação, torna-se impossível solucionar o problema e recomenda-se a paralisação imediata do garimpo.
Não há estudo que comprove a dependência econômica da atividade por todos os garimpeiros que atuam na região. Sabe-se que muitos são esporádicos e se beneficiam do garimpo como um instrumento de renda extra. Entretanto, outros têm, nessa prática extrativista, o sustento de suas famílias, já que a atual conjuntura econômica do país não oferece melhor sorte aos mesmos. Isto torna o problema ainda mais complexo. Saber avaliar o ponto exato de equilíbrio entre a necessidade humana de sobrevivência e a preservação ambiental é um desafio proposto a toda sociedade.

Fonte: DNPM

'Riquezas do Piauí' mostra a beleza e o potencial econômico da opala

'Riquezas do Piauí' mostra a beleza e o potencial econômico da opala

Extração da pedra movimentou mais de R$ 3 milhões na economia de Pedro II.
Apenas na Austrália e Pedro II tem as pedras com qualidade excepcional.

Do G1 PI
O capítulo da série especial "Riquezas do Piauí" exibido pelo Bom Dia Piauí mostrou a beleza e o potencial econômico da opala, pedra extraída em Pedro II, no Norte do estado. A área rica em opala na cidade corresponde a 10 km. Em 2015, a extração da pedra movimentou mais de R$ 3 milhões na economia do município. Parte desse dinheiro vem da produção de joias.

No ano passado, a cidade vendeu 400 quilos de joias com opala. As peças são produzidas de forma artesanal, mas com muito capricho. Apenas 20 % da opala produzida no mundo é nobre. Somente a Austrália e o Brasil têm essas pedras com qualidade excepcional. Os dois países disputam o mercado.

Historiadores contam que a primeira pedra preciosa surgiu em 1930 e foi achada por um  homem conhecido como Simão. Ele estava fazendo a colheita da mandioca e ficou surpreso com a luminosidade da pedra. Simão levou a pedra para Teresina para que fosse analisada. Um engenheiro confirmou que a pedra era semipreciosa.

As pedras de Pedro II são extraídas de dentro de uma serra. A terra aparentemente sem vida e sem cor é alvo de olhares atentos dos garimpeiros que estão em busca de um tesouro.

Para o garimpeiro Márcio da Silva, encontrar uma pedra de opala é muita sorte. "Ás vezes, a gente passa semanas cavando em busca da pedra. Às vezes encontramos fácil e em outras nem tanto", contou.

Se dedicar ao garimpo é um trabalho árduo, pois o garimpeiro pode se cultivar toneladas de pedras que podem não ter um grama de opala ou pode se ter mais do que se possa imaginar. Os trabalhadores peneiram aquilo que pode render e jogam fora o material que não será usado.

O garimpeiro Francisco dos Santos explica que através da água ele consegue distinguir o tipo de pedra. "A opala não se mistura com água quando está dentro do liquido, ela mostra sua qualidade e brilho”, comentou.
Opala extraída em Pedro II é o principal motor para desenvolvimento econômico  (Foto: Reprodução/TV Clube)Opala extraída em Pedro II é o principal motor para desenvolvimento econômico (Foto: Reprodução/TV Clube)


Em dois dias de trabalho, Francisco consegue geralmente R$ 400. Ele agradece pelo trabalho porque é através dele que consegue sustentar sua família. "Não preciso trabalhar para ninguém. Eu mesmo consigo me sustentar".

Além de Francisco, outros 500 garimpeiros sustentam a família através da extração da opala.

Fonte: G1

MINA DE GONGO SOCO- MINAS GERAIS

MINA DE GONGO SOCO- MINAS GERAIS
A mina de Gongo Soco teve seu início no século XIX, durante o ciclo do ouro, da chegada dos ingleses e mecanização das minas no Brasil. Entre os anos de 1824 e 1856. É uma mina de minério de ferro localizada no município de Barão de Cocais, Minas Gerais. Atualmente é explorada pela Companhia Vale e foi encerrada as atividades em abril de 2016.



  
Gongo Soco tornou-se mundialmente conhecida pela alta tecnologia aplicada para a época, com extração subterrânea e auge de produção de 12.887 kg de ouro. Este período foi marcado pela forte presença de capitais de companhias inglesas em Minas Gerais, sendo que a mina de Gongo Soco pertencia à “Imperial Brazilian Mining Association”, companhia de capital e administração inglesa, que se utilizava mão-de-obra escrava em suas atividades mineiras. De acordo com Burton Richard. F. (1821-1890) em seu livro “Viagem do Rio de Janeiro a Morro Velho” tradução de David Jardim Júnior (2001) – Coleção: O Brasil visto por estrangeiros, em seu capítulo XXX (Viagem para Gongo Soco e Fábrica da Ilha), descreve...”separado pela lavagem, sem dificuldade, e purificado com ácido nítrico. Não vale a pena remover todo o corpo do filão, sendo preferível, portanto, o trabalho em galerias subterrâneas. As linhas e veios podem ser acompanhados com picaretas, não se fazendo mister as explosões. O conteúdo fornece um minério de ferro macio e pulverizável que exige pouco trabalho para britagem e pulverização, e o “ouro de linha” assim encontrado é de qualidade superior. Muitas vezes, seguindo os filamentos que se irradiam para todas as direções, vindos de um centro comum, os mineiros encontram um núcleo ou pepita de grande tamanho, mas inferior, em qualidade, ao ouro de linha e perdendo mais na fusão. 
O ouro em Gongo Soco era de 19 a 20 quilates. Alguns descrevem o ouro como amarelo-escuro com paládio, outros dizem que muito tingido pelo ferro e de cor semelhante à do chumbo. Vi algum cor de bronze brilhante e, às vezes, vermelhopardacento, como cobre trabalhado e não polido”. O mesmo autor escreve em sua obra o seguinte trecho: “Naquela mina, porém, o ouro era livre e o furto era enorme.... Conta-se de mineiros que saíam aos domingos levando espingardas cheias de minério furtado, e de latas de biscoito que entravam vazias na mina e, às vezes, saíam levando quinze quilos do precioso pó. Há ainda muito tesouro oculto, e, de vez em quando, os que têm sorte encontram pequenas fortunas em potes e garrafas...”. Ainda, Burton também explica a origem do nome da mina: “Explica-se que Gongo Soco significa: o gongo, ou a campainha, que não toca. Os brasileiros traduzem por: Esconderijo dos Ladrões”.
A mina de Gongo Soco tornou-se célebre por volta de 1830 pelo seu minério aurífero de alto teor. “A Imperial Brazilian Mining Association, lavrou estreitos veios auríferos 65entremeados concordantemente ao minério de ferro brando de alto teor da formação ferrífera Itabira (FFI), paleoproterozóica, do Quadrilátero Ferrífero. Os corpos auríferos, conhecidos como “Jacutinga”, eram compostos de hematita especular, talco, caulinita e óxido de manganês, e lineação de estiramento com caimento para leste” (Raphael, 1996). 
“Os relatos históricos registram que, no ano de 1856, a mina subterrânea de ouro foi inundada e todas as atividades interrompidas, iniciando-se a fase decadente da produção de ouro em Gongo Soco. Poucas décadas depois, o explorador inglês W. J. Henwood divulgou um relatório, enfatizando a riqueza desta região em rochas ferríferas com alto teor aurífero. Pouco se sabe da atividade minerária em Gongo Soco após este período até o ano de 1960, quando a empresa São Carlos Minérios, de capital americano, estudou a formação ferrífera e, em 1967, avaliou as reservas de minério de ferro. Os direitos minerários da São Carlos Minérios foram posteriormente arrendados pela Mineração Socoimex Ltda que iniciou, em 1989, a operação de lavra da mina de Gongo Soco, com a instalação de britagem e peneiramento do minério de ferro” (Innocentini, 2003). A mineração em Gongo Soco é histórica, sendo cronologicamente apresentada da seguinte maneira: 1760 a 1800 – Início da produção de ouro em Gongo Soco com o Barão de Catas Altas; 1800 a 1820 – Entrada do capital inglês no Brasil para produção de ouro; 1824 - Imperial Brazilian Mining Association adquire Gongo Soco; 1871 - W.J. Henwood publica o primeiro trabalho geológico sobre Gongo Soco; 1967 - A São Carlos Company (USA) inicia a pesquisa para minério de ferro; 1986 – O Grupo Santa Inês adquire da São Carlos a mina de Gongo Soco; 1987 – Início da produção de minério de ferro; 1998 – Início das pesquisas para ouro. Em 11/05/2000 - A Vale adquire Gongo Soco do Grupo Santa Inês/Mineração Socoimex; 2001 – Paralização das pesquisas para ouro com focalização para a exploração de minério de ferro. 
A Mina de Gongo Soco presenciou o auge e a decadência da exploração do ouro de aluvião e da mecanização rudimentar da atividade mineradora. No século XIX, viveu seu apogeu, com a mineração aurífera subterrânea, mecanizada e industrializada. Com o declínio do rico mineral, a extração do ouro foi substituída pela do ferro, atividade ainda existente no local. O minério pertence a formação ferrífera Itabira,quadrilátero ferrífero, do período paleoproterozóica
A história começou quando, em 1824, João Baptista Ferreira de Souza Coutinho, o Barão de Catas Altas, vendeu as terras de Gongo Soco para uma empresa Britânica, a Imperial Brazilian Mining Association – primeira empresa de capital estrangeiro a se instalar em Minas Gerais.
Entre os anos de 1826 a 1856, a mina produziu mais de 12 mil quilos de ouro. Em 1856, sua produção, em queda, foi reduzida a apenas 29 quilos, e neste mesmo ano foi abandonada. O conjunto de ruínas do sítio do Gongo Soco era constituído por dois setores distintos: Setor I, considerado o espaço de trabalho da mina propriamente dita, com seu complexo de estruturas industriais; e o Setor II, mais afastado, onde se encontravam as moradias e os equipamentos urbanos que faziam parte da antiga vila.
Uma autêntica vila inglesa, Gongo Soco, segundo o censo, em 1931, possuía 30 casas ao longo de uma extensão de um quilômetro e meio. As edificações eram todas construídas em alvenaria de pedra e barro. Entre as casas ficava o Cemitério dos Ingleses, onde eram enterrados apenas os trabalhadores britânicos. Ali foram encontradas dez lápides com inscrições em inglês e ornamentadas por desenhos apurados. Existem ainda vestígios do que seriam um hospital e duas capelas, sendo uma católica e outra anglicana.
A casa do Barão de Catas Altas – informação sem constatação documental – teria aproximadamente 1.000 m² de área construída, supondo apenas um pavimento. Perto do Setor I, há um forno com chaminé de mais ou menos 5,20 m de altura e 0,60 m de boca. Caminhando pela estrada à direita, vê-se um muro de pedra de quase 60 m de comprimento, terminando num portão em arco, erguido presumivelmente para marcar a passagem dos imperadores Dom Pedro I, no ano de 1831, e Dom Pedro II, em 1881. Atualmente, o arco em ruínas está coberto por uma gameleira. À esquerda, estão localizadas ruínas do que teria sido um vestiário, segundo relatos do viajante Richard Burton.
A origem do nome Gongo Soco é incerta. Segundo uma das versões, quando acontecia roubo na mina, o gongo era tocado, mas ninguém o ouvia. Outra versão diz que um escravo, vindo do Congo, foi encontrado na posição de galinha choca (palavra que teria originado “soco”) cavando escondido um depósito aurífero.
As ruínas, tombadas pelo Iepha/MG em 1995, estão localizadas no município de Barão de Cocais, a 76 quilômetros de Belo Horizonte.

fonte:
www.nugeo.ufop.br /IEPHA. Projeto Ruínas de Gongo Soco