sábado, 2 de dezembro de 2017

Corrida pelo ouro na Amazônia deixa rastro de destruição

Corrida pelo ouro na Amazônia deixa rastro de destruição

Dezenas de milhares de garimpeiros ilegais se lançam na floresta amazônica no Brasil, Peru, Bolívia, Venezuela e Colômbia, na esperança de ficarem ricos

Porto Velho/Guayaramerín, Bolívia – Em uma balsa ilegal de garimpo de ouro na bacia amazônica, um garimpeiro de 22 anos segura uma garrafa de plástico cheia de mercúrio tóxico com as mãos sem nenhuma proteção e diz estar ciente dos perigos do trabalho.
De bermuda, regata e chinelo, ele acende um maçarico e direciona uma chama azul em um pedaço de minério que a balsa retirou do fundo do rio Madeira, no Estado de Rondônia, na fronteira com a Bolívia.
Centenas de balsas semelhantes –fabricadas com madeira compensada, metal e movidas por motor a diesel– cavam os rios da maior floresta tropical do mundo, deixando rastros de destruição por onde passam, de acordo com funcionários do governo.
“Eu sei que isso é um pouco perigoso, mas o que mais eu vou fazer para ganhar a vida aqui?”, disse o jovem garimpeiro, que conversou sob condição de anonimato devido ao seu envolvimento em atividades ilegais. Quando perguntado sobre equipamentos de segurança, ele apenas riu.
Dezenas de milhares de garimpeiros ilegais se lançam na floresta amazônica no Brasil, Peru, Bolívia, Venezuela e Colômbia, na esperança de ficarem ricos.
A corrida pelo ouro tem dizimado partes da floresta amazônica e envenenado pessoas que dependem dos alimentos com mercúrio dos rios e outras toxinas utilizadas no processo de mineração.
A indústria ilícita é alimentada pelo tráfico de pessoas para extrair o ouro e mulheres para trabalhar como prostitutas para os garimpeiros, de acordo com procuradores da Justiça.

Dificuldades

Com bilhões de dólares em jogo e complexas redes de contrabando e lavagem de dinheiro do ouro extraído ilegalmente através das fronteiras, funcionários do governo admitem que têm dificuldades para combater o problema.
“Temos dificuldades imensas”, disse Ranilson Monteiro Câmara, do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), vinculado ao Ministério de Minas e Energia, à Thomson Reuters Foundation, em Porto Velho.
Dezenas de barcos sem registro retiram ouro do rio a apenas 2 quilômetros de seu escritório.
Câmara afirmou que é o único funcionário do DNPM no Estado de Rondônia responsável pelo monitoramento dos garimpeiros e da indústria de bilhões de dólares.
“Os níveis de atividade irregular (de mineração) no rio são altos”, disse Câmara. Funcionários de diversos órgãos estão trabalhando para tentar barrar barcos ilegais, enquanto outros estão sendo registrados formalmente para que possam operar legalmente, segundo Câmara.
Não é tarefa fácil.
Em um determinado ano, garimpeiros ilegais enviaram 40 toneladas de ouro extraído da Amazônia para os Estados Unidos, de acordo com um estudo de 2016 da Verité, órgão de monitoramento com sede em Massachusetts. Esse montante representa quase o dobro das exportações legais de ouro das cinco nações amazônicas cobertas pelo estudo.
Entre 2006 e 2016, 68 toneladas de ouro foram extraídas ilegalmente da Amazônia e contrabandeadas para fora da região através da Bolívia, de acordo com a Global Initiative Against Transnational Organized Crime, um grupo de monitoramento com sede em Genebra, na Suíça.
Garimpeiros ilegais despejam mais de 30 toneladas de mercúrio letal nos rios da Amazônia todos os anos, envenenando peixes e causando danos cerebrais a pessoas que vivem a quilômetros de distância a jusante, de acordo com o Carnegie Amazon Mercury Project, um grupo de estudos científicos dos EUA.

Tentativas de regulação

Os produtores de ouro, por sua vez, dizem que muitos trabalham dentro da lei e são estigmatizados injustamente como bandidos.
“Somos vistos como bandidos pela sociedade, mas na verdade trabalhamos, pagamos impostos e apoiamos a economia local”, disse Fabiano Sena Oliveira, membro sênior de uma cooperativa de produtores de ouro em Rondônia.
Apenas 20 por cento dos garimpeiros operam ilegalmente, disse Oliveira à Thomson Reuters Foundation em uma loja com janelas gradeadas, onde ele compra e vende ouro.
As cooperativas de proprietários de barcos de mineração estão desenvolvendo um trabalho para melhorar o monitoramento ambiental e estimular outros proprietários a legalizar seus barcos e pagar impostos, disse Oliveira, usando uma corrente de ouro.
“No passado, é verdade que os garimpeiros usavam muito mercúrio”, disse Oliveira, mas hoje eles usam muito menos, pois é caro.
Como parte do processo de mineração, o mercúrio é misturado aos sedimentos retirados do fundo do rio. A mistura de mercúrio e sedimento é então aquecida, ajudando a separar o ouro dos outros elementos.
Visitas da Thomson Reuters Foundation a barcos de garimpo, porém, parecem contradizer os comentários de Oliveira.

Vida no barco

Sidney Magrão exerce a atividade de garimpeiro há 35 anos. Ele trabalha em um grande barco de garimpo com um tubo poderoso que suga sedimentos do fundo do rio Madeira. Na sequência, os garimpeiros do barco batem os tapetes usados para reter os sedimentos e separam a sujeira, em busca de pequenas pepitas de ouro.
Magrão começou no garimpo como mergulhador em rios pequenos, com um tubo de mão, e agora é um operador sênior em um barco no valor de 3 milhões de reais.
“Ganhei 23 mil reais no mês passado”, disse. “Um salário alto para um homem da classe trabalhadora na Amazônia”, disse Magrão, de 62 anos, à Thomson Reuters Foundation, enquanto manobrava a alavanca para dirigir o tubo de sucção, com um cigarro na boca.
O barco de dois andares com ruído estrondoso parece ter saído de um filme de ficção científica como “Mad Max” ou “Waterworld”. No segundo andar, há vários quartos com beliches e uma cozinha que funciona em período integral.
Os trabalhadores dizem que o barco está formalmente registrado com as autoridades brasileiras e que emitem nota fiscal sobre todo o ouro retirado, o que significa que eles têm que pagar imposto sobre os seus ganhos.
“Nós somos pagos em ouro”, disse Valda Mendes, de 60 anos, cozinheira do barco, enquanto preparava arroz e bife na brasa para o almoço.

Lavagem de dinheiro

Enquanto alguns barcos obedecem à lei, grande parte do ouro da Amazônia é extraída de áreas onde a mineração é proibida, disse um professor que estuda o comércio ilícito de ouro no Amazonas.
Em outros casos, o ouro é retirado de terras ou águas onde a mineração é permitida, mas depois é contrabandeado do Brasil para a Bolívia para evitar impostos, disse Aurelio Herraiz, professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas.
“Muitos compradores vão nos barcos para comprar ouro… Isso é invisível”, disse Herraiz à Thomson Reuters Foundation. “Não há registro em nenhum lugar.”
Segundo Herraiz, a contaminação por mercúrio é uma das maiores ameaças ambientais do mercado de ouro, e o produto químico tóxico é barato e fácil de ser obtido na vizinha Bolívia.
Funcionários da polícia na fronteira de Rondônia com a Bolívia dizem que é difícil rastrear ouro ilícito e produtos químicos entre diferentes países da Amazônia.
“Como todas as fronteiras, há problemas e questões a serem resolvidos aqui”, disse Heliel Martins, delegado da Polícia Federal em Guajará-Mirim, na fronteira com a Bolívia.
De volta ao barco de mineração ilegal, o garimpeiro de 22 anos abre uma garrafa de plástico de mercúrio antes de derramá-la em uma pepita de ouro.
A dona do barco começou como cozinheira no garimpo há 18 anos e juntou dinheiro para ter sua própria balsa.
“É burocrático e caro registrar o barco”, disse ela, acrescentando que teve que pagar uma multa alta por operar ilegalmente. Para pagar as multas, ela tinha apenas uma fonte de receita: ouro.
* A Society of Environmental Journalists (SEJ) forneceu suporte financeiro de viagem para essa reportagem

Fonte: Exame

Marinha da Argentina faz declaração sobre submarino perdido

Marinha da Argentina faz declaração sobre submarino perdido

Submarino “ARA San Juan” desapareceu há mais de duas semanas com 44 tripulantes a bordo

Buenos Aires- A Marinha da Argentina expressou neste sábado sua “tremenda dor” pela perda dos 44 tripulantes do submarino ARA San Juan, que desapareceu no dia 15 de novembro.
“O ambiente externo, o tempo transcorrido e a falta de qualquer evidência impedem sustentar um cenário compatível com a vida humana”, disse o porta-voz da Marinha, capitão Enrique Balbi.
“Nesse momento de tremenda dor que afeta todos os argentinos, a Marinha reitera categoricamente seu compromisso de continuar com a busca do submarino até esgotar todos os meios ao nosso alcance”, completou o porta-voz.
Além disso, Balbi afirmou que a Marinha seguirá acompanhando os familiares dos tripulantes e auxiliando sem suas necessidades, sem um limite de tempo, nesse momento de dor e perda para todos. EFE
Fonte: Exame

sexta-feira, 1 de dezembro de 2017

‘Cidade’ de garimpo ilegal na Floresta Amazônica movimentava R$ 32 milhões ao mês, diz Exército

Cidade’ de garimpo ilegal na Floresta Amazônica movimentava R$ 32 milhões ao mês, diz Exército


 'Cidade' em meio a selva amazônica foi descoberta durante operação do Exército Brasileiro (Foto: Exército/Divulgação)
‘Cidade’ em meio a selva amazônica foi descoberta durante operação do Exército Brasileiro (Foto: Exército/Divulgação)
A ‘cidade’ de garimpeiros encontrada em plena floresta amazônica na Terra Indígena Yanomami, em Roraima, movimentava cerca de R$ 32 milhões por mês com extração ilegal de ouro. A informação foi divulgada nesta quinta-feira (13) pelo general Gustavo Dutra, responsável pela missão do Exército que achou o garimpo.
O local tinha pelo menos mil habitantes e é considerado pelo Exército como o maior garimpo já encontrado em Roraima. Lá havia mercados, casas e até um salão de beleza improvisado onde a moeda de troca era o ouro. O garimpo foi descoberto no dia 24 de junho, durante a operação Curare VIII.
Garimpo ilegal em região de floresta próximo a fronteira com a Venezuela (Foto: Arte/G1)
Garimpo ilegal em região de floresta próximo a fronteira com a Venezuela (Foto: Arte/G1)
De acordo com o general Dutra, o garimpo irregular ficava na região do alto Mutum, entre as cidades de Amajari e Alto Alegre, quase na fronteira com a Venezuela, no extremo Norte do estado. O local era cercado pela floresta amazônica e as únicas formas de chegar lá eram de barco ou helicóptero.
“Uma viagem de barco de Boa Vista [capital de Roraima] até o local exato do garimpo leva pelo menos dois dias”, explica o general Dutra, comandante da 1ª Brigada de Infantaria de Selva, acrescentando que o garimpo foi descoberto com investigações de inteligência e tecnologia.
Garimpo tinha mercados e até salão de beleza que ofertava serviços como unhas decoradas e em gel (Foto: Exército/Divulgação)
Garimpo tinha mercados e até salão de beleza que ofertava serviços como unhas decoradas e em gel (Foto: Exército/Divulgação)
Segundo estimativa do Exército, a área total do garimpo era de 1,5 quilômetro. Nesse espaço, ficavam distribuídos ‘focos’ para extração de ouro da reserva indígena. A área de degradação causada pela atividade ilegal é de quase um quilômetro quadrado.
“Os garimpeiros estavam ocupando uma extensa faixa de terra no meio da mata. Eles não estavam perto do Rio Uraricoera, porque já sabiam que o Exército patrulhava pelo local”, afirma o general.
Dentre as mil pessoas que viviam no local havia homens e mulheres brasileiros e venezuelanos. Todos deixaram a região pelo rio sem serem presos após a chegada das tropas. Acredita-se que eles viviam há pelo menos quatro meses na região. Não havia comunidades indígenas perto do garimpo.
“Nosso objetivo não era prender ninguém, mas sim desarticular a logística do garimpo. Só nestes 20 dias desde que desativamos o local, eles [garimpeiros] deixaram de ganhar cerca de R$ 20 milhões”, general Dutra, comandante da 1ª Brigada de Infantaria de Selva.
No garimpo, foram apreendidos quase 9 mil litros de combustível, armas, munições, balsas, motores para extração de ouro, geradores de energia, baterias, televisão, computador quadriciclos, motocicleta e telefone satelital. Cerca de 58 gramas de ouro extraído irregularmente da região também foram achadas.
“Não nos iludimos. Sabemos que esses garimpeiros vão se reestruturar em outro local, mas por outro lado nós demos uma baixa muito grande na logística deles. Além disso, vamos continuar pressionando e ainda neste ano faremos a Curare IX”.
Foi durante uma viagem com destino a ‘cidade’ de garimpo que um avião fretado pelo Exército caiu deixando quatro mortos: um piloto da Paramazônia Táxi Aéreo, empresa dona do monomotor, e três servidores do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Uma pessoa sobreviveu.
A operação ‘Curare VIII’ começou no final de junho e terminou nessa quarta-feira (12). De acordo com o Exército, a operação também fez patrulhamento nas faixas de fronteira, bloqueios nas estradas, além de fiscalização e bloqueio nos rios do estado.
Local foi inutilizado para evitar que garimpeiros voltem à região  (Foto: Exército/Divulgação)
Local foi inutilizado para evitar que garimpeiros voltem à região (Foto: Exército/Divulgação)
Participaram da missão profissionais da da Força Aérea Brasileira, Ministério Público Federal, Polícia Federal, Receita Federal do Brasil, Polícia Rodoviária Federal, Ministério Público de Roraima, Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis, Agência Brasileira de Inteligência , Fundação Nacional do Índio, Polícia Militar do Estado de Roraima, Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial, Serviço Social do Comércio, Serviço Social da Indústria, Secretaria de Saúde do Estado de Roraima e Secretaria de Educação do Estado de Roraima.
Operação do Exército encontra garimpo ilegal dentro de reserva indígena em Roraima
Operação do Exército encontra garimpo ilegal dentro de reserva indígena em Roraima
Garimpo ficava dividido em 'focos' no meio da mata (Foto: Exército/Divulgação)
Garimpo ficava dividido em ‘focos’ no meio da mata (Foto: Exército/Divulgação)
Fonte: G1

UMA GEMA RARA MAS NÃO TANTO


UMA GEMA RARA MAS NÃO TANTO

      
            Se você nunca ouviu falar numa pedra preciosa chamada larimar, não se surpreenda.  Ela raramente é vista no Brasil e mesmo nos livros de Gemologia.
            Até hoje essa gema só foi encontrada e, portanto, só é produzida na República Dominicana. Bem, pensará você, isso então explica por que ela é tão pouco conhecida.  Era o que eu pensava também.  Mas, já não penso assim.
            No mês passado, descobri que peças de adorno pessoal feitas com larimar são muito abundantes nos países do Caribe, nas lojas existentes nos navios de turismo que por ali navegam e até mesmo no Havaí, lá do outro lado da América do Norte. Portanto, se a larimar é pouco conhecida por aqui é porque nossos joalheiros e designers de joias ainda não a descobriram.
            Vi muita oferta dessa pedra em Philipsburg (St. Martin), onde uma placa polida de 5 x 3 x 4 cm custa 30 dólares; em San Juan (Porto Rico); Basseterre (São Cristóvão e Nevis) e Labadee (Haiti).
Larimar bruta
            Larimar é uma variedade azul-clara de pectolita. Não é transparente, daí ser usualmente lapidada em cabuchão ou na forma de objetos decorativos.
            A pectolita é um silicato básico de sódio e cál­cio – NaCa2Si3O8(OH) – que forma massas fibrosas compactas, de fibras paralelas ou não, cinzentas ou esbranquiçadas, podendo ser também incolores e rosadas. Ela tem brilho sedoso e costuma ser translúcida. Excetuando a variedade de que falamos acima, raramente é usada como gema.  

Pará pode ganhar mais 25 novas cidades

Pará pode ganhar mais 25 novas cidades



A questão da emancipação de novos municípios voltou ao debate na Assembleia Legislativa na última quarta-feira (29), com o II Encontro Estadual de Líderes Emancipalistas do Pará. O evento foi organizado pela Comissão de Divisão Administrativa do Estado e Assuntos Municipais (CDAEAM) e Federação das Associações de Desenvolvimento Distrital e Municipalista do Estado do Pará (Faddepa).
O encontro foi acompanhado por representantes de prefeituras, associações emancipalistas e vereadores de 10 municípios paraenses. “A União pode criar novos Estados, os municípios podem criar novos distritos, mas os Estados não podem criar novos municípios. Estamos desde 1996 sem fazer emancipações”, avalia o presidente da Faddepa, Antônio Pantoja.
Vontade não falta, tanto que na comissão que trata do tema na Alepa há 54 projetos em tramitação pedindo pela criação de novas cidades. “Nossa estimativa é que pelo menos 25 tenham condições de ser emancipados”, calcula o presidente da comissão, deputado Hilton Aguiar.
LEGISLAÇÃO
Uma das exigências para que os municípios sejam criados é o estudo de viabilidade econômica. Para isso, os deputados estão em acordo sobre a destinação de emendas para o orçamento para garantir recursos.
“Cada deputado vai ceder uma emenda e a Assembleia Legislativa também pode contribuir, contratando uma empresa para realizar os estudos de viabilidade”, antecipa Aguiar.
Também participaram do debate os deputados Tércio Nogueira, Iran Lima, Gesmar Costa, João Chamon, Miro Sanova, Ozório Juvenil e Eraldo Pimenta. Na tribuna, eles confirmaram o apoio à causa. “A criação de novos municípios é benéfica para o Estado. Ninguém perde, todos ganham com a divisão territorial”, afirma o deputado Iran Lima. “Se a legislação ainda não nos permite concluir esses processos, podemos ao menos ouvir a população. Estamos trabalhando para que o plebiscito seja realizado nessas localidades junto com as eleições, em 2018”, conclui Hilton Aguiar.
Fonte: Diário do Pará