domingo, 25 de março de 2018

As turmalinas conhecidas sob a designação ”Paraíba"

As turmalinas conhecidas sob a designação ”Paraíba”, em alusão ao Estado onde foram primeiramente encontradas, causaram furor ao serem introduzidas no mercado internacional de gemas, em 1989, por suas surpreendentes cores até então jamais vistas. A descoberta dos primeiros indícios desta ocorrência deu-se sete anos antes, no município de São José da Batalha.
Estas turmalinas ocorrem em vívidos matizes azuis claros, azuis turquesas, azuis “neon”, azuis esverdeados, azuis-safira, azuis violáceos, verdes azulados e verdes-esmeralda, devidos principalmente aos teores de cobre e manganês presentes, sendo que o primeiro destes elementos jamais havia sido detectado como cromóforo em turmalinas de quaisquer procedências.
A singularidade destas turmalinas cupríferas pode ser atribuída a três fatores: matiz mais atraente, tom mais claro e saturação mais forte do que os usualmente observados em turmalinas azuis e verdes de outras procedências.
Em fevereiro de 1990, durante a tradicional feira de pedras preciosas de Tucson, no Estado do Arizona (EUA), teve início a escalada de preços desta gema. A mística em torno da turmalina da Paraíba havia começado e cresceu extraordinariamente ao longo das mais de duas décadas que se seguiram, convertendo-a na mais valiosa variedade deste grupo de minerais.
A elevada demanda por turmalinas da Paraíba, aliada à escassez de sua produção, estimulou a busca de material de aspecto similar em outros pegmatitos da região, resultando na descoberta das minas Mulungu e Alto dos Quintos, situadas próximas à cidade de Parelhas, no vizinho estado do Rio Grande do Norte. Estas minas passaram a produzir turmalinas cupríferas de qualidade média inferior às da Mina da Batalha, mas igualmente denominadas “Paraíba” no mercado internacional, principalmente por terem sido oferecidas muitas vezes misturadas à produção da Mina da Batalha.
Embora as surpreendentes cores das turmalinas da Paraíba ocorram naturalmente, estima-se que aproximadamente 80% das gemas só as adquiram após tratamento térmico.
Até 2001, as turmalinas cupríferas da Paraíba e do Rio Grande do Norte eram facilmente distinguíveis das turmalinas oriundas de quaisquer outras procedências mediante detecção da presença de cobre com teores anômalos, através de análise química por fluorescência de raios X de energia dispersiva (EDXRF). No entanto, as recentes descobertas de turmalinas cupríferas na Nigéria e em Moçambique acenderam um acalorado debate envolvendo o mercado e os principais laboratórios gemológicos do mundo, em torno da definição do termo “Turmalina da Paraíba”.
Até o ano de 2001, o termo “Turmalina da Paraíba” referia-se à designação comercial das turmalinas da espécie elbaíta, de cores azuis, verdes ou violetas, que contivessem pelo menos 0,1% de CuO e proviessem unicamente do Brasil, precisamente dos estados da Paraíba e do Rio Grande do Norte.
Tudo começou a mudar quando, naquele ano, uma nova fonte de turmalinas cupríferas foi descoberta na Nigéria, na localidade de Ilorin (mina de Edeko), voltando a ocorrer quatro anos mais tarde, em meados de 2005, desta vez em Moçambique, na região de Alto Ligonha, a aproximadamente 100 km ao sudoeste da capital Nampula.
De modo geral, as elbaítas com cobre destes países africanos não possuem cores tão vívidas quanto às das brasileiras, embora os melhores exemplares da Nigéria e de Moçambique se assemelhem aos brasileiros.
O achado destes depósitos africanos ocasionou acalorados debates no mercado e entre laboratórios, uma vez que as gemas de cores azuis a verdes saturadas procedentes da Nigéria e de Moçambique não podem ser diferenciadas das produzidas no Brasil por meio de exames usuais e tampouco por análises químicas semi-quantitativas obtidas pela técnica denominada EDXRF.
Há alguns anos, felizmente, constatou-se ser possível determinar a origem das turmalinas destes 3 países por meio de dados geoquímicos quantitativos de elementos presentes como traços, obtidos por uma técnica analítica conhecida por LA-ICP-MS.
Em fevereiro de 2006, o Comitê de Harmonização de Procedimentos de Laboratórios, que consiste de representantes dos principais laboratórios gemológicos do mundo, decidiu reconsiderar a nomenclatura de turmalina da “Paraíba”, definindo esta valiosa variedade como uma elbaíta de cores azul-néon, azul-violeta, azul esverdeada, verde azulada ou verde-esmeralda, que contenha cobre e manganês e aspecto similar ao material original proveniente da Paraíba, independentemente de sua origem geográfica.
Esta política é consistente com as normas da CIBJO, que consideram a turmalina da Paraíba uma variedade ou designação comercial, e a definem como dotada de cor azul a verde devida ao cobre, sem qualquer menção ao local de origem. 
Por outro lado, como essas turmalinas cupríferas são cotizadas não apenas de acordo com seu aspecto, mas também segundo sua procedência, tem-se estimulado a divulgação, apesar de opcional, de informações sobre sua origem nos documentos emitidos pelos laboratórios de gemologia, caso disponham dos recursos analíticos necessários.
Fonte: CPRM

A ESMERALDA

Mais nobre variedade do mineral berilo, notabiliza-se pela luminosa cor verde-grama, devida aos elementos cromo e vanádio, bem como por sua relativa fragilidade e elevada dureza. Seu nome deriva do sânscritosamârakae deste ao gregosmaragdos.
A esmeralda já era explorada pelos egípcios por volta de dois mil anos antes de Cristo, nas proximidades do Mar Vermelho. Famosas desde a Antiguidade eram também as esmeraldas das minas egípcias de Zabarahque ornavam Cleópatra.
Quimicamente, a esmeralda se constitui de silicato de berílio e alumínio e, em estado bruto, apresenta a forma de um prisma hexagonal.
Em raros casos é inteiramente límpida, apresentando um cenário de inclusões conhecido como jardim das esmeraldas. Procuradas desde a chegada dos portugueses ao Brasil, sobretudo pelas expedições dos bandeirantes ao interior do país nos séculos XVI e XVII, as fontes de esmeraldas de aproveitamento econômico foram encontradas em nosso país somente no século XX.

Os mais belos espécimes de esmeralda do mundo procedem da Colômbia, onde são extraídas de rochas xistosas nas famosas minas de Muzo, Coscuez e Chivor.
Na África, há importantes países produtores, destacando-se principalmente a Zâmbia, 2º produtor mundial, o Zimbabwe e Madagascar.
O Brasil é atualmente o terceiro produtor mundial e as gemas provêm dos Estados de Minas Gerais (Garimpo de Capoeirana, em Nova Era; e Minas deBelmont e Piteiras, em Itabira); Goiás (localidades de Santa Terezinha e Porangaru), Bahia (localidades de Carnaíba e Socotó) e Tocantins.
Historicamente, o tratamento empregado com mais frequência em esmeraldas é o preenchimento de fraturas com óleos ou resinas naturais, com a finalidade de torná-las menos perceptíveis. Atualmente, as resinas artificiais, sobretudo o produto Opticon, têm substituído os tradicionais óleos e resinas naturais.
Esmeraldas obtidas por síntese são comercializadas desde 1956, empregando-se dois diferentes métodos. Elas se diferenciam das esmeraldas naturais principalmente pelas inclusões e/ou estruturas de crescimento.
Fonte: CPRM

O OURO

Este metal é explorado pelo homem há cerca de 6.000 anos, não somente por seu aspecto estético, mas também por suas inigualáveis características, como a elevada resistência ao desgaste e o fato de não oxidar-se. O ouro, emseu estado natural, é extremamente maleável, daí o fato de que sua utilização em joalheria se faz com a adição de determinadas porcentagens de ligas.
O teor do ouro contido numa liga é expresso em quilates, isto é, uma fração de ouro expressa em 24 partes. Assim, uma liga de ouro de 18 quilates (também designada 750) contém 18 partes de ouro, sendo as 6 partes restantes constituídas pelos outros metais que compõem a liga. A adição de cobre, prata e outros elementos em diferentes combinações e proporções faz com que a liga correspondente adquira distintas cores e teores.
Valor do ouro
A ascensão do ouro foi significante para estabilizar a economia global, ditando que cada nação deveria limitar sua moeda corrente emitida à quantia de ouro que continha em reserva. A Grã Bretanha foi a primeira a adotar esse padrão em 1821, seguida em meados de 1870 pelo resto da Europa. O sistema permaneceu desse jeito até o fim da Primeira Guerra Mundial. Depois da guerra, foi permitido a outros países manter reservas de moedas correntes ao invés do ouro. No meio do século 20, o dólar americano já tinha substituído o ouro no comércio internacional.
Ouro Branco
Por motivos óbvios, durante os anos da Primeira Guerra Mundial (1914-1918) houve poucas inovações técnicas no mundo das joias, salvo pela introdução do ouro branco que foi usado como alternativa a outros metais preciosos mais caros, sobretudo devido à restrição do uso da platina. Adicionavam-se outros metais ao ouro puro para mudar sua cor: o ouro branco tinha certa quantidade de prata ou paládio, e o ouro rosa levava cobre.

Fonte: CPRM

O DIAMANTE


As características únicas desta pedra preciosa justificam a origem de seu nome, do grego adamas, significando invencível. Sua extraordinária dureza permite um polimento perfeito que, somado ao brilho adamantino, dispersão e transparência magníficos realçam acentuadamente sua beleza, enquanto sua estabilidade química contribui para torná-lo a gema de maior durabilidade dentre todas.

Constituído de carbono cristalizado e dotado de grande simbolismo amoroso, o diamante é mais comumente incolor a levemente amarelado ou amarronzado, embora possa ocorrer naturalmente em muitas outras cores.

Sabe-se que eles se formam sob condições termodinâmicas restritas, à pressões e temperaturas muito elevadas, que somente existem a profundidades superiores a 150 Km.



Amostra de diamantes em suas diversas cores naturais.
Amostra de diamantes em suas diversas cores naturais.

Os diamantes foram descobertos no Brasil no ano de 1714, na região do antigo Arraial do Tejuco, hoje Diamantina. Até esta data, Índia e Bornéu eram os únicos países produtores desta gema. Durante mais de 150 anos, o Brasil foi o maior produtor mundial, até a descoberta de diamantes na África do Sul, em 1866, pela primeira vez em uma fonte primária, a rocha matriz denominada kimberlito, alterando completamente o panorama mundial.













Atualmente, os diamantes ocorrem em todos os continentes, destacando-se a África e, entre os países, Botswana, Rússia, Canadá, Angola, República do Congo, África do Sul e Namíbia.
Diamante 6
O Brasil, que voltou a apresentar grande potencial diamantífero em termos de reservas, atualmente detém menos de 1% da produção mundial, concentrada nos Estados de Mato Grosso, Rondônia, Minas Gerais, Roraima e Bahia.











Os diamantes lapidados são internacionalmente classificados considerando-se conjuntamente os fatores cor, pureza, peso e lapidação, que correspondem aos 4 “Cs” do inglês: color, clarity, carat (quilate, a unidade de peso dos diamantes) e cut, respectivamente.

Estes parâmetros de graduação refletem, entre outros aspectos, a raridade de certas características, além das preferências dos consumidores averiguadas durante centenas de anos pelos negociantes, mas não necessariamente estão relacionados à beleza.

A classificação de cor dos diamantes lapidados está baseada no grau de saturação da cor amarela e é realizada por comparação com padrões de cor de diamantes, sob iluminação artificial padronizada.

A pureza de um diamante, por sua vez, é determinada empregando-se, por convenção, um aumento de dez vezes sob iluminação adequada, classificando-o em um dos 11 graus existentes, cada qual com sua própria terminologia e significado, enquanto a qualidade da lapidação é determinada considerando-se conjuntamente as proporções, a simetria e o polimento da pedra.
Pg 338 - Ft 618


A Evolução da Lapidação do Diamante

As primeiras evidências do conhecimento do diamante pelo Homem remontam ao século 4 antes de Cristo. Durante muito tempo, supôs-se que os diamantes possuíam poderes mágicos e, em razão disso, eram utilizados como talismãs. Acredita-se que seu uso como adorno, na forma natural de octaedro, iniciou-se apenas no século XI. A partir do início do século XIV, as tentativas de se trabalhar diamantes tornam-se mais eficazes. Na época, o que se fazia era um polimento bastante rudimentar das faces naturais das gemas. Constatou-se também que as extremidades pontudas dos octaedros poderiam ser desgastadas, fazendo com que fossem pouco a pouco rebaixadas. A superfície resultante, uma faceta, era então rusticamente polida, de forma que o diamante adquiria algum brilho.

Os locais por onde se difundiu a arte de se lapidar diamantes estão intimamente associados às rotas comerciais que ligavam Oriente e Ocidente. Sabe-se que no início do século XIV já haviam lapidadores de diamantes estabelecidos em Veneza, muito possivelmente oriundos do Oriente, possivelmente da Índia. Mais tarde, este ofício difundiu-se pela Alemanha (Nuremberg), Bélgica (Bruges e Antuérpia), e outros países da Europa.

Foram criados os estilos de lapidação denominados “mesa” e “rosa”, que ainda possuíam um número reduzido de facetas, mas que já emprestavam mais brilho e vida aos diamantes. Mais tarde, foi introduzida a simetria das facetas e, em meados do século XVII, foi descoberta a possibilidade de serrar diamantes. È desta época o talhe conhecido como “Mazarin”, enquanto no final do mesmo século deu-se o advento do corte “Peruzzi”, já com 58 facetas e forma aproximadamente quadrada. No século XIX predominam algumas variações do talhe Peruzzi e a criação dos estilos “Lisboa”, “Brasil”, “Européia Antiga”.e “Old Mine” que mais tarde evoluiriam até a lapidação brilhante.

Este estilo de lapidação foi desenvolvido especificamente para o diamante, embora eventualmente seja utilizado também em outras gemas. Por definição, todo brilhante apresenta 57 facetas, sendo 33 na coroa (parte superior) e 24 no pavilhão (parte inferior).

Não há um único inventor desta talha, também conhecida como Amsterdam, cujo desenvolvimento levou muitos anos até alcançar seu estágio atual e definitivo, embora se atribua ao italiano Vicenzo Peruzzi o início de sua invenção, por volta de l700.

Até o início do século XX, no entanto, o desenvolvimento dos estilos e formas de lapidação era apenas empírico. Somente por volta de 1910, passou-se, por meio de cálculos teóricos, a levar em consideração as características físicas e ópticas do diamante, assim determinando as proporções e a simetria que idealmente deveria ter a gema lapidada para que alcançasse o melhor efeito visual possível.

A forma redonda é a mais comum para a lapidação brilhante e foi desenvolvida com o intuito de maximizar a quantidade de luz que retorna à superfície após refletir-se nas facetas posteriores da gema.

O termo brilhante, sem qualquer descrição adicional, deve ser aplicado somente para diamantes redondos com lapidação brilhante. Além da forma redonda, clássica, o brilhante pode adotar, entre outras, as formas de gota (ou pêra), navete (ou marquise), oval e coração.

Em peças de joalheria antigas são frequentes, além dos já citados cortes, o estilo 8/8 (ou simples) e o estilo 16/16 (ou suíço). Outros cortes atuais relativamente comuns em diamantes são Princess, Esmeralda, Trilliant, Radiante e Asscher.




Fonte: CPRM

O COMÉRCIO DO DIAMANTE


Na Índia, o conhecimento e o comércio organizado de diamante já existiam antes do contato com o europeu da Renascença. Tendo os gregos e o império romano chegado a essa região em período anterior, já se encontravam joias com diamantes nessas culturas.

Mais tarde, diamantes indianos foram trazidos à Europa por agentes de companhias comerciais, patrocinadas pelos respectivos estados nacionais como afirmação de soberania e poder econômico, entre elas as companhias das Índias Orientais inglesa, holandesa e francesa.

A descoberta de diamantes na região de Diamantina (MG), em meados de século XVIII, teve forte impacto no mercado pela quantidade que foi extraída em seguida. A regulamentação, baseada em controle estatal e trabalho escravo foi bem diferente do regime indiano.

O único alento para o escravo era achar uma pedra com mais de 12 quilates, a recompensa seria sua liberdade. Mesmo hoje com a mineração moderna, pedras desse porte são menos frequentes na região de Diamantina do que em outras localidades do país.

A coroa portuguesa nomeava concessionários, chamados de contratadores, que só poderiam vender ao estado trocando os diamantes por títulos em papel com valor equivalente em ouro. Como esses títulos tinham valor garantido pela coroa, eram aceitos por todos em qualquer lugar para a troca por mercadorias, propriedades e serviços. Essas “notas de diamante e ouro” são consideradas as primeiras cédulas brasileiras.

Naturalmente, onde há muita restrição nasce o mercado negro, existindo bastante mineração clandestina e contrabando nesse período.

Até o terceiro quarto do século XIX, o Brasil teve uma produção relevante, principalmente após 1832, com a liberação das áreas de extração e o fim do sistema de monopólio estatal, em crise profunda causada pela burocracia e corrupção e pelos desvios através do forte contrabando.

As descobertas na África afetaram a mineração brasileira no final do século XIX, pelo maior rendimento se suas jazidas que permitiram a queda dos preços no mercado mundial. O diamante na África logo é associado à DeBeers que, no entanto, nas últimas décadas do século XX viu dominuído seu poder e do controle sobre o mercado primário do diamante.

Na Austrália, a Argyle explora uma grande reserva desde a década de 80. Já no Canadá, foram descobertos diamantes de boa qualidade em Kimberlitos. O Canadá e a Austrália são o berço de muitas empresas que captaram recursos em bolsa para explorar diamantes no próprio país e principalmente mundo afora, inclusive no Brasil. Podemos também citar o israelense Lev Leviev e, posteriormente, os chineses.

Nos séculos XX e XXI, a tecnologia também foi foco para novos negócios eações no setor, tais como as tentativas de sintetizar diamantes e a criação de novas técnicas de lapidações.
Fonte: CPRM