sábado, 5 de maio de 2018

Âmbar: uma gema com registro de vida

Âmbar: uma gema com registro de vida


Entre as gemas, há um grupo que se diferencia da maioria por ser de origem orgânica. São, portanto, gemas, mas não são minerais, ou seja, não são pedras preciosas. Estão nesse grupo: coral, pérola natural, pérola cultivada, madrepérola, âmbar e marfim, além de algumas outras gemas menos conhecidas. Das gemas orgânicas citadas, apenas o âmbar é de origem vegetal e apenas ele não é atual, pois se trata de uma resina formada há 30 milhões de anos por um pinheiro, o pinus succinites.
Essa árvore, devido a um aumento na temperatura ambiente, começou a produzir grande quantidade de resina, característica que atualmente nenhum pinheiro conhecido tem. Além disso, pode conter em seu interior insetos e outros animais da época em que se formou, constituindo-se, assim, num repositório paleontológico de grande valor, característica que não é encontrada em nenhuma outra gema.
Âmbar (acervo do Museu de Geologia da CPRM - Foto: P. M. Branco)
Âmbar (acervo do Museu de Geologia da CPRM - Foto: P. M. Branco)


História
O âmbar é conhecido desde o início da humanidade, pois já na Idade da Pedra era objeto de adoração, atribuindo-se-lhe propriedades sobrenaturais. Na mitologia romana, conta-se que Phaeton, filho de Phoebus, o Sol, saiu com a charrete que conduz o Sol e com ela aproximou-se tanto da Terra que nosso planeta pegou fogo. Para salvá-la, Júpiter tirou Phaeton do céu com seus raios, matando-o. Sua mãe e sua irmã viraram árvores e o âmbar são as lágrimas que elas choraram pela morte de Phaeton.
A peça de âmbar mais antiga que se conhece é um prato encontrado em um acampamento de caçadores de renas, perto de Hamburgo, na Alemanha. O historiador Plínio conta que o âmbar era tão valioso que um pequeno pedaço valia mais que um escravo.
No início da Idade Média, ele era usado em cruzes e rosários. Por volta de 1400, na maior parte da Europa era ilegal a posse não autorizada dessa substância. Nos séculos XVII e XVIII, tornou-se popular seu uso em obras de arte. Depois de um período de menos prestígio, voltou a ser valorizado após a Segunda Guerra Mundial, através do Feliksas Daukantas, que encorajou artistas a mostrar a beleza do âmbar natural.
O âmbar forma blocos arredondados que chegam a ter mais de 10 kg. A maior peça conhecida dessa gema é o Âmbar Birmânia, que tem 15,250 kg e está no Museu de História Natural de Londres. No Museu de Ciências Naturais de Berlim há uma peça de 9,810 kg e 47 cm de comprimento.
 Âmbar preto (Foto: Minerais & Pedra Preciosas)
Âmbar preto (Foto: Minerais & Pedra Preciosas)


Composição e Propriedades
O âmbar tem composição variável, em média C10H16O. Trata-se de uma mistura de várias resinas solúveis em álcool, éter e cloro com uma outra substância, insolúvel e betuminosa. Ele não tem estrutura cristalina como as gemas inorgânicas, sendo, portanto, amorfo. Saliente-se, porém, que estudos recentes mostraram que algumas resinas possuem componentes cristalinos. Sua cor mais comum (70%) é a amarela, podendo ser marrom-escura, marrom-esverdeada, marrom-avermelhada, azulada, cinza, preta (figura ao lado), vermelha ou branca. As cores vermelha, branca e verde são muito raras, e a azul é a mais rara e valiosa de todas. Pode haver mais de uma cor ou vários tons na mesma peça.
A cor pode ser melhorada por cozimento em azeite de semente de nabo, o que elimina as inclusões fluidas eventualmente existentes. Ele varia de transparente a semitranslúcido e séctil (pode ser cortado em lascas). É muito leve, com uma densidade pouco maior que a da água (1,08), o que lhe permite flutuar em água salgada. A dureza é muito baixa - 2,0 a 2,5 -, mostra fluorescência branco-azulada ou amarelo-esverdeada e brilho resinoso. Aquecido, começa a amolecer a 150º C e se funde a 250º C. Queimado, exala aroma agradável que lembra a resina de pinheiro.
Outra característica típica do âmbar, conhecida há séculos, é sua capacidade de eletrizar-se quando atritado contra um pano de lã. Por isso era chamado na Grécia antiga de elektron. Um pedaço dele assim atritado consegue atrair objetos de pouco peso, como pedaços de papel. Aquecido a 300ºC o âmbar decompõe-se, originando duas substâncias, o óleo de âmbar e um resíduo preto, o piche de âmbar.


Fósseis do Âmbar
Âmbar com insetos (Pipe, 2008)
Âmbar com insetos (Pipe, 2008)

Uma característica muito interessante do âmbar é a possibilidade de se encontrar em seu interior animais, principalmente insetos (86,7%) e aracnídeos (11,6%), que viviam na época em que a resina se formou e que nela ficaram aprisionados, por ser uma resina pegajosa, ou que por ela foram englobados depois de mortos. Material desse tipo é muito visado como peça de museu, por seu valor científico.
Cerca de três mil espécies animais já foram encontradas fossilizadas no âmbar, das quais 85% são espécies já extintas. Mais de mil dessas espécies extintas são insetos. Além de insetos, o âmbar pode conter restos de vegetais, bolhas de ar e pirita.


Usos e Imitações
O âmbar é muito usado como gema e em objetos ornamentais, podendo receber lapidação facetada (como as gemas minerais transparentes), lapidação em cabuchão ou simples polimento.
De todo o âmbar produzido, cerca de 15% têm qualidade que permite o aproveitamento como gema. Um emprego curioso verifica-se em certos países da Europa, onde é usado pelas crianças contra mau-olhado, da mesma forma que o coral. Usa-se também contra a tosse.
Assim como muitas gemas minerais, o âmbar é imitado por várias substâncias, sobretudo plásticos, como celuloide e baquelite. Todas essas imitações se diferem dele por serem mais densas. Também pode ser imitado por alguns vidros, que, embora possam ser muito semelhantes, são reconhecidos por terem dureza e densidade bem maiores, além de serem frios ao tato.
O âmbar prensado é um tipo de âmbar obtido ao se aquecer pequenos fragmentos procedentes do mar Báltico a 200-250 °C e em seguida submetendo-os a uma pressão de até 3.000 atmosferas. Ele assemelha-se ao âmbar normal, mas difere-se por conter bolhas de ar alongadas e orientadas, enquanto no âmbar normal elas são esféricas. Além disso, sob ação de uma gota de éter o âmbar prensado mostra uma mancha fosca.


Principais Produtores
O âmbar é produzido principalmente na Alemanha e na Rússia, vindo a seguir a Itália. O maior centro produtor é Sambia (que os alemães chamam de Samland), península do enclave russo de Kaliningrado, onde ele ocorre em uma argila rica em glauconita, chamada de terra azul. Cada metro cúbico dessa terra azul tem de 0,5 a 2,5 kg de âmbar. Como essa jazida está 40 cm abaixo do nível do mar, a erosão constantemente libera blocos de âmbar, que saem flutuando na água do mar, podendo ser levados a longas distâncias.
Cerca de 90% do âmbar encontrado hoje em todo o mundo provém da região do mar Báltico. O maior depósito do mundo está na península de Sambia e na lagoa Courland, onde há três mil hectares de solo contendo a gema. No Brasil nunca foi encontrado.
Fonte: CPRM

sexta-feira, 4 de maio de 2018

Minas e Energia aprova programa de apoio à mineração de pequeno porte


Minas e Energia aprova programa de apoio à mineração de pequeno porte

A Comissão de Minas e Energia aprovou o Projeto de Lei 2195/15, do deputado Dr. Jorge Silva (SD-ES), que cria o Programa Nacional para o Fortalecimento da Mineração de Pequeno Porte (Pronamp) e um fundo de apoio a essa atividade. O objetivo é garantir recursos para estimular o desenvolvimento da mineração com mais inclusão social.
Poderão participar do Pronamp os mineradores individuais, que desenvolvam seu trabalho como pessoas físicas, ou pequenas empresas de caráter familiar.
O relator do projeto, deputado Carlos Andrade (PHS-RR), lembrou que, em termos de volume e capital, as atividades da mineração no Brasil são dominadas por grandes empresas. Porém, segundo ele, quando se trata do número de empresas e de descobertas, os pequenos mineradores são uma expressiva maioria.
“Entretanto, para esses pequenos mineradores, que não têm acesso a grandes fontes de financiamento, é extremamente difícil desenvolver seu trabalho. Muitas vezes eles desistem desse ramo, transferindo seus direitos minerários para empresas de maior porte, o que torna o setor cada vez mais concentrado, relegando boa parte da mão-de-obra a atividades econômicas de pouca segurança e futuro incerto”, explicou Carlos Andrade.
Por isso, na avaliação dele, é de grande importância a proposta de criar um programa governamental e um fundo de apoio aos pequenos mineradores. “A iniciativa propicia o aumento da mão de obra empregada e a geração de renda para boa parte de nossa população”, salientou o relator.
Emendas
A proposta já havia sido aprovada pela Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria, Comércio e Serviços. Andrade acatou a emenda da comissão anterior que eleva, de R$ 400 para R$ 720 mil, o teto dos rendimentos brutos anuais das empresas a serem cadastradas no Pronamp.
“Essa modificação é possível porque não retira os postulantes da faixa em que podem ser classificados como pequenas empresas, ao passo em que permite a participação de um maior número de pequenos mineradores no programa de fomento à mineração”, justificou Carlos Andrade.
Ele rejeitou, porém, emendas da Comissão de Desenvolvimento Econômico que detalhavam a forma de atendimento dos garimpeiros individuais no Pronamp. Ele considerou que as questões relativas a esses profissionais já estão contempladas em leis de 1989 e de 2008.
Além disso, o relator incluiu emenda para ajustar o projeto a mudanças estabelecidas pela Lei 13.540/17, de dezembro do ano passado, que redistribuiu os valores da Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (Cfem).
Tramitação
O projeto ainda será analisado em caráter conclusivo pelas comissões de Finanças e Tributação; e de Constituição e Justiça e de Cidadania.

ÍNTEGRA DA PROPOSTA:

  • PL-2195/2015
Reportagem – João Pitella Junior
Edição – Marcia Becker
Fonte:Agência Câmara Notícias

China abrirá negociação no mercado futuro de minério de ferro a estrangeiros


China abrirá negociação no mercado futuro de minério de ferro a estrangeiros

Pouco mais de um mês depois de lançar futuros de petróleo denominados em yuan, a China começará na quinta-feira (03) a permitir que investidores estrangeiros negociem em seu historicamente volátil mercado de minério de ferro. O mercado de futuros de Dalian, um dos dois principais pontos globais do preço do minério, tem sido reconhecido pela volatilidade, dominado por volumosos investidores de varejo.
Apenas nos últimos meses, o futuro perdeu quase um quarto de seu valor em uma derrapagem de seis semanas a partir do final de fevereiro, só então para saltar 11% na próxima semana e meia. Apesar da oportunidade que a abertura oferece para proteger o valor de sua produção na China, os fornecedores internacionais provavelmente demoram a aproveitar, como costuma ser o caso de uma nova oferta de futuros. E as tensões comerciais entre os EUA e a China podem agravar a cautela usual, de acordo com analistas, além de gerar cautela.
“Definitivamente há interesse no mercado, mas os investidores também serão cautelosos quanto aos potenciais riscos”, disse Hongmei Li, analista sênior da Mysteel Global. As tarifas de importação dos EUA sobre o aço – essencialmente vistas como direcionadas à China – criam riscos.  Além disso, os controles de capital da China criam complicações. Os investidores precisarão avaliar quão fácil será tirar dinheiro do país, e se a conversão de ganhos de negociação de yuan em dólares – bem como o custo de cumprir com os requisitos regulatórios – consumirá substancialmente os lucros.
As negociações de futuros de petróleo listadas em Xangai começaram em 26 de março, e o volume no “contrato do primeiro trimestre” – o vencimento mais próximo – foi de 5% a 10% daquele para o benchmark West Texas Intermediate dos EUA. Georgi Slavov, chefe de pesquisa da Marex Spectron, chamou isso de impressionante e disse que espera que o volume suba gradualmente até meados do ano. Ainda não há dados disponíveis sobre quanto da negociação é feita por estrangeiros.
Fonte: Dow Jones Newswires

quarta-feira, 2 de maio de 2018

UE exige isenção permanente de tarifas dos EUA sobre aço e alumínio

UE exige isenção permanente de tarifas dos EUA sobre aço e alumínio

O braço executivo da União Europeia exigiu nesta terça-feira uma isenção permanente das tarifas de importação de aço e alumínio impostas pelos Estados Unidos, dizendo que a decisão do presidente norte-americano, Donald Trump, de não adotá-las por ora prolonga a incerteza do mercado. Na segunda-feira a Casa Branca anunciou que Trump prorrogou uma suspensão temporária das tarifas para UE, Canadá e México até 1º de junho, poucas horas antes de elas entrarem em vigor. Ele também chegou a acordos para isenções permanentes para Argentina, Austrália e Brasil, segundo a Casa Branca.
Nesta terça-feira Trump tuitou a respeito do comércio: “… tudo será feito. Grande potencial para os EUA!” A Comissão Europeia, que coordena a política comercial dos 28 países da UE, reconheceu a decisão de Trump, mas disse que o bloco deveria ser isento permanentemente das tarifas, já que não é a causa da capacidade excessiva na produção de aço e alumínio. “A decisão dos EUA prolonga a incerteza do mercado, o que já está afetando as decisões empresariais”, alegou a Comissão.
Trump invocou uma lei comercial de 1962 para criar proteções para os produtores norte-americanos de aço e alumínio, alegando razões de segurança nacional, em meio a uma fartura dos dois metais em todo o mundo que se atribui sobretudo ao excesso da produção na China. A Alemanha, cujo superávit comercial rendeu críticas de Trump, disse esperar uma isenção permanente.
“Estou firmemente convencido de que, no interesse dos empregos na Alemanha, na Europa e nos EUA, precisamos de uma cláusula de longo prazo e que elevar tarifas é o caminho errado”, disse o ministro da Economia alemão, Peter Altmaier, pedindo mais conversas com Washington.
“Precisamos de menos, não mais tarifas no comércio global”.
A França disse concordar que existe um excesso da produção nas indústrias de aço e alumínio, mas que a UE não tem culpa e devia ser isentada permanente das tarifas para que a questão da superprodução possa ser tratada em conversas.
“Estamos prontos para trabalhar com os EUA e outros parceiros para lidar com estas questões, e para desenvolver soluções rápidas e apropriadas”, disseram os ministros das Finanças e Relações Exteriores franceses.  A federação empresarial francesa BusinessEurope qualificou a prorrogação da isenção como positiva, mas disse que as empresas precisam de previsibilidade.
Fonte: Reuters

Cobre opera em alta, apoiado por dólar mais fraco e volta da China ao mercado


Cobre opera em alta, apoiado por dólar mais fraco e volta da China ao mercado

O cobre opera com ganhos na manhã desta quarta-feira (2), beneficiado pelo dólar um pouco mais desvalorizado, o que tende a apoiar o apetite de detentores de outras moedas. Investidores chineses voltavam ao mercado, o que ajuda a aumentar a demanda.
Além disso, o alumínio também subia, apesar do risco menor de que o governo dos Estados Unidos atrapalhe a oferta do metal ao impor sanções contra a companhia russa Rusal, a segunda maior produtora global de alumínio. Às 8h05min (de Brasília), o cobre para três meses subia 0,95%, a US$ 6.826 a tonelada, na London Metal Exchange (LME).
Às 8h53min, o cobre para julho tinha alta de 1,15%, a US$ 3,0725 a libra-peso, na Comex, divisão de metais da New York Mercantile Exchange (Nymex). O alumínio tinha alta de 0,53%, a US$ 2.256 a tonelada, na LME. O metal teve um salto no início de abril, quando os EUA anunciaram sanções contra o dono da Rusal, Oleg Deripaska, em meio a preocupações de problemas na oferta. Mas o metal básico recuou 9% desde sua máxima de abril, após Washington suavizar a posição no caso, no fim do mês passado.
Na terça-feira (1), o Tesouro americano concedeu à proprietária da Rusal, o EN+ Group, uma extensão de uma isenção das sanções, o que dá tempo para que Deripaska reduza sua participação e deixe o conselho da empresa. Analistas do ING Bank destacaram que o magnata russo terá uma janela maior para avaliar sua saída do negócio e, com isso, permitir a retirada das sanções.
Na avaliação de Vivienne Lloyd, analista sênior da Macquarie, com a volta dos mercados chineses após um feriado de dois dias, o preço dos metais pode ter sido considerado atrativo para operadores do país asiático. A maior parte dos outros metais básicos subia, conforme o dólar se enfraquece um pouco. Em nota, analistas do Commerzbank apontam que há uma recuperação “significativa” de vários metais, que recuaram ontem, quando o dólar se fortaleceu.
Entre outros metais básicos negociados na LME, o zinco subia 0,96%, a US$ 3.100 a tonelada, o estanho tinha baixa de 0,09%, a US$ 21.150 a tonelada, o níquel avançava 1,09%, a US$ 13.930 a tonelada, e o chumbo tinha ganho de 1%, a US$ 2.327 a tonelada.
Fonte: Jornal do Comércio