segunda-feira, 10 de maio de 2021

ESMERALDA NA ROCHA MATRIZ


                         ESMERALDA NA ROCHA MATRIZ



Esmeralda é uma variedade do mineral berilo (Be3Al2(SiO3)6), a mais nobre delas. Outras variedades de berilo são a água-marinha, a morganita, o heliodoro, a goshenita e a bixbyíta. Sua cor verde é devido à presença de quantidades mínimas de crômio e às vezes vanádio.

Esmeraldas lapidadas
Esmeralda facetada colombiana

É apreciada como gema e o preço por quilate a coloca entre as pedras mais valiosas do mundo, perdendo algum desse valor frequentemente devido às inclusões que ocorrem em todas as esmeraldas, Elas, porém, são úteis pois ajudam a identificar a gema e podem indicar sua procedência. Tem dureza de 7.5 - 8.0 na Escala de Mohs, no entanto esta dureza pode ser bastante reduzida dependendo do número e tamanho das inclusões.

As principais jazidas de esmeraldas são colombianas, mas pode ser encontrada também no Brasil na Serra da Carnaíba - Bahia, Itabira - Minas Gerais, Campos Verdes - Goiás, Rússia,no Zimbábue e no Afeganistão.

É transparente e opaca, mas apenas as variedades mais preciosas são transparentes.

A etimologia da palavra "esmeralda" pode provir de duas origens:

  • do grego "smaragdos"
  • do hindu antigo, de significado "pedra verde"

A esmeralda é extremamente sensível a pancadas fortes, riscos e mudanças de temperatura repentinas.





Fonte: Wiki


Opala Nobre

 

Opala Nobre






OPALA NOBRE DE PEDROII PIAUÍ

A opala é a pedra preciosa nacional da Austrália e, embora seja mais comumente verde ou branca, a opala pode ocorrer em (e refletir) quase todas as cores imagináveis ​​- como pode ser visto nas fotos acima. [1] A estrutura da opala não é realmente cristalina, e por isso é classificada não como um mineral, mas como um "gel mineralóide"; composto de esferas microscópicas de sílica (SiO 2 ) embaladas em uma rede . A opala também contém quantidades variáveis ​​de água, além da sílica em sua estrutura [2] - tipicamente 3-10%, mas às vezes chega a 20%.
Opala
Opala preciosa de Opalville, Queensland, Austrália 
Foto por sulla55 - lançada sob licença CC-ASA 2.5
Existem muitas variedades nomeadas de opala, e estas foram categorizadas em três grupos principais. A primeira opala preciosa , que pode ocorrer em várias cores, é famosa por seu efeito de cor , causado pela difração da luz dentro da rede de esferas de sílica. Este efeito "arco-íris" não deve ser confundido com opalescência , que é a nebulosidade turva ou "milkiness" de pálido "potch" ou opala comum. Sub-variedades de opala preciosas incluem opala branca, opala preta, opala de pedra, opala de geléia, opala de arlequim e opala de cristal. Como você pode ver na imagem à esquerda, essas pedras podem se assemelhar a uma imagem quase sci-fi que você pode ver em jogos ou filmes de RPG on-line. Embora você possa ver imagens semelhantes em jogos rpg on-line gratuitos ou até mesmo pago online rpg jogos online é raro encontrar um opala usado em qualquer um deles.
A segunda categoria principal de opala é o opala de fogo , que apesar de seu nome, não exibe o efeito de jogo de cor. É nomeado por sua cor laranja e é muitas vezes nublado, com os melhores espécimes sendo laranja transparente. Essas pedras são às vezes lapidadas como pedras preciosas [4] e um dos mais importantes produtores de opala de fogo é o México. [1]
A terceira categoria principal de opala é opala comum . Isso também tem o apelido de "potch" e é simplesmente qualquer opala que não pertença a nenhuma das duas primeiras categorias. Não exibe o efeito de reprodução de cor. Sub-variedades de opala comum incluem opala de ágata, opala de pele de anjo, opala de mel, hyalite (incolor e clara), hydrophane, porcelana opala, girasol , opala de cera. [4] [5]
O hidrophane é o opal que uma vez teve o jogo da cor mas tornou-se turvo (nebuloso) com a perda da água. Se absorver água novamente, ela se tornará translúcida, e isso fará com que o jogo de cores retorne. [5] Em muitos casos, a opala pode tornar-se frágil ou perder seu jogo de cor se mantida muito seca - no entanto, ao ser usado próximo à pele, ela fornece a umidade necessária para que retenha sua cor. Algum opal hoje em dia é selado com resina protetora. [5]
A maior parte da opala preciosa do mundo é produzida na Austrália, e estima-se que cerca de 95% da opala fina do mundo venha desse país. Foi encontrado pela primeira vez lá em 1849 [5] e antes do surgimento da opala australiana, a melhor opala veio da Eslováquia. Existem depósitos de opalas em muitos locais ao redor do mundo - incluindo Nevada, EUA, onde uma variedade de preciosas opalas negras é encontrada. O opala de fogo preto é a gema do estado de Nevada. Outros locais proeminentes em todo o mundo para a opala incluem Hungria, Indonésia, Etiópia, Canadá, China, República Tcheca, Eslováquia, França, Alemanha, Hungria, Itália, Brasil, em PedroII Piauí está a maior reserva de opala nobre do mundo,com valores iniciais de 5/8 bilhões de dólares e outros lugares nos EUA. [6]
Em 1974, foi descoberto como sintetizar opala e agora é fabricado. No entanto, grande parte da opala sintética contém outros materiais, como plásticos, e é categorizada como "imitação de opala". Um dos melhores testes de opala genuína é a fluorescência - e opala genuína mostrará melhor fluorescência sob luz UV. [2]

Imagens de opala

Opala
Opala - da Austrália 
Foto de Hannes Grobe - lançada sob licença CC-ASA 2.5
Opala Cabochão
Opala cabochão de Yowah, Queensland, Austrália 
Foto por lanches Noodle - lançada sob licença CC-ASA 2.5
Pulseira de opala
Bracelete de opala
tamanho da pedra: 15mm x 18mm
Opala de fogo
Foto de opala de fogo 
por Elke Wetzig - liberada sob licença CC-ASA 2.5
Opala
Opala
"Uma rosa de fogo se fechou em um véu de neve; 
Um brilho de abril em torno de um céu embaçado: 
Uma jóia - uma alma! Olhe profundamente se você soubesse 
O feitiço da bruxaria pálida". 
- Ednah Proctor Clarke, "An Opal", 1896.



Fonte: CPRM

sexta-feira, 7 de maio de 2021

DESCRIÇÃO DAS PRINCIPAIS JAZIDAS DE OURO BRASILEIRAS

 






1. REGIÃO DO QUADRILÁTERO FERRÍFERO

Esta região destaca-se como a maior produtora de ouro durante o período de 1982 a 2000 ultrapassando 140 toneladas de ouro proveniente das minas de Morro Velho, Cuiabá, São bento, Raposos e Itabira que se apresentam atualmente em operação.

Os depósitos que ocorrem no Quadrilátero Ferrífero podem ser divididos em três tipos principais:

1- Depósitos no greenstone belt Rio das velhas. Podem ser divididos em quatro categorias:


A)jazidas Hidrotermais em veios de quartzo-pirita-Au em clorita xistos máficos e ultramáficos. Ocorrem nas proximidades de Morro Velho, numa faixa a oeste de São Bartolomeu, a oeste de Caeté e ao sudeste de Conselheiro Lafaiete. Reservas pequenas raramente ultrapassando 5t de AU com teores variando entre 0,5 e 3gAu/t.

B)Formação Ferrífera Bandada (BIF) fortemente sulfetada com magnetita-pirita+pirrotia+calcopirita-Au e sulfetos menores tipo Raposos, Cuiabá e São Bento. São jazidas de maior porte, com reservas podendo ultrapassar 15t com teor médio 10gAu/t.

C) "Lapa Seca", ou quartzo-ankerita-albita-clorita-xisto com quartzo-pirita+arsenopirita+pirrotita-calcopirita-Au associado com metavulcânicas ácidas ou sedimnetos carbonatados tipo Morro Velho. São depositos longos, ramificados, relativamente delgados, fortemente controlados pelos plunge das dobras, podendo apresentar reservas de até 40 t de ouro, chegando a 100t.


D) Turmalinito em quartzo-biotita-carbonato xistos em depósitos concordantes tipo "Lode" com fracos mergulhos, com pirita-arsenopirita-pirrotita-Au-teluretos-bi minerais, tipo Mina da Passagem, com reservas de ate 15t com teores variando entre 3 e 7gAu/t.


2- Mineralizacões em Itabiritos (Jacutinga); trata-se de um itabirito pulverulento, estruturado com caolinita, hematita, quartzo e talco sendo caracterizada pela presença de sulfetos. A presença de goethita e óxidos de Mn e relativamente freqüente. Anteriormente a 1900, oriunda de Itabira foi reportada a produção estimada em 1300kg de Au. De outros depósitos tais como Boa Vista, Brucutu, Córrego São Miguel e Morro das Almas, não existe produção registrada. Aparentemente desde que a Mineradora Vale retomou a produção de ouro em Itabira, onde a produção média pode ser estimada em 4t/ano, o que permite estabelecer em 15 anos uma produção cumulativa de 60t.


3- Mineralizacões em lentes de meta-conglomerados da Formação Moeda. São conhecidas as mineralizacões de Cata Branca e Joaquina.


2. REGIÃO DO RIO ITAPICURÚ

Na região do Rio Itapicurú, no Oeste do Estado da Bahia, foram descritas seqüências de rochas do tipo greenstone belt (Greenstone Belt do Rio Itapicurú - GBRI) onde estão hospedadas as jazidas de Fazenda Brasileiro e Maria Preta. A mina de Fazenda Brasileiro operada pela VALE localiza-se na porção meridional do GBRI. A produção média anual é de 5t de Au, com reservas de 103,5 t e teor médio de 6,6g/t.


3. REGIÃO DE CARAJÁS

Essa região apresenta um potencial ainda não totalmente conhecido. A principal jazida atualmente em exploração, Igarapé Bahia operada pela Mineradora Vale, com uma produção acumulada nos últimos 10 anos de aproximadamente 72 t de Au. Salobo constitui outro importante depósito ainda não explorado, mas com reservas estimadas em mais de 167 t. Em ambos depósitos o ouro ocorre associado a sulfetos de Cobre na rocha primaria embora só seja lavrado na porção laterítica do depósito de Igarapé Bahia, e em salobo ocorre como subproduto do minério de Cu na mineralizacão primária.

Há controversas a respeito da origem dessas mineralizacões. Alguns autores consideram estes depósitos como do tipo óxido-Fe-Cu-Au-terras raras, devido a abundancia desses metais e semelhança com o clássico depósito Olympc Dam na Austrália do sul.Outros, no entanto, preferem relacioná-lo ao tipo sulfeto maciço vulcanogênico devido a forte predominância de rochas vulcânicas na área da jazida.

O depósito de Águas Claras com aproximadamente 20t de ouro que se encaixa em meta-arenitos arqueanos, embora a mineralizacão aurífera possa estar relacionada à presença de um corpo ígneo gabróico que se encontra intercalado na seqüência sedimentar. No depósito de serra pelada o ouro ocorre disseminado, e associado com elementos do grupo da platina, em formações metassedimentares arqueana compostas por meta-siltitos carbonáticos, manganesíferos e grafitosos com estruturas brechadas. Acredita-se que foram extraídas cerca de 130t de Au durante o período da garimpagem nos anos 80.


4. REGIÃO DE CRIXÁS
O distrito aurífero de Crixás, no sul de Goiás, encontra-se no greenstone belt arqueano de mesmo nome contendo um depósito principal (mina III, com 65t de Au) e diversos depósitos menores que estão controlados estruturalmente por zonas de cisalhamento regional tais como os de Mina Nova e Pompex.

O ouro ocorre associado a formações sulfetadas (pirrotita e arsenopirita) em veios de quartzo e disseminado em xistos carbonosos e máficos. Na jazida de Mina III estima-se que antes da produção, as lentes de sulfeto maciço encerrem cerca de 2Mt com teores de 12g t de Au.


5. REGIÃO DE JACOBINA

Os principais depósitos de ouro da serra de jacobina na Bahia (minas de João Belo e Canavieiras) estão predominantemente encaixados em meta-conglomerados oligomíticos ricos em pirita e mica verde fuchsita (Formação Córrego do Sitio). Pela similitude litológica foram comparadas aos conhecidos depósitos de tipo paleoplacer de witwatersrand na África do sul. No entanto estudos mais recentes sugerem um modelo epigenético (fluidos hidrotermais tardios) para a formação dessas jazidas já que foram encontradas evidências nas regiões de corpos mineralizados estruturalmente controlados encaixados em quartzitos, rochas máficas e ultramáficas, afetadas pela alteração hidrotermal tardia.

Os depósitos de João Belo e Canavieiras apresentam reservas da ordem de mais de 300 t de Au e produção acumulada da ordem de 20 t.





Fonte: Brasil mineral

OS DIAMANTES DE RONDÔNIA VALEM US$ BILHÕES

 




OS DIAMANTES DE RONDÔNIA VALEM US$ BILHÕES
Por que o Brasil deixa a maior jazida de diamantes do país, na terra dos índios cintas-largas, entregue aos contrabandistas?
"Sempre que uma grande riqueza é descoberta, um banho de sangue acontece." Essa é a frase de abertura do filme Diamante de Sangue, que colocou em evidência o tortuoso caminho percorrido pelas pedras retiradas de países em guerra até as joalherias mais finas. No cinema, o ator Leonardo DiCaprio interpreta um mercenário que troca diamantes por armas para as milícias em Serra Leoa, na África da década de 90. O filme impressiona, e até revolta, mas a tragédia dos diamantes também está do lado de cá do Atlântico. Na Amazônia, garimpeiros, contrabandistas internacionais e atravessadores - como o mercenário interpretado por DiCaprio - voltaram a explorar ilegalmente a maior jazida de diamantes do Brasil.
Desde janeiro, quatro máquinas retroescavadeiras removem a terra vermelha do garimpo do Laje, situado na terra indígena dos cintas-largas, em Rondônia. A cratera aberta pelas máquinas já possui cerca de 10 quilômetros de perímetro. A exploração de diamantes na região deveria estar suspensa desde 2004, quando o massacre de 29 garimpeiros chocou o mundo. Mas nem a presença da Polícia Federal consegue evitar novas invasões na área indígena.


O que se diz da jazida de Laje lembra os antigos mitos de Eldorado amazônico. Segundo Luís Paulo Barreto, secretário-executivo do Ministério da Justiça, pesquisas geológicas feitas por duas multinacionais da mineração indicam a presença de 15 formações rochosas vulcânicas de onde saem os diamantes, chamadas kimberlitos. Isso seria três vezes mais que as principais jazidas da África do Sul e Botsuana, os maiores produtores mundiais de diamantes. Mas todo esse potencial nacional está desperdiçado. Estima-se que o garimpo desordenado e ilegal consiga tirar cerca de R$ 100 milhões por ano de Laje. Se fosse uma mineração com recursos industriais, seria possível extrair rochas mais profundas e retirar até R$ 3 bilhões por ano.
Essa quantia seria capaz de sacudir o mercado global de diamantes, que hoje movimenta cerca de US$ 10 bilhões por ano, ou R$ 58 bilhões. O comércio mundial é dominado pela empresa multinacional De Beers, sediada na África do Sul. A De Beers, da família sul-africana Oppenheimer, possui minas em Botsuana, Zaire, Austrália e Canadá. Também compra a produção de outros países. Em seus cofres, estima-se que estejam 40% dos diamantes extraídos no mundo. Toda segunda-feira, a operadora de vendas da De Beers, a Central Selling Organization, reúne os grandes negociantes das pedras em s Londres. É ali que a De Beers avalia como está o preço internacional dos diamantes e decide quantas e quais pedras vai lançar no mercado. Sua decisão regula o valor internacional dos quilates de diamantes. Hoje, 1 quilate (equivalente a 0,2 grama) de uma pedra de boa qualidade vale US$ 1 mil. Da reserva dos cintas-largas, já saiu um raro diamante-rosa que teria sido vendido por R$ 7 milhões no mercado negro.
O Brasil já foi o maior produtor mundial de diamantes entre os séculos XVIII e XIX. Com o declínio da exploração artesanal em Minas Gerais, o país perdeu posição para os grandes produtores africanos, da De Beers. Hoje, o Brasil exporta apenas R$ 60 milhões por ano. Está fora do time dos grandes produtores: Botsuana, África do Sul, Canadá, Rússia, Índia e Austrália. A perspectiva de legalização das jazidas das terras dos cintas-largas poderia colocar o país entre os três maiores produtores mundiais.

Essa vida mudou com a chegada dos primeiros garimpeiros e seringueiros. "Primeiro, mataram as crianças que brincavam no rio", diz Bravo. "Depois, invadiram as aldeias atirando em todo mundo." Quase todos os caciques da região também são órfãos de contato e perderam seus pais e irmãos de forma semelhante. "Lembro de ter ficado semanas caído no chão. Estávamos tão doentes que víamos nossa família morrer e não podíamos fazer nada", afirma Oita Matina, outro dos líderes da terra indígena. As chacinas e epidemias de gripes trazidas pelos invasores reduziram a população de mais de 10 mil cintas-largas para 1.300 indivíduos. A pior matança ocorreu em 1963 e ficou conhecida como o Massacre do Paralelo Onze. O inquérito policial do caso relata que dinamites foram jogadas nas aldeias para dispersar os índios para a floresta, onde eram surpreendidos por pistoleiros. "Tudo explodia. Nós ficávamos tentando flechar os aviões", diz João Bravo. Durante o massacre, uma índia foi pendurada pelo pé e esquartejada viva.
Esse enorme potencial de riqueza, até agora, só tem trazido calamidades, como ilustra a história do cacique João Bravo, que controla a área indígena onde fica o garimpo. Com 60 anos, o cacique é o que os antropólogos consideram um órfão de contato. Ele é um dos cintas-largas que perderam todos os parentes com a chegada de invasores brancos, entre os anos 60 e 70. O primeiro contato dos cintas-largas com os brancos aconteceu por meio dos garimpeiros. João Bravo conta que, antes de ser cacique, vivia na região do Rio Aripuanã, em Mato Grosso. Nessa época, os cintas-largas ainda estavam isolados na floresta. Eram exímios caçadores e temidos guerreiros canibais. De acordo com Bravo, a vida na floresta só era possível por causa de um intenso treinamento que começava aos 10 anos de idade. "Ficávamos durante toda a manhã passando frio debaixo das cachoeiras", diz. "Depois, todo mundo tinha de ir caçar ou morria de fome", afirma o cacique.




Depois de tentar a guerra contra os brancos, os cintas-largas decidiram, na metade da década de 70, entrar em acordo com os garimpeiros e invasores. João Bravo foi um dos que visitaram as cidades próximas às aldeias para distribuir colares de presente para a população. Em 1974, a Funai demarcou o território. Em menos de 30 anos de convívio com o mundo civilizado, os cintas-largas tiveram de aprender a falar português, dirigir carros e lidar com dinheiro. Muitos ainda não dominam nenhuma dessas habilidades. Donos de um território de 2,7 milhões de hectares, grande parte das mulheres, crianças e velhos ainda compreende apenas o tupi-mondé, a língua tradicional da etnia. João Bravo fala um português limitado e sua caminhonete vive amassada por batidas. Seus filhos estudam até o ensino fundamental, mas ainda passam pelo treinamento de guerreiro - não mais para lutar com outras tribos, mas para formar a milícia que toma conta do garimpo. As meninas se casam antes dos 15 anos, geralmente com os tios, em uma teia social na qual o dono da casa exerce o papel central. Um cinta-larga poderoso chega a ter várias esposas de uma só vez. João Bravo tem cinco mulheres.
O garimpo de mais de três décadas atingiu seu auge em 1999, quando milhares de aventureiros chegaram de vários cantos do país, atraídos pela "fofoca do diamante". Os índios incorporaram o garimpo em seu modo de vida. "Decidimos controlar a área. Senão os brancos entravam e roubavam tudo", diz João Bravo. A situação saiu do controle em 2004, quando 5 mil garimpeiros circulavam no Laje. Qualquer aventureiro queria entrar na reserva. Até que a chacina de 29 garimpeiros ganhou as manchetes nacionais. Os índios são os principais acusados. Depois das mortes, mais seis pessoas foram assassinadas na região, entre índios, contrabandistas e garimpeiros. A polícia estima que outros 20 estejam desaparecidos. Para tentar conter o conflito, o governo federal interditou a região em 2004 e proibiu o garimpo em qualquer terra indígena do país.

A Polícia Federal tem seis bases fixas na região, batizadas de Operação Roosevelt. Mas nem a intervenção do governo federal consegue conter a corrida pelos diamantes. Cerca de 500 homens - entre índios e garimpeiros - transitam no local. Jatos de água derrubam o barranco e outras máquinas separam o cascalho dos diamantes. O lucro é dividido entre os garimpeiros proprietários das máquinas e os caciques. Cerca de 6% são distribuídos entre os garimpeiros pobres, índios mais jovens e as cozinheiras dos acampamentos. A matemática seria boa, mas os índios alegam ter sido roubados com freqüência por atravessadores de diamantes. Na semana passada, um dos filhos de João Bravo, Raimundinho, acusou um suposto vendedor de levar 700 quilates de diamantes, no valor de R$ 600 mil, dos cintas-largas. Segundo a polícia, o contrabandista teria se oferecido para vender as pedras em Cuiabá e desapareceu.
A exploração industrial
em Rondônia faria do Brasil um dos maiores produtores mundiais
de diamante
Se a jazida das terras dos cintas-largas fosse legalizada, ela poderia gerar algo em torno de R$ 6 milhões por mês de impostos. Além da evasão de divisas, a situação ilegal do Laje atrai máfias internacionais. Investigações do Ministério Público e da Polícia Federal revelam que quadrilhas s do Líbano, Serra Leoa e Bélgica são responsáveis pelo contrabando dos diamantes da terra indígena. Segundo investigações do Ministério Público de Minas Gerais, os diamantes podem estar sendo usados para patrocinar tráfico de drogas e terrorismo. 

Uma das conseqüências da atividade ilícita é a ligação dos índios com esse crime organizado. Devido ao contato com os atravessadores de pedras, 13 cintas-largas estão indiciados por formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e contrabando. De acordo com o Estatuto do Índio e a Constituição Federal, as riquezas do subsolo podem ser extraídas pelas nações indígenas quando localizadas em suas terras homologadas. Mas, como a garimpagem em terras indígenas está suspensa pelo decreto de 2004, os índios passaram a viver uma situação marginal em seu próprio território.
 O envolvimento dos índios agora é financeiro. Nos tempos do auge do diamante, em 2002, alguns caciques compraram casas na região e carros importados. Cercados por ajudantes, contratados na forma de motoristas brancos, os índios selaram amizade com os atravessadores de diamantes. Muitas máquinas de garimpo e carros foram comprados no nome desses terceiros. Mas, por causa das dívidas, a maioria perdeu todos os bens. Um depósito da Polícia Federal guarda cerca de 50 caminhonetes Toyotas apreendidas de índios cintas-largas, a maioria por dívidas não quitadas. Um levantamento do Ministério Público Federal (MPF) de Rondônia apontou que os índios devem na região cerca de R$ 700 mil.


Apesar dos problemas trazidos pelo garimpo ilegal, hoje não há uma estratégia realista para enfrentá-lo. A mera proibição, mesmo com a presença da Polícia Federal, não tem se mostrado eficaz. Um emaranhado de estradas clandestinas desenha um labirinto de lama na floresta. A fiscalização fica impossível. "É um jogo de gato e rato", afirma o delegado da Polícia Federal, Rodrigo Carvalho. Grande parte dos 2,7 milhões de hectares da floresta que envolvem a jazida de diamantes está praticamente intacta. Aventurar-se na região é perigoso. Onças, malária e cerca de 90 índios guerreiros armados com flechas e metralhadoras são apenas alguns dos obstáculos. Mesmo com os riscos, garimpeiros ainda sonham em colocar os pés no Laje. "Se puder entrar lá novamente, eu vou. Os diamantes compensam", diz o garimpeiro Antônio Rosa de Carvalho, o Goiano, um dos sobreviventes do massacre de 2004.

Um exemplo de como a exploração de diamantes pode ser bem administrada, é o caso do Canadá. Em 1991, os canadenses regulamentaram a extração de diamantes no território dos povos dene e inuit. O país se tornou o terceiro maior produtor de diamantes do mundo. As comunidades indígenas que participam da iniciativa enfrentam problemas, como o aumento do consumo de drogas. Mas cerca de 40% dos índios trabalham com as mineradoras que estão na região. Alguns são geólogos ou lapidadores. E as aldeias ganham cerca de 20% do faturamento das jazidas. Essa seria a melhor opção para o Brasil. A outra opção é atolar na violência, como Serra Leoa.
Regulamentar a extração de diamantes parece ser um dos poucos caminhos possíveis para resolver o conflito na terra cinta-larga. Os índios têm direito constitucional sobre as riquezas minerais de seu subsolo. O problema é como explorar o recurso. Existem vários projetos de leis para isso. A mais antiga tentativa de regularizar a questão é um complemento do Estatuto do Índio, que aguarda desde 1991 para ser votado. Ele permitiria a exploração com repasse de parte dos lucros para os índios. Outra proposta, do senador de Roraima, Romero Jucá, foi aprovada no Senado Federal e espera apenas passar pela Câmara dos Deputados. Prevê a exploração sem pagar nada aos índios. Uma terceira proposta, criada após o massacre de 2004, é um meio-termo: prevê repasse aos índios, mas com limites. "Em março, iremos nos reunir com os representantes de várias etnias indígenas em Manaus para um acordo", diz Barreto, do Ministério da Justiça.

  
OS EFEITOS DA EXPLORAÇÃO ILEGAL
Sobre os índios
• Massacre
Desde o início da entrada de garimpeiros na região, em 1963, doenças e chacinas reduziram a população cinta-larga a 1.300 pessoas, menos de 10% do original

• Doenças
Hoje, cerca de 30% dos índios cintas-largas estão com diabetes. A ingestão de alimentos industrializados trazidos com o garimpo é a principal causa da doença
• Corrupção de valores
A venda ilegal dos diamantes empurra os índios para a criminalidade. Treze cintas-largas estão indiciados por homicídio, formação de quadrilha e contrabando
Para o país
• Evasão de divisas
A Polícia Federal estima que R$ 100 milhões em diamantes são retirados de forma ilegal por ano

• Crime organizado
Sem opção legal, os diamantes são vendidos por quadrilhas internacionais, ligadas ao narcotráfico e até ao terrorismo. Menos de 5% são recuperados
O que poderíamos ganhar com a regularização
• Produção de riquezas 
A mineração industrial dos diamantes de Rondônia poderia produzir R$ 3 bilhões por ano

• Impostos
Esse valor poderia render anualmente até R$ 6 milhões somente em tributos federais. O valor aumentaria com os tributos trabalhistas estaduais e municipais
• Distribuição de benefícios 
Cerca de 2% do lucro da produção iria para as comunidades locais. Isso reduziria a pobreza na região





Fonte: Portal do Geólogo