sexta-feira, 22 de abril de 2022

Ibovespa tomba após feriado e caminha para maior baixa semanal desde outubro

 

Ações3 horas atrás (22.04.2022 12:40)
Ibovespa tomba após feriado e caminha para maior baixa semanal desde outubro© Reuters. Ibovespa tomba após feriado e caminha para maior baixa semanal desde outubro 09/05/2016 REUTERS/Paulo Whitaker

Por Andre Romani

SÃO PAULO (Reuters) - O principal índice da bolsa brasileira caía forte nesta sexta-feira, após queda das ações em Wall Street na véspera, quando os mercados brasileiros estavam fechados, e em meio à nova manhã negativa no exterior por perspectiva de aperto monetário mais agressivo nos Estados Unidos.

Vale e Petrobras eram as principais contribuições negativas para o índice, enquanto, em percentual, forte recuo da Eletrobras (SA:ELET3) estava entre os destaques da sessão, refletindo a decisão do Tribunal de Contas da União (TCU) após o fechamento do mercado na quarta-feira.

Às 11:57 (de Brasília), o Ibovespa caía 2,12%, a 111.919,45 pontos, e caminhava para o quinto recuo diário consecutivo. Na semana, queda acumulada era de 3,7%, o que representaria a terceira baixa semanal seguida e a maior desde o período encerrado em 22 de outubro. O volume financeiro era de 8,5 bilhões de reais.

"Parece ser mais um ajuste ao fato do mercado ter ficado fechado aqui na quinta-feira", diz Lucas Monteiro, operador de multimercados da Quantitas, citando fala de Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Fed).

Powell disse na quinta-feira que um aumento de 0,50 ponto percentual na taxa de juros estará na "na mesa" quando membros do Fed, o banco central norte-americano, reunirem-se para a próxima reunião de política monetária em maio.

A afirmação consolidou a aposta já majoritária de alta de 0,5 ponto, com os operadores precificando chance de 88,2% de uma elevação dessa magnitude.

"Não é uma nova realidade, mas uma realidade mais concreta. Então é natural que (mercado) carregue um pouco por alguns dias", disse Monteiro, da Quantitas.

Os principais índices em Wall Street recuavam entre 0,7% e 1,2%, também influenciados por balanços financeiros de empresas, e após queda de até 2,1% na quinta-feira. Os mercados também reagiam a conjunto de declarações duras contra a inflação de membros de outros bancos centrais de relevância global.

No Brasil, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse pela manhã que o comitê responsável pelas decisões de política monetária (Copom) estará pronto para ajustar o tamanho do ciclo de aperto no caso de choques inflacionários maiores ou mais persistentes do que o esperado.

O quadro político também volta ao radar, depois de o presidente Jair Bolsonaro anunciar um decreto concedendo perdão ao deputado Daniel Silveira, um dia depois do Supremo Tribunal Federal tê-lo condenado pelos crimes de coação e atentado ao ​Estado Democrático de Direito.

DESTAQUES

ELETROBRAS PNB (SA:ELET6) caía 3,7% e ON recuava 4,4%, após alta na quarta-feira. Na ocasião, o mercado fechou quando os ministros do TCU ainda discutiam o período de um pedido de vistas em processo sobre privatização da companhia. O ministro Vital do Rêgo solicitou 60 dias, mas após colegas argumentarem pela redução do prazo a sete dias, o que animou o mercado, ele aceitou reduzir o intervalo para 20 dias. O adiamento frustrou expectativas do governo de realizar até maio a capitalização da estatal. O ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, projetou nesta manhã a conclusão da oferta de capitalização até julho, o que gerou leve reação inicial positiva nos papéis da companhia.

- NATURA ON (SA:NTCO3) caía 0,5%, depois de abertura positiva e após tombo de 15,6% na quarta-feira, em meio a rumores de mercado de que a empresa reportaria números fracos para o trimestre. Na noite da véspera, a empresa divulgou expectativa de queda de 12,7% a 13,3% na receita líquida em reais no primeiro trimestre ante igual período do ano anterior, enquanto a margem Ebitda ajustada deve cair para entre 7,0% e 7,3%.

- VALE ON (SA:VALE3) caía 3,8%, após queda do preço do minério de ferro na bolsa em Dalian, com preocupações pela fraqueza da demanda na China. A sessão marcou a primeira baixa semanal da commodity em dois meses. Os contratos de minério de ferro haviam subido marginalmente na quinta-feira. CSN ON (SA:CSNA3) perdia 4,8% e puxava queda de siderúrgicas.

PETROBRAS PN (SA:PETR4) e ON mostravam decréscimo de 2,6% e 3,1%, respectivamente, em meio à redução de mais de 1% petróleo. Contratos do tipo Brent subiram na véspera.

- ITAÚ UNIBANCO PN (SA:ITUB4) devalorizava-se 1,6% e BRADESCO PN (SA:BBDC4) tinha queda de 1,8%.

- INTER UNIT reduzia 2,6%, LOCAWEB ON diminuía 4,2% e BANCO PAN PN cedia 3,9%, assim como POSITIVO ON.

- AZUL ON subia 1,3%, estando entre as poucas altas do índice, assim como HYPERA ON, que subia 0,7%.



Fonte: Reuters

Dólar vai a R$4,79, caminha para maior alta diária desde março de 2020 e deixa real na lanterna global

 

Moedas1 hora atrás (22.04.2022 14:10)
Dólar vai a R$4,79, caminha para maior alta diária desde março de 2020 e deixa real na lanterna global© Reuters. Notas de dólar 07/11/2016 REUTERS/Dado Ruvic/Ilustração

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar disparava bem mais de 3% nesta sexta-feira, chegando a superar os 4,79 reais nas máximas da sessão e deixando a moeda brasileira com o pior desempenho global no dia, conforme a perspectiva cada vez mais provável de endurecimento da postura de política monetária do Federal Reserve derrubando ativos de risco em todo o mundo.

Somava-se ao cenário externo arisco a cena política doméstica de novos atritos entre o presidente Jair Bolsonaro e o Supremo Tribunal Federal (STF).

Às 14:03 (de Brasília), o dólar à vista avançava 3,76%, a 4,7922 reais na venda, rondando as máximas do pregão.

Na máxima do dia, a moeda subiu 3,85%, a 4,7965 reais. Caso mantivesse esse desempenho até o fim dos negócios, o dólar registraria sua maior valorização diária desde 18 de março de 2020 (+3,94%), quando ativos arriscados de todo o mundo colapsaram sob os temores relacionados à então recente crise do coronavírus.

Na B3 (SA:B3SA3), às 14:03 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 3,61%, a 4,8020 reais.

Por trás dessa movimentação, o chair do banco central dos Estados Unidos, Jerome Powell, afirmou na quinta-feira que um aumento de 0,5 ponto percentual nos juros estará "sobre a mesa" quando o Fed se reunir em maio, acrescentando que seria apropriado "agir um pouco mais rapidamente".

O comentário --que consolida a ampla expectativa de que o banco central norte-americano intensificará a dose de aperto monetário diante da inflação mais alta em quatro décadas-- levou o índice do dólar contra uma cesta de rivais fortes a tocar uma máxima em 25 meses nesta sexta-feira. O dólar ganhava terreno contra todas as principais moedas no dia, com exceção apenas do won sul-coreano.

Juros mais altos nos EUA elevam a atratividade de se investir na extremamente segura renda fixa norte-americana, o que tende a aumentar o ingresso de recursos na maior economia do mundo e, consequentemente, beneficiar o dólar.

Mas o real liderava as perdas globais, o que parte dos mercados associou à notícia de que o presidente Jair Bolsonaro anunciou um decreto concedendo perdão ao deputado Daniel Silveira por meio de uma "graça constitucional", um dia depois de o Supremo Tribunal Federal (STF) condenar o parlamentar pelos crimes de coação no curso do processo e atentado ao ​Estado Democrático de Direito.

A medida, vista por muitos como uma afronta ao STF, tem potencial de abrir nova crise com a cúpula do Judiciário.

Alguns participantes do mercado também citaram movimento de ajuste no preço do dólar --que havia caído acentuadamente na quarta-feira-- na volta do feriado de Tiradentes. A moeda norte-americana à vista fechou a última sessão em queda de 1,03%, a 4,6186 reais na venda, maior desvalorização percentual desde 4 de abril.

O dólar estava a caminho de encerrar a semana, que teve os dias de negociações reduzidos pelo feriado, em alta de quase 2% depois de fechar a última quinta-feira em 4,6966 reais.

 

(Por Luana Maria Benedito)

Da Cor do Pecado | Tony atira em Afonso