segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

O mercúrio do Tapajós: qual o risco de contaminação atual?

O mercúrio do Tapajós: qual o risco de contaminação atual?

Por Pedro Jacobi  
LinkedIn  



Há 30 anos o Tapajós foi assombrado por notícias sobre uma possível contaminação  por mercúrio. Na época muito se falou e o nome Minamata era uma constante. O  desastre da Baia de Minamata foi causado por contaminação de mercúrio orgânico,  a partir de indústrias que lançaram líquidos contaminados no mar. Foi o  metilmercúrio, assimilado pelos peixes que envenenou e matou centenas de  pescadores.

A quase histeria coletiva da época, no Brasil, se devia, inicialmente, a  elevados índices de concentração de mercúrio obtidos em análises químicas de  sedimentos do Tapajós.
Posteriormente ficamos sabendo que muitas interpretações estavam calcadas em  erros laboratoriais. O mercúrio analisado era o mercúrio total (metálico somado ao orgânico somado  ao mercúrio inorgânico). Ora, todo o bom entendedor sabe que uma geologia como a  do Tapajós deve ter uma quantidade natural de mercúrio inorgânico, que não é  venenoso, e ocorre em rochas associadas ao ouro. Em certos locais esse mercúrio  pode atingir concentrações elevadíssimas de vários ppm, que se fossem de  mercúrio orgânico poderiam, realmente, causar uma outra Minamata.  Consequentemente, qualquer estudo a ser considerado deve ser focado no mercúrio  danoso, o metilmercúrio que deve ser discriminado nas análises efetuadas.
A contaminação pelo mercúrio ocorre quando os garimpeiros perdem o mercúrio  metálico usado na recuperação do ouro dos garimpos. Parte do mercúrio é  vaporizado quando o garimpeiro tenta concentrar o ouro a partir do amálgama (veja as fotos).

Acredito que foi esse vapor de mercúrio o principal agente contaminador em toda  a região do Tapajós.  O vapor de mercúrio foi espalhado pelo vento sendo aspirado por praticamente todos que estavam  nas proximidades, ou seja: a maioria das centenas de milhares, talvez milhões de  garimpeiros e demais habitantes do Tapajós desde a descoberta do ouro em 1958.  No início Santarém foi o principal centro do ouro e da contaminação por vapor.  Depois, gradativamente Santarém foi substituída por Itaituba que se tornou o  polo comprador e fundidor de ouro de todo o Tapajós. Bem mais tarde as cidades  do norte do Mato Grosso passaram também a ter o ar poluído pela queima do ouro  amalgamado nos garimpos.
No  garimpo o mercúrio metálico vaporizado é, eventualmente precipitado e arrastado para as drenagens  onde pode ser  transformado em mercúrio orgânico, solúvel, e, então ser assimilado por peixes que  irão contaminar as pessoas que os consumirem. O mesmo ocorre com o mercúrio  perdido na lavra do ouro em processos obsoletos de garimpagem.
Esses peixes podem levar a  contaminação a distâncias consideráveis dos centros garimpeiros e devem ser  adequadamente estudados para que tenhamos a correta extensão do fato.
Estudos sobre os níveis de mercúrio em peixes da bacia do Tapajós, que foram  conduzidos na década de 90 mostraram que, nas regiões próximas aos garimpos, os  peixes tinham uma concentração elevada do metal. Em alguns casos peixes  coletados a centenas de quilômetros também se mostraram anômalos para mercúrio.

É importante lembrar que praticamente toda a população do Tapajós já foi  exposta, várias vezes na sua vida, aos vapores de mercúrio derivados da queima  do ouro em garimpos, nas vilas e nas grandes cidades da região como Itaituba e  Santarém.
Quem não se lembra do cheiro característico da queima do ouro?
Se esse for o seu caso, como é o meu, tenha certeza que você sofreu algum grau  de contaminação por vapor de mercúrio no passado.
Em vilas e cidades como Itaituba e Santarém onde toneladas e toneladas de ouro  amalgamado foram compradas, processadas, queimadas e fundidas em centenas de lojas de compra e  laboratórios clandestinos é de se esperar que uma boa parte da população, que  vivia ou ainda vive nas proximidades, foi ou está sendo contaminada pelos vapores de mercúrio. Itaituba, por  exemplo, tinha inúmeras compras de ouro espalhadas pelo centro e subúrbios onde os maçaricos  jamais paravam de queimar o ouro amalgamado despejando toneladas de mercúrio  vaporizado no ar da cidade. Sem perceber milhares de pessoas foram contaminadas.
Quantas vezes foram feitas inspeções por agentes da saúde especializados no  assunto nestas lojas e fundidoras? Será que elas não continuam despejando o  vapor tóxico no ar da cidade?
fundição em Itaituba
Acima Uma fundição de ouro dentro de um bairro  residencial de Itaituba. Muitas dessas estiveram funcionando por décadas  sem o mínimo de controle.

Essa contaminação pode ser constatada em análises das unhas, cabelos e sangue. O  mercúrio ficará com a pessoa até a sua morte. Ou seja: não adianta tentar  interpretar a contaminação do meio ambiente pelo mercúrio contido nas pessoas  pois essas podem ter sido contaminadas a milhares de quilômetros de ondem vivem.
Se quisermos entender o risco das pessoas e do meio ambiente o caminho  é analisar os peixes pois esses serão os vetores da contaminação. Dizer que um  cidadão de Itaituba ou Santarém com mercúrio elevado nos fios de cabelo é  decorrente de uma contaminação por peixes é, muito provavelmente, uma afirmativa errada.
Os novos estudos, se existirem, devem ser focados nos peixes da região pois serão  esses que irão mostrar o nível de poluição que está afetando o habitante do  Tapajós hoje.

A boa notícia é que, nos últimos anos, muito se fez para evitar a contaminação do mercúrio. Capelas  foram instaladas em quase todas as compras de ouro e garimpos o que reduz  significativamente a contaminação. A maioria dos garimpos de balsas foi banida  dos grandes rios e houve, também, uma retração dos demais garimpos de ouro na  região com as quedas dos preços do metal. Esses fatos, em conjunto com a maior  conscientização dos garimpeiros, que hoje estão mais protegidos, devem ter  contribuído para uma queda significativa na contaminação regional.

Na semana passada, um grupo de cidadãos do Tapajós encaminhou uma petição ao  Governador do Pará para iniciar mais uma pesquisa que possa comprovar o real  risco de contaminação que eles estão sendo submetidos.
Essa pesquisa, no nosso entender, deveria ser feita sistematicamente nos  pescados que alimentam Itaituba e Santarém e outras vilas importantes da região,  sem nenhuma interrupção enquanto existirem os garimpos de ouro, com os  resultados sendo constantemente divulgados em um site apropriado. Isso deve ser  um trabalho de monitoramento feito pela saúde pública.
Da mesma forma deve ser monitorado, constantemente, as instalações de compra e  fundição de ouro em todas as regiões com ênfase nas áreas urbanas e populosas  como Itaituba e Santarém pois elas, provavelmente, serão os principais vetores  da contaminação dos cidadãos hoje. esses estudos devem ser expandidos para todas  as regiões produtoras de ouro do Brasil.

A doença DE Minamata é causada pelo envenenamento pelo mercúrio e pode ser muito perigosa levando à morte. Em alguns casos a doença demora décadas para se manifestar.
Os principais sintomas da doença de Minamata são:
-falta de coordenação muscular
-problemas ao andar
-problemas na visão
-problemas auditivos
-tremores
-fraqueza muscular -movimento não intencional dos olhos

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Geólogos criam mapa-múndi de possíveis minas de diamante

Geólogos criam mapa-múndi de possíveis minas de diamante


Geológos criam mapa-múndi de possíveis minas de diamante
O resultado não é um mapa da mina definitivo, porque os esforços se concentraram em áreas mais antigas da crosta continental, uma faixa de pouco mais de 300 quilômetros de espessura e 2,5 bilhões de idade.[Imagem: Torsvik et al./Nature]
Em busca dos diamantes
Embora alumínio, minério de ferro e petróleo sejam as riquezas exploradas atualmente pela mineração em maior escala, o ouro e o diamante sempre estiveram ligados aos grandes anseios não apenas dos mineradores, mas da própria humanidade.
O ouro não resistiu ao desenvolvimento das novas técnicas geoquímicas e geofísicas, e hoje seus depósitos são mais facilmente detectáveis, ainda que a exploração desses depósito nem sempre seja economicamente viável.
Mas o diamante tem permanecido fugidio. Localizar reservas de diamante é muito mais difícil do que encontrar agulhas em meros palheiros, tornando um "mapa da mina de diamante" provavelmente muito mais valioso do que um "mapa da mina de ouro".
Tipos de minas de diamante
Há dois tipos de "minas de diamante" - que os geólogos chamam de ocorrência. Uma ocorrência de grande porte e já mensurada passa a ser considerada uma reserva. E uma reserva explorada comercialmente torna-se uma mina.
O primeiro tipo são os diamantes de aluvião, cuja rocha matriz - onde diamante nasceu - sofreu um desgaste erosivo ao longo de milhões de anos, fazendo com que as preciosas pedras rolassem e se depositassem em regiões mais baixas dos leitos d'água, atuais ou passados. Todos os diamantes encontrados no Brasil são desse tipo de reserva mineral.
O segundo tipo é o kimberlito, a rocha matriz onde o diamante se forma, a grandes profundidades e pressões enormes. Movimentos tectônicos, ou a própria erosão do terreno circundante, podem deixar essas rochas até bem próximo da superfície, facilitando a exploração. A maioria das grandes minas de diamante, como as da África do Sul, são minas de kimberlito.
Mapa da mina de diamante
Mas, como se formam a profundidades muito grandes, encontrar kimberlitos é muito difícil e não existem muitas técnicas para que isso seja feito em larga escala.
Agora, em um trabalho de grande impacto na área, um grupo internacional de geólogos conseguiu mapear milhares de kimberlitos ao longo de toda a Terra. O estudo poderá ajudar na localização de áreas com maior probabilidade de se encontrar diamantes.
O resultado não é um mapa da mina definitivo, porque os esforços se concentraram em áreas mais antigas da crosta continental, uma faixa de pouco mais de 300 quilômetros de espessura e 2,5 bilhões de idade.
O motivo é que estão ali os diamantes de extração mais economicamente viável.
Como se formam os diamantes
Os diamantes são formados em condições de alta pressão a mais de 150 mil metros de profundidade, no manto, a camada da estrutura terrestre que fica entre o núcleo e a crosta.
A distribuição desses diamantes no subsolo é controlada por plumas mantélicas, um fenômeno geológico que consiste na ascensão de um grande volume de magma de regiões profundas. Essa distribuição natural tem sido feita dessa forma há pelo menos meio bilhão de anos.
As plumas, originadas da fronteira entre o núcleo e o manto terrestre, são responsáveis pela distribuição dos kimberlitos, as raríssimas rochas vulcânicas das quais são retirados os diamantes.
Os cientistas reconstruíram as posições das placas tectônicas nos últimos 540 milhões de anos de modo a localizar áreas da crosta continental relativas ao manto profundo nos períodos em que os kimberlitos ascenderam.
"Estabelecer a história da estrutura do manto profundo mostrou, inesperadamente, que dois grandes volumes posicionados logo acima da divisa entre o manto e o núcleo têm-se mantido estáveis em suas posições atuais no último meio bilhão de anos," disse Kevin Burke, professor de geologia na Universidade de Houston, nos Estados Unidos, um dos autores do estudo.
Dúvidas geológicas
De acordo com os pesquisadores, esses kimberlitos, muitos dos quais trouxeram diamantes de mais de 150 quilômetros de profundidade, estiveram associados com extremidades de disparidades em grande escala no manto mais profundo. Essas extremidades seriam zonas nas quais as plumas mantélicas se formaram.
Estranhamente, contudo, suas localizações parecem ter-se mantido estáveis ao longo do tempo geológico.
"O motivo para que esse resultado não tenha sido esperado é que nós, que estudamos o interior da Terra, assumimos que, embora o manto profundo seja sólido, o material que o compõe deveria estar em movimento todo o tempo, por causa de o manto profundo ser tão quente e se encontrar sob elevada pressão, promovida pelas rochas acima dele", disse.

Mineradora de ouro Luna retoma operações no Maranhão

Mineradora de ouro Luna retoma operações no Maranhão

SÃO PAULO  -  A Luna Gold, empresa de exploração de ouro com sede no Canadá e projetos no Brasil, informou hoje em comunicado que retomou suas operações na Aurizona Gold Mina, na cidade de Godofredo Viana, no Maranhão. Segundo a companhia, as atividades no local recomeçaram durante a noite.
A empresa havia anunciado a suspensão das operações na segunda-feira por causa de manifestações da comunidade. Segundo a companhia, a população protestava contra o governo local, e as atividades da mina foram interrompidas para garantir a segurança dos trabalhadores e proteger os ativos da empresa.
Em comunicado divulgado hoje, a empresa diz que foi realizada ontem uma reunião do governo local com representantes da comunidade envolvidos nas manifestações, que eram relativas ao andamento de projetos de infraestrutura financiados pelo governo.
“A Luna participou como observadora. As partes chegaram a um consenso e as manifestações cessaram. A empresa confirma que nossos funcionários voltaram em segurança para as operações normais”, disse o comunicado.
A Luna opera a mina de Aurizona desde 2010, segundo informações em sua página na internet. A empresa informa que a produção superou 74 mil onças de ouro em 2012 e tinha a previsão de produzir entre 80 mil e 90 mil onças em 2013.
Na primeira metade deste ano, a empresa espera completar a primeira fase de sua expansão para levar a mina a uma produção anual de 135 mil onças. Posteriormente, em uma segunda fase, pretende atingir um patamar de 200 mil a 300 mil onças de ouro ao ano.

Uma mina de ouro aumentou o PIB do Quirguistão em 10%

Uma mina de ouro aumentou o PIB do Quirguistão em 10%
O Quirguistão, pequena república desmembrada da União Soviética faz fronteira com o Casaquistão, Uzbequistão, Tadjiquistão e China. A economia do país girava em torno da agricultura até que os geólogos russos descobriram, em 1978, uma grande jazida de ouro. Em 1996 a junior canadense Centerra Gold iniciou os trabalhos na Mina Kumtor que, aos poucos se tornou em uma das grandes do mundo. Em 2012 os olhos do Quirquistão cresceram e o Governo abocanhou 33% da mina. Mesmo assim a Centerra produziu, em 2013, 600.402 onças de ouro, 90% a mais do que em 2012. Com essa produção recorde o PIB do país subiu 10,5% o que está atiçando, mais ainda, as disputas entre as autoridades e a Centerra que, possivelmente, perderá a sua posição de controle.

Minério de ferro: grandes mineradores acreditam que a China deverá importar mais

17/1/2014 13:28:13

Minério de ferro: grandes mineradores acreditam que a China deverá importar mais  O gráfico ao lado não mente. Apesar do desaquecimento e de um crescimento menor a China continua aumentando as suas importações de minério de ferro. O motivo principal, deste fenômeno, é a crescente urbanização do país.
É isso que faz gigantes como a Rio Tinto, Vale, BHP e Fortescue investirem grandes somas na expansão de suas minas e projetos. Segundo o CEO da Fortescue Neville Power a urbanização chinesa “vai requerer uma grande quantidade de aço nos próximos anos”. Sam Walsh o CEO da Rio Tinto também acredita e diz que “o crescimento da China continua”. Essas demonstrações de otimismo ocorreram em um almoço na Câmara de Comércio de Perth.
Neste encontro Walsh disse mais: “ a China é o nosso mais importante mercado” e a Rio vai continuar expandindo suas minas australianas para acomodar a crescente demanda chinesa, que , segundo o Instituto Chinês de Metalurgia e Planejamento deverá crescer para 850Mt neste 2014.
Apesar de todo o otimismo o preço do minério de ferro caiu, hoje, abaixo dos US$130/t após quase 6 meses de estabilidade.