segunda-feira, 30 de novembro de 2015

EXPLORAÇÃO GEOFÍSICA NA DOCEGEO-AMAZÔNIA: PRIMEIROS PASSOS

EXPLORAÇÃO GEOFÍSICA NA DOCEGEO-AMAZÔNIA: PRIMEIROS PASSOS

– Crônica Amazônica                           
As equipes de exploração da DOCEGEO / VALE foram responsáveis pelo descobrimento de muitos e significativos depósitos minerais na região de Carajás. Essa história de sucesso tem como um dos fatores principais, a constante integração de dados geológicos, geofísicos e geoquímicos em todas etapas dos trabalhos prospectivos.
O geofísico Kiyoshi enviou um correio narrando alguns dos primeiros acontecimentos da história da prospecção geofísica desenvolvida pela DOCEGEO na Amazônia e que foi integralmente transcrita nessa crônica.
O Blog, dessa forma, vai desempenhando uma interessante função de transmitir a história da Exploração da Amazônia, através de relatos desenvolvidos pelos seus personagens e narrados de maneira simples e informal
O primeiro levantamento aéreo na Amazônia feito pela Docegeo foi um levantamento aeromagnético executado pela LASA, que era um braço da Cruzeiro do Sul Linhas aéreas que depois virou Varig.
Foi um levantamento com linhas de 5 em 5 km de direção N-S que cobriu desde São Felix do Xingu até Marabá. As linhas saíam do paralelo de Xinguara e iam até pouco ao norte da estrutura do Sereno, da Serra Norte, e também a estrutura do Salobo 3A.
Numa segunda fase, linhas intermediárias iriam detalhar blocos de áreas selecionadas com intervalos de 2.5 km. Esta segunda fase nunca foi feita. Até hoje não sei porque aquele levantamento foi suspenso. Acredito que tenha sido por falta de verba. Na época entendi também que o levantamento tinha gerado polêmicas sobre técnicas exploratórias para a Amazônia.
Em 1975 (ou 76 ?), o Dr. Emmanuel Magalhães contratou no Canadá um consultor chamado Norman Paterson que fez um giro comigo pelos distritos. Na Amazônia fizemos a interpretação deste primeiro levantamento e nele ficaram marcadas as estruturas do Fe CKS, a sequência do Salobo e do Aquiri. Lembro-me que o Igarapé Bahia tinha sido detectado numa única linha de voo e o Dr Paterson interpretou aquilo como se fosse um plug magnético.
De certa forma o Décio Alemão usava as estruturas magnéticas coincidentes com as estruturas alinhadas para fazer seus programas de SS e reconhecimentos geológicos.
Outra particularidade deste levantamento foi uma extensão do levantamento para cobrir a estrutura da Serra das Andorinhas que ficou como um " dente"  anexo ao enorme bloco voado.
O segundo levantamento da Docegeo foi um levantamento aeroeletromagnético na Serra das Andorinhas no final de 1975. Quem fez o levantamento foi a Geoterrex, uma empresa canadense que utilizava a tecnologia do EM aéreo, aperfeiçoado pela Barringer Research.
O Armando deve se lembrar desse levantamento, pois a nossa base foi em Conceição do Araguaia. Ficamos alojados na casa da dona Rinalda (era esse o nome, Armando ?) que era a única hospedagem naquela cidade. Depois dona Rinalda montou um belo hotel (Hotel Marajoara ?) numa avenida nova que se tornaria uma artéria importante da cidade.
Quando eu fui fazer o follow up das anomalias detectadas na estrutura da Serra das Andorinhas, verificamos que se tratavam de sedimentos (quartzitos segurando a estrutura) e ficamos acampados no Gemaque. Um furo cortou folhelhos pretos. Naquele tempo achei que Andorinhas era igual ao Grupo Bambuí. Mais tarde verificamos que a estrutura da Serra das Andorinhas eram sedimentos assentados discordantemente sobre sequências magnéticas que ocorriam nos arredores. Essas sequências magnéticas eram litologias do Greenstone de Rio Maria.
Nós entramos em Andorinhas depois que desistimos do Quatipuru. O Armando sabe muitos  detalhes daquele tempo.
Na rotina de campo, foi pelas mãos do Armando que a geofísica entrou na Amazônia.

Grande abraço,

Garimpo marcou história de Itaituba

Garimpo marcou história de Itaituba



"Coméricio de ouro representa mais da metade da economia da cidade"
Imagem ilustrativa
A diversidade do Vale do Rio Tapajós foi um dos grandes responsáveis pela ocupação de Itaituba, que hoje ostenta títulos como Cidade Pepita e Província Mineral. A história de cada morador do município tem uma passagem pelo garimpo, algumas bem-sucedidas, outras nem tanto. Maria de Lourdes Linhares da Silva viveu as duas experiências.
Ainda mocinha, deixou o Maranhão rumo a Itaituba para trabalhar no garimpo, onde o irmão já estava há algum tempo. Não tinha ideia do que era uma mina de extração de ouro. Ao chegar no local, foi encaminhada para uma casa de prostituição. Por sorte, foi resgatada pelo irmão, que queria enviá-la de volta para o Maranhão. 
Mas Maria de Lourdes bateu o pé e encontrou uma forma de ganhar dinheiro: cozinhava, lavava e passava para os garimpeiros. Em troca recebia ouro. “Juntei 150 gramas (de ouro), fui para Manaus, comprei várias mercadorias e comecei a vender no garimpo.” Aos poucos, montou uma loja para atender os trabalhadores. “Com o dinheiro, comprei terra e casa em Itaituba”, conta ela. 
Personagens como Maria de Lourdes estão espalhados por todos os cantos de Itaituba. Nem todos, no entanto, gostam de falar do garimpo. Muitos fizeram do ouro o trampolim para negócios mais sólidos. Viraram donos de empresas de aviões, comércio e restaurantes. Muitos garimpeiros, no entanto, continuam sem dinheiro e sem patrimônio. Reinvestiram tudo na exploração de ouro, sonhando em fazer uma fortuna que até hoje não veio. 
Imagem ilustrativa

Na cidade do ouro, as caminhonetes (nacionais e importadas) - sonho de consumo de muitos brasileiros - representam 30% dos automóveis e comerciais leves. Os moradores dizem que muitos não têm  casa própria, mas têm uma caminhonete “traçada” (com tração nas quatro rodas). Uma Hilux 2010, por exemplo, está na casa de R$ 99 mil.

Hoje a mineração e o comércio de ouro representam mais da metade da economia de Itaituba, por  onde circulam entre 400 e 800 quilos do metal por mês. “Infelizmente, uma parte vem do garimpo ilegal”, afirma o presidente da Associação Nacional do Ouro (Anore), Dirceu Frederico.

Rei dos diamantes relembra os tempos do garimpo

Rei dos diamantes relembra os tempos do garimpo

Mineiro volta ao lugar onde se tornou um milionário. Júlio Bento descobriu mina no Vale do Jequitinhonha. Pedras eram escondidas dentro de uma panela no acampamento.


No coração de Minas Gerais fica um lugar que já foi procurado por bandeirantes, aventureiros, e cobiçado por impérios. A história está nas ruas, nas casas, na alma da cidade, que tem no nome a riqueza e o destino de pedra: Diamantina. Ninguém sabe ao certo, mas calcula-se que da região tenham saído mais de 600 quilos de diamantes. E também de lá saíram outras pedras que se transformaram em joias belíssimas que ainda hoje brilham pelo mundo inteiro.

Quase três séculos de mineração deixaram marcas e mitos.

"Júlio Bento foi quem tirou mais diamantes. Ele até achou que era castigo tanto diamante", conta o empresário Fábio Nunes.

"Na região, o rei do diamante é Júlio Bento", confirma o taxista Sandoval Ribeiro, o Juca.

Júlio Bento, o rei do diamante, não gosta de revelar a idade, mas dizem que ele já passou dos 80. Fala menos ainda quando se trata de fortuna. Afinal, ele continua rico ou não? Seu Júlio voltou à Diamantina para mostrar o garimpo onde achou a primeira de muitas e muitas pedras valiosíssimas. Um tesouro encontrado justamente na região de Minas Gerais famosa pela pobreza, o Vale do Jequitinhonha.

A estrada é de terra, mas, naquele tempo, nem ela existia. Seu Júlio abriu as primeiras picadas e passou com uma tropa de mulas. De um trecho em diante, só com tração nas quatro rodas. Depois de uma hora de solavancos, chega-se ao local. Foi em um trecho do Rio Pinheiro que seu Júlio passou os primeiros cinco anos no garimpo.

Depois da investida dos bandeirantes, no Período Colonial, Diamantina viveu, na época de seu Júlio, uma segunda febre do garimpo. No começo dos anos 80, Diamantina chegou a ter mais de 30 mil garimpeiros. Só em uma mina trabalhavam 250 homens. Os diamantes que saíam da região espalhavam riquezas pelo Brasil inteiro e por outros países do mundo. Mas tudo isso tem um custo para a natureza: onde o garimpo chega, a paisagem muda. Areia que foi parar no meio do rio saiu de outro garimpo que ficava um pouco acima.

O leito do rio também foi desviado. Os muros construídos pelos garimpeiros ainda estão de pé. Seu Júlio volta a explorar o lugar, desta vez, para garimpar a própria história. Dois quilômetros adiante, um reencontro com o passado. O velho garimpeiro descobre o acampamento onde ele e os colegas passavam as noites.

"Ficou tudo do jeito que era porque a pedra protege. A comida era carne, arroz, feijão, verdura", lembra seu Júlio.

O homem que cozinhava para os garimpeiros hoje é chefe de cozinha em um restaurante de Diamantina. Mas, naquele tempo, Luiz Lobo – o Vandeca, como ainda é conhecido – tinha outra função, da maior importância: esconder os diamantes que seu Júlio tirava do rio.

"Seu Júlio confiava tanto em mim que eu tinha na cozinha uma panela que se chamava panela do segredo. Nem os cunhados dele sabiam onde eu guardava os diamantes. Eu guardava dentro de uma panela. Eu colocava as garrafas de diamantes e os pacotes de macarrão e de sal em cima, para que ninguém desconfiasse do que estava ali dentro. Ninguém nunca descobriu", afirma Vandeca.

Hoje seu Júlio vive em São Paulo. Além de não falar se ficou rico, ele não revela, nem mesmo, a quantidade de diamantes que extraiu. Mas, de repente, tira do bolso uma recordação dos velhos tempos: um diamante de quase cinco quilates. "Há mais de 20 anos eu guardo", conta.

Tantas lembranças deixam os olhos do velho garimpeiro brilhando como as pedrinhas que ele tanto procurou. "Dá vontade de chorar", diz seu Júlio, emocionado.

Garimpos em Diamantina abrigam histórias e esperança

Garimpos em Diamantina abrigam histórias e esperança


As águas que cortam as montanhas da Serra do Espinhaço já fizeram muitos olhos brilharem. Milhares e milhares de diamantes saíram de lá, construíram reinos, enriqueceram nações, tudo saindo dos rios, dos nossos garimpos.
O garimpeiro Belmiro Nascimento explica que o diamante não enriqueceu pessoas só na época da coroa e diz que conhece muita gente que ficou rica por causa da pedra preciosa.
Os descendentes de Belmiro chegaram à região há mais de 200 anos pra encontrar ouro e diamante. Ele cresceu no meio do garimpo, ouvindo muitas histórias.
Até hoje, pedras escondidas na época da mineração são achadas, segundo Belmiro. “Vários tesouros já foram encontrados ai no leito do rio. Os escravos ou mesmo garimpeiros da época eles escondiam essas pedras que eram encontradas dentro daquilo que a gente chama de paiol de pedra. E eles ficaram na beira dos rios, os anos foram passando, as vezes quando um garimpeiro contemporâneo não tem onde trabalhar, ele por uma questão de fazer alguma coisa, ele vai a um lugar desse e por sorte encontra essa pedra guardada lá. É um tesouro”, afirma o garimpeiro.
A natureza é generosa, mas para encontrar diamante é preciso olhar apurado e técnica. No período de seca, com as águas mais baixas, a garimpagem acontece quase sempre na beira do rio. Quando chove, o trabalho é feito nas chamadas canoas.
Parece mesmo um paradoxo. As ferramentas usadas para achar essa pedra que vale tanto são extremamente simples, rudimentares. Enxada, pá, bateia, peneira são companheiras inseparáveis de qualquer garimpeiro. Que precisa andar bem acompanhado também da sorte.
“Tem uma cultura do garimpo que fala que o diamante tem dono. Então, as vezes você vai passar por aquele diamante não vai ver. Eu venho depois de alguns dias e vou encontrar. é predestinação? talvez isso”, conta Belmiro.
Mas a técnica, o conhecimento e a experiência são fundamentais. “Muita gente fala que garimpo é sorte. É claro que a gente precisa dela, mas tem que tá aliado ao conhecimento. Alguns sinais, alguns caminhos que a natureza ensina pra gente. Se você não souber interpretar, você não encontra essa pedra”, complementa. O garimpeiro chama isto de satélite de diamante.
As dificuldades do garimpo foram um dos motivos que levaram a família de Belmiro a abrir a área também para receber turistas. No local, o trabalho é mostrado para os visitantes.

A aviação de garimpo no Tapajós

A aviação de garimpo no Tapajós

Regra numero 1: o piloto tem que ser casado


Muitos 206, 210, skylines, poucos coriscos e sertanejos (mata sete) e alguns bimotores (barões e Aztecas)
São os aviões do garimpo, o 206 leva 600 kg assim como o 210 que é mais veloz, o skyline só leva 520 kg e serve para voos mais curtos pois pode apagar em chuvas muito pesadas, o 206 tem porta lateral para os lançamentos em clareiras. O Corisco só leva 450 kg e o Sertanejo 600, mas eles tem asa baixa, ou seja, maior risco de bater em galhos de arvores nas pistas. Os bimotores só levam 550 kg, mas se diferenciam pela segurança de ter dois motores. Entretanto se usar esses bimotores com carga de 700 ou 800 kg, o que é comum, eles perdem a característica de voar com um motor só, ou seja, viram um monomotor também.  
Os monomotores exigem pistas de no mínimo 300m, menos ainda para um skylane ou 206, mas os bimotores existem pistas maiores (500m). Considerando que parte das pistas podem ser danificada por chuvas, menor é a exigência de pista, melhor
Há pistas ainda menores, mas com características especiais (trampolim natural). A pista tem uma parte plana para colocar as rodas e logo depois, ela se eleva num grau forte, forçando o avião a parar por causa da gravidade. Na descida é o contrario, ele desce no trampolim pegando velocidade por causa do ângulo, e sai num precipício quase na velocidade de voo, e depois se eleva, usando os desfiladeiros das grotas entre as montanhas. É impressionante, mas jamais vi um acidente fatal nestas condições, mas é fácil quebrar om trem de pouso na chegada.
Há também pistas que não são retas, seguindo a curva de nível do terreno. Falam-se com exagero de pistas em L. De qualquer maneira, é nestas pistas que se vê a pericia do piloto no pouso.
Qualquer pista permite pousar com carga total, mas na decolagem, é muito diferente. Poucas pistas permitem decolagem com mais de 200 ou 300 kg e nestes caso, serão necessárias “pernas” ate a pista boa que estivar mais perto.
A zona de garimpos do Tapajós tem área enorme (300 km por 200 km) e a aviação é formada de dois polos controlados (aeroporto de Itaituba no Para e aeroporto de Alta Floresta no Mato Grosso); Além destas pistas controladas, há pistas paralelas em cada cidade, onde não há controle como a pista do Km 17 asfaltada perto de Itaituba e da fazenda em Alta Floresta e diversas pistas em beiras de estradas que recebem a mercadoria por caminhões e levam até o garimpo por avião: há três grupos de pistas: as que estão ao longo da transamazônica: Km 180, Sol Nascente e Rabelo, as que estão ao longo da BR 163: aeroporto de Novo Progresso 
















e as que estão ao longo e principalmente no final da Transgarimpeira: Creporizinho e Creporizão











Fala-se muito em Kamicases, mas tem muitos pilotos velhos, ou seja, vivos e que voam todo dia desde os anos 70, 80.
Como escolher um bom piloto?: Não vou citar nomes de pilotos, mas, como geólogo que voa em garimpo há mais de 34 anos, sigo uma única regra para escolher um piloto para voar comigo: ele tem que ser casado.

Como escolher um bom avião? Destes que podem pousar legalmente nas pistas oficiais de Itaituba e alta Floresta, pois seguem as regras da ANAC.