terça-feira, 1 de maio de 2012

Safira

Uma das gemas mais conhecidas e mais valiosas, a safira é conhecida e usada há séculos.

É ela que se vê, por exemplo, no anel dos cardeais da Igreja Católica. Como o rubi, ela é uma variedade do mineral coríndon; quando vermelho, o coríndon é chamado de rubi; nos demais casos, e especialmente quando azul, é chamado de safira. Desse modo, embora a safira mais valiosa seja a azul com tons violeta, essa não é sua única cor. Pode-se ter safira verde, rosa, alaranjada (chamada padparadscha, extremamente rara) dourada e até incolor (leucossafira). A safira cinza tem valor gemológico apenas se mostrar asterismo.
As rochas em que costuma ocorrer são mármores, basaltos ricos em alumínio, pegmatitos e lamprófiros.
A maior safira astérica já encontrada tinha nada menos de 12,6 kg no estado bruto e foi achada em 1966, em Mogok, Myanmar (antiga Birmânia). Outras safiras famosas são a Estrela Negra (233 g no estado bruto) e a Stuart.
    

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Jóia com safiras azuis e diamantes
Fonte: Gems and Jewelry,
de Joel Arem

Esta última, bem como a St. Edward, pertencem ao tesouro da coroa inglesa. Das gemas lapidadas, a maior de todas é a Estrela da Índia (563 ct), que está no Museu Americano de História Natural de Nova Iorque. A Estrela da Ásia tem 330 ct e está também nos Estados Unidos, na Smithsonian Institution (Washington). É também famosa a safira Ruspoli, de 135,8 ct, que está em um museu de Paris. A Estrela da Meia-Noite é uma safira astérica negra de 116 ct.
A safira azul é passível de confusão com cordierita, berilo, tanzanita, espodumênio, cianita, topázio e outras gemas.
É produzida principalmente no Sri Lanka. Outros produtores importantes são Myanmar, Tailândia e Vietname (em basaltos do sul do país). Também é produzida no Turquestão, Índia, Quênia, Tanzânia, EUA e Austrália. As melhores safiras vêm da vila de Soomjam, na Caxemira (Índia), mas as jazidas estão praticamente esgotadas. Ótimas gemas vêm de Myanmar (Ratnapura) e as maiores, da Austrália (Queensland). 

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Rubi e safiras com asterismo
Fonte: Gemstones
Edit. Sterling

É rara no Brasil, existindo no Mato Grosso, Goiás, Santa Catarina e Minas Gerais.
O maior centro de lapidação é a Índia.
Embora seja hoje uma gema valiosa, já houve época em que a safira era usada apenas em mecanismos de relógio (como rubi). Hoje, as safiras impróprias para uso em jóias são empregadas em esferográficas sofisticadas, instrumentos óticos e elétricos e em janelas de fornalhas de alta temperatura.
Por tratamento térmico, a safira pode ficar tanto mais clara quanto mais escura. A amarela fica incolor e a violeta fica rósea. Usam-se temperaturas entre 1.500 ºC e 1.800 ºC, em forno elétrico, em ambiente com oxigênio ou não, e o processo demora de duas horas a três dias. Safiras praticamente incolores do Sri Lanka podem ficar bem azuis. Expostas a radiações, as safiras incolores ou róseas ficam alaranjadas. A incolor ou amarelo-clara, sob ação dos raios X, fica amarela, semelhante a alguns topázios.
O nome dessa gema vem do grego sappheiros (azul), pelo latim saphirus.

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Safira da variedade padparadscha
Fonte: Gemstones
Edit. Sterling 

Um comentário:

  1. Rubi e safiras de Minas Gerais, Brasil





    Antonio LiccardoI; Ester Figueiredo OliveiraII; Hanna Jordt-EvangelistaIII

    IDEGEO, Universidade Federal de Ouro Preto - UFOP. E-mail: liccardo@ambienteimagem.com.br
    IICentro de Desenvolvimento de Tecnologia Nuclear - CDTN
    IIIDEGEO, Universidade Federal de Ouro Preto - UFOP. E-mail: hanna@degeo.ufop.br





    RESUMO

    Rubis e safiras de quatro depósitos em Minas Gerais, denominados Sapucaia, Indaiá e Palmeiras, na região de Caratinga-Manhuaçu, e Malacacheta, mais ao norte, foram caracterizados em termos geológicos, gemológicos, químicos e espectroscópicos, com o objetivo de interpretar causas de cor, gênese, bem como analisar o potencial econômico dos depósitos. Resultados de análises químicas e espectroscopia UV-visível mostram que a provável causa da cor azul é transferência de cargas entre Fe2+ e Ti4+, enquanto Cr3+ causa tonalidades violeta e púrpura, efeito alexandrita e fluorescência. A ausência de Ce e La e o teor relativamente mais alto de Ga distinguem as amostras de Malacacheta das demais. Além de sugerir particularidades genéticas, a diferença em termos de elementos-traços, pode ser utilizada como indicador de proveniência das gemas. Inclusões de um polimorfo de Al2SiO5 e indícios de campo sugerem que o coríndon deve ter sido gerado por processos metamórficos regionais, o que expande as possibilidades para a descoberta de novas ocorrências de rubi e safiras nos terrenos de alto grau metamórfico do leste de Minas Gerais.

    Palavras-chave: Coríndon, rubi, safira, Minas Gerais, elementos traços, gemologia.

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