terça-feira, 1 de maio de 2012

A esmeralda


A esmeralda é uma gema sobre a qual se podem escrever páginas e páginas, ou falar horas a fio. Seja por sua história milenar, seja pelo seu grande valor como gema, ou ainda por suas características gemológicas, que incluem sofisticados processos de síntese e de tratamento, ela ocupa merecidamente lugar de destaque no estudo das pedras preciosas.
Pelas limitações desse espaço, porém, apresentamos apenas algumas de suas caracte-rísticas mais marcantes, que não podem ser ignoradas por quem aprecia as gemas ou a esmeralda em particular.
Como a água-marinha e o heliodoro, a esmeralda é uma variedade do mineral chamado berilo.  Ela tem cor verde, em tom médio a escuro, devida à presença principalmente de cromo. Segundo o Gemological Institute of América (GIA), a esmeralda deve ter pelo menos 0,1% de óxido de cromo (Cr2O3), do contrário será simplesmente berilo verde. Este é o caso de certos berilos brasileiros cuja cor verde se deve ao vanádio.
No estado bruto, forma cristais prismáticos, hexagonais, translúcidos a transparentes, de brilho vítreo. Tem dureza 7,5 a 8,0 e densidade relativa 2,70.
O cromo, que lhe dá cor verde, entra na composição do berilo substituindo o alumínio. Isso enfraquece a estrutura cristalina do mineral, o que explica as abundantes fraturas, características da esmeralda, que impedem que se consigam gemas perfeitamente límpidas, a não ser muito pequenas, com uns poucos quilates.
É usualmente encontrada em rochas como micaxistos e pegmatitos e apresenta freqüentemente inclusões de mica, pirita (carvão), tremolita, cloreto de sódio, calcita ou ainda água ou gás carbônico. A presença de inclusões de pirita, mica, gás ou água é indício seguro de que a esmeralda é natural e não sintética. O estudo dessas inclusões é muito importante, pois permite, não apenas determinar se a gema é natural, mas também, muitas vezes, de que país ela provém.
O filtro de Chelsea, um dos equipamentos usados para identificação de esmeralda. Mostra que esta gema, vista através dele, fica vermelha, o que só ocorre com poucas pedras preciosas verdes (por ex. demantóide e zircão). Se a cor vermelha for muito viva, trata-se de esmeralda sintética.
A esmeralda é geralmente lapidada em um tipo facetado próprio, chamado de lapidação esmeralda, cuja mesa é retangular ou quadrada, com os cantos cortados. Pode ser lapidada também em cabuchão e pêra.
Essa gema já era comercializada 2.000 anos antes de Cristo, na Babilônia (atual Iraque), mas foi rara até à época do Renascimento, quando se descobriram as jazidas sul-americanas. Entre as esmeraldas que se tornaram famosas, estão a “Kakovin”, a “Imperador Jehangir”, a “Hooker” e a “Devonshire”.
Os principais produtores são a Colômbia, Zâmbia, Zimbábue, Tanzânia, Madagascar e Brasil. As primeiras minas de esmeralda surgiram no Egito, mas já não há produção nesse país. O Brasil tomou-se, na década de 1980, importante produtor, com a sua produção concentrada em Goiás (Santa Teresinha de Goiás) e na Bahia (Carnaíba) e Salinha (Sr.Arpad Szuecs proprietário do alvará). Em Minas Gerais (Santana dos Ferros), também há esmeralda.
A lapidação é feita no Rio de Janeiro e em São Paulo, principalmente. É um trabalho quase exclusivamente manual, usando-se mecanização apenas para as gemas mais pobres.
A esmeralda é um dos três minerais-gema mais valiosos (os outros são o rubi e o diamante), em razão de sua cor, principalmente. As gemas de melhor qualidade (excelente ou ex-tra), com 5 a 8 ct, podem valer até US$ 5.600 por quilate. Gemas de mesmo peso com qualida-de média variam de US$ 100 a US$ 580/ct.
Em decorrência do seu alto valor, a esmeralda vem sendo sintetizada e imitada há bastante tempo. Em caráter comercial, a produção começou em 1940 nos EUA (Califórnia), com Carrol F. Chatham, mas a primeira vez que foi sintetizada foi em 1935, na Alemanha, pela I.G. FarberIndustrie. Até hoje, EUA e Alemanha são os principais produtores. Ao contrário do que acontece com outros minerais, toda a produção de pedras sintéticas destina-se à joalheria.
A esmeralda pode ser confundida com turmalina verde, dioptásio, demantóide, diopsídio, hiddenita, grossulária, uvarovita e peridoto.
Ela costuma ser lavada com ácidos para remover impurezas localizadas nas fraturas que se ligam ao exterior e, a seguir, imersa em óleos ou resinas, visando a avivar sua beleza natu-ral.  Nunca se deve usar ultra-som para essa limpeza.
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Cristal de esmeralda no estado bruto
Fonte: O Mundo das Esmeraldas, de Jules Sauer
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Hooker, esmeralda de 75,47 quilates (27 mm) e excepcional pureza, do Museu de História Natural da Smithsonian Institution.
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Cristal de esmeralda da Bahia

4 comentários:

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  2. Marcos Nogueira

    Para se chegar a um veio de esmeraldas, é preciso cavar buracos verticais com até 500 metros de profundidade no solo rochoso. Os garimpeiros passam dias a fio dentro dessas minas, dotadas de uma estrutura rústica, mas eficiente. Há sistemas de iluminação, de ventilação e de comunicação que ligam a entrada ao fundo do poço. As minas funcionam 24 horas diárias.

    Os trabalhadores manipulam dinamite, respiram fuligem o tempo todo, urinam e defecam em sacos plásticos e estão sujeitos a desabamentos. O risco de morrer é real, mas pode compensar: uma gema de boa qualidade com 1 quilate (2 gramas) é vendida por até 5 mil dólares.

    No Brasil, uma das principais áreas de extração de esmeraldas fica na serra da Carnaíba, Bahia, onde o mineral foi descoberto em 1 963. Lá as minas são cavadas dentro de barracões cobertos, sendo invisíveis para quem anda nas ruas do garimpo. Sob a terra, o cenário lembra um formigueiro (veja infográfico). Para iniciar a perfuração de uma mina, é preciso instalar bananas de dinamite em fendas feitas com uma britadeira. À medida que se encontram veios de pedra preciosa e a rocha fica mais solta, os garimpeiros se valem de ferramentas mais “delicadas”, como marretas e picaretas. Isolados do resto do mundo, os caçadores de esmeraldas desenvolveram um vocabulário peculiar (leia quadro).

    As primeiras esmeraldas foram descobertas há cerca de 5 mil anos, no Egito. A pedra verde é considerada a quinta gema mais valiosa do mundo – perde apenas para o diamante, o rubi, a alexandrita e a safira. A cor de uma esmeralda varia do um verde pálido ao verde intenso, com tonalidades azuladas ou amareladas. A qualidade da gema depende, fundamentalmente, dessa cor. As mais valiosas e raras são aquelas que têm verde intenso, puro ou com ligeira tonalidade amarelada. O grau de transparência e a presença de rachaduras também influem na avaliação de uma gema.

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  3. INTRODUÇÃO
    Desde 1982, um ano após a descoberta
    do Garimpo de Santa Terezinha de Goiás, alguns trabalhos
    específicos foram realizados, uns enfatizando a geologia local
    e regional, tais como os de Ribeiro & Sá (1983), Ribeiro Filho
    & Lacerda Filho (1985) e Costa (1986), enquanto outros des-
    tacam as características mineralógicas (inclusões), como os de
    Hänni
    & Kerez (1983), Cassedane & Sauer (1984), Barros
    (1984), Schwarz & Mendes (1985) e Miyata
    et al.
    (1987).
    Entretanto, foi observ
    ado que, nos trabal
    hos anteriores, não
    está clara a questão da gênese das esmeraldas de Santa Tere-
    zinha de Goiás. Este trabal
    ho visa fornecer resultados que
    contribuam com informações para as hipóteses formuladas
    para a sua gênese, além de apresentar um estudo amplo sobre
    as inclusões encontradas nessas esmeraldas.
    SITUAÇÃO GEOGRÁFICA E GEOLÓGICA Locali-
    zação e acesso
    O garimpo de esmeraldas de Santa Tere-
    zinha de Goiás, está situado
    no centro-oeste goiano, distando
    de Goiânia cerca de 310 km. Se
    u ponto central apresenta lon-
    gitude e latitude aproximadas de 49°20'W e 14°55'S (Fig. 1).
    Tomando-se a rodovia asfaltada GO-080, num percurso de 95
    km de Goiânia, atinge-se a BR-153, na altura do km 1.157.
    Percorrendo esta até o km 1.055,5, toma-se a GO-336, que
    conduz a Itapaci por uma distância de 20 km. Seguindo rumo
    a Pilar de Goiás pela GO-154 alcança-se essa cidade após um
    percurso de 30 km e segue-se por
    esta rodovia, não asfaltada,
    por 52 km até Santa Terezinha
    de Goiás, seguindo-se, então,
    mais 21 km até a Fazenda São João, por estrada municipal,
    onde se localiza/o garimpo, hoje denominado Campos Verdes.
    É pdssível chegar também ao garimpo partindo da BR-153,
    através da GO-439, via Hidrolina e GÒ-465, passando por
    Campinorte.
    Síntese da geologia regional
    A geologia do garimpo de
    Santa Terezinha de Goiás é considerada por Barbosa
    et al.
    (1969) como compreendida no Grupo Araxá, sendo
    formada por duas seqüências: uma basal, composta de mica-
    xisto a duas micas, finas e grossas, com intercalações de
    quartzitos micáceos, e outra de calcoxistos, com intercalações
    de calcário.

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  4. A Província Esmeraldífera de Itabira-Nova Era; onde se encontram a mina da Piteiras; o garimpo de Capoeirana e a Mina Rocha; ora estudada; localiza-se na porção centro-sudeste do Estado de Minas Gerais; distante cerca de 100 km de sua capital Belo Horizonte; a meio caminho da estrada que liga as cidades de Itabira e Nova Era. Essa província pertence ao Complexo Guanhães; localizado na porção sul do Cráton do São Francisco; entre o Quadrilátero Ferrífero e o Complexo Mantiqueira. Essa região é constituída por rochas metamórficas e metassomáticas de médio a alto grau com origem ígnea e sedimentar. O principal objetivo do presente estudo foi a análise petrogenética das rochas portadoras de esmeralda e dos litotipos a elas associados; com ênfase na região da Mina Rocha; que é a mais nova mina de esmeralda em exploração. Durante o reconhecimento litoestrutural regional foram selecionadas amostras de rochas para o detalhamento dos estudos petrográfico; mineralógico; geoquímico e geocronológico. Os resultados das análises petrográfica e geoquímica apoiaram a caracterização de cinco unidades litológicas na área estudada: gnaisses; xistos; quartzitos; granitóides e anfibolitos. Com base na mineralogia e geoquímica foi possível distinguir gnaisses e xistos de origem sedimentar de seus equivalentes ígneos. A composição química e os aspectos texturais permitiram também a distinção entre granitóides pertencentes à Suíte Borrachudos; suposta fonte do Be para a geração da esmeralda; de granitóides não pertencentes a essa suíte. Os granitóides Borrachudos têm granulação grossa e são bem foliados; com trend toleítico metaluminoso. Os outros granitóides têm granulação fina e são menos foliados; com trend peraluminoso cálcio-alcalino Na área da Mina Rocha duas camadas de flogopita xisto ultramáfico mineralizadas em esmeralda estão intercaladas com anfibolitos e xistos paraderivados; sobrepostos a granitóides. As camadas de xisto mineralizado têm entre 1 e 10m de espessura e mergulham de cerca de 45º para noroeste. O xisto é essencialmente composto por flogopita; com quantidades subordinadas de granada e anfibólio. O flogopita xisto é ortoderivado e têm caráter komatiítico; com até 4500 ppm de Cr. Estudos geotermobarométricos em amostras da Mina Rocha e do garimpo de Capoeirana indicam um evento metamórfico de fácies anfibolito. A temperatura; calculada com base nos geotermômetros granada-biotita e granada-estaurolita; varia entre 600-650 ºC; com as maiores temperaturas no centro dos cristais. A pressão foi calculada em torno de 6-7 kbar; por meio dos geobarômetros (GASP) e granada-plagioclásio-biotita-quartzo. Uma amostra do garimpo de Capoeirana apresentou resultados em torno de 10 kbar; que sugerem a ocorrência de uma fase de despressurização. Essa hipótese é reforçada pela presença de cordierita em Capoeirana e pelas auréolas de albita nos cristais de granada e plagioclásio dos granitóides diversos presentes na Mina Rocha. O evento metamórfico/metassomático responsável pela geração das esmeraldas dessa província é de idade brasiliana (604 ±36 Ma); conforme indicado pela geocronologia U/Pb (LAM-ICP-MS) de titanita da zona mineralizada da mina da Piteiras.

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