domingo, 19 de maio de 2013

Tratamento Térmico de Berilo Incolor (Goshenita) e Colorido (água Marinha, Heliodoro e Morganita



Resumo:

A comercialização de grande parte do mineral-gema berilo depende de tratamento térmico, amplamente utilizado para água-marinha (azul e verde), morganita e heliodoro, com o objetivo de melhorar ou modificar a cor natural e, assim, agregar valor à gema. Na aplicação do tratamento térmico, devem ser levadas em consideração as mudanças físico-químicas do material, para não produzir modificações indesejáveis e irreversíveis. Cuidados com relação à temperatura (aquecimento e resfriamento) e duração do tratamento são importantes para que as integridades química e estrutural do berilo sejam preservadas. Do ponto de vista óptico, a mudança ou uniformização da cor pode ser obtida, na maioria das vezes, com tratamentos de até 1 ou 2 horas de duração e temperaturas entre 350 e 900oC, aproximadamente, dependendo da variedade e procedência.
Estima-se que mais de 90% das gemas de água-marinha e morganita, disponível no mercado mundial, são tratadas termicamente. A maioria sem qualquer referência da posição de extração do material nos corpos pegmatíticos, muitas vezes, sem informações seguras sobre a procedência e, portanto, torna-se impraticável investigar a relação quimismo/posicionamento no corpo/procedência geográfico-geológica. Dentro desse contexto, foram realizados 239 ensaios de tratamento térmico, 3 tratamentos por difusão e 22 análises térmicas (termodilatometria e termogravimetria) em amostras de 5 variedades de berilo e investigadas as alterações no comportamento do material, proporcionadas pelo tratamento. Foram aplicados 15 tipos de análises físico-químicas para caracterizar as amostras e utilizadas 383 amostras de berilo amarelo, azul, incolor, rosa e verde, de 19 procedências diferentes (9 MG, 7 PB, 2 RN e 1 CE), adquiridas em garimpos, feiras livres, pessoas físicas e lojas especializadas em gemas.
A uniformização das cores azul e rosa bem como as mudanças de cor verde/esverdeada para azul, de amarelo para azul ou incolor, de rosa para incolor, foram obtidas nos tratamentos realizados. Normalmente, dependendo da variedade e/ou depósito, a cor do berilo pode ser modificada até 800–900oC, mas a composição química e as propriedades físicas permanecem quase constantes. Mas, a partir de 800oC e/ou com tempo de tratamento prolongado (acima de 3h), os tratamentos térmicos com atmosfera de ar estático em amostras de água-marinha (azul e verde), goshenita, heliodoro e morganita, produziram modificações significativas na cor e diafaneidade, atribuídas a uma possível transformação de fase do material, quando o berilo torna-se branco e opaco, com aspecto de porcelana, que não é encontrado na natureza. Análises térmicas, valores de densidade relativa e índices de refração, quantidades de hidrogênio (ressonância magnética nuclear) e água (espectroscopia por absorção no infravermelho) confirmaram esta mudança físico-química. Entretanto, todas as análises de difração de raios X não registraram qualquer alteração de fase no material.
Os teores de SiO2, Al2O3, Cs2O, Na2O, FeO, MgO, K2O, MnO, Cr2O3, CaO, Rb2O e TiO2, obtidos por microssonda eletrônica, e dos elementos Na, Rb, Cs, Sc, La, Sm, Eu, Tb, U, Hf, Ta, Mo, W, Fe, Co, Ni, Au, Zn, Sb e Br, detectados nas análises por ativação neutrônica instrumental, permitiram estabelecer correlações com as cores das amostras. Os espectros de absorção óptica e, principalmente, os espectros Mössbauer à temperatura ambiente e 500K em amostras de berilo azul e verde indicaram a presença de Fe2+ em três sítios cristalográficos (octaédrico, tetraédrico e canais estruturais) e pouco Fe3+ em sítios octaédricos. As quantidades de Fe2+ e/ou Fe3+ nesses sítios estruturais definem a cor das variedades água-marinha (azul e verde) e heliodoro.
Nas condições utilizadas, a introdução de cor por difusão não se aplica ao berilo incolor, porque o mineral não suporta as altas temperaturas e os tempos prolongados que são necessários para ocorrer a difusão do material dopante. Entretanto, tornou possível o revestimento da superfície com uma cor estável.

Um comentário:

  1. Alcebíades Lopes Sacramento Filho - DNPM/Sede - Tel. (61) 3312-6710
    , E-mail:
    alcebiades.filho@dnpm.gov.br
    I – OFERTA MUNDIAL - 2010
    O elemento berílio (Be) está presente em diversos minerais, porém, o mineral berilo (Be
    3
    Al
    2
    Si
    6
    O
    18
    ) é
    comercialmente, o mais importante. As reservas oficiais de
    sse minério em nosso país são pouco representativas, com
    teores entre 10 a 12% de BeO. Encontra-se em rochas pegmatíticas distribuídas, nos estados de Minas Gerais Goiás, Bahia
    e Ceará.
    De acordo com o
    United States Geological Survey (USGS)
    , estima-se que a reserva mundial de berílio em 2010 seja
    superior a 80.000 t., encontradas, principalmente em depósi
    tos pegmatíticos. Os Estados Unidos, principais consumidores
    e fornecedores de concentrado e de produtos manufaturados de berílio, são detentores de 65% da reserva mundial de
    berílio. Destaque deve ser dado ao depósito não pegmatítico de
    Spor Mountain
    , no Estado de Utah - EUA, onde as
    reservas medidas estão em torno de 16.000 t de berílio contido, provenientes do minério bertrandita (Be
    4
    Si
    2
    O
    7
    ).
    Tabela 1 - Reserva e Produção Mundial
    Discriminação
    Reservas (t)
    Produção
    (t)
    Países
    2010
    2009
    2010
    (%)
    Brasil
    (
    1
    )
    6.000
    0
    0
    0
    Estados Unidos
    52.000
    120
    170
    88,1
    China
    ...
    20
    20
    10,4
    Moçambique
    ...
    2,0
    2
    1,0
    Outros países
    27.500
    1
    1
    0,5
    TOTAL
    85.500
    143
    193
    100
    Fontes: DIPLAM/DNPM e USGS:
    Mineral Commodity Summaries – 2011
    .
    Notas: Dados em metal contido. (1) Reserva lavrável. Vide apêndice.
    II- PRODUÇÃO INTERNA
    No grupo do mineral berilo, a variedade berilo industrial
    apresenta grande potencial de uso, por se constituir,
    geralmente de rejeito da extração das gemas (esmeralda,
    água marinha e outras), em diversas jazidas no país.
    A produção declarada de (esmeralda) no ano de 2010, foi de 400 kg. A empresa, Belmont Ltda., com atuação em
    Itabira -MG, responde por cerca de 94% dessa produção.
    III - IMPORTAÇÃO
    As importações brasileiras em 2010 foram de produtos manufaturados de Berílio, provenientes, dos Estados
    Unidos (85,98%) e Japão (13,9%) e Espanha (0,12%) totali
    zando US$ 24,367. Em 2009 as importações somaram US$
    11,350.
    IV - EXPORTAÇÃO
    Em 2010, do total de gemas (esmeraldas) produzidas no país, 75,8 % foi destinada à exportação, principalmente
    para: Israel (47,3%), Índia (25,5%) e Hong Kong
    (3,0%), ficando 1,9% destinado ao mercado interno
    .
    V- CONSUMO
    Associado ao cobre (ligas de cobre-berílio), o berílio tê
    m diversos usos como em escovas de contato elétrico,
    instrumentos que produzem fagulhas (explosivos), armas auto
    máticas de rápido acionament
    o, dentre outros. O berílio,
    por possuir grande rigidez, é de grande utilidade em sist
    emas de orientação, giroscóp
    ios, plataformas estáveis e
    acelerômetros. É principalmente usado em: aplicações aeroespaciais, como de moderador de nêutrons em usinas
    nucleares, componentes elétricos e eletrônicos, que são as principais fontes de consumo de produtos de berílio no
    mundo, e representam, por exemplo, 80% do consumo nos Estados Unidos.
    Tabela 2 - Principais
    Estatísticas, Brasil
    Discriminação
    Unidade
    2008
    2009
    2010
    (p)
    Produção
    Concentrado (BeO)
    (kg)
    0
    0
    0
    Importação
    Manufaturados de berílio
    (kg)
    3
    2
    23
    (US$-FOB)
    26.336
    11.350
    24.367
    Exportação
    (
    2
    )
    Manufaturados de berílio
    (US$-FOB)
    0
    0
    4
    Consumo Aparente
    (
    3
    )
    Manufaturados de berílio
    (kg)
    3
    2
    23
    Preço Médio
    (
    3
    )
    Ligas de berílio/cobre
    US$/kg
    159
    154
    230
    Fontes: DNPM/DIPLAM, MDIC/SECEX, empresas de mineração e publicações especializadas.
    Notas: (1) trata-se Berílio (BeO) contido na produção bruta; (2
    ) não existe dados sobre as exportação de berílio em bruto (3)
    produção + importação –
    exportação (3) refere-se aos preços internos norte-americanos, (nd) dados não disponíveis.

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