Resumo:
A
comercialização
de grande parte do mineral-gema berilo depende de tratamento
térmico,
amplamente utilizado para água-marinha (azul e verde),
morganita e heliodoro, com o objetivo de melhorar ou modificar a cor
natural e, assim, agregar valor à gema. Na
aplicação
do tratamento térmico, devem ser levadas em
consideração
as mudanças físico-químicas do
material, para
não produzir modificações
indesejáveis e
irreversíveis. Cuidados com relação
à
temperatura (aquecimento e resfriamento) e
duração do
tratamento são importantes para que as integridades
química
e estrutural do berilo sejam preservadas. Do ponto de vista
óptico,
a mudança ou uniformização da cor pode
ser
obtida, na maioria das vezes, com tratamentos de até 1 ou 2
horas de duração e temperaturas entre 350 e 900oC,
aproximadamente, dependendo da variedade e procedência.
Estima-se
que mais de 90% das
gemas de água-marinha e morganita, disponível no
mercado mundial, são tratadas termicamente. A maioria sem
qualquer referência da posição de
extração
do material nos corpos pegmatíticos, muitas vezes, sem
informações seguras sobre a procedência
e,
portanto, torna-se impraticável investigar a
relação
quimismo/posicionamento no corpo/procedência
geográfico-geológica. Dentro desse contexto,
foram
realizados 239 ensaios de tratamento térmico, 3 tratamentos
por difusão e 22 análises térmicas
(termodilatometria e termogravimetria) em amostras de 5 variedades de
berilo e investigadas as alterações no
comportamento do
material, proporcionadas pelo tratamento. Foram aplicados 15 tipos de
análises físico-químicas para
caracterizar as
amostras e utilizadas 383 amostras de berilo amarelo, azul, incolor,
rosa e verde, de 19 procedências diferentes (9 MG, 7 PB, 2 RN
e
1 CE), adquiridas em garimpos, feiras livres, pessoas
físicas
e lojas especializadas em gemas.
A
uniformização
das cores azul e rosa bem como as mudanças de cor
verde/esverdeada para azul, de amarelo para azul ou incolor, de rosa
para incolor, foram obtidas nos tratamentos realizados. Normalmente,
dependendo da variedade e/ou depósito, a cor do berilo pode
ser modificada até 800–900oC,
mas a composição química e as
propriedades
físicas permanecem quase constantes. Mas, a partir de 800oC
e/ou com tempo de tratamento prolongado (acima de 3h), os tratamentos
térmicos com atmosfera de ar estático em amostras
de
água-marinha (azul e verde), goshenita, heliodoro e
morganita,
produziram modificações significativas na cor e
diafaneidade, atribuídas a uma possível transformação
de fase do material,
quando o berilo torna-se branco e opaco, com aspecto de porcelana,
que não é encontrado na natureza.
Análises
térmicas, valores de densidade relativa e índices
de
refração, quantidades de hidrogênio
(ressonância
magnética nuclear) e água (espectroscopia por
absorção
no infravermelho) confirmaram esta mudança
físico-química.
Entretanto, todas as análises de
difração de
raios X não registraram qualquer
alteração de
fase no material.
Os
teores de SiO2,
Al2O3,
Cs2O,
Na2O,
FeO, MgO, K2O,
MnO, Cr2O3,
CaO, Rb2O
e TiO2,
obtidos por microssonda eletrônica, e dos elementos Na, Rb,
Cs,
Sc, La, Sm, Eu, Tb, U, Hf, Ta, Mo, W, Fe, Co, Ni, Au, Zn, Sb e Br,
detectados nas análises por ativação
neutrônica
instrumental, permitiram estabelecer correlações
com as
cores das amostras. Os espectros de absorção
óptica
e, principalmente, os espectros Mössbauer à
temperatura
ambiente e 500K em amostras de berilo azul e verde indicaram a
presença de Fe2+
em três sítios cristalográficos
(octaédrico,
tetraédrico e canais estruturais) e pouco Fe3+
em sítios octaédricos. As quantidades de Fe2+
e/ou Fe3+
nesses sítios estruturais definem a cor das variedades
água-marinha (azul e verde) e heliodoro.
Nas
condições
utilizadas, a introdução de cor por
difusão não
se aplica ao berilo incolor, porque o mineral não suporta as
altas temperaturas e os tempos prolongados que são
necessários
para ocorrer a difusão do material dopante. Entretanto,
tornou
possível o revestimento da superfície com uma cor
estável.
Alcebíades Lopes Sacramento Filho - DNPM/Sede - Tel. (61) 3312-6710
ResponderExcluir, E-mail:
alcebiades.filho@dnpm.gov.br
I – OFERTA MUNDIAL - 2010
O elemento berílio (Be) está presente em diversos minerais, porém, o mineral berilo (Be
3
Al
2
Si
6
O
18
) é
comercialmente, o mais importante. As reservas oficiais de
sse minério em nosso país são pouco representativas, com
teores entre 10 a 12% de BeO. Encontra-se em rochas pegmatíticas distribuídas, nos estados de Minas Gerais Goiás, Bahia
e Ceará.
De acordo com o
United States Geological Survey (USGS)
, estima-se que a reserva mundial de berílio em 2010 seja
superior a 80.000 t., encontradas, principalmente em depósi
tos pegmatíticos. Os Estados Unidos, principais consumidores
e fornecedores de concentrado e de produtos manufaturados de berílio, são detentores de 65% da reserva mundial de
berílio. Destaque deve ser dado ao depósito não pegmatítico de
Spor Mountain
, no Estado de Utah - EUA, onde as
reservas medidas estão em torno de 16.000 t de berílio contido, provenientes do minério bertrandita (Be
4
Si
2
O
7
).
Tabela 1 - Reserva e Produção Mundial
Discriminação
Reservas (t)
Produção
(t)
Países
2010
2009
2010
(%)
Brasil
(
1
)
6.000
0
0
0
Estados Unidos
52.000
120
170
88,1
China
...
20
20
10,4
Moçambique
...
2,0
2
1,0
Outros países
27.500
1
1
0,5
TOTAL
85.500
143
193
100
Fontes: DIPLAM/DNPM e USGS:
Mineral Commodity Summaries – 2011
.
Notas: Dados em metal contido. (1) Reserva lavrável. Vide apêndice.
II- PRODUÇÃO INTERNA
No grupo do mineral berilo, a variedade berilo industrial
apresenta grande potencial de uso, por se constituir,
geralmente de rejeito da extração das gemas (esmeralda,
água marinha e outras), em diversas jazidas no país.
A produção declarada de (esmeralda) no ano de 2010, foi de 400 kg. A empresa, Belmont Ltda., com atuação em
Itabira -MG, responde por cerca de 94% dessa produção.
III - IMPORTAÇÃO
As importações brasileiras em 2010 foram de produtos manufaturados de Berílio, provenientes, dos Estados
Unidos (85,98%) e Japão (13,9%) e Espanha (0,12%) totali
zando US$ 24,367. Em 2009 as importações somaram US$
11,350.
IV - EXPORTAÇÃO
Em 2010, do total de gemas (esmeraldas) produzidas no país, 75,8 % foi destinada à exportação, principalmente
para: Israel (47,3%), Índia (25,5%) e Hong Kong
(3,0%), ficando 1,9% destinado ao mercado interno
.
V- CONSUMO
Associado ao cobre (ligas de cobre-berílio), o berílio tê
m diversos usos como em escovas de contato elétrico,
instrumentos que produzem fagulhas (explosivos), armas auto
máticas de rápido acionament
o, dentre outros. O berílio,
por possuir grande rigidez, é de grande utilidade em sist
emas de orientação, giroscóp
ios, plataformas estáveis e
acelerômetros. É principalmente usado em: aplicações aeroespaciais, como de moderador de nêutrons em usinas
nucleares, componentes elétricos e eletrônicos, que são as principais fontes de consumo de produtos de berílio no
mundo, e representam, por exemplo, 80% do consumo nos Estados Unidos.
Tabela 2 - Principais
Estatísticas, Brasil
Discriminação
Unidade
2008
2009
2010
(p)
Produção
Concentrado (BeO)
(kg)
0
0
0
Importação
Manufaturados de berílio
(kg)
3
2
23
(US$-FOB)
26.336
11.350
24.367
Exportação
(
2
)
Manufaturados de berílio
(US$-FOB)
0
0
4
Consumo Aparente
(
3
)
Manufaturados de berílio
(kg)
3
2
23
Preço Médio
(
3
)
Ligas de berílio/cobre
US$/kg
159
154
230
Fontes: DNPM/DIPLAM, MDIC/SECEX, empresas de mineração e publicações especializadas.
Notas: (1) trata-se Berílio (BeO) contido na produção bruta; (2
) não existe dados sobre as exportação de berílio em bruto (3)
produção + importação –
exportação (3) refere-se aos preços internos norte-americanos, (nd) dados não disponíveis.