ALEXANDRITA
Luiz Antônio Gomes da Silveira * |
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A
mais rara e valiosa variedade de crisoberilo exibe as cores verde e
vermelha, as mesmas da Rússia Imperial, e seu nome é uma homenagem a
Alexandre Nicolaivich, que mais tarde se tornaria o czar Alexandre II;
de acordo com relatos históricos, a sua descoberta, nos Montes Urais,
em 1830, deu-se no dia em que ele atingiu a maioridade.
Como
uma das mais cobiçadas gemas, esta cerca-se de algumas lendas, a mais
difundida das quais diz que o referido czar teria ordenado a execução
de um lapidário, depois que este lhe devolveu uma pedra de diferente
cor da que lhe houvera sido confiada para lapidar.
Esta
lenda deve-se ao fato de que a alexandrita apresenta um peculiar
fenômeno óptico de mudança de cor, exibindo uma coloração verde a
verde-azulada (apropriadamente denominada “pavão” pelos garimpeiros
brasileiros) sob luz natural ou fluorescente e vermelha-púrpura,
semelhante a da framboesa, sob luz incandescente. Quanto mais
acentuado for este cambio de cor, mais valorizado é o exemplar,
embora, para alguns, os elevados valores que esta gema pode alcançar
devam-se mais a sua extrema raridade que propriamente à sua beleza
intrínseca.
Esta
instigante mudança de cor deve-se ao fato de que a transmissão da luz
nas regiões do vermelho e verde-azul do espectro visível é
praticamente a mesma nesta gema, de modo que qualquer cambio na
natureza da luz incidente altera este equilíbrio em favor de uma delas.
Assim sendo, a luz diurna ou fluorescente, mais rica em azul, tende a
desviar o equilíbrio para a região azul-verde do espectro, de modo que
a pedra aparece verde, enquanto a luz incandescente, mais rica em
vermelho, faz com que a pedra adote esta cor.
Este
exuberante fenômeno é denominado efeito-alexandrita e outras gemas
podem apresentá-lo, entre elas a safira, algumas granadas e o
espinélio. É importante salientar a diferença entre esta propriedade e
a observada em gemas de pleocroísmo intenso, como a andaluzita (e a
própria alexandrita), que exibem distintas cores ou tons, de acordo com a
direção em que são observadas e não segundo o tipo de iluminação a
qual estão expostas.
Analogamente
ao crisoberilo, a alexandrita constitui-se de óxido de berílio e
alumínio, deve sua cor a traços de cromo, ferro e vanádio e, em raros
casos, pode apresentar o soberbo efeito olho-de-gato, explicado
detalhadamente no artigo anterior, no qual abordamos o tema do
crisoberilo.
As
principais inclusões encontradas na alexandrita são os tubos de
crescimento finos, de forma acicular, as inclusões minerais (micas,
sobretudo a biotita, actinolita acicular, quartzo, apatita e fluorita) e
as fluidas (bifásicas e trifásicas). Os planos de geminação com
aspecto de degraus são também importantes características internas
observadas nas alexandritas.
Atualmente,
os principais países produtores desta fascinante gema são Sri Lanka
(Ratnapura e diversas outras ocorrências), Brasil, Tanzânia (Tunduru),
Madagascar (Ilakaka) e Índia (Orissa e Andhra Pradesh).
No
Brasil, a alexandrita ocorre associada a minerais de berílio, em
depósitos secundários, formados pela erosão, transporte e sedimentação
de materiais provenientes de jazimentos primários, principalmente
pegmatitos graníticos. Ela é conhecida em nosso país pelo menos desde
1932 e acredita-se que o primeiro espécime foi encontrado em uma
localidade próxima a Araçuaí, Minas Gerais. Atualmente, as ocorrências
brasileiras mais significativas localizam-se nos estados de Minas
Gerais (Antônio Dias/Hematita, Malacacheta/Córrego do Fogo, Santa
Maria do Itabira e Esmeralda de Ferros), Bahia (Carnaíba) e Goiás
(Porangatú e Uruaçú).
A
alexandrita é sintetizada desde 1973, por diversos fabricantes do
Japão, Rússia, Estados Unidos e outros países, que utilizam diferentes
métodos, tais como os de Fluxo, Czochralski e Float-Zoning, inclusive
na obtenção de espécimes com o raro efeito olho-de-gato.
A
distinção entre as alexandritas naturais e sintéticas é feita com
base no exame das inclusões e estruturas ao microscópio e, como ensaio
complementar, na averiguação da fluorescência à luz ultravioleta,
usualmente mais intensa nos exemplares sintéticos, devido à ausência de
ferro, que inibe esta propriedade na maior parte das alexandritas
naturais.
Na
prática, a distinção por microscopia é bastante difícil, seja pela
ausência de inclusões ou pela presença de inclusões de diferente
natureza, porém muito semelhantes, o que, em alguns casos, requer
ensaios analíticos mais avançados, não disponíveis em laboratórios
gemológicos standard.
O custo das alexandritas
sintéticas é relativamente alto - mas muito inferior ao das naturais
de igual qualidade - pois os processos de síntese são complexos e os
materiais empregados caros. O substituto da alexandrita encontrado com
mais frequência no mercado brasileiro é um coríndon sintético
“dopado” com traços de vanádio, que também exibe o câmbio de cor
segundo a fonte de iluminação sob a qual se observa o exemplar.
Eventualmente, encontram-se, ainda, espinélios sintéticos com mudança de
cor algo semelhante à das alexandritas. |
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quarta-feira, 19 de junho de 2013
ALEXANDRITA
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