COLEÇÃO DE MINERAIS, UM ASSUNTO SÉRIO
Colecionar coisas faz parte da natureza humana e é normal que a gente colecione alguma coisa ou tenha feito isso em alguma fase da nossa vida, ainda que sem método e sem muita dedicação. Moedas, selos, miniaturas de caros, discos, etc. são algumas das muitas coisas que se coleciona mundo afora.
Eu coleciono minerais. Faço isso há
45 anos, mais precisamente desde março de 1967, quando iniciei o curso de
Geologia. Até então, para mim cristais eram substâncias transparentes, com brilho de vidro ou um
pouco mais intenso. Quando descobri que existiam também cristais opacos e de
brilho metálico, fiquei extremamente surpreso. E decidi: vou colecionar
minerais. Comecei e não parei mais.
Como eu, acho que muitos estudantes
de Geologia começam uma coleção de minerais durante o curso. Mas, poucos
continuam fazendo isso quando saem da universidade. Ao longo do período
universitário, a beleza e raridade dos cristais nos motivam a colecioná-los,
mas, passado esse período, o interesse desaparece ou diminui, permanecendo registrado
apenas na posse de algumas poucas peças.
Se
são poucos os geólogos que colecionam minerais, mais raros ainda são os colecionadores
entre o restante da população. De fato, os brasileiros não valorizam muito esse
tipo de coleção, ao contrário do que vê em países como Estados Unidos, Canadá e
Itália, por exemplo. Isso é estranho porque o Brasil tem uma fantástica
diversidade em temos de pedras preciosas, minerais que se destacam pela beleza
e que são avidamente procurados por colecionadores estrangeiros.
Uma
consequência negativa disso é a existência de poucos museus de Mineralogia em
nosso país. Por isso, acabam indo parar no exterior peças muito valiosas,
quando não coleções inteiras, como aconteceu com a excepcional coleção de
cristais gigantescos de Ilia Deleff, sobre a qual escrevemos neste blog em julho
de 2011.
Em
sentido inverso, por haver poucos museus de Mineralogia, não há estímulo para os
brasileiros colecionarem minerais, e assim se estabelece um círculo vicioso.
Se
pensarmos um pouco, veremos que colecionar minerais tem várias vantagens para
nós, geólogos. O manuseio constante dessas substâncias, por exemplo, é a melhor
maneira de aprendermos a reconhecê-las macroscopicamente. A comparação de amostras de um mesmo mineral
procedente de diferentes lugares habitua-nos às pequenas variações que a
espécie pode exibir no hábito, cor, brilho, etc., o que vai consolidando nosso
conhecimento sobre aquele mineral.
Outra
vantagem: podemos adquirir peças para nossa coleção sem comprar ou trocar, apenas
com nosso próprio trabalho de campo. Além disso, nem sempre dependeremos de um especialista
para identificar um mineral adicionado à nossa coleção, ao contrário do que
acontece, por exemplo, no mercado de arte, de antiguidades, etc.
Mas,
colecionar minerais oferece ainda outras vantagens, seja o colecionador geólogo
ou não: pode-se colecionar material procedente do mundo inteiro e até de fora
da Terra, como os meteoritos. E é bom lembrar que meteoritos são valiosos não
apenas pela raridade, mas também, em certos casos, pela beleza, como é o caso
dos pallasitos.
Além
disso, minerais são o que pode haver de mais antigo para se colecionar. Outras coleções podem ter peças com séculos de
idade ou mesmo com milhares de anos de existência. Mas, com milhões ou bilhões
de anos, só mesmo minerais, rochas ou
fósseis.
Querem
mais? Com algumas poucas exceções, os minerais não requerem muito cuidado em
sua conservação, ao contrário de obras de arte, selos, etc.
Quase fui geóloga, vinte três anos me saparam desse sonho . Tomei outro rumo e sou historiadora, pela menos professora de história. No entanto, o bichinho dá gemologia nunca me deixou. Ele fica lá gritando na vitrine das joalherias falando : olha essa esmeralda, que quazto hialino caro, par de águas marinhas estonteantes!
ResponderExcluirGostei do blogg ele me deu inspiração . Obrigada