A
Terra tem aproximadamente 4,5 bilhões de anos
e durante todo esse tempo sofreu diversas transformações de amplitude global
que deixaram marcas bastante definidas nas rochas
que a compõem.
Identificando
tais marcas, é possível hoje em dia dividir a história da Terra
em diversos períodos geológicos, distintos entre si, montando, assim, uma Escala
Geológica de Tempo.
Nessa
Escala representamos a passagem do tempo no sentido de baixo para cima,
ficando na parte de baixo o representante mais velho. Esta, aliás, é a forma
como as rochas
normalmente se apresentam na natureza: a mais nova acima da mais velha.
Desta
forma, na Escala à esquerda, a Era
Arqueana é mais velha que a Proterozóica
e é mais nova que a Hadeana.
Como
é muito difícil raciocinar com intervalos de tempo da ordem de milhões de
anos (veja a coluna 3), convertemos a nossa Escala Geológica em um
período de apenas 24 horas (coluna 4)... na coluna 5 vemos a duração de cada
período geológico na mesma escala de 24 horas.
Agora,
vamos nos imaginar em uma máquina do tempo que pode deslocar-se a
uma absurda velocidade de 52.083 anos por segundo... dessa forma,
a cada 19,2 segundos percorreremos um milhão de anos.
Iniciaremos,
assim, a nossa viagem às 0:00 hs, quando a Terra
foi formada (há 4,5 bilhões de anos), e vamos nos deslocar para o
presente, de baixo para cima na Escala, até o fim do Quaternário,
sabendo de antemão que levaremos exatas 24 horas nessa viagem virtual...
As
primeiras 3:44 horas de nossa viagem serão, certamente, as mais
monótonas de todas.
Veremos
o planeta ser formada a partir de poeira e gás, resultando em uma massa
disforme em ebulição - uma verdadeira visão do inferno (Hadeano),
sendo bombardeada por uma incessante chuva de meteoros e cometas. Um importante
evento, contudo, justificará a nossa espera, quando uma grande colisão com um
planetóide errante arrancará milhões de pedaços do planeta. Parte desses
destroços ficarão em sua órbita e acabarão por juntar-se, formando a nossa Lua.
Gradativamente
o planeta perderá calor, permitindo que o vapor de água exalado dos vulcões
e oriundos dos cometas forme as primeiras chuvas, de modo que por volta das 4:00
horas já veremos um imenso oceano cobrindo toda a Terra,
ainda bastante quente (Arqueano)...
Fique
atento agora, pois em algum momento entre as 5 e 6 horas da manhã,
acontecerá um milagre: surgirão as primeiras formas de vida (as
bactérias)... e que dominarão sozinhas o planeta até as 21:00 horas
(fim do Proterozóico).
Até
agora estivemos visitando o chamado Pré-Cambriano, que cobriu quase 90%
da história da Terra (veja a Distribuição
Percentual das Eras Geológicas).
A
partir das 21:06 hs não poderemos nem piscar os olhos, pois tudo
começará a acontecer de forma muito rápida. Entramos no Paleozóico
(paleo = antigo + zoico = vida), que se estenderá
até as 22:28 hs e que, por ter sido tão rico em eventos, teve que
ser dividido em 6 períodos bem distintos (veja a Escala à esquerda)...
A
atividade vulcânica, no Paleozóico, está bem
mais amena, alternando-se períodos de calmaria com grandes explosões em
todo o planeta.
Os
primeiros peixes, esponjas, corais e moluscos surgirão ainda no Cambriano,
mas teremos que esperar pelo menos 12 minutos (até o Ordoviciano)
para vermos as primeiras plantas terrestres.
O
clima irá mudar com tanta frequência que provocará sucessivas extinções em
massa de espécies recém surgidas. Como agora as espécies passam a apresentar
partes duras (conchas, dentes, etc.), algumas delas poderão ser preservadas
como fósseis, possibilitando a sua descoberta e
estudo por uma outra espécie ainda muito distante.
Finalmente
os continentes serão invadidos por insetos... milhões e milhões de diferentes
espécies de insetos, alguns dos quais sobreviverão até o fim da nossa viagem.
Fique
atento ao período Devoniano (por volta das 21:50
hs) pois uma grande catástrofe ecológica irá dizimar quase 97% de todas
as espécies existentes. Passados mais 10 minutos, no Carbonífero,
grandes florestas e pântanos serão formadas e destruídos
sucessivamente, formando os depósitos de carvão
explorados até hoje.
Às
22:41 hs entraremos na Era
Mesozóica (a era dos repteis) que durará pouco menos que uma hora (180
milhões de anos).
No
início do Mesozóico iremos assistir à formação
de um supercontinente, chamado hoje de Pangea, que será depois dividido
em dois grandes continentes que passarão a ser conhecidos como Laurásia,
ao norte, e Gonduana, ao sul.
Assistiremos,
também, ao surgimento de uma imensa variedade de dinossauros, herbívoros em
sua maioria, que reinarão no planeta durante mais de 160 milhões de
anos.
Por
volta das 23:39 hs, porém, um meteoro de pelo menos 15 km de diâmetro
irá atingir a atual península de Yukatan (México) jogando bilhões de
toneladas de poeira na atmosfera. Uma grande noite irá abater-se sobre o
planeta, impedindo a fotossíntese das plantas, que não poderão alimentar os
herbívoros, que por sua vez não poderão servir de alimento aos carnívoros...
Pelo
menos a metade das espécies existentes irá ser extinta nessa grande
catástrofe, inclusive todos os grandes dinossauros, abrindo espaço para que os
mamíferos iniciem o seu reinado, que perdurará até os dias atuais...
Faltando
pouco mais que 20 minutos para o fim da nossa viagem entraremos na Era
Cenozóica, e assistiremos à fragmentação dos grandes continentes até
a conformação atual.
A
América do Sul irá separar-se da África, surgindo o Oceano Atlântico Sul; a
Austrália será separada da Antártica e a América do Norte irá separar-se da
Europa. Grandes cadeias de montanhas serão formadas nessa deriva
continental e novos ecossistemas serão formados e isolados dos demais,
permitindo a especialização de algumas espécies...
Por
volta das 23:59:57 (150.000 anos atrás), faltando apenas 3
segundos para o término de nossa exaustiva viagem, veremos os primeiros
grupos de Homo Sapiens caçando no continente africano. Essa
nova espécie sobreviverá à última glaciação e
migrará apressadamente para os demais continentes, sem se incomodar com as
características particulares de cada ambiente nem com o delicado equilíbrio
conseguido ao longo do tempo.
Dominará
todas as outras espécies e até mesmo provocará o desaparecimento de algumas
delas, e começará a usar a escrita e, portanto, a fazer História, no último
décimo do último segundo...
Se
for possível desacelerar a nossa máquina do tempo nesse
décimo de segundo final, talvez até consigamos ver o mais jovem dos
mamíferos criar artefatos capazes de destruir tudo e, milagrosamente,
lançar-se em direção ao espaço para deixar as suas primeiras pegadas na Lua...
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