DISTRITOS AURÍFEROS DO BRASIL - TIPOS DE DEPÓSITOS ENCONTRADOS
SEIS PRINCIPAIS TIPOS DE DEPÓSITOS DE OURO ENCONTRADOS NO BRASIL
1. DEPÓSITOS ASSOCIADOS A AMBIENTES VULCANO-SEDIMENTARES DO TIPO GREENSTONE BELT
O
ambiente GREENSTONE BELT constitui seqüência de rochas vulcânicas e
sedimentares afetadas por metamorfismo de baixo grau, e em geral de
idade arqueana ou paleoproterozóica, distribuídas em escudos
Pré-cambrianos. No Brasil representam o principal ambiente geológico
para ouro. Mais de 60% do território brasileiro é constituído por
escudos pré-cambrianos que contem seqüências desse tipo de deposito com
depósitos cujas reservas somam mais de 1000t de ouro.
O
principal e mais tradicional GREENSTONE BELT produtor de ouro no Brasil
é o do Rio das Velhas no Quadrilátero Ferrífero contendo as importantes
minas de Morro Velho, Raposos, Cuiabá, etc.
No
greenstone belt do Rio Itapicurú, Bahia, a principal jazida em operação
é a de Fazenda Brasileiro encaixada em xistos máficos dentro de zonas
de cisalhamento preenchidas por veios de quartzo-carbonático. Situação
semelhante se da na jazida Mina III no greenstone belt de Crixás em
Goiás.
Ambientes
do tipo greenstone belt também, são identificados na província de
Carajás e todos apresentam mineralizacões de ouro. No entanto, o
principal produtor é o Grupo Itacaiúnas de grau metamórfico mais
elevado. As principais jazidas são a do Igarapé Bahia e a do Salobo onde
o ouro ocorre associado ao cobre.
Seqüências
vulcano-sedimentares foram identificadas na região Centro-Oeste e
definidas como arcos magmáticos mais recentes, no Neoproterozóico, com
características bastante diversas dos greenstone belt mais típicos
arqueanos. No entanto, estas são também produtoras de ouro tendo como
exemplo as jazidas do Posse, Zacarias e Chapada na região de Mara Rosa.
2. DEPÓSITOS ASSOCIADOS À META-CONGLOMERADOS DE IDADE PALEOPROTEROZÓICA
Trata-se
de um depósito clássico no mundo tendo como padrão os tradicionais
depósitos de ouro associado ao urânio e a pirita nos membros basais da
bacia de Witwatersrand na África do Sul, responsáveis por
aproximadamente 1/3 da produção de ouro anual no mundo. A mineralizacão e
do tipo stratabound e estratiforme já que se relaciona a horizontes
sedimentares específicos. Os meta-conglomerados são caracteristicamente
do paleoproterozóico e repousam sobre embasamento arqueano, geralmente
em proximidade com ambientes greenstone belt, que supostamente serviram
como fonte do ouro depositado nos meta conglomerados.
No
Brasil este tipo de deposito ocorre associado à meta-conglomerados da
Formação Córrego do Sitio na região de jacobina, Bahia, e Formação Moeda,
no Quadrilátero Ferrífero. No entanto os depósitos econômicos situam-se
apenas em Jacobina, representados pelas minas de Canavieiras e João
Belo que conjuntamente apresentam reservas da ordem de mais de 300 t de
ouro e uma produção acumulada da ordem de 20 t.
3. DEPÓSITOS ASSOCIADOS A ITABIRITOS
Este
tipo de deposito, genericamente denominado de Jacutingas, tem um
caráter regionalizado já que ocorrem exclusivamente associações às
formações ferríferas do supergrupo Minas na região do Quadrilátero
Ferrífero e adjacências. São depósitos em geral de pequena tonelagem
podendo, no entanto atingir altos teores que no caso da mina Gongo Soco
pode variar de 20 a 34gAu/t. Este ouro é por vezes extraído como
subproduto do minério de Ferro e tem como característica peculiar à
ocorrência de Paládio formando uma liga com o ouro.
4. DEPÓSITOS ASSOCIADOS A SEQÜÊNCIAS METASSEDIMENTARES DE NATUREZAS DIVERSAS
Em
Paracatu (MG) o deposito do Morro do Ouro apresenta um dos mais baixos
teores do mundo, da ordem de 0,6gAu/t, porem com reservas originais com
mais de 100t de Au.o depósito esta encaixado em metassedimentos
plataformais de idade Neoproterozóica e é compostos de filitos
grafitosos ritmicamente intercalados com sedimentos clásticos e químicos
onde o ouro ocorre em finas vênulas de quartzo. Depósitos com
características semelhantes ocorrem na região do Rio Guaporé (MS) como o
deposito de São Vicente, associado ao Grupo Aguapeí do
Mesoproterozóico.
Na
região dos Carajás os depósitos de Águas Claras, com aproximadamente
20t de ouro e o deposito de Serra Pelada encaixam-se em formações
metassedimentares.
5. DEPÓSITOS ASSOCIADOS A INTRUSÕES GRANÍTICAS E VULCÂNICAS ACIDAS ASSOCIADAS
A
principal área onde foi identificado este tipo de deposito, encontra-se
na região do Rio Tapajós e na região de Peixoto de Azevedo (MT). Estas
duas regiões são tradicionais produtoras de ouro aluvionar em garimpos.
No entanto, mais recentemente uma serie de depósitos primários tem sido
identificados em associação com rochas graníticas intrusivas
anorogênicas do Mesoproterozóico, como a Suíte Maloquinha, na região do
Tapajós e Suíte Teles Pires em Peixoto Azevedo.
Os
vulcanismos ácidos que acompanharam essas intrusões também são
mineralizados e caracterizam um ambiente de vulcanismo continental.
Esses depósitos geralmente ocorrem na forma stockworks ou veios de
quartzo. No Tapajós ocorrem também depósitos associados a intrusões
graníticas do paleoproterozóico assim como mineralizacões associadas a
seqüências vulcano-sedimentares, no entanto as reservas mais
significativas ate o momento reportadas referem-se apenas aos depósitos
aluvionares.
6. DEPÓSITOS ALUVIONARES
As
jazidas aluvionares são numerosas contendo mais de 100 cadastradas
segundo o PNPO. As reservas conhecidas em cada depósito são, no entanto,
em geral pequenas.Algumas exceções se restringem a áreas em que a
mineração e conduzida por empresas organizadas como no rio Jequitinhonha
(MG), onde são reportadas cerca de 15,6t de ouro como subproduto do
diamante; Apiácas (MT) com 33t e Periquitos (RO) com 21,1t. As jazidas
aluvionares foram as que mais produziram ouro no Brasil entre 1965 a
1997 com um total de aproximadamente371t seguida pelos depositos em
ambiente tipo greenstone belt com 257t. Deve-se considerar que em muitos
casos o ouro em aluvião tem sua fonte primaria relacionada às
seqüências do tipo greenstone belt.
As principais regiões produtoras em aluviões estão concentradas na região Amazônica e atualmente são trabalhadas por garimpeiros. A produção oficial apresentada entre 1965 e 2001 na região do Rio Tapajós e de 130t; na região de Peixoto de Azevedo (MT) 50,4t; Alta Floresta (MT) 55,3t; e nos aluviões do Rio Madeira (fronteira AM e RO) alcançou 120t.
--- Os depósitos aluviais são muito retrabalhados e mutáveis devido à erosão fluvial. Depositados durante as secas ou nos locais de remansos quando cai a energia da corrente do rio, vão ser, em seguida, erodidos pela força da água da cheia ou pela mudança do curso do rio. Estruturas de estratificação cruzada de canal cut and fill são formadas assim. Normalmente são depósitos clásticos mal classificados e mal selecionados, de cascalho, areias e lamas, ambiente de aglomeração de metais pesados como o ouro. ( Foto ao lado Região do Rio Tapajós: bancos de areia mineralizados, draga flutuante de extração e o garimpo ‘Porto Rico’)
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