Tudo por uma esmeralda
Essa aventura começou debaixo da terra, no fundo dos buracos
abertos pelas próprias mãos. O repórter José Raimundo desceu as
minas da Chapada Diamantina, na Bahia, e hoje lembra o perigo e
o fascínio da vida dos garimpeiros. “A gente sempre soube que a
vida do garimpeiro é difícil, cheia de incertezas. Mas confesso
que eu não sabia que ela é tão arriscada”, conta o
repórter.Durante a reportagem, o que mais me impressionou a
equipe foi a coragem daqueles homens diante do perigo.
“Pendurados em cordas de aço, eles descem sem proteção,
desafiando o perigo, e vão a 50 metros e até a 100 metros de
profundidade Eles não se protegem nem da sílica, um pó que se
espalha pelos túneis apertados e afeta os pulmões”, lembra José
Raimundo.Nas minas subterrâneas, uma experiência assustadora: o
momento em que galerias são abertas com explosivos. São 150 kg
de dinamite por dia. Na hora de explodir, os garimpeiros
permanecem dentro de buracos, há apenas 20 metros de
distância.“É pavoroso, estremece tudo, parece um terremoto”,
garante o repórter. Histórias de vida dos garimpeiros também
foram marcantes durante a matéria, como a de Luiz Sérgio, que já
tinha encontrado uma pedra e faturado R$ 1,5 milhão. Passou três
anos fora dos garimpos, mas foi obrigado a voltar. “Fiquei
gastando com mulher, bebida, farra, festas e o dinheiro acabou.
Fiquei pobre de novo”, contou.A lição ficou por conta da
perseverança de Seu João, que era agricultor e trocou a roça
pela esperança de enriquecer no garimpo. Ele fazia tudo sozinho:
sem corda, descia e subia o buraco, equilibrando-se. Muito risco
para um homem de 63 anos.“Seu João nos mostrou que o objetivo
precisa sempre ser perseguido. Desistir é uma palavra que não
está no dicionário dos aventureiros do garimpo”, conclui o repórter.
Nenhum comentário:
Postar um comentário