Volta e meia o mundo mineral se vê de frente com os malfeitores da mineração. Em geral são empresas comandadas por malfeitores que tentam burlar aos investidores com os mais diversos golpes. Um dos maiores e mais famoso foi o caso da Bre-X, empresa Canadense listada em Toronto que dizia ter enormes jazimentos de ouro em Busang na Indonésia. As suas ações decolaram e mais de 6 bilhões de dólares foram negociados com os coitados dos investidores que acreditaram nos relatórios técnicos publicados. Em 1997 descobriu-se que os relatórios eram falsificados, as amostras estavam sendo salgadas e que as jazidas, consequentemente, não existiam. Um caos!
Bre-X, desde então é sinônimo de fraude na mineração.
O caso mostrou sérios defeitos estruturais nas Bolsas de Valores que haviam aprovado os relatórios fraudulentos. A consequência maior foi a criação do instrumento 43-101 pela Bolsa Canadense que endurece, audita e normatiza as informações técnicas publicadas pela mídia sobre empresas públicas listadas nas bolsas do Canadá.
O 43-101 se assemelha ao código JORC que é usado nas bolsas da Austrália, Londres e ao SAMREC da África do Sul. Quando um relatório técnico tem o formato 43-101 significa que ele foi auditado conforme o as regras 43-101 e validado por um Geólogo competente especializado nos procedimentos 43-101.
Com essas validações ficou muito mais difícil mentir e fraudar as bolsas como a Bre-X fez.
No entanto, outras fraudes ainda persistem. É o caso desta semana, onde um ex-professor de música que criou uma empresa de mineração , também no Canadá, chamado Kenneth Carlton. O referido cidadão atraiu mais de 16 milhões de dólares de investimentos para a sua "mina" Nekekim em Nevada "avaliada" em US$1.7 bilhões. Nesta semana foi publicado que os resultados de ouro obtidos por meio pouco convencionais em pequeno laboratório, não eram representativos. O ex-professor usou um profissional qualquer, sem embasamento científico, para desenvolver um "novo" método de análises de ouro. Tudo não passava de uma fraude e Carlton está sendo investigado e foi proibido de vender ativos de suas empresas.
Fraudes na mineração devem remontar aos primórdios da história humana. O Brasil não é e nem será uma excessão. Infelizmente por aqui ainda não é usado, oficialmente, um protocolo tipo JORC ou 43-101, que reduz as fraudes e manipulações de relatórios técnicos protegendo os investidores. O DNPM deve, um dia, adotar o protocolo JORC mas, esse processo se arrasta a décadas e nada foi feito até o momento.
Se você não quiser ser mais um entre as centenas de milhares que perderam dinheiro, abra o olho e estude com extremo detalhe, se o que estão lhe oferecendo passa no crivo que é listado abaixo:
- cuidado com vendedores que falam sem ter relatórios técnicos assinados por Geólogos certificados
- desconfie de análises químicas de laboratórios sem certificação internacional
- desconfie de análises químicas muito elevadas que não podem ser refeitas por falta de duplicatas ou das polpas laboratoriais
- cuidado com relatórios técnicos sem auditagem de empresa ou Geólogo com reputação ilibada que não tenha um procedimento QAQC auditável
- extremo cuidado com a situação legal das áreas oferecidas.
- use um Geólogo experiente para validar a situação legal.
- cuidado com reservas medidas, indicadas e inferidas que não sejam certificadas
- Lembre-se que por trás de uma reserva existem inúmeros dados técnicos que a embasam e que devem, TODOS, ser checados com o maior critério, precisão e profissionalismo.
- Busque, sempre as incoerências e explique-as.
- Desconfie das inferências grosseiras tipo "todos esses morros que você avista são de minério". "Daquele buraco sairam centenas de quilos de ouro..". Elas são muito comuns a amadores tentando vender a sua propriedade e quase nunca representam a realidade.
- Desconfie de vendedor que não tenha uma equipe técnica composta por Geólogos de excelente reputação e experiência
- Lembre-se que será a sua ambição e vontade de ganhar fábulas de dinheiro que irão lhe cegar no momento de fazer o negócio.
- Mantenha o auto-controle e procure, sempre, se cercar de consultores técnicos de alto calibre
Não seja mais um: procure um Geólogo!
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