Este artigo tem a finalidade de atingir a opinião pública brasileira, em especial, os políticos, para que tenham uma visão mais apurada do significado da mineração no dia a dia do ser humano. O desconhecimento dessa questão é tão grande que chega a ser inacreditável e alguma coisa tem que ser feita nesse sentido.
Por enquanto, temos a grande alternativa de nos
expressarmos através do Portal do Geólogo, pelo qual só temos a
agradecer o esforço pessoal do Pedro Jacobi e Elpídio Reis. Como já tive
a oportunidade de dizer em um dos artigos
(www.geólogo.com.br/empresas/juniors) , foi muito deprimente para todos
os envolvidos com o Setor da Mineração, ver uma campanha para a
Presidência da República, na qual, durante todo o seu curso, sequer
tenhamos ouvido a palavra Mineração.
Isto inclui também as 10 últimas campanhas de que me
lembro. Até hoje confundem Mineração com Garimpo. Com isto, queremos
aqui expressar, mais uma vez e de forma bem simplificada, o porque do
nosso descontentamento e o porque devem prestar um pouquinho mais de
atenção para esse nosso grande e importante setor, muito abandonado
nesse nosso espetacular País.
Gostaria que, antes de mais nada, todos os leitores
deste artigo, parassem de ler agora, e dessem uma olhada a sua volta,
qualquer que seja o ambiente em que estiverem. Tentem raciocinar qual
objeto ou qualquer outro detalhe, seja ele vivo ou inanimado, próximo a
você, que não dependa ou foi dependente de alguma forma da mineração.
Vou agora me dar o direito de dizer que a grande
maioria de vocês acham que têm várias coisas que não têm esta
dependência, mas vou afirmar que estão errados e que tudo, talvez com
rarissimas exceções, dependem ou foram dependentes da mineração e que
isto é muito importante e vital.
Vou abreviar a palavra MINERAÇÃO que
doravante será denominada de apenas “M”.
Comecemos então pelo escritório
ou mesmo o seu lar. Vamos olhar para o prédio em si. As paredes foram
construídas com tijolo, reboco e tinta. O tijolo (inclua também as
telhas) é feito com argila e argila é M. Eles foram assentados com massa
de cimento, que nada mais é que areia, cimento e água. Ora, areia é
M,
cimento é um produto proveniente do calcário que é também M e a água por
sua vez é o maior bem mineral que dispensa comentários.
A tinta não passa de um composto de bens minerais e tem o titânio como pigmento e principal ingrediente pois é ele que determina a cor da tinta. Bacana né? Ali é amarelo, lá é vermelho e acolá é gelo. Pergunto pois, quem produz esses bens minerais que inclui o titânio? É a M caros leitores. O piso é de ladrilho ou seria de madeira? O ladrilho é um derivado da sílica e o seu esmalte depende do bismuto, que são produtos da M. A madeira não estaria ali não fosse o seu beneficiamento feito com serras, plainas etc., as quais são de aço, que por sua vez dependem do ferro e outros produtos minerais como tungstênio, tântalo e outros, necessários à sua fabricação para consistência da liga, dureza etc., os quais são produtos da M. E as lâmpadas que estão iluminando o seu ambiente? Pensem bem, a fiação elétrica é feita de cobre recoberta de plástico emborrachado. O cobre é claro é M, mas e o plástico? Este depende totalmente do petróleo, que caso não saibam meus caros é pura M. A lâmpada por sua vez, depende da sílica e do alumínio e o seu filamento do tungstênio. Portanto, não esqueçam, sem a M não teríamos a luz, nem mesmo se dependesse do candeeiro ou do lampião pois, além do ferro e alumínio de suas estruturas, necessitam do querosene ou do gás, ambos também produtos diretamente ligados ao petróleo. Olhem o computador. Tem plástico, mas também está cheio de componentes eletrônicos, os quais todos, sem exceção, dependem da M pois são feitos, além do plástico, de ferro, tântalo, tungstênio, molibdênio, bismuto, zinco etc, que os japoneses adoram. Da mesma forma, os encanamentos e o seu gostoso aparelhinho de chuveiro elétrico. Os canos são ora de plástico, ora de ferro fundido e o chuveiro com ferro, alumínio, cobre, etc. é que proporciona aquela aguinha quente. Acho que a maioria de vocês já começaram a ficar preocupados no sentido de acharem alguma coisa que não dependa da M, porque sei que começaram a ver que também dependem dela os pregos, parafusos, o seu som, sua calculadora, a caneta, as tomadas, as chaves das portas, as cadeiras, o microfone, os seus óculos, tacos de golfe e até, ou principalmente, o seu carro... É mesmo! O Carro. Não passa de um monte de ferro (aço), alumínio, cobre, chumbo e plástico e , portanto, também depende em 100% da M. ? Inclua aqui todas as ferramentas que o consertam quando está no prego. Até a latinha ou mesmo a garrafa de cerveja ou refrigerantes. O que seria delas sem o alumínio, estanho, zinco e sílica. Vamos mais longe um pouco. O estofado do sofá, as roupas que estão vestindo ou os livros. Como seriam feitos não fossem as máquinas de tecer, as agulhas e as máquinas das gráficas? Será que não dependem do ferro e das ligas para fabricação do aço? E o telefone? Além do aparelho, que no caso dos celulares, dependem altamente do tântalo e dos componentes eletrônicos, o que seriam deles sem fios e as centenas de satélites que rondam a terra? Sem os minerais necessários à fabricação das super-ligas como nióbio, tungstênio e até o molibdênio sem falar obviamente no ferro, certamente não existiriam os satélites, assim como também os aviões, foguetes, mísseis etc. Ah! Vamos falar sobre a medicina ou dentistas. Como seriam as cirurgias sem aquela parafernália de tesourinhas, faquinhas, broquinhas, etc fabricadas com aço?. E os aparelhos de Raio X, Tomografia Computadorizada, Mamografia, a Ultra-sonografia etc.? Não creio ser necessário dizer qual a matéria prima necessária à sua fabricação e quem providencia o urânio e minerais radiativos. Só sabemos que sem eles não seria possível detectar aquela cárie nos seus dentes, a fratura no osso que sofreu jogando futebol ou o câncer de mama, próstata, etc. E os remédios? São todos fabricados com os produtos da M scondidos atrás daqueles nomes mais esdrúxulos: Clavulanato de Potássio, Demetilavermectin. Pois saibam que todos os remédios, sem exceção, são dependentes da M. Não existiriam se não fossem os elementos Potássio(K), o Fósforo(P), o Magnésio(Mg), o Cobre(Cu), o Zinco(Zn), o Boro(B), o Manganês(Mn), o Sódio (Na), o Bário(Ba) etc, etc, etc. todos eles provenientes dos minerais produzidos pela M e responsáveis por salvar tantas vidas e aliviar aquela droga de enxaqueca. A M pode até às vezes ser prejudicial, embora a culpa seja dos homens, pois sem ela não teríamos as armas e munições que nos protegem mas também nos matam. Inclui-se os projéteis. Já ouviram falar em “chumbo grosso”? Por outro lado, a M proporciona também prazeres e alegrias, como por exemplo a vaidade das mulheres e o ego dos homens através das jóias de ouro, prata, platina, diamante ou mesmo a pedras preciosas, o que inclui desde as bijuterias até os relógios rolex. Assim também, dependentes da M, são as gostosas pescarias no Araguaia ou no Pantanal, a começar pelo barco de alumínio com motor de popa até as chumbadas e anzóis que proporcionam a felicidade e o descanso dos homens e infelicidade e morte dos peixes. Por falar em ouro, é importante lembrar que além de jóias e de ativo financeiro entesourado desde os tempos antigos pela sua beleza e durabilidade, tem condutividade elétrica superior, é altamente resistente à corrosão e por outras combinações das propriedades físico-químicas, também se destaca como um metal industrial essencial. O ouro hoje faz parte de certas funções críticas em computadores, equipamentos de comunicação, naves espaciais, motores de jatos e uma gama de outros produtos, que inclui até os seus dentes. Também o diamante, não pensem que não passa de pedrinhas para anéis ou colares. Os diamantes industriais, que representam o mineral de maior dureza na face da terra, são largamente usados em serras de corte, brocas de perfuração etc, essenciais para cortar a peça de mármore ou granito (que também são M) que é tão útil na mesa, pia da sua cozinha ou mesmo no seu túmulo, assim como também nas sondagens profundas da pesquisa de petróleo e todos os demais depósitos minerais. A platina por sua vez, é também indispensável ao meio ambiente e usada também nos catalisadores de seus veículos. Penso que vocês devem estar falando: Ah Ah! As plantas não dependem da mineração. Engano total. Não só os mais insignificantes capins que o boi gosta de comer como os melões que saboreamos ou a borracha dos pneus, dependem da M. A agricultura, que talvez seja a maior contribuinte do PIB nacional, é totalmente dependente da M. Dependem dos corretivos do solo como por exemplo o calcário e dos adubos químicos, sólidos ou líquidos, os quais, a exemplo dos remédios acima citados, todos são fabricados a partir dos mesmos elementos químicos. Isto para não citar os equipamentos de irrigação, bombas d’água, mangueiras (de ferro ou plástico) ou mesmo o nosso grande bem mineral que é a água. A planta vive da captação, através das suas raízes, de nutrientes minerais e é a M quem promove a alternativa de produções saudáveis, abundantes e principalmente lucrativas, além de promover a sua proteção, seja através dos inseticidas seja através da cerca de arame que, a exemplo da mini-saia, não tapa a visão mas protege a propriedade. Não vamos perder muito tempo em discorrer um pouco mais sobre o petróleo o que daria vários livros, mas é importante lembrar que é dele que tiramos o diesel, a gasolina, o querosene e que, além do ingrediente necessário à fabricação do plástico, é também responsável pelos isopores que embalam as geladeiras e televisões dentro das caixas e pelas esburacadas estradas de asfalto desse nosso país. Aqui tem um detalhe: é claro que se todos os proprietários de veículos pagassem o IPVA as estradas estariam em melhores condições. O quê? Todos pagam? Ainda tem as multas? Por falar nisso, sem a M o que seria da indústria das multas? Não iriam existir os radares, os pardais e as barreiras eletrônicas pois desde os postes de concreto até as lentes das câmeras fotográficas dependem da M (que droga né?). Da mesma forma, a energia elétrica que, além dos detalhes acima mencionados, devem ser considerados que sua geração depende das grandes barragens, cuja construção depende de concreto armado (cimento, areia e vergalhões de ferro >M) e de estudos geológicos que garantem a sua segurança. Já imaginaram o rompimento de uma barragem desta? Por outro lado, as essenciais turbinas são fabricadas com os produtos da M e o seu transporte, com torres e cabos, nada mais são que ferro, aço, alumínio e de peças de louça fabricadas com sílica, ou seja, >M. Tudo que foi até agora exposto, não passa de alguns detalhes relativos ao setor da M. Os produtos minerais tem uma gama de usos tão grandes que fica difícil expor na forma de apenas um artigo como este. A M tem uma participação fundamental em todos os setores da economia moderna. Basta começar a raciocinar um pouco mais profundamente, mesmo que por curiosidade, para enxergar o quanto é indispensável na vida do homem. Apenas como exemplo podemos citar alguns nomes que talvez dizem respeito ao seu cotidiano, pelo menos a partir de agora: Petróleo, Ouro, Prata, Platina, Diamante, Cobre, Chumbo, Zinco, Ferro, Cromo, Manganês, Alumínio, Níquel, Estanho, Bismuto, Tungstênio, Tântalo, Nióbio, Titânio, Cobalto, Molibdênio, Potássio, Bário, Urânio, Argila, Caulim, Granito, Mármore, Calcário, Sílica (Quartzo), Fosfato, Amianto, Quartzito, Esmeralda, Topázio, Turmalina, etc., etc., etc. Enfim, a tabela periódica e muito mais. Apenas para que tenham uma melhor noção, serão aqui selecionados alguns destes elementos menos conhecidos, para detalhar um pouco mais sobre seus usos e o que significa um único elemento produzido pela M: • Tungstênio (W) - também chamado de metal duro (hardmetals), são revestimentos resistentes usados para ferramentas de trabalho pesado, mineração e indústria da construção. Fios metálicos de tungstênio, eletrodos e contatores são usados para aplicação elétrica, iluminação, eletrônica, aquecimento e solda. Tungstênio é também usado na fabricação de ligas metálicas pesadas para armamentos, tanques de aquecimento e aplicações de alta densidade como pesos e contrapesos, superligas para hélices de turbinas, ferramentas de aço, ligas de revestimentos resistentes e capeamentos. Compostos de tungstênio podem também substituir o chumbo em balas e projéteis. Componentes químicos de tungstênio são usados em catalisadores, pigmentos inorgânicos e lubrificantes de alta temperatura. • Bismuto (Bi) - O Bismuto é um mineral usado na indústria farmacêutica e química (53%), ligas fundíveis e soldas (28%), aditivo metalúrgico (17%) e outros novos produtos como chapas de bismuto, pigmentos, esmalte de cerâmica, pesos para pescaria (substitui o chumbo), balas para caça, graxas lubrificantes entre outros (2%). Em função das crescentes restrições ao chumbo, o bismuto vem sendo largamente testado como substituto natural e não contaminante ou tóxico. Os EEUU consomem cerca de 80% do bismuto produzido no mundo. • Molibdênio (Mo) - O Molibdênio é um elemento metálico refratário, usado principalmente como um agente de liga no aço, ferro fundido e em superligas para melhorar a dureza, a força, a resistência e o desgaste, assim como a resistência à corrosão. Para se obter as propriedades metalúrgicas desejadas, o molibdênio, primariamente na forma de óxido ou ferro-molibdênio, é freqüentemente usado em combinação com o cromo, colômbio (nióbio), manganês, níquel, tungstênio ou outras ligas metálicas. A versatilidade do molibdênio em melhorar as propriedades de uma grande variedade de ligas tem garantido um significante papel na tecnologia industrial contemporânea, a qual de forma crescente requer materiais que são úteis no sentido de favorecer a qualidade quanto ao forte stress, mudanças de temperatura e a ambientes fortemente corrosivos. Além disso, o molibdênio tem um significante uso como metal refratário em inúmeras aplicações químicas, incluindo catalisadores, lubrificantes e pigmentos. São poucos são os usos do molibdênio que aceitam substitutos. • Tântalo e Nióbio - O Tântalo (Ta), é um metal dúctil, altamente resistente à corrosão por ácidos, excelente condutor de calor e eletricidade e tem um alto ponto de fusão. O maior uso do tântalo, como pó metálico de tântalo, é na produção de componentes eletrônicos, principalmente capacitores de tântalo, cujo maior uso inclui telefones celulares, pagers, personal computers e componentes eletrônicos automotivos. O Nióbio ou Columbium (Nb), elemento extraído na forma de ferro-columbium, é usado no mundo inteiro principalmente como um elemento de liga em aços e superligas. Uma significante quantidade de colômbio, sob a forma de ferro-colômbio de alta pureza e níquel-colômbio são usados em superligas a base de níquel, cobalto e ferro, com aplicações em componentes de motores jato e foguetes assim como em equipamentos resistentes ao calor e combustão. Não podemos aqui esquecer de informar também que por trás de tudo isto estão os Geólogos, Engenheiros de Minas, os Técnicos de Mineração entre outros, cujas profissões são muito pouco conhecidas pelo povo (que inclui os políticos). Saibam portanto, que são os Geólogos que, com a ajuda de equipes treinadas para tal, sobem e descem morros se ralando e suando no mato, que estudam, interpretam e encontram jazidas minerais. Juntamente com os Geólogos, os Engenheiros de Minas são os profissionais que estudam, interpretam, montam e põem a produzir os referidos depósitos. Os investimentos são altos. Entre pesquisa, estudos de viabilidade econômica e implantação da mina, são dezenas de milhões de dólares. Isto implica também em centenas de empregos, que inclui eletricistas, encanadores, advogados, contadores, motoristas, braçais etc., assim como sustentam dezenas de laboratórios de análise químicas. Minas de grande porte criam cidades. Minaçu em Goiás, hoje com cerca de 40.000 habitantes, é um exemplo. Nasceu e cresceu em função de uma mina de amianto, que por sinal representam a matéria prima para a fabricação das telhas Eternit, caixas d’água etc. Aliás, o nascimento de cidades ligadas à M vem desde a época dos Bandeirantes à caça de ouro, esmeraldas e outros produtos, a exemplo das cidades de que hoje guardam um grande patrimônio histórico muitas vezes tombados como patrimônio público. Desta forma, podemos até afirmar que também tem dependência da M a gostosa feijoada que saboreamos aos sábados, pois nada mais eram do que os restos do porco (pé, rabo, pele, orelha etc) cozidos numa grande panela de ferro e distribuído aos escravos enquanto os senhores portugueses se deliciavam com o pernil e carnes de primeira, no curso das lavras de ouro, esmeraldas etc. Assim sendo, creio que agora sabem que, não fosse a MINERAÇÃO, viveríamos ainda hoje como o homem de Neandertal, ou seja, na idade das pedras, sem energia, sem transportes e sem roupa. É claro que estamos nos referindo à Mineração associada à Metalurgia ou Indústria da Transformação , as quais juntas, sem falar na dependência da agricultura a que nos referimos, significam pelo menos 30% do PIB nacional. Isto, e tudo mais acima exposto, tem grande significado e não pode mais ser ignorado, até mesmo para se evitar de ser chamado de ignorante. A atenção para este setor, seja com incentivos fiscais, com capitalizações de risco ou com apoio governamental de alguma forma, vai promover a geração de depósitos com conseqüente produção de bens minerais, redução das importações e aumento das exportações, com forte geração de divisas para o país. Além disto, como se trata sempre de grandes investimentos, a M pode ser também grande geradora indireta de VOTOS. Será que o desconhecimento deste detalhe seja o motivo pelo qual nem falam no assunto, nem mesmo numa campanha presidencial???
Jad Salomão é Geólogo e empresário,
fundador de uma das primeiras junior companies do Brasil a Verena
Minerals.
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quinta-feira, 12 de setembro de 2013
A contribuição da mineração no cotidiano de nossas vidas
A contribuição da mineração no cotidiano de nossas vidas
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O ovo é talvez o alimento mais injustiçado do mundo. Por anos a fio as pessoas foram instruídas a evitar os ovos em sua alimentação, uma ve...
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