Mineral, Rocha ou Pedra?
Alguns geólogos (ou ainda serão muitos ?) fazem cara feia quando alguém se refere a um mineral ou rocha como pedra. Aos seus ouvidos técnicos, pedra soa como uma demonstração de ignorância até compreensível, mas que nem por isso deixa de arranhar os tímpanos.
Cada
setor profissional tem seu linguajar específico e o correto emprego da
terminologia especializada é importante, principalmente quando se trata
das ciências ditas exatas. Mas, analisando de modo honesto e tolerante,
essa aversão pela palavra pedra não procede.
É óbvio que todos os leigos - aqui entendidos como qualquer um que não seja geocientista - conhecem as palavras pedra, rocha e mineral.
Mas é também óbvio que se todos têm clara noção do que é uma pedra, o
mesmo não ocorre com mineral e rocha. É preciso, pois que sejamos
pacientes e compreensivos neste aspecto.
Por outro lado, convém lembrar que todos, inclusive os geólogos, usam normalmente a expressão pedra preciosa. E os geólogos que são também gemólogos (especialistas em gemas) ouvem e empregam com muita freqüência também pedra apenas, no significado restrito de pedra preciosa ou gema. Que pedra é essa ? é pergunta que eles ouvem e fazem habitual e naturalmente.
Mas,
não é só isso. Há as rochas monominerálicas, ou seja, aquelas que são
formadas por um único mineral (calcários, quartzitos, arenitos,
turmalinitos, etc.). Nesses casos, é forçoso convir, a distinção entre
rocha e mineral já não é tão clara.
E há mais: o lápis-lazúli, uma pedra preciosa bem conhecida, é rocha, não mineral, o mesmo acontecendo com a obsidiana.
Mas,
você que está lendo isso lê e não é geólogo pode muito bem querer saber
como distinguir um mineral de uma rocha, já que são materiais
diferentes. Se você perguntar a um geólogo quais são as características
que tornam um diferente do outro, talvez ele fique um tanto surpreso,
pois, embora saiba diferenciar rochas de minerais, é bem possível que
nunca lhe tenham pedido que comparasse as características de ambos.
Entretanto, pensando um pouco, ele lhe apontará algumas diferenças mais flagrantes.
Conceito
- Mineral é um sólido natural, inorgânico, homogêneo, de composição
química definida, com estrutura cristalina. Rocha é um agregado natural
de minerais (geralmente dois ou mais), em proporções definidas e que
ocorre em uma extensão considerável. Esses conceitos, bem como as
características citadas a seguir, admitem várias exceções, mas não as
vamos analisar aqui.
Morfologia
– as belas formas geométricas dos cristais caracterizam os minerais,
não as rochas. Estas costumam mostrar-se maciças ou em camadas.
Brilho
- as rochas não costumam ser brilhantes, os minerais sim. Brilho
metálico ou semelhante ao de vidro, por exemplo, são típicos de
minerais. As exceções existem, mas é válida a generalização.
Cor
– se o material é uma massa com grãos de duas ou mais cores, deve ser
uma rocha (ex. granito). Em algumas rochas, a cor distribui-se não em
grãos, mas em faixas e/ou áreas irregulares (gnaisses e alguns mármores,
por exemplo).
Excluindo as rochas ornamentais (sobretudo os mármores e granitos), as demais não costumam ter cores atraentes.
Transparência – as rocha são sempre opacas; transparência se vê é em minerais (mas não em todos !).
Densidade – os minerais de brilho metálico costumam ser bem mais densos que as rochas.
Volume
- se o material forma massas grandes, de vários metros cúbicos,
provavelmente é uma rocha. O material que forma um morro é rocha, não
mineral. Os grãos de areia são fragmentos de minerais, não de rocha.
Uso
- material que se usa para calçar ruas ou passeios; para revestir
paredes e pisos; para fazer concreto, muros, alicerces, etc. é rocha,
não mineral. Material que se usa para fazer jóias é mineral, não rocha.
Repetimos: todas as afirmações acima são relativas e admitem várias, quando não muitas, exceções.
Nomes – Para terminar, lembre que os nomes de rochas costumam ter a terminação ito
(granito, arenito, siltito, argilito, andesito, riolito, quartzito,
etc.), mas há muitas exceções (mármore, basalto, xisto, folhelho,
conglomerado, etc.). Observe que os nomes citados são todos masculinos,
mas há algumas poucas exceções, como ardósia.
Os nomes de minerais costumam ter a terminação ita ou lita
(pirita, calcita, cassiterita, crisólita, marcassita, fluorita,
sodalita, calcopirita, hematita, malaquita, alexandrita, etc.), mas
muitos dos nomes mais antigos fogem à regra: galena, opala, granada,
esmeralda, ágata, safira, turmalina, etc. Ao contrário dos nomes de
rochas, os de minerais costumam ser femininos, mas também aqui há, entre
os mais antigos, muitas exceções: topázio, quartzo, diamante,
feldspato, rubi, ônix, jaspe, talco, olho-de-trigre, etc.
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