quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Tapajós. Uma província aurífera em abandono até quando?

Tapajós. Uma província aurífera em abandono até quando?

Por Pedro Jacobi
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Há pouco tempo atrás o  Tapajós era o maior centro da pesquisa para ouro e metais associados do Brasil.  A Região atraía inúmeras empresas como as gigantes Vale, Rio Tinto e Codelco as  tradicionais mineradoras de ouro como a Eldorado, Barrick e Kinross e dezenas de  junior companies como a Octa Mineração, Brazauro, Brazilian Gold, Majestic,  Placer Dome e  Magellan. A região prosperou e os vários milhões de dólares investidos renderam  a descoberta de vários depósitos de ouro primário cujas reservas superam em  muito as 10 milhões de onças de ouro ou o valor bruto acima de 30 bilhões de  Reais. As principais descobertas foram:
  • Tocantinzinho (>4.0MOz Au)- descoberto pela Brazauro- propriedade da  Eldorado
  • São Jorge (>1.0MOz Au)- descoberto pela Rio Tinto- propriedade da  Brazilian Gold
  • Ouro Roxo (>1.5MOz Au)- descoberto pela Rio Tinto- propriedade da D´  Gold
  • Boa Vista  (>1.0MOz Au)- descoberto pela Octa Mineração-  propriedade da Golden Tapajós, Octa e D´Gold
  • Cuiu primário  (>2.0MOz Au)- descoberto pela Rio Tinto -  propriedade da Magellan
  • Mina do Palito  (>0.5MOz Au) - descoberto pela Rio Tinto e lavrado  pela Serabi
  • Coringa (>1.0MOz Au)  - propriedade da Magellan
Com excessão da mina do Palito todas as descobertas do Tapajós descritas  acima ainda estão em fase de pesquisa e desenvolvimento. Existem, portanto,  bilhões de Reais a serem injetados na economia da região nos próximos anos.
Infelizmente essa situação  mudou.  A conjunção do péssimo desempenho dos preços do ouro nestes últimos  meses, a crise mundial que afeta os investimentos em empresas junior desde 2008  e as más notícias vindas do DNPM e das incertezas relacionadas ao Marco  Regulatório da Mineração acabou por paralisar quase que completamente a  exploração mineral na maior província aurífera do Brasil.
Os hoteis de Itaituba,  outrora cheios de Geólogos, garimpeiros, homens de negócio e mineradores já não apresentam os  mesmos índices de ocupação e precisam de reformas urgentes. O dinheiro anda  escasso, os negócios diminuíram, os voos de aeronaves pequenas, uma das  principais características da região, são raros e, sempre que possível,  substituídos por fretes terrestres. Os inúmeros compradores de ouro que  proliferavam em todas as comunidades desapareceram, dando lugar a poucos  compradores que atuam com maior eficiência e profissionalismo.
Creporizão - abandonado
Foto do ex-próspero Garimpo do  Creporizão, no centro da região aurífera do Tapajós, hoje em franco  abandono.
A produção do ouro caiu e  até mesmo as casas de prostituição dos garimpos, um dos sinais aparentes da  riqueza do Tapajós, estão ameaçadas do desaparecimento. Nos anos áureos as  prostitutas vinham dos grandes centros e recebiam seus pagamentos em ouro  fazendo, muitas vezes, verdadeiras fortunas assim como alguns garimpeiros,  pilotos e donos de pista.
Hoje restam apenas as histórias desta época quando o Tapajós nadava em ouro  e dinheiro.
Aos poucos a crise vai  obliterando esse passado e as histórias vão ficando cada vez mais no imaginário e  menos no presente. As centenas de pistas de pouso foram engolidas pela selva e  as poucas que restaram estão em adiantado estado de abandono, precisando  urgentemente de reparos. Os garimpos, em sua maioria abandonados, hoje estão repletos de  cachorros, ferro-velho e prostitutas que não conseguiram ainda pagar o voo para  a civilização. Em alguns casos permanece uma pequena comunidade  extrativista que pouco ou nenhum ouro mais produz ou um garimpeiro que ainda  consegue extrair o seu sustento da lavra do ouro.
As lavras de aluvião foram praticamente todas abandonadas restando alguma  garimpagem em restos de aluviões pouco expressivos. Algumas cavas antigas onde  filões e zonas de alteração foram lavradas já estão, quase todas abandonadas.  Poucos garimpos ainda persistem com uma lavra subterrânea incipiente como é o  caso do Boa Vista, foto abaixo. Não há mais espaço para o amadorismo garimpeiro,  só para o profissionalismo das mineradoras. Mas até essas foram afastadas pela  crise.
Boa Vista
Sem segurança e no limite da  economicidade alguns garimpos ainda insistem com a lavra dos filões  auríferos de alto teor
Os geólogos que antes  literalmente trombavam uns nos outros, andam escassos.  Das dezenas de empresas de mineração só restaram em atividade poucas como  a  Brazilian Gold, Golden Tapajós, Magellan, Chapleau, D´Gold, Serabi e  Eldorado.
Apesar da fase terrível que a região atravessa não há como tapar o sol com  a peneira: o Tapajós ainda é um dos melhores lugares do planeta para a  descoberta de depósitos econômicos de ouro. Em algum dia, no futuro próximo, uma  nova onda prospectiva vai se alastrar pelo Tapajós. As empresas juniors irão  voltar, revendo velhos conceitos e reprocessando os bancos de dados adquiridos  ao longo de décadas. Talvez até o Governo crie um projeto de geologia, geofísica  e geoquímica para fomentar a mineração e novas descobertas no Tapajós.
Qualquer que seja a história dos próximos meses ou até  anos, o Tapajós vai atrair, novamente, dezenas de empresas de mineração e as  novas descobertas serão propagadas fomentando mais um ciclo de ouro na região.
Prepare-se!

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