Uma das mais importantes
gemas produzidas no país é o crisoberilo, cujo nome
deriva das palavras gregas chrysos (dourado,
obviamente em alusão a sua cor) e beryllos
(berilo), pois em tempos remotos se imaginava que
tratava-se de uma variedade de berilo. Em realidade, o
crisoberilo foi identificado como espécie mineral
distinta em 1789 e tem em comum com o berilo apenas o
fato de ambos apresentarem o elemento berílio em sua
composição.
O crisoberilo é a
terceira gema de maior dureza (81/2), inferior
apenas às do diamante e do coríndon (rubi e safira) e
não requer qualquer tipo de tratamento para melhorar seu
aspecto, seja para intensificar sua cor ou realçar um
efeito óptico. Apresenta densidade elevada (~3,73 g/cm3)
e cristaliza-se no sistema ortorrômbico. São frequentes
as maclas com formas triangulares ou pseudo-hexagonais
cíclicas e menos usuais os cristais estriados de hábito
tabular ou os cristais de hábito prismático.
O
crisoberilo "propriamente dito" apresenta-se
nas cores amarela clara, amarela esverdeada a verde
clara, amarela amarronzada a marrom e, em raríssimos
casos, azul clara. Este mineral possui duas raras e
valorizadas variedades, a alexandrita, que será o tema
do nosso próximo artigo, e o olho-de-gato. Este último,
também denominado cimofana - derivada dos termos gregos kyma(onda)
e phaein(mostrar), apresenta finos canais, tubos
de crescimento ou inclusões minerais aciculares
ordenados paralelamente; a reflexão total da luz causa o
aparecimento de um raio sedoso ondulante, com direção
perpendicular à dos canais, nos exemplares adequadamente
orientados e lapidados em cabochão. Este exuberante
fenômeno óptico é denominado efeito olho-de-gato,
chatoyancy ou acatassolamento e é melhor observado sob
luz puntual ou à luz do sol, uma vez que a iluminação
difusa não o realça de maneira apropriada. Muitas
outras gemas podem exibi-lo, mas o termo olho-de-gato sem
descrição adicional se reserva apenas ao crisoberilo;
as demais devem ser designadas pelo nome da gema, seguido
do mencionado termo (ex: turmalina olho-de-gato). Em
casos muito raros, o crisoberilo pode apresentar duas
faixas luminosas, em vez de uma única, dando lugar a um
asterismo com 4 braços.
O olho-de-gato pode
confundir-se com algumas gemas de ampla ocorrência no
Brasil, sendo o quartzo olho-de-gato seu substituto mais
comum, embora não apresente o raio ondulante tão bem
definido nem seu polimento alcance a excelência do
material genuíno.
Os termos
"crisoberilo propriamente dito" e
"olho-de-gato" são, às vezes, erroneamente
designados por crisólita e crisoberilo, respectivamente.
A denominação crisólita era utilizada na antiga
nomenclatura mineralógica para designar a espécie
mineral olivina, conhecida na gemologia como peridoto.
As principais inclusões
encontradas no crisoberilo são os tubos de crescimento
finos, de forma acicular, as inclusões minerais (micas,
actinolita acicular, quartzo e apatita) e as fluidas
(bifásicas e trifásicas). Os planos de geminação com
aspecto de degraus são também importantes rasgos
internos observados nos crisoberilos.
No Brasil, o crisoberilo
ocorre associado a outros minerais de berílio, em
depósitos secundários, formados pela erosão,
transporte e sedimentação de materiais provenientes de
jazimentos primários, principalmente pegmatitos
graníticos.
Esta fascinante gema é
conhecida em nosso país desde 1805 e foi lavrada em
grandes quantidades em Minas Gerais, nos municípios de
Minas Novas, Crisólita e Araçuaí. Atualmente, as
ocorrências brasileiras mais significativas localizam-se
nos estados de Minas Gerais (Malacacheta/Córrego do Fogo
e Padre Paraíso/Vales dos Rios Americana e Santana),
Espírito Santo(Colatina, Vila Pancas e Itaguaçú) e
Bahia(Jaqueto).
Os principais países
produtores de "crisoberilo propriamente dito" e
olho-de-gato são, atualmente, Sri Lanka(Ratnapura e
diversas outras ocorrências), Brasil, Tanzânia
(Tunduru), Madagascar (Ilakaka) e Índia (Orissa e Andhra
Pradesh).
Nenhum comentário:
Postar um comentário