O tesouro escondido sob a cidadezinha modorrenta
A simplicidade do lugar engana. O município de São José da Safira, a cerca de uma hora de Governador Valadares, no leste de Minas Gerais, tem apenas 4 mil habitantes e casinhas coloridas com telhados de duas águas. Aqui e ali, galinhas ciscam pelas ruas e, na hora do almoço, moradores se acomodam em cadeiras nas calçadas para jogar conversa fora. Mas embaixo dessa cidade há um tesouro.
No subsolo do território de São José da Safira está a maior mina de turmalina do mundo, segundo Carlos Cornejo e Andrea Bartorelli, autores de "Minerais e Pedras Preciosas do Brasil" (Solaris, 2009). A mina é constituída por duas lavras: a lavra do Cruzeiro e a da Aricanga. A primeira, pertencente à família de Douglas e Antônio Neves; a segunda, a Henrique Fernandes. Além de produtores, eles são comerciantes de pedras.
A região de Safira - que compreende ainda Marilac, Santa Maria do Suaçuí e Água Boa, todas nas proximidades da Serra do Cruzeiro - esteve na rota de aventureiros e bandeirantes ainda no século XVI que buscavam esmeraldas. Em 1996, autores franceses do livro "Tourmalines" sustentaram que é essa a Serra das Esmeraldas, um local perseguido por exploradoras nos séculos XVI e XVII, segundo Cornejo e Bartorelli. E que em 1674 atraiu o bandeirante Fernão Dias.
As primeiras incursões daquela época permitiram a descoberta de jazidas de turmalinas, berilos e águas-marinhas - identificados na época erroneamente como esmeraldas, safiras e turquesas.
Os pais de Douglas e Antonio Neves, primos, compraram os direitos da mina em 1982. Dez anos depois, os proprietários morreram em um acidente de avião. Foi quando a segunda geração assumiu o negócio. Dali saem pedras que vão principalmente para a China. São mais de cem trabalhadores todos os dias escavando.
A turmalina vermelha - ou rubelita - da Mina do Cruzeiro é tida como a melhor do mundo, dizem os autores. Dos 10 mil metros de túneis mapeados vieram turmalinas de várias cores entre elas a apelidada de "verde Brasil".
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