Por Pedro Jacobi | |
Apesar dos esforços de muitos países na obtenção de uma energia mais limpa e verde, a verdade que prevalece é: o carvão será, por muitas décadas, a maior fonte de energia do mundo suplantando, inclusive, o petróleo.
Segundo William Durbin, o presidente da WoodMac no Congresso Mundial de Energia, esse desequilíbrio virá da China, a maior consumidora de carvão do planeta. O consumo de carvão chinês está crescendo tanto que irá tornar o carvão a maior fonte de energia do mundo.
O incrível é que a China está fechando minas pequenas e obsoletas, com produção inferior a 900.000t/ano que não se enquadram nos padrões ambientais e de segurança modernos. Minas de baixa qualidade mataram, somente em 2012, 1.384 pessoas. O plano do Governo Chinês é de fechar um mínimo de 2.000 minas de carvão nos próximos dois anos.
Mesmo assim o consumo irá aumentar exponencialmente.
O que fará a diferença são os investimentos maciços a serem feitos nas enormes reservas de carvão chinês que estão entre as maiores do mundo. Calcula-se que dois terços do crescimento mundial do consumo de carvão serão derivados da demanda chinesa, onde mais de 50% de todas as plantas a serem construídas terão o carvão como fonte energética.
Essas plantas já terão o processo CCS (carbono capture and storage) uma nova tecnologia que evita a emissão de gases pelas termoelétricas movidas a carvão ou gás natural e que será, no futuro, um padrão mundial tornando o carvão em uma fonte de energia limpa.
A uso do carvão para a geração de eletricidade, a nível mundial, já atingia 41% em 2012. A tabela abaixo mostra que países como a China, Polônia, África do Sul e Mongólia são totalmente dependentes do carvão na geração de eletricidade.
Mongólia
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98%
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Austrália
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69%
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USA
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43%
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South Africa
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94%
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Índia
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68%
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Alemanha
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43%
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Polônia
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86%
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Israel
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59%
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UK
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29%
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PR China
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81%
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Indonésia
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44%
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Japão
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27%
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Eletricidade produzida a partir do carvão |
Aqui, no Brasil, as coisas são diferentes.
Poucos países tem a enorme capacidade de geração de energia que o Brasil tem. Nós temos hidrelétricas, termoelétricas a carvão e urânio, petróleo, gás e os combustíveis derivados da agricultura como o etanol e o biodiesel. Tudo isso sem contar com o gás e o óleo do xisto que ainda não estamos produzindo.
Camadas principais de carvão na Mina de Candiota/RS |
Ou seja, apesar de termos grandes reservas, o Brasil não é um player quando o assunto é carvão.
Somos uma potência energética de classe mundial, mas em termos de produção de energia ainda estamos longe das grandes potências. Infelizmente ainda somos importadores de petróleo apesar das novas descobertas no Pré-Sal, o que cria um déficit gigantesco na balança comercial brasileira. A medida que o país cresce maior será a sua necessidade energética. O carvão do Sul, pelo seu baixo custo e pelas novas tecnologias deverá ter uma participação cada vez maior nesta equação.
Parece que tudo o que se falou sobre o futuro energético mundial está sendo contestado e que em breve, o carvão passará de grande vilão para um verdadeiro mocinho energético.
Mesmo exorcizado por todos o carvão se mostra resistente. Com as novas tecnologias, como o CCS, que irão retirar o estigma de poluidor e de uma das principais fontes de gases de efeito estufa, continuará sendo um dos mais importantes combustíveis do mundo.
Não se iluda, a sobrevida do carvão será longa gerando gás, eletricidade, gasolina, diesel e outros sub-produtos, que trarão a modernidade aos lares de bilhões.
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