sexta-feira, 14 de março de 2014

Mineração Brasileira: até quando vamos perder bilhões?

A cada ano que passa o Brasil empobrece bilhões de dólares. Em algumas décadas serão trilhões de dólares que o País deixará de contabilizar por um simples motivo: falta de visão e de competência daqueles que governam o País.

Eu sei que você vai me dizer que já viu esse filme antes e que isso é comum na economia nacional. Ocorre que este enorme prejuízo pode ser evitado, no curtíssimo prazo, com investimentos mínimos, se os nossos Governantes quiserem, é lógico.
Estou falando da gigantesca transferência de dinheiro causada pela venda dos nossos direitos minerais, minérios e empresas de mineração aos investidores estrangeiros. Não pense que se trata de algum roubo feito pelos investidores. Nada disso! O que causa esse prejuízo é a incapacidade que o Brasil, e suas instituições, tem em poder financiar as empresas juniores de mineração. Aos investidores estrangeiros cabe aplaudir por investir na produção Brasileira e na conversão de um sonho mineral em realidade.
Aos nossos Governantes, que fazem vistas grossas à dilapidação do nosso patrimônio, cabe o nosso repúdio.

Veja abaixo como o Brasil perde imensas fortunas:

Tudo começa quando uma Junior Company descobre um depósito mineral econômico em território Brasileiro. A partir desta constatação o  Minerador  brasileiro de pequeno porte ou empresa junior descobre que a sua mina nunca irá decolar pela simples falta de financiamento. Todos sabemos que mineração é para experts com muito dinheiro: dinheiro de risco. Esse é o dinheiro mais difícil de encontrar. Somente os  Minerador es com liquidez ou os investidores das bolsas de valores costumam enfrentar este desafio.

Por mais que o  Minerador  lute a ele só restam as seguintes opções:

1. Financiar com capital próprio o empreendimento mineiro. Esse cenário é o que permite o maior lucro mas, para 99.99% das Juniores, é apenas um sonho. Empreendimentos em mineração são, frequentemente, superiores as centenas de milhões de dólares e poucas pessoas no mundo podem bancá-los. É por esse fato que as juniores do mundo todo recorrem às Bolsas de Valores e as vendas de ativos para financiar os seus projetos.

2. Venda dos ativos da Junior preferencialmente à empresas de mineração já capitalizadas. De uma forma geral essa opção é a mais simples mas também àquela que gera o menor retorno ao  Minerador  já que as empresas compradoras costumam depreciar terrivelmente os ativos minerais, reduzindo drasticamente os riscos. As grandes  Minerador as só cogitam na compra de ativos minerais que elas possam controlar de forma absoluta: elas querem nada menos do que 100%. Por isso elas geralmente pagam valores muito baixos alegando o risco e a baixa maturidade do projeto. Caso o  Minerador  junior queira vender apenas uma parte minoritária do seu projeto ele deve recorrer a outros  Minerador es e demais entidades como bancos e grandes investidores: é o private placement. Private placements são comuns quando o projeto já está em nível bastante avançado e com reservas calculadas e aceitas pelas bolsas de valores. Essa aceitação implica que os recursos minerais foram avaliados conforme parâmetros aceitos pelas bolsas. É o caso do 43101 no Canadá ou o Jorc na Austrália e Londres. No Brasil estamos nos aproximando de um padrão Jorc. Em geral o prejuízo comparativo é menor no caso dos private placements do que as vendas dos ativos totais. O private placement dá tempo de o projeto maturar e receber uma avaliação financeira maior.

3. IPO- Financiar o projeto vendendo ações de sua empresa nas bolsas estrangeiras. O motivo que obriga ao  Minerador  a buscar financiamento em bolsas do exterior é simples: a Bovespa não costuma fazer lançamento de ações (IPO) menor que trezentos milhões de Reais (veja a tabela abaixo). Ou seja, não existe no Brasil uma bolsa que possa financiar as empresas juniores que, na fase inicial precisam de financiamentos de poucos milhões a dezenas de milhões de dólares, raramente atingindo um IPO de centenas de milhões de dólares que a Bovespa exige. Neste caso ao  Minerador  junior resta apenas o financiamento via bolsa estrangeira. Ele irá passar por um longo processo de certificação e de auditagem técnica, financeira e legal da sua empresa e dos seus ativos.
O nível de detalhamento é enorme. Os custos legais ídem.
A Bolsa de Valores, seja de onde for, Toronto, Londres ou Sydney vai exigir inúmeras garantias, sempre com o intuito de proteger aos seus investidores que irão comprar a ação da junior brasileira. O  Minerador  após passar por um estressante processo de due diligence, de certificação e avaliação de si, da sua equipe e dos seus ativos. São poucos que conseguem passar pelo crivo das bolsas e dos investidores. Se o  Minerador  brasileiro é, realmente competente e o seu projeto e equipe são bem acima da média mundial ele terá a sua empresa aferida dentro da visão do mercado e dos investidores. Esse é o valuation, o número mágico que irá contar aos demais investidores o quanto a tua empresa ou projeto valem no momento do IPO. A partir desse valuation ele pode emitir ações na bolsa que, se forem compradas, irão financiar os programas futuros da empresa.
Esse resumo acima minimiza as milhares de horas de trabalho, as incontáveis reuniões no Brasil e fora dele, as incessantes conference calls, as viagens ao campo, as amostragens adicionais, as sondagens, os laudos geológicos e legais, os trabalhos de engenharia, metalurgia, logística e infraestrutura, as reuniões com mandatários, políticos, donos das terras e com os qualified geologists, advogados e engenheiros.
Um IPO bem sucedido custa milhões de dólares. Não há como evitar!!!
Após o IPO tudo parece lindo e maravilhoso. A empresa está listada e capitalizada podendo então investir confortavelmente nos seus projetos.
No entanto a realidade é um pouco diferente...
É aqui que o Brasil começa a perder bilhões pois quando o Minerador brasileiro faz um IPO, uma venda ou um private placement no exterior e não aqui no nosso País ele está vendendo ao investidor estrangeiro os direitos minerais e a jazida. Como a maioria dos  Mineradores, por questões financeiras e por não terem uma alternativa de financiamento no Brasil, vendem a maioria das ações de sua empresa no exterior equivale a dizer que a maioria das riquezas minerais encontradas no subsolo brasileiro passam a pertencer ao investidor estrangeiro. Desta maneira, a cada ano, vendemos nas bolsas de Toronto, Londres e Australia que são as principais bolsas que comercializam ações de junior companies no mundo, a maioria das novas descobertas minerais do Brasil. Como a maioria das ações destas empresas são vendidas no momento do lançamento destas ações, no IPO, quando os preços estão, teoricamente no mínimo, estamos vendendo a preço de banana o nosso patrimônio.

Simples não é?

Você pode estar se perguntando se isso é significativo ou não. A resposta é sim, muito significativo!!!  Estou falando de trilhões de dólares perdidos pelo Brasil somente nestas últimas décadas.

O que o Brasil está fazendo para evitar isso? Praticamente nada!
A solução para que esse patrimônio fique no Brasil é permitir ao Investidor Brasileiro, que atua na bolsa brasileira, comprar essas ações das juniores brasileiras que ora são vendidas no exterior. Para tal deve ser criada uma bolsa de valores que esteja equipada para trabalhar com esse modelo. Só como exemplo as ações das junior companies de mineração alavancaram de tal forma a TSX a Bolsa de Valores do Canadá, que ela se transformou em uma das maiores bolsas do mundo. Isso poderia também ocorrer no Brasil se tivéssemos uma bolsa preparada para o financiamento das juniores de mineração. Essa bolsa iria operar não somente com as Juniores do Brasil mas, também, com a maioria das empresas de mineração da América do Sul e África que hoje migram para o Canadá, Londres e Austrália em busca de financiamentos.

Muito já se falou sobre a Bovespa acomodar IPOs de Junior Companies mas , até o momento, tudo ficou em promessas. Foi criada o Bovespa Mais cujo objetivo era, exatamente, o de tornar o mercado de ações brasileiro acessível a um número maior de empresas, especialmente àquelas que desejam entrar no mercado aos poucos, como empresas de pequeno e médio porte.
Infelizmente o projeto não deu certo e, nos últimos 5 anos somente uma empresa, a Nutriplant, foi listada no Bovespa Mais (veja na tabela abaixo).
É preciso bem mais...muito mais!!!

Nos últimos anos as major companies ou grandes empresas de mineração como a Rio Tinto, Billiton, Vale e Anglo reduziram significativamente os seus investimentos em pesquisa mineral no mundo. A cada dia que passa estas gigantes da mineração preferem comprar os depósitos minerais recentemente descobertos do que investir em pesquisa mineral e nas descobertas. E quem descobre a maioria desses depósitos são, consequentemente, as juniores da mineração. Este vazio deixado pelas Major Companies configura, na realidade uma excelente oportunidade às juniores que agora podem dominar as principais jazidas minerais brasileiras que estão por ser descobertas. No entanto, se não houver uma bolsa preparada para estas mineradoras brasileiras, o ciclo de financiamentos no Canadá, Londres e Sydney que leva à transferência das nossas riquezas minerais à estes investidores, não vai acabar.
No Brasil, nesta última década, a maioria dos grandes depósitos de ferro, ouro, fosfato e potássio foram descobertos pelas junior companies. São jazimentos que irão gerar vários trilhões de dólares de receita como os descobertos pela O2iron, Rio Verde, Bahia Mineração, Magellan, Golden Tapajós, Aura Minerals, Brazauro, Octa-Majestic, Talon, Mirabella, Verena e várias outras mineradoras de pequeno porte. A grande maioria destes depósitos minerais foi vendido aos investidores estrangeiros em bolsas de valores do exterior porque nós, no Brasil, não temos um mercado de ações acessível às pequenas mineradoras.
Portanto, amigo minerador de pequeno/médio porte, se na sua empresa existe um belo depósito mineral ainda inexplorado e o seu caixa não é suficiente para transformá-lo em um empreendimento mineiro econômico não se desespere. Arregace as mangas, coloque na carteira um mínimo de um milhão de dólares para fazer frente às despesas, cerque-se do melhor pessoal, com experiência internacional, que o dinheiro pode comprar e vá em busca de financiamentos no exterior pois aqui no Brasil você não vai encontrar.


Ano Empresa Segmento de listagem Natureza da oferta Volume R$ milhões ¹ Nº de corretoras ² Nº de investidores ³
2012 BTG Tradicional Mista 3.234 56 6.231
Unicasa Novo Mercado Mista 370 42 785
Locamerica Novo Mercado Mista 273 56 246
2011 Abril Educa Nível 2 Primária 371 58 1.429
Technos Novo Mercado Mista 462 61 599
Qualicorp Novo Mercado Mista 1.085 63 823
BR Pharma Novo Mercado Primária 414 62 148
Magaz Luiza Novo Mercado Mista 805 65 34.674
Time For Fun Novo Mercado Mista 469 56 907
IMC Holdings Novo Mercado Mista 454 55 706
QGEP PART Novo Mercado Primária 1.515 59 9.057
Autometal Novo Mercado Mista 454 61 3.568
SierraBrasil Novo Mercado Primária 465 57 3.423
Arezzo Co Novo Mercado Mista 566 63 9.177
2010 Raia Novo Mercado Mista 655 49 6.876
BR Insurance Novo Mercado Mista 645 54 75
HRT Petróleo Novo Mercado Mista 2.481 52 144
Renova Nível 2 Primária 161 52 585
Júlio Simões Novo Mercado Primária 478 62 735
Mills Novo Mercado Mista 686 56 1.108
Ecorodovias Novo Mercado Mista 1.368 59 2.048
OSX Brasil Novo Mercado Primária 2.450 63 31
Br Propert Novo Mercado Mista 934 48 1.476
Multiplus Novo Mercado Primária 629 61 1.191
Aliansce Novo Mercado Mista 585 62 1.643
2009 Fleury Novo Mercado Primária 630 60 4.799
Direcional Novo Mercado Primária 274 58 603
Cetip Novo Mercado Secundária 773 65 5.173
Santander BR Nível 2 Primária 13.182 72 74.933
Tivit Novo Mercado Secundária 575 59 5.870
Visanet Novo Mercado Secundária 8.397 53 49.533
2008 OGX Petroleo Novo Mercado Primária 6.712 55 1.377
Le Lis Blanc Novo Mercado Primária 150 63 273
Hypermarcas Novo Mercado Primária 612 64 13.008
Nutriplant BOVESPA Mais Primária 21 0 2
2007 Tempo Part Novo Mercado Mista 420 57 3.807
MPX Energia Novo Mercado Primária 2.035 58 164
BMF Novo Mercado Secundária 5.984 70 255.001
Panamericano Nível 1 Primária 700 61 21.222
Laep BDR Primária 508 52 563
Helbor Novo Mercado Primária 252 60 723
Amil Novo Mercado Mista 1.401 69 4.398
BR Brokers Novo Mercado Mista 699 55 13
Bovespa Hld Novo Mercado Secundária 6.626 69 64.775
Agrenco BDR Primária 666 55 805
Marisa Novo Mercado Primária 506 67 13.177
SEB Nível 2 Mista 413 61 3.709
Tenda Novo Mercado Primária 603 60 10.172
Trisul Novo Mercado Primária 330 62 2.444
BicBanco Nível 1 Mista 822 62 5.197
Sul America Nível 2 Primária 775 67 19.261
Satipel Novo Mercado Mista 413 59 6.807
Cosan Ltd** BDR Primária 275 59 1.572
Estacio Part Nível 2 Mista 447 64 10.890
Generalshopp Novo Mercado Primária 287 59 4.999
Multiplan Nível 2 Mista 925 66 24.419
Providencia Novo Mercado Primária 469 64 11.135
Springs Novo Mercado Mista 656 69 7.383
ABC Brasil Nível 2 Mista 609 49 6.050
Triunfo Part Novo Mercado Mista 513 59 7.139
Guarani Novo Mercado Primária 666 63 12.388
Kroton Nível 2 Mista 479 60 11.297
MRV Novo Mercado Mista 1.193 60 15.657
Patagonia** BDR Mista 76 56 2.846
Minerva Novo Mercado Mista 444 62 11.660
Invest Tur Novo Mercado Primária 945 53 17
Redecard Novo Mercado Mista 4.643 67 29.766
Indusval Nivel 1 Mista 253 59 290
Tegma Novo Mercado Mista 604 64 6.776
Marfrig Novo Mercado Mista 1.021 62 4.933
Daycoval Nível 1 Mista 1.092 62 7.585
Cruzeiro Sul Nível 1 Mista 574 61 4.221
EZTec Novo Mercado Primária 542 62 5.553
Log-In Novo Mercado Mista 848 67 26.898
SLC Agricola Novo Mercado Mista 490 64 9.750
Parana Nível 1 Primária 529

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