No interior do PI, exploração de opala garante 1º emprego e renda a famílias
Pedro II vive da agricultura e da exploração da opala e venda das joias.
Em alta qualidade, pedra é encontrada apenas no Piauí e na Austrália.
Mas, nos últimos cinco anos, o que era “perdição” para muitos garimpeiros virou negócio em Pedro II. Por ano, a cidade vende perto de 400 quilos de joias feitas com a pedra para os mercados interno e externo. E só 10% dos recursos minerais que existem no município foram explorados.
Desde a extração da opala, encontrada em alta qualidade apenas no Piauí e na Austrália, até o design das peças passa pelas mãos dos pedro-segundenses, permitindo que muitos vivam só disso. Na família de Osmarina Uchôa, 40 anos, o garimpo das pedras cabe ao seu marido e a criação das joias, à sua imaginação.
Pedro II
Dono de uma das maiores e mais antigas lojas da cidade, inaugurada em 1992, Juscelino Souza também é uma dessas pessoas que apostaram tudo o que tinham na opala, seguindo, de certa maneira, os passos do pai, que era garimpeiro. No ateliê onde produz as peças – desde a lapidação até a ourivesaria – o empresário emprega 18 funcionários. Para a maioria, é o primeiro emprego. Quando começou, eram só oito, mas, à medida que as pedras começaram a cair no gosto de estrangeiros, a joalheria teve de ser expandida. No início, 90% do que era produzido por Juscelino tinha a exportação como destino, chegando principalmente a França, Alemanha e Estados Unidos.
“Os brasileiros estão conhecendo e apreciando mais as joias feitas com pedra. E com o aumento do emprego e da renda, dessa classe C, as pessoas consomem mais. Foi o que garantiu que nossa produção se mantivesse”, disse o empresário, que afirmou ter registrado crescimento de 10% nos seus ganhos no último ano.
Quem está no ramo há mais tempo também começa a dividir o que aprendeu: como fabricar uma bela peça e administrar o próprio negócio. Antonio Márcio de Oliveira trabalha desde 1989 com lapidação de joias. Em 2000, abriu sua primeira joalheria, o Ateliê de Prata. Em 2004 formalizou-se e, neste ano, ampliou uma de suas duas instalações. Juntas, elas empregam dez funcionários e faturam R$ 220 mil por ano, de acordo com Oliveira. No Sebrae, o empresário capacita pessoas interessadas em receber orientações para serem bem sucedidas como ele.
Francisco Carneiro da Silva Filho, conhecido como Júnior, 24 anos, preferiu ficar longe das lavouras – a outra fonte de renda da população – e se dedicar à lapidação de pedras, o primeiro emprego e, conforme seu desejo, único, na área. “Faço cursos, busco sempre aprender mais. Mas não tenho vontade de sair daqui. Me criei aqui e é aqui que eu quero ficar”, contou Júnior.
Com direito à participação nos lucros da empresa onde trabalha, Marcos Vinícius de Sales Monteiro, 24 anos, diz não trocar a ourivesaria “por nada”. “Estou aqui há oito anos. Esse é o meu primeiro emprego, minha vida. Gosto do que faço e só quero progredir”, contou o jovem, enquanto mostrava uma peça à qual acabara de dar forma. Na loja onde é funcionário, as joias custam de R$ 30 a R$ 1 milhão.
diz não trocar o emprego por nada..
No entanto, os que ainda insistem garantem que o esforço vale a pena. Antonio Ferreira Neto, 48 anos, chamado de Marola, é garimpeiro e lavrador desde os 17. Em Pedro II, conhecida como Suíça piauiense devido às temperaturas amenas que permitem o cultivo de legumes e hortaliças, a maioria das famílias que vivem do garimpo complementam a renda com a produção de suas pequenas lavouras.
“Quatro meses por ano, a maioria das pessoas está voltada à agricultura familiar e o restante do tempo a essas outras atividades”, disse Marcelo Morais, consultor do Projeto Gemas e Joias, do Sebrae no Piauí e Coordenador do Arranjo Produtivo Local da Opala.
Com sorte e muita insistência, há garimpeiros que já chegaram a ganhar R$ 60 mil em pedras em um mês, segundo contou o presidente da cooperativa dos trabalhadores, José Cícero da Silva Oliveira. Normalmente, o ganho não atinge essa cifra, mas a atividade tem se desenvolvido de forma sustentável, gerando perspectivas mais positivas para essa atividade. Hoje, são explorados, legalmente, cerca de 700 hectares, o equivalente a 7 milhões de metros quadrados.
“A exploração não é mais desordenada. Todos os trabalhadores da cooperativa trabalham em áreas regulares, com licenciamento, com equipamento de segurança. Sempre recebemos a visita de fiscais de vários ministérios”, afirmou. No regime de cooperativa, 10% de tudo o que se ganha em vendas é dividido entre os 150 associados. “Mas se um encontra uma pedra maior, por exemplo, fica para ele. Se não fosse assim, não daria certo, né?”, ponderou.
RadiografiaA cidade de Pedro II fica no norte do Piauí, a 195 km da capital Teresina, e contabiliza, aproximadamente, 37.500 habitantes, segundo Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O município tem cerca de 500 famílias, entre garimpeiros, lapidários, joalheiros e lojistas que vivem da opala, de acordo com dados do Sebrae do Piauí.
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