Pegmatitos mineralizados em água-marinha e topázio do ponto do marambaia, Minas Gerais: tipologia e relações com o granito caladão
Depósitos de água-marinha do Ponto do Marambaia, parte da
Província Pegmatítica Oriental de Minas Gerais, estão inseridos no Campo
Pegmatítico de Padre Paraíso-Catugi, Distrito Pegmatítico de Padre
Paraíso. Os pegmatitos contêm água-marinha (azul e verde), berilo comum e
goshenita, topázio azul, cristais decimétricos a métricos de quartzo
hialino e murion e são hospedados no granito Caladão. A água marinha
apresenta importância econômica no cenário mundial gemológico, no que
diz respeito à produção histórica e potencialidade, ao volume e à
qualidade das gemas produzidas. Registros de achados famosos de cristais
de águas-marinhas, dentre as quais, “Papamel” e “Marta Rocha”, com 74
kg e 33,9 kg, respectivamente são reconhecidos internacionalmente. Os
pegmatitos apresentam zonalidade irregular, contém K feldspato, quartzo,
biotita, água-marinha e topázio, não apresentam controle estrutural e
seus contatos com o granito variam de brusco a gradacional. Possuem
posição espacial variável entre vertical a horizontal, espessuras
decimétricas a métricas, extensões decamétricas, formatos irregulares
amebóides e relativa diferenciação. Os pegmatitos evoluíram a partir da
fração gráfica com K feldspato-quartzo, seguido da formação de
mega-cristais de K feldspato e quartzo leitoso intersticial e maciço,
biotita e as gemas, topázio e água-marinha, sob condições rúpteis. O
íntimo relacionamento da água-marinha com mega-cristais de K feldspato
sugere processo metassomático com a ação de fluído aquoso rico com Be
residual, resultando na formação de água-marinha, muscovita e quartzo,
de acordo com a seguinte reação: 5KAlSi3O8 + 2H2O + 3 Be2+ =
Be3Al2Si6O18 + KAl3Si3O10(OH)2 + 6SiO2 + 5 K+ + 2H+ Finalizando o
processo, líquidos residuais silicosos deram a origem a cristais de
quartzo hialino e murion piramidados, após o fraturamento ter cessado.
Os pegmatitos do Ponto do Marambaia podem ser enquadrados na classe de
pegmatitos de elementos raros do Tipo Berilo, sem Ta e Nb. O Granito
Caladão é porfirítico, não apresenta deformação dúctil, não contém
granada, exibe nítido fluxo magmático e inclusões ocasionais de
Charnockito Padre Paraíso, com quem apresenta contatos gradacionais. Foi
derivado de refusões parciais crustais a partir de granitóides que o
circundam, designados por Itaipé, Caraí, Faísca e Wolf com contatos
intergradacionais entre si e com o Granito Caladão. Integra a Suíte
Intrusiva Aimorés, pós-colisional da Faixa Araçuaí, e é datado entre
520-490 Ma.
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