Terremotos: o que está ocorrendo com a nossa Terra?
Por Pedro Jacobi
Nos últimos dias recebi vários questionamentos de nossos usuários sobre os terremotos que parecem estar se intensificando. Muitos estão preocupados com o fato e querem saber se realmente existe uma maior incidência de terremotos e se o Brasil está, de alguma forma, em risco. Outros vão mais longe e querem saber se isso não é um presságio do fim do mundo que deve (segundo eles) acabar em 2012 conforme predito no calendário Maia...
O motivo do medo generalizado decorre do assustador terremoto de magnitude 8.8 na escala Richter, que ocorreu no dia 27 de fevereiro no Chile, algumas semanas após o mortal terremoto do Haiti (7.0) de 12 de janeiro. Em ambos os casos houveram muitas vítimas e enormes prejuízos materiais. O terremoto do Chile ainda apresenta um grande número de tremores correlatos sendo que os últimos , no dia 11 de março, foram de grandes proporções e ocorreram em um período de 30 minutos atingindo 6.9, 6.7 e 6.1 na escala Richter.
Estes últimos terremotos tiveram os seus
epicentros mais próximos de Santiago o que pode significar que nos próximos dias
teremos terremotos os aftershocks, perigosamente próximos de
Santiago, causando maiores perdas do que o sismo de 27 de fevereiro.
Some-se a estes terremotos as notícias de tsunamis, vulcões, aquecimento global e até mesmo dos pequenos sismos Brasileiros registrados recentemente no Nordeste e está configurado, para alguns, o cenário do fim do mundo.
Some-se a estes terremotos as notícias de tsunamis, vulcões, aquecimento global e até mesmo dos pequenos sismos Brasileiros registrados recentemente no Nordeste e está configurado, para alguns, o cenário do fim do mundo.
A resposta que eu tenho, como um geólogo e estudioso do assunto é que terremotos são muito mais comuns do que a maioria das pessoas acredita e que estes acontecimentos náo caracterizam este cenário do Armagedon.
Veja os pontos abaixo e tire suas próprias conclusões:
A cada ano existem milhões de terremotos, de várias proporções, que afetam o nosso Planeta. A Terra é muito dinâmica e os movimentos ininterruptos das grandes placas tectônicas são os grandes causadores destes sismos.
Milhares de terremotos são contabilizados
todos os dias, mas a maioria não são sentidos pelas pessoas (somente os acima de
2.0 são percebidos). No momento que escrevo este artigo um terremoto de 6.6
ocorreu a 80km da cidade de Fukushima na porção central do Japão. Não houve
perdas humanas.
Sismos de grandes proporções, acima de 6.0, são mais raros, e quando próximos a cidades populosas, causam desastres, mortes e destruição.
Como a maioria da superfície terrestre é coberta por águas, gelo e por áreas despovoadas o número de sismos com perdas de vidas humanas é, relativamente, pequeno quando comparado ao número total de terremotos.
O que causa as grandes tragédias é a combinação dos seguintes fatos:
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Magnitude do terremoto, medida na escala Richter. Trata-se de uma escala logarítmica: a cada ponto existe um multiplicador de 10. Ou seja: um terremoto de 8.0 é dez vezes mais forte do que um de 7.0.
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Tipo de rocha afetada pelo terremoto. A devastação causada por um terremoto tem grande correlação com o tipo de rocha onde os prédios foram construídos. Se a rocha for sólida a tendência é de um menor número de problemas. Já no caso de construções sobre areias inconsolidadas, sedimentos aluvionares e deltaicos como foi o caso das áreas mais afetadas no terremoto de 1906 de S. Francisco (7.8), os efeitos são devastadores. Nestes casos é comum a liquefação do solo. Trata-se de um fenômeno onde os tremores induzem o solo rico em areias e água a se comportar como um líquido o que causa o afundamento dos prédios, pontes, viadutos, estradas etc... causando um grande número de mortes e prejuízos materiais.
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Proximidade e profundidade do epicentro. A proximidade do epicentro de um terremoto das zonas urbanas é um dos principais motivos de destruição. O terremoto do Haiti, de 7.0, teve o seu epicentro a poucos quilômetros da Capital Port-au-Prince o que causou as grandes perdas de vidas, ao contrário do Chile onde o epicentro era profundo e localizado mais de 300km de Santiago.
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Tipos de ondas de propagação: as ondas mais destrutivas de um terremoto são as denominadas ondas superficiais que trafegam na superfície e são relativamente mais lentas. Devido a sua baixa frequência essas ondas tem longa duração e maior amplitude causando as maiores destruições , danos e mortes. Ondas superficiais são análogas as ondas da água. A propagação das ondas sísmicas varia com a densidade das rochas afetadas sendo elevada no manto (>13Km/s) e menores na crosta, onde variam entre 3 a 8km/s. É por intermédio de cálculos baseados na velocidade de propagação destas ondas que são calculadas as distâncias e profundidades dos epicentros.
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Qualidade das construções afetadas: um dos pontos de maior influência no número de vítimas é o que se refere à qualidade das construções atingidas pelo terremoto. Observa-se que os terremotos que afetam o interior de países pobres como a China são, sempre, os mais devastadores. Esta devastação se relaciona, principalmente, a baixa qualidade das construções afetadas. A medida que novas normas de construção foram criadas nos países mais afetados por terremotos o número de mortes diminuiu consideravelmente. O Japão, após o sismo de Kobe, é o que mais leva a sério o assunto investindo enormes somas tanto na construção de novos prédios e obras de engenharia como nos planos e estratégias de resgate e salvamento de vítimas em áreas atingidas.
O terremoto com o maior número de vítimas ocorreu na China em Shaanxi em 23 de janeiro de 1556. O número de mortos deve ter superado o milhão. Foram contabilizadas 830.000 mortes e a destruição atingiu mais de 400km. Apesar da gigantesca proporção o USGS calcula que o sismo teve uma magnitude entre 8 e 9 na escala Richter. A incidência de ondas superficiais sobre construções antigas e despreparadas para enfrentar um terremoto desta magnitude foi o fator determinante na tragédia.
Já o terremoto de maior magnitude medida,
ocorreu em 22 de maio de 1960 no Chile próximo a Valdívia a sul de Santiago, não
muito distante deste terremoto de 27 de fevereiro. O terremoto de Valdívia teve
sua magnitude medida em 9.5 na escala Richter e ocasionou a morte de mais de
6.000 pessoas, um número baixo se comparado à magnitude. O tsunami gerado na
costa do Chile atravessou o oceano matando no Hawaii e no Japão a dezenas de
milhares de quilômetros.
A influência das forças gravitacionais da Lua e do Sol em terremotos:
A influência das forças gravitacionais da Lua e do Sol em terremotos:
Um ponto que me parece nunca ter sido adequadamente discutido, na literatura técnica , é a correlação entre terremotos e o efeito gravitacional da Lua e do Sol sobre a Terra. Todos sabemos que a conjunção Lua-Sol tem enormes influências gravitacionais no nosso planeta causando marés de grandes proporções e, as menos conhecidas marés terrestres.
Por incrível que pareça a crosta terrestre, assim como os oceanos, também é afetada pela força gravitacional da lua em conjunção com o Sol: a isso se chama maré terrestre. No equador a crosta pode ser deslocada 55cm pela influência gravitacional da Lua e Sol.
Trata-se de uma força significativa que,
no nosso entender, deve facilitar a ruptura de falhas ativas que causam os
terremotos.
A força gravitacional causada pela massa do Sol e da Lua é enorme, elevando o nível dos mares a mais de 15 metros em certas regiões, como em Burntcoat Head no Canadá, durante a Lua nova, cheia e nos equinócios (Março e Setembro) quando o Sol cruza o plano equatorial terrestre.
Não podemos desprezar a imensa atração
gravitacional no fenômeno dos terremotos.
No meu entender sempre me pareceu lógico que existisse uma correlação direta entre terremotos e a força gravitacional destes astros.
Desta forma, na tabela abaixo, é possível ver os 100 terremotos mais destrutivos desde 1900 juntamente com dados importantes como a localização, magnitude, número de mortes e, novidade, a fase da lua quando o terremoto ocorreu.
Surpresa!!
Este estudo preliminar que fiz mostra que a grande maioria dos terremotos ocorreram durante o equinócio (Março e Setembro) quando a Lua era Nova (36%) ou Cheia (29%). Os números mostram que 65% dos 100 terremotos mais mortais desde 1900 estão relacionados a Luas nova e cheia. Trata-se de um número matematicamente significativo que corrobora a influência gravitacional como um fator importante na previsão dos terremotos.
O mês de março, onde ocorre o equinócio e as maiores marés, é o que teve o maior número de grandes terremotos, 14, sendo que o dia 28 de março teve 3 grandes terremotos com vítimas.
Coincidência?
Acredito que não. Trata-se de uma "ajuda
extra" causada pela atração gravitacional sobre a crosta facilitando o movimento
das falhas e dos terremotos.
Os terremotos vão continuar a existir enquanto houver placas
tectônicas em movimento ou, em outras palavras, enquanto houver um gradiente de
temperatura na Terra. Ou seja...por muito, muito tempo.
Quando a Terra for um planeta morto, gelado, com a superfície
completamente aplainada pela erosão, somente então os terremotos deixarão de
existir.
Data | Fase da Lua | Lugar | Mortes | Magnitude |
28/12/1908 | 0 | Messina & Reggio Calabria, Italy | 70 | 7.2 |
26/12/2004 | cheia | Sumatra, Indonesia | 230.210 | 8.9 |
26/12/1939 | cheia | Erzincan, Turkey | 327 | 7.8 |
25/12/1932 | nova | Gansu, China | 70 | 7.6 |
20/12/1942 | cheia | Erbaa, Tokat, Turkey | 3.000 | 7,0 |
16/12/1920 | 0 | Ningxia-Gansu, China | 200 | 8.6 |
13/12/1982 | nova | Dhamar, North Yemen | 2.000 | 6,0 |
12/12/1946 | 0 | Kinki-Shikoku Japan | 133 | 8.1 |
07/12/1944 | 0 | Kinki Japan | 1.223 | 8.1 |
26/11/1943 | nova | Ladik, Samsun, Turkey | 4.000 | 7.4 |
24/11/1976 | nova | Muradiye, Van, Turkey | 3.840 | 7.5 |
23/11/1980 | cheia | Irpinia, Southern Italy | 2.735 | 6.8 |
12/11/1999 | nova | Düzce, Turkey | 894 | 7.2 |
10/11/1922 | 0 | Atacama Region, Chile | 100 | 8.5 |
30/10/1983 | 0 | Erzurum, Turkey | 1.155 | 6.9 |
28/10/2008 | nova | Pakistan | 215 | 6.4 |
11/10/1918 | 0 | Puerto Rico, USA | 116 | 7.5 |
08/10/2005 | 0 | Kashmir, Pakistan | 79 | 7.6 |
05/10/2008 | 0 | Eastern Kyrgyzstan | 75 | 6.6 |
04/10/1914 | nova | Burdur, Turkey | 300 | 6.9 |
01/10/1995 | 0 | Dinar, Afyon, Turkey | 90 | 6.1 |
30/09/2009 | 0 | Sumatra, Indonesia | 1.115 | 7.6 |
29/09/1993 | 0 | Latur-Killari, India | 9.748 | 6.2 |
29/09/2009 | 0 | Samoa Islands | 189 | 8.1 |
19/09/1985 | nova | Michoacán, Mexico | 95 | 8.0 |
08/09/1905 | cheia | Calabria, Italy | 5.000 | 7.9 |
06/09/1975 | nova | Lice, Diyarbakır, Turkey | 2.385 | 6.6 |
02/09/1992 | 0 | Nicaragua | 116 | 7.7 |
02/09/2009 | cheia | Java, Indonesia | 79 | 7.0 |
01/09/1923 | 0 | Great Kantō | 143 | 7.9 |
31/08/1970 | nova | Iran | 12.001 | 7.4 |
19/08/1966 | nova | Varto, Muş, Turkey | 2.396 | 6.7 |
17/08/1999 | 0 | İzmit, Turkey | 17.118 | 7.6 |
17/08/1949 | 0 | Karlıova, Bingöl, Turkey | 450 | 6.8 |
15/08/1950 | nova | Assam-Tibet | 1.526 | 8.6 |
15/08/2007 | nova | Chincha Alta, Peru | 519 | 8,0 |
09/08/1912 | nova | Mürefte Tekirdağ, Turkey | 216 | 7.3 |
08/08/1953 | nova | Kefalonia, Greece | 476 | 7.2 |
04/08/1946 | 0 | Dominican Republic | 100 | 8.0 |
29/07/1967 | 0 | Caracas, Venezuela | 236 | 6.5 |
27/07/1976 | nova | Tangshan, China | 242.419 | 7.6 |
26/07/1963 | 0 | Skopje, Republic of Macedonia | 1.100 | 6.1 |
22/07/1967 | cheia | Mudurnu, Adapazarı, Turkey | 89 | 7.2 |
17/07/1998 | 0 | New Guinea, Papua New Guinea | 2.183 | 7,0 |
17/07/2006 | 0 | Indonesia | 665 | 7.7 |
16/07/1990 | cheia | Philippines | 1.621 | 7.9 |
09/07/1997 | nova | Cariaco, Venezuela | 81 | 6.9 |
08/07/1971 | cheia | Illapel, Chile | 85 | 7.5 |
27/06/1998 | nova | Ceyhan, Adana, Turkey | 146 | 6.2 |
23/06/2001 | nova | Peru | 75 | 8.4 |
22/06/2002 | cheia | Qazvin Province, Iran | 261 | 6.5 |
20/06/1943 | cheia | Hendek, Adapazarı, Turkey | 336 | 6.6 |
31/05/1970 | 0 | Peru | 66 | 7.9 |
27/05/2006 | nova | Java, Indonesia | 6.234 | 6.3 |
22/05/1971 | nova | Bingol, Turkey | 1.000 | 6.9 |
21/05/2003 | 0 | Boumerdès, Algeria | 2.266 | 6.8 |
12/05/2008 | 0 | Sichuan China | 69.197 | 7.9 |
06/05/1976 | 0 | Friuli-Venezia Giulia, Italy | 989 | 6.4 |
01/05/2003 | nova | Bingöl, Turkey | 177 | 6.4 |
29/04/1903 | nova | Malazgirt, Muş, Turkey | 600 | 6.7 |
25/04/1957 | nova | Fethiye, Muğla, Turkey | 67 | 7.1 |
21/04/1935 | 0 | Shinchiku-Taichū, Taiwan | 3.279 | 7.1 |
19/04/1938 | cheia | Kırşehir, Turkey | 160 | 6.6 |
15/04/1979 | nova | Herceg Novi, Dubrovnik, Montenegro, Croatia | 136 | 7,0 |
06/04/2009 | cheia | Near L'Aquila, Abruzzo, Italy | 294 | 6.3 |
01/04/1946 | nova | Unimak Island, Alaska, USA | 165 | 7.3 |
31/03/1983 | cheia | Popayan, Cauca Department, Colombia | 197 | 5.5 |
28/03/2005 | cheia | Nias region, Indonesia | 1.303 | 8.6 |
28/03/1970 | 0 | Gediz, Kütahya, Turkey | 1.086 | 7.2 |
28/03/1965 | 0 | La Ligua, Chile | 280 | 7.4 |
25/03/2002 | cheia | Hindu Kush Region, Afghanistan | 150 | 7.4 |
18/03/1953 | nova | Yenice, Çanakkale, Turkey | 265 | 7.2 |
18/03/1964 | cheia | Prince William Sound, Alaska, USA | 125 | 9.2 |
11/03/1933 | cheia | Long Beach, California, USA | 115 | 6.4 |
07/03/1927 | nova | Kyoto Kinki region, Japan | 302 | 7.6 |
06/03/1987 | 0 | Napo Province, Ecuador | 1.000 | 6.9 |
06/03/2007 | cheia | Sumatra, Indonesia | 67 | 6.4 |
04/03/1977 | cheia | Bucharest, Romania | 1.500 | 7.5 |
03/03/1985 | cheia | Valparaiso, Chile | 177 | 7.8 |
02/03/1933 | 0 | Iwate Tōhoku Japan | 299 | 8.4 |
27/02/2010 | cheia | Maule, Chile | 796 | 8.8 |
24/02/2004 | nova | Gibraltar | 628 | 6.4 |
24/02/2003 | 0 | Maralbexi Xinjiang, China | 261 | 6.3 |
22/02/2005 | cheia | Zarand, Iran | 612 | 6.4 |
21/02/1963 | nova | Al Marj, Al Marj District, Libya | 300 | 5.6 |
13/02/2001 | cheia | El Salvador | 315 | 6.6 |
03/02/1931 | cheia | Napier, New Zealand | 258 | 7.9 |
01/02/1944 | 0 | Gerede, Bolu, Turkey | 3.959 | 7.5 |
26/01/2001 | nova | Gujarat, India | 20.085 | 7.7 |
25/01/1999 | 0 | Quindio And Risaralda, Colombia | 1.185 | 6.2 |
23/01/1981 | cheia | Sichuan, China | 150 | 6.8 |
17/01/1995 | cheia | Southern Hyōgo , Japan | 5.502 | 6.9 |
17/01/1994 | 0 | Reseda, Los Angeles, California, USA | 72 | 6.7 |
15/01/1944 | cheia | San Juan, Argentina | 10.000 | 7.8 |
15/01/1934 | nova | Bihar, India | 107 | 8.1 |
14/01/1907 | nova | Kingston, Jamaica | 1.000 | 6.5 |
13/01/2001 | cheia | El Salvador | 944 | 7.7 |
04/01/1970 | nova | China | 15.000 | 7.7 |
02/01/2010 | nova | Haiti | 233 | 7,0 |
65% em luas novas e cheias |
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