No mar profundo
A 3,5 mil metros, robô francês explora a vida no leito do Atlântico
A parte dos oceanos abaixo dos mil metros de profundidade representa 79% do volume da biosfera marinha, mas ainda é um dos ambientes menos conhecidos. “Por causa da pressão, poucos países investem em equipamentos que resistam a mais de mil metros de profundidade”, diz Marie-Anne Cambon-Bonavita, chefe da missão. “Conhecemos melhor a superfície da lua do que o oceano profundo”.
Formada por 30 pesquisadores, a missão Bicose estuda a diversidade geológica e biológica. O robô Victor 6.000 mergulha a até 3,5 mil metros entre 25 e 45 horas em cada descida. Os cientistas o controlam remotamente e, com braços mecânicos, coletam pedaços de rochas, animais e líquidos, além de produzir fotografias.
Outro objetivo é pesquisar recursos minerais em águas profundas. A crosta oceânica é rica em materiais como cobre, zinco, cádmio, chumbo e até ouro e prata em concentração até dez vezes maior do que na superfície terrestre.
Mas a missão gira mesmo em torno das fumarolas negras, fontes hidrotermais surgidas na junção de grandes placas oceânicas. A água expelida foi superaquecida pelo calor irradiado do centro da Terra e sua temperatura chega a 400º C. Também é rica em minerais e sulfetos, que chegam a formar enormes colunas negras de mais de 20 metros de altura ao entrar em contato com a água gelada.
A fauna local é composta por caranguejos, mexilhões e camarões, adaptados ao ambiente rico em metano, sulfeto de hidrogênio e monóxido de carbono. Como a luz solar não consegue chegar à tamanha profundidade, não ocorre fotossíntese e, por isso, não existem plantas.
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