- Definição: Carbono - C - cristalizado no sistema cúbico, geralmente em dodecaedros, octaedros, rombododecaedros, às vezes cubos ou outras formas, podendo mostrar arestas e faces encurvadas. Geralmente incolor ou com cor clara. Tem tanto mais valor quanto menos colorido for, exceto quando a cor é bem definida (fantasias ou fancy, em inglês). Pode ser amarelo, castanho, cinza, preto, leitoso, às vezes verde e raramente vermelho ou azul. Os tons amarelados são devidos a inclusões de nitrogênio. Tem brilho adamantino, clivagem octaédrica projetada e fratura conchoidal. É a substância mais dura que se conhece, com dureza 10,0 na escala de Mohs, sendo seguido pelo córindon, que tem dureza 9,0. Por essa razão, para lapidá-lo só se pode usar o próprio diamante. Embora muito duro, é frágil, sendo fácil de quebrar. Peso específico: 3,51-3,53. Pode mostrar fluorescência à luz ultra-violeta, geralmente em azul-claro. Índice de refração: 2,417-2,440. Dispersão muito forte: 0,044. É mau condutor elétrico, mas conduz o calor cinco vezes mais do que o cobre. Apresenta como inclusão mais frequente a olivina; as maiores, porém, são de diamante. As inclusões de diamante costumam ser tetraédricas ou octaédricas, parecendo-se com carvão. Outras inclusões que podem ser encontradas são de granada, cromodiopsídio e apatita. A presença de inclusões, embora diminua o valor da gema, contribui para sua identificação individual. Elas podem ser eliminadas pelo emprego de raios laser, o que traz o inconveniente de perfurar a gema de um extremo a outro, razão por que muitos gemólogos condenam o processo. Fonte: Branco, P.M. Glossário Gemológico Porto Alegre: Edit. da UFRGS, 1984.
- Variedades não-gemológicas: O diamante possui algumas variedades não-gemológicas: carbonado, bort e balas. A lonsdaleíta é um polimorfo hexagonal encontrado em meteoritos. Fonte: Idem, ib.
- Tratamento: O diamante pode ser colorido artificialmente com pigmentos azul-violáceos, removíveis em água quente, álcool ou ácidos. É transparente aos raios-X e, sob ação do brometo de rádio, pode adquirir superficialmente cor verde permanente, devida ao bombardeamento por partículas alfa. Com esse tratamento, o diamante fica radioativo mas, se aquecido a 450oC por algumas horas, perde a cor e a radioatividade. A alteração da cor é muito mais rápida se se usar radônio no lugar de rádio. Os diamantes irradiados verdes apresentam reflexos azuis, ao contrário dos que têm cor verde natural. Bombardeado em cíclotron, o diamante castanho ou amarelo fica verde superficialmente, passando depois a amarelo-ouro se aquecido a 800oC. Não fica, neste caso, radioativo. Em reatores (bombardeado por nêutrons), fica verde também, mas a cor se distribui por todo o cristal. Depois disso, se convenientemente aquecido, passa a amarelo-canário. As cores assim obtidas não podem ser distinguidas das naturais. Na natureza, deve ocorrer bombardeio natural similar ao obtido em laboratório mas que, por ser de fraca intensidade, só altera a porção superficial da pedra. Os diamantes irradiados oferecidos no comércio têm cor azul, verde, amarela, marron, avermelhada ou preta. A radioatividade do diamante pode ser constatada por um contador Geiger ou por exposição a uma película fotográfica, durante algumas horas. Quando o diamante é tratado em cíclotrons, ela persiste por apenas 1 ou 2 horas. Fonte: Idem, ib.
- Etimologia: Do grego adamás (indomável) por não se r riscad o por nenhum outro mineral. Fonte: Idem, ib.
- Representação cristalográfica do diamante
Por que o diamante é tão duro? Uma das razões é que a ligação química entre cada átomo de carbono que forma o diamante é extremamente forte. Outra é que os átomos formam uma estrutura rígida - cada átomo se conecta com outros quatro, formando uma rede muito regular. O diamante também é bom condutor de som, mas não de eletricidade, é um isolante e sua resistência elétrica, transmissibilidade ótica e inércia química são notáveis. Além disso, os diamantes dispersam a luz. Como resultado, a gema age como um prisma, separando a luz branca nas cores do arco-íris. Quanto maior a dispersão, melhor o espectro de cores que são obtidas. Esta propriedade dá origem ao "fogo" dos diamantes.
- Representação cristalográfica da grafita
Os átomos de carbono na grafita estão arranjados de tal modo que constituem camadas. Estes átomos possuem dois tipos de interação entre si. No primeiro caso, cada carbono é ligado a três outros e dispostos nos vértices de uma rede de hexágonos regulares, formando um ângulo de 120 graus. Estes arranjos planos estendem-se em duas dimensões para formar uma espécie de tela de arame. Além disso, estes arranjos são presos entre si por forças mais fracas conhecidas com interações de empilhamento. Esta estrutura tridimensional explica as propriedades físicas da grafita. Ao contrário do diamante, a grafita pode ser usada como lubrificante ou em lápis porque as camadas se quebram com facilidade. A estrutura plana da grafita permite que os elétrons se movam facilmente dentro dos planos. Isso faz com que a grafita seja condutor de eletricidade e calor, assim como absorve a luz e, ao contrário do diamante, aparece com cor negra.
- Imagens de diamantes brutos
- Espécimes de diamante bruto de vários países ou regiões
(1) Zaire - 5,65 quilates (ct); (2) África do Sul - 1,21 ct; (3) Austrália - 7,98 ct; (4) Austrália - 6,85 ct;
(5) Sibéria - 1,23 ct; (6) Sibéria - 1,33 ct.
- As formas - (1) e (2)
- Características de diamantes lapidados, também denominados de brilhantes
(de acordo com a De Beers)
Obs.: a) Visualize a diferença de cor entre os graus D e Z e explore melhor o conceito dos 4C no site Diamonds.com
b) Um brilhante redondo pesando um quilate tem 6,5 mm de diâmetro; 2 ct correspondem a 8 mm;
5 ct a 11,10 mm; quanto a brilhantes pequenos, 1 ponto corresponde a 1,30 mm; e 30 pontos a 4,27 mm.
Diferentes Tipos de Corte
Premium Cut
|
Tolkowski Ideal
Cut
|
Excellent Ideal
Cut
|
|
Total Depth
|
58.8% - 63.8%
|
58.0% - 63.8%
|
59.2% - 62.4%
|
Table Size
|
58.0 - 61.0%
|
53.0% - 58.0%
|
52.5% - 58.4%
|
Crown Height
|
13.0% -17.0%
|
14.2% - 16.2%
|
--------------
|
Crown Angle
|
32.7° - 36.3°
|
33.7° - 35.8°
|
32.5° - 35.4°
|
Pavilion Depth
|
41.7% - 45.0%
|
42.2% - 43.8%
|
41.5% - 44.4%
|
Observe as três imagens acima, no canto esquerdo. Se o corte for raso (imagem à esquerda) ou profundo demais (imagem à direita), os raios de luz saem por baixo ou lateralmente, ao atravessar o brilhante. Somente no corte ideal (imagem central) os raios de luz refletem no pavilhão e retornam para cima. As fotos retratam o mesmo fenômeno.
Este efeito assegura o brilho (ou o fogo) mais intenso da pedra, realçando a sua beleza. E o preço também...
As fontes primárias dos diamantes - os kimberlitos - aparecem normalmente na forma de chaminés intrusivas na crosta, podendo apresentar contribuições variáveis de xenólitos das rochas por onde passou a intrusão. Os kimberlitos são rochas híbridas, ultrabásicas, potássicas e ricas em voláteis (CO2 e H2O), compostas por fragmentos de eclogitos e/ou peridotitos, em uma matriz fina formada essencialmente de olivina (predominante), flogopita, calcita, serpentina, diopsídio, granada, ilmenita e enstatita (Chaves & Chambel, 2003).
O diamante se forma numa área delimitada pela interseção entre o Manto Superior e a região basal da Litosfera, onde esta se torna mais espessa. Esta área bem delimitada se denomina de Janela do Diamante. O seu limite superior é a isotermal de 900oC e o limite inferior, de 1200oC. Abaixo da curva do Manto Superior está a zona de equilíbrio do diamante e acima, a zona de equilíbrio da grafita. A gênese do diamante exige uma profundidade entre 150 e 200 km (acompanhe a curvatura da figura).
Esta figura (acima) mostra o início da ascensão da chaminé kimberlítica, a partir do Manto Superior, transportando os cristais de diamante no seu interior.
Concluída a sua ascensão, a chaminé kimberlítica atinge a superfície do terreno. Observe que o kimberlito estéril (barren kimberlite) se encontra na zona de equilíbrio da grafita, não podendo, portanto, conter diamante.
Diamante no Brasil
- Diamante no Triângulo Mineiro (Berço dos maiores diamantes das Américas: Presidente Vargas, Darci Vargas, Presidente Dutra e outros)
- De Beers põe à venda maior kimberlito do Brasil
A De Beers lançou no início de novembro de 2001 a oferta do maior kimberlito mineralizado já encontrado no Brasil. Localizada na Serra da Canastra (MG), a área de um hectare tem potencial estimado em um milhão de quilates e os diamantes da área estão avaliados em US$ 150 milhões. A empresa que adquiriu os direitos minerários sobre a reserva foi a canadense Brazilian Diamonds (ex- Black Swan). De acordo com o Plano de Aproveitamento Econômico concluído em agosto de 2003, a chaminé kimberlítica Canastra 1 irá produzir 114.000 quilates anuais de diamante durante quatro anos (vida da mina), com um teor de 16 quilates por 100 toneladas, possibilitando a obtenção de uma taxa interna de retorno de 32%. Com esta estimativa, observa-se que o potencial da reserva caíu para cerca da metade da previsão inicial.
- Nota do autor da home page:
Finalmente, surge a primeira oportunidade para o Brasil abrir uma mina
de diamante em kimberlito (fonte primária), o que vem ocorrendo
há décadas
em países da África, Rússia e, mais recentemente,
no Canadá.
-
Amostra de kimberlito procedente do Alto Paranaíba, região de Coromandel, MG
(o comprimento da face polida é de 11 cm).
Fotos da região do rio Santo Antônio do Bonito, mun. de Coromandel, onde a empresa Brazilian Diamonds (ex-Black Swan) está realizando pesquisa mineral Note-se que na calha deste rio foi encontrado em 1938
o Presidente Vargas, o maior diamante das Américas.
(Crédito: homepage da Brazilian Diamonds Limited).
-- Diamante na Bahia
- Diamante em Rondônia
O ano de 2004 registrou o triste episódio de um massacre de 32 garimpeiros pelos índios Cinta-Largas na Reserva Roosevelt, município de Espigão D'Oeste, na parte oriental do Estado de Rondônia. O motivo foi a disputa de uma rica jazida de diamante ocorrendo dentro da Reserva. A extração do diamante é ilegal, pelo fato de se situar em terras indígenas. Todavia, há especulações de que esta área tem produzido algo em torno de um milhão de quilates anuais, no valor aproximado de US$ 100 milhões. Em 23 de novembro desse mesmo ano, foi editada uma Medida Provisória autorizando a arrecadação e alienação dos diamantes brutos em poder dos indígenas.
Depois de arrecadados, os diamantes foram leiloados no dia 2 de fevereiro de 2005, em hasta pública da Caixa Econômica Federal, na cidade do Rio de Janeiro. Segundo um comunicado da Caixa no dia seguinte, os 665 quilates leiloados renderam a cifra de R$ 716.920,00. Seguem as imagens de algumas pedras leiloadas:
Pedra com 28,40 ct, ofertada com lance mínimo de R$ 80.000.
Lote de 30 pedras, estando 7 delas no intervalo de 1,01 a 2,99 quilates; as 23 restantes variam de 10 pontos até 1 quilate. Lance mínimo para o lote: R$ 8.010.
A Bahia no Cancioneiro Popular Quero me casar
com negociante
Que vá pra Chapada
Buscar diamante
Meu bem, meu amante
É um negociante
Que foi pra Chapada
Buscar diamante
As moças d’agora
Só querem brilhante
Eu vou pra Chapada
Buscar diamante
As moças d’agora
Só querem se casar,
Botam a panela no fogo
E não sabem temperar Fonte: http://jangadabrasil.com.br/abril20/cn20040a.htm
-- Mapa indicativo das províncias diamantíferas do Brasil
Coleção particular
Ao lidar com diamantes, qualquer geólogo é tentado a adquirir alguns espécimes de diamantes brutos em garimpos ou de comerciantes, iniciando desse modo uma pequena coleção particular. O autor desta página não fugiu à regra. Seguem as imagens de alguns espécimes dessa coleção.
Sandy e Júnior, com 37 e 49 pontos, respectivamente.
Weird, com 89 pontos.
Detalhe de Weird, com parte dos octaedros bem visíveis.
Da esquerda para a direita: Júnior, Weird, F 61(com 13 pontos) e Sandy. Todos os espécimes são diamantes brutos, com exceção do F 61, que é lapidado (escala em milímetros).
Outra imagem dos 4 diamantes.
Nenhum comentário:
Postar um comentário