Comportamento geoquímico dos elementos terras raras nos alteritos das jazidas de fosfato e titânio de Tapira (Minas Gerais, Brasil): a importância dos fosfatos
O comportamento geoquímico dos elementos terras raras (ETR)
durante a evolução supérgena das rochas não se encontra ainda
perfeitamente definido. Neste trabalho, procurou-se, por meio da
utilização de técnicas de microscopia óptica, microscopia eletrônica de
varredura e microssonda eletrônica, caracterizar o comportamento
geoquímico desses elementos nos perfis de alteração ferralítica da
jazida residual de fosfato e titânio de Tapira, cuja gênese está ligada à
evolução superficial de piroxenitos e peridotitos ricos em apatita e
perovskita. O estudo foi realizado sobre uma fácies litológica
constituída essencialmente de apatita, perovskita e magnetita
titanífera, com diopsídio e flogopita como minerais acessórios. A
análise da rocha original inalterada, microfraturada e silicificada,
permitiu caracterizar a perovskita como o principal mineral primário
portador de ETR (1,5 a 2,0% TR2O3), e a apatita com importância
secundária (0,1 a 0,4% TR2O3). A alteração desta rocha, que em um
primeiro estágio se verifica com visível preservação de volume
(isovolume), provoca: 1. eliminação total da silica (opala e quartzo);
2. dissolução parcial da apatita primária, acompanhando as fraturas, e
neoformação de apatita secundária, enriquecida de flúor e empobrecida em
ETR; 3. transformação total (pseudomorfose) da perovskita em anatásio
microbotrioidal, nos vazios dos quais se desenvolvem associações de
cristais (geodos) de um fosfato de ETR e Ca, do grupo do rabdofânio. Em
um estágio posterior de alteração, verifica-se que: 1. toda a apatita é
dissolvida, deixando importantes vazios no conjunto; 2. o fosfato do
grupo do rabdofânio é parcialmente dissolvido e substituído por um
fosfato do grupo da crandallita e rico em ETR; 3. ocorre uma certa
mobilização do titânio do anatásio (golfos de corrosão, cutanas
titaniferas), assim como a epigenização parcial destes por produtos
ferruginosos, além de um início de alteração da magnetita titanífera. Os
estudos parecem mostrar que em Tapira: 1. o fósforo tem um papel
fundamental na captura dos ETR liberados por hidrólise dos minerais
primários; 2. os ETR se mantêm nos alteritos e se fixam em fases
minerais que caracterizam uma seqüência de fosfates de ETR cada vez mais
aluminosos; 3. os ETR e o Ti permanecem, nos estádios de alteração
estudados, intimamente associados.
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