A TURMALINA PARAÍBA
A novela
Flor do Caribe tornou conhecida de
milhões de brasileiros uma gema da qual pouca gente ouvira falar até então, a
turmalina Paraíba. Isso não é de estranhar, porque a principal característica dessa gema é a raridade.
Para início de conversa, a turmalina
Paraíba só se tornou conhecida em 1989, quando foi descoberta na Paraíba (daí
seu nome), na localidade de São José da Batalha, município de Salgadinho. Nos anos seguintes, foi descoberta também no
Rio Grande do Norte (a divisa com a Paraíba fica bem perto de São José da Batalha),
em dois locais do município de Parelhas.
Existem turmalinas azuis (indicolita),
verdes (verdelita), rosa, vermelhas (rubelita), incolores (acroíta) e pretas
(schorlita). Os cristais de turmalina
são prismáticos ou colunares e muitas vezes mostram metade com uma cor e a outra
metade com cor diferente. Outras vezes são três as cores, uma em cada ponta e
uma terceira no centro do cristal. Mas, tem mais: alguns cristais são verdes
externamente e vermelhos no centro (turmalina-melancia). Com toda essa profusão
de cores, o que menos se esperava era a descoberta de uma turmalina de cor
diferente de todas as conhecidas. Pois a turmalina Paraíba surpreendeu exatamente
por isso, com uma cor azul muito diferente, que vem sendo chamada de azul
elétrico, azul néon ou azul fluorescente. Pode também ser verde ou
verde-azulada, mas também em matizes diferentes daquele da verdelita ou da
indicolita.
Mas, não são só a escassa distribuição
geográfica e a cor inusitada que tornam essa gema rara. Contribui também para
sua raridade o fato de raramente aparecer com boa transparência, tendo geralmente
abundantes fissuras. Além disso, forma cristais pequenos: a grande maioria deles
pesa menos de um grama e o maior cristal com qualidade gemológica encontrado
até hoje tinha apenas vinte gramas.
Com tudo isso, não é de se admirar
que a turmalina Paraíba seja uma gema tão cara. Para se ter uma ideia, gemas
lapidadas pesando entre 5 e 10 quilates (1 a 2 gramas), de excelente qualidade
custam até 120 dólares por quilate se foram turmalinas comuns de cor rosa; até
200 dólares por quilate se forem verde a verde-azuladas; até 300 dólares se
forem vermelhas e até 350 dólares se tiverem cor azul. Já as turmalinas Paraíba
verde néon de mesma faixa de peso e mesma qualidade (excelente) valem até
10.000 dólares por quilate e as de cor azul-néon podem atingir 20.000 dólares o
quilate. Se tiverem 10 quilates, o preço dispara para 35.000 dólares por
quilate. Lembremos que são necessários cinco quilates para totalizar apenas um
grama...
Na novela Flor do Caribe, antes de descobrirem as turmalinas, Cassiano e
Duque encontraram, na mina, um veio de cobre.
As jazidas brasileiras não têm esse veio, mas ele não chega a ser um
absurdo geológico, já que o que dá a cor verde e azul à turmalina Paraíba é a
presença de pequena porcentagem daquele metal (até 1,92%). Se houver também manganês,
com pouco cobre, a turmalina Paraíba fica violeta.
As duas primeiras fotos são de Marcelo Lerner e estão no
excelente livro Minerais e Pedras
Preciosas do Brasil, dos meus amigos Andrea Bartorelli e Carlos Cornejo,
onde os interessados podem encontrar informações adicionais sobre a mais
valiosa turmalina brasileira. A segunda é uma turmalina da coleção de Luiz Alberto Dias Menezes.
A ultima foto são anéis da griffe Yael.
A ultima foto são anéis da griffe Yael.
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