domingo, 15 de junho de 2014

ALGUNS DOS MAIS FAMOSOS DIAMANTES

ALGUNS DOS MAIS FAMOSOS DIAMANTES
 
Em relação aos mais famosos diamantes, é necessário que se possam distinguir aqueles que conseguiram um nome importante pelos seus grandes tamanhos, daqueles que ganharam fama pelas histórias que os acompanharam. Neste último caso, as duas gemas individuais com histórias mais envolventes provavelmente são o Koh-i-Noor e o Hope. Entre os grandes diamantes já encontrados, devem ser destacados o Cullinan (com 3.106 quilates, sendo o maior de todos) e o Presidente Vargas (com 726,6 quilates), o maior dos diamantes brasileiros e atualmente o 7° de todo o mundo. Este último, por sua importância para o Brasil e para Minas Gerais, onde foi descoberto, terá a sua história relatada em detalhes, juntamente com o maior e mais famoso dos diamantes brasileiros lapidados, o Estrela do Sul.

O KOH-I-NOOR: Por centenas de anos, a Índia possuiu a fabulosa coroa denominada Peacock (Fig. 1.7 - p. 98).
Em 1739, o Xá Nadir, da Pérsia, invadiu aquele país e entrou em Delhi, matando 30.000 pessoas e capturando grande parte do tesouro da cidade. Dessa forma, a famosa coroa foi para a Pérsia e virou símbolo de sua família real. Junto com ela, mas de maneira diferente, chegou ainda um diamante enorme, que sem dúvida pertenceu a Aurangzeb, o Grande Mongol da Índia, que Jean Tavernier não conseguiu obter. Apesar do fato de a maior parte dos detalhes a respeito dessa pedra terem sido perdidos, provavelmente trata-se do diamante mais antigo conhecido na história.
o diamante foi encontrado há mais de 5.000 anos e era mencionado em papéis muito antigos. Em 1304, a pedra pertenceu ao sultão Alaad-Din. Em 1526, ela caiu nas mãos de Baber, o primeiro dos grandes invasores mongóis, depois de tomar a Índia. Baber relatou que a pedra era tão valiosa que "se podia pagar com ela a metade das despesas diárias do mundo inteiro".
Aurangzeb sabia apreciar a pedra, entretanto, o seu neto e herdeiro, Muhammed Shah, perdeu a pedra para o invasor persa. A seguinte história é contada: quando Nadir ouviu sobre a grande pedra, fez o possível para encontrá-la, mas a procura
foi em vão. Finalmente, uma mulher do seu próprio harém contou que Muhammed Shah a estava escondendo no turbante. Então, para melhorar a relação entre os dois países, um dos filhos de Nadir casou-se com a ftlha de Muhammed e matar o sogro do próprio ftlho não seria a melhor política. Durante um grande jantar, no qual Muhammed foi também convidado, ele sugeriu, como um gesto de boa vontade, na frente de todos os convidados, a troca dos turbantes. Desobedecer a esse ato era totalmente contrário à tradicão, assim a pedra chegou às mãos de Nadir, que a chamou de Koh-i-Noor (montanha de luz).
Nadir foi assassinado, e o Koh-i-Noor passou então pelas mãos de diversos sultãos e aventureiros. Em 1813, a gema voltou para a Índia. Contam que uma guerra foi declarada especialmente para recuperar a gema. Em 1849, autoridades britânicas a acharam na cidade perdida de Lahore, e mandaram o diamante para Londres como presente à rainha Vitória. A pedra tinha uma aparência feia, com poucas facetas e sem brilho. Em 1852, a família real decidiu relapidar a pedra. Voorsnger, mestre lapidador de Amsterdã demorou quase 40 dias, em 12 horas diárias, para reduzir seu tamanho de 187 para 108,9 quilates. A nova pedra não teve o brilho esperado, sendo exposta no castelo de Windsor por 59 anos, e a maioria dos visitantes achou-a feia. Em 1911, ela foi colocada na coroa da rainha Mary (esposa de George V) e depois passou para a coroa da rainha Elisabeth (esposa de George VI e também conhecida como rainha-mãe), acompanhando esta até seu pomposo funeral em 2002. Apesar de tudo, o Koh-i-Noor representa uma das gemas mais famosas do mundo, mostrando que no mundo das pedras preciosas, tamanho, perfeição e mesmo beleza às vezes são bem menos importantes que o glamour de sua história.
 
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O HOPE: O diamante Hope, caracterizado pela cor azul-violeta, é acompanhado de una história de superstição e azares. Sem a menor dúvida é um dos diamantes levados para a Europa por Tavernier, comprado em 1642 na Índia, pesando 12,5 quilates. Entretanto, como e onde a gema foi adquirida é um mistério.
De acordo com a lenda, esse diamante servia de olho a uma estátua do deus hindu Sita. O diamante foi roubado e o deus irado teria lançado uma maldição a todos que o utilizassem como jóia. Tavernier, em 1668, após a sua sexta e última viagem a Índia, vendeu 45 grandes diamantes e 1.122 menores ao rei Luís XIV. A pedra azul era a maior e foi denominada "o diamante azul da coroa". Tavernier, na sua última viagem à Rússia, então com 83 anos de idade, estranhamente foi devorado por lobos.
A gema foi relapidada para a forma de gota, passando a pesar 67,5 quilates. Luís XIV utilizou o diamante uma única vez, morrendo depois de varíola. Luís XV não admitiu utilizar a pedra, denominada por ele de French Blue, motivado por superstição. Em 1774, Luís XVI herdou a gema e Maria Antonieta foi vista diversas vezes com a pedra, porém, como sabemos, ambos foram decapitados durante a revolução francesa.
A partir de 1792, o French Blue permaneceu desaparecido por 38 anos. Provavelmente a pedra foi vendida para a Espanha e relapidada, resultando em três diamantes menores. A famosa pintura da rainha Maria Luisa da Espanha (feita por Goya, em 1799), mostra um diamante azul com forma e tamanho idênticos a uma outra pedra depois oferecida no mercado de Londres, em 1830. O diamante foi identificado como o French Blue, pesando agora 44,5 quilates e com forma redonda-oval. O banqueiro Henry Hope adquiriu a pedra por US$90.000, constituindo propriedade de sua família até o início do século XX, sendo designado simplesmente de Hope.
H. Hope morreu em 1839, por motivos naturais e, em 1890, a pedra foi herdada por Francis Hope, Duque de New Castel. A mulher do Lorde Hope fugiu com outro homem, levando também parte de sua fortuna, forçando-o a vender a pedra. A mulher morreu em 1940 em, Boston, por motivos desconhecidos. A gema mudou de dono diversas vezes, sempre acompanhada de azares: depois do Lord Hope, um príncipe da Europa Oriental deu a gema a sua amante, que tornou-se inflel e foi baleada.
Um comerciante grego que comprou a pedra pulou no mar, junto com a mulher e o filho. O sultão turco Abdul-Hamid possuiu o diamante por apenas dois meses, antes de ser vítima de seu próprio exército.
Em 1911, o diamante foi comprado por US$154.000 pela americana Evelyn Mclean. Apesar de utilizar a gema muitas vezes, ela morreu em 1947, com 61 anos, aparentemente de morte natural. Entretanto, antes disso, seu filho morreu de acidente de carro, e a filha de overdose de pílulas para dormir, além de ter o marido internado para sempre em uma instituição de tratamento mental.
O diamante Hope foi adquirido da Sra. Mclean por US$1.000.000, por um famoso joalheiro de Nova York, Harry Winston, da Quinta Avenida. Após possuir a gema por alguns anos, ela foi doada para a Smithsonian Institution, de Washington, onde permanece até hoje para ser apreciada.
 
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O ESTRELA DO SUL: Por muito tempo, os diamantes brasileiros foram desvalorizados no comércio europeu, por serem considerados, de modo injusto, de qualidade inferior. Provavelmente, tal depreciação fosse devida ao fato de os diamantes da região de Diamantina, de onde era proveniente a maior parte da produção no século XVIII, em geral possuíam pouco peso e coloração levemente amarelada. Essa consideração foi radicalmente mudada em um dia de julho de 1853, quando uma negra escrava, lavando roupas nas proximidades de um garimpo no rio Bagagem, encontrou por acaso, na margem direita do rio (onde hoje se situa a cidade de Estrêla do Sul, ex-Bagagem), um diamante que pesou impressionantes 52,276 gramas ou 254,5 quilates. Este último valor, em quilates "antigos", foi recentemente recalculado para 261,38 quilates métricos (Smith & Bosshart, 2002).
Esse grande diamante brasileiro ganhou notoriedade internacional por várias razões. Ele foi o primeiro diamante do país reconhecido por seu porte e boa qualidade gemológica. Além disso, ao contrário da maioria dos diamantes famosos antigos, ressalte-se o fato de que a história da descoberta e as características mineralógicas originais da pedra tenham sido bem documentadas, graças às descrições do mineralogista francês A. Dufrénoy (1856), professor do Museu de História Natural de Paris. A escrava anônima descobridora, como resultado de sua descoberta, e também como recompensa pela entrega da pedra ao dono dos serviços de mineração do local, ganhou sua liberdade e ainda uma pensão alimentícia para o resto da vida. Por mais de um século, o futuro Estrela do Sul teve a distinção de ser o maior diamante já encontrado por uma mulher, até quando, em 1967, o diamante Lesotho (pesando 601,26 quilates) foi descoberto por Ernestina Ramaboa.
O primeiro possuidor do diamante foi um certo Casirniro, dono do garimpo, que logo vendeu a pedra por, 3.000, aparentemente muito abaixo de sua cotação internacional. Nos dois anos seguintes, o diamante permaneceu em seu estado bruto, e novamente vendido na Europa, em 1855, por [,35.000, quando foi exibido ao público na Mostra Industrial de Paris. Nessa ocasião, ele foi examinado minuciosamente pelo professor Dufrénoy - que observou seu hábito dodecaédrico com acentuada "dissolução" e as simetria das faces. Os novos donos da pedra eram os messieurs Halfen (dois irmãos comerciantes de diamantes em Paris), que somente então o batizaram. de L'Etoile du Sud. Em 1856 (ou 1857), o diamante foi lapidado durante três meses em Amsterdã, por Voorzanger, da firma Coster.
Até o final da década de 1860, o Estrela do Sul permaneceu como o 6° maior diamante lapidado do mundo (depois disso, entraram em cena os diamantes da África do Sul, quando várias pedras de grande porte foram descobertas). Entre 1867 e 1870, a pedra foi comprada pelo potentado Khande Rao, na época o Gaekwan (governador supremo) do reino indiano de Baroda, pela cifra de [, 80.000 (equivalente a cerca de US$400.000). O diamante permaneceu na coleção dos gaekwans de Baroda por, pelo menos, 80 anos.
Em 1934, Sayaji Rao III (Gaekwan de Baroda, e sobrinho-neto de Khand Rao) informou a R. Shipley, do Gemological Institute of America, que o Estrela do Sul havia sido colocado em um colar junto com o diamante Dresden Inglês (curiosamente também encontrado no rio Bagagem, em 1857, pesando originalmente 119,5 quilates e lapidado para 78,53 quilates).
Depois dessa época, diversas estórias foram contadas a respeito do Estrela do Sul e do Dresden Inglês, incluindo as de que eles teriam sido vendidos ou mesmo roubados. Entretanto, Sita Levi (Maharani de Baroda), em 1948, foi fotografada usando o colar com as pedras brasileiras em seu aniversário de casamento. Interessante a história: o país que tradicionalmente mais havia produzido diamantes através dos tempos (dentre eles muitos vultuosos), tinha, em uma de suas jóias mais valiosas, dois diamantes brasileiros! Nos 50 anos seguintes, o destino das duas pedras permaneceu desconhecido, até que em 2001 o Estrela do Sul foi novamente comprado (o dono atual permanece incógnito) e submetido ao Gübelin Gem Lab (Lucerne, Suíça) para estudos gemológicos detalhados. Tais estudos revelaram seu peso agora de 128,48 quilates, e coloração fanry marrom-rosada clara (Smith & Bosshart, 2002).

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Estrela do Sul
 
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Lesotho


O PRESIDENTE VARGAS: No município de Coromandel (Minas Gerais), existe um curso d'água não muito caudaloso, chamado apropriadamente pelos garimpeiros da região de "rio das pedras encantadas". Esse rio, o Santo Antônio do Bonito, é um afluente de primeira ordem. do rio Paranaíba, possuindo na época chuvosa pouco mais de 10 m de largura, em média. Na seca, é possível atravessá-lo facilmente sem molhar os pés. O grande encanto de tal rio é o fato de que, misteriosa e inexplicavelmente, surgem de vez em quando em seus cascalhos diamantes que podem ser considerados gigantes pelo seu porte formidável.
Desta maneira, os três maiores diamantes brasileiros saíram de suas águas turvas.
Foi assim que no dia 13 de agosto de 1938 (um sábado), o garimpeiro Joaquim Venâncio Tiago penetrou em suas águas, na época muito frias. Após um longo dia de labuta, salta da peneira uma pedra enorme que, apesar de suja, teima em brilhar como luz. Ele nunca vira ou imaginara existir um diamante tão grande. Na cidade de Coromandel, a pedra foi pesada, revelando exatos 726,6 quilates, sendo o maior diamante do Brasil e então o terceiro maior do mundo.
Sua forma era achatada, medindo 5,6 x 5,0 x 2,4 cm, possuindo faces quebradas ainda "frescas" (Reis, 1959), o que permite considerar ter sido o cristal original substancialmente maior antes de ser quebrado no transporte fluvial.
Logo, os bajuladores de plantão designaram-no de "Presidente Vargas", em homenagem ao então governante do País. Jornais e rádios de todos os lugares anunciaram com ênfase a espetacular descoberta. Joaquim teve de fugir para o mato, tal era a cobiça por sua pedra. Mas o diamante é o único ganha-pão de um garimpeiro, sendo logo a pedra negociada ao Sr. Oswaldo Dantes dos Reis, do Rio de Janeiro. Comprada e levada para o exterior pelo Sr. Jonas Polak, o diamante foi vendido ao joalheiro norte-americano Harry Winston, valendo cerca de US$750.000. Este último mandou lapidá-la na cidade de Nova lorque, sendo obtidas 29 pedras - a maior pesando originalmente 48,26 quilates, que depois foi ainda relapidada para uma de 44,17 quilates, hoje conhecida como diamante Vargas (ou Vargas diamond, Smith & Bosshart, 2002).
Mais de 200 anos de mineração de diamantes haviam se passado no País até essa descoberta. Pelo valor recebido, a vida de Joaquim Venâncio mudou radicalmente, Ele logo comprou uma fazenda bem instalada, com 500 cabeças de gado, além de montar uma agência de peças de automóvel e uma loja na cidade. Foi um garimpeiro que venceu, ao contrário da grande maioria que amofina nos córregos e rios deste País imenso. Atualmente, o Presidente Vargas permanece como o maior diamante brasileiro, ocupando a notável sétima posição entre os muitos bilhões de diamantes já encontrados em todo mundo.
 
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