Extraindo o gás do folhelho de Utica
Até poucos anos atrás o folhelho de Utica, em Ohio,
era simplesmente desprezado pelos pesquisadores. Nos últimos três anos
tudo mudou e esta rocha tornou-se um dos mais valiosos alvos para óleo e
gás em toda a América do Norte.
O folhelho de Utica é um sedimento, de idade Ordoviciana, fino, escuro,
com materiais orgânicos e calcários intercalados (foto).
Assim que os geólogos perceberam a sua importância começou a sondagem.
Na primeira etapa centenas de furos verticais foram realizados (mapa 1) ao longo de uma malha cuidadosamente planejada.
O que não se percebe na superfície é que para cada furo vertical existem
até 8 furos horizontais de 3.000m de comprimento que são perfurados a
partir do vertical (mapa 2, da projeção horizontal). É através dos furos
horizontais, que estão inseridos no folhelho alvo (ou xisto como essas
rochas são chamadas erroneamente no Brasil), que é feito o processo de
faturamento hidráulico que permite a extração do gás e óleo dessas
rochas: o fracking. Os furos horizontais são perfurados em um padrão que
permite a extração, praticamente total, do gás e óleo contido no
folhelho.
O processo de extração, o fracking é razoavelmente simples. Ele consiste
na injeção de água com areia em altíssima pressão de forma a causar
fraturamentos e espaços abertos no folhelho que são preenchidos pela
areia. Esse processo causa uma maior porosidade e permeabilidade da
rocha por onde o gás é extraído juntamente com os demais
hidrocarbonetos.
O método transformou a indústria e permitiu aos Estados Unidos uma
verdadeira revolução energética extraindo gás e óleo em rochas antes
inacessíveis e consideradas estéreis. A revolução do fracking é tão
grande que está tornando os Estados Unidos, que era o maior importador
de óleo e gás do mundo, em um grande exportador.
Tudo isso em pouco mais de uma década.
Apesar do fracking ter reduzido os custos do gás, empregado centenas de
milhares de pessoas e revolucionado a indústria da maior economia do
mundo ele tem forte oposição.
Vários grupos ambientalistas combatem o fracking dizendo que o método
usa imensas quantidades de água (mais de 5 milhões de litros por furo)
onde são misturados produtos químicos que podem contaminar a água dos
aquíferos superficiais. Vários estudos foram feitos nos Estados Unidos
onde existem dezenas de milhares de sondagens com o uso de fracking e
está sendo comprovado que a poluição pode ser evitada e quando ocorre é
por erros humanos e não do método.
No momento está sendo finalizado um estudo contratado pelo Congresso
Americano, a quatro anos atrás, para determinar o real impacto do
fracking sobre os recursos de água.
Mas o que mais assusta os ambientalistas é o enorme sucesso do fracking.
Ele está viabilizando a extração de gás e óleo em um momento em que
essas fontes de energia deveriam estar sendo substituídas por outras
mais limpas.
É que os ambientalistas querem simplesmente acabar com os combustíveis
fósseis e o fracking é a grande barreira que está revitalizando a
indústria do gás e óleo.
Trata-se de um impasse interessante e cruel.
De um lado alguns países ricos que podem realmente investir em fontes
alternativas de energia, mais caras e menos eficientes e, do outro, os
países pobres onde as necessidades são tão básicas quanto um prato de
comida.
Como negar a esses a revolução energética que irá criar milhões de empregos e mudar a economia de suas nações enfraquecidas?
Por mais que queiramos o mundo ainda é composto por regiões ricas e
outras, a maioria, onde impera a miséria, o genocídio e o descaso ao ser
humano. Essas regiões pobres precisam urgentemente de uma verdadeira
revolução econômica e social que permita o fortalecimento de suas
economias com a criação de novos empregos. Em todas essas regiões
existem grandes recursos inexplorados de folhelhos que poderiam estar
gerando energia e alimentando a economia local.
Enquanto isso nos Estados Unidos o fracking adicionou 100 anos de
recursos de gás e óleo às reservas do país ao mesmo tempo em que
substitui as emissões vindas da queima do carvão.
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