Manabi vai transformar o itabirito com 33% de
ferro em um produto premium com 68,5% de teor. Investimento total no
projeto será de R$ 10,5 bilhões
O minério encontrado nas reservas de Morro do Pilar,
município do Médio Espinhaço que se transformou no centro das atenções
de 2012, tem apenas 33% de teor de ferro. Mesmo assim, após um avançado
processo de beneficiamento, o material será transformado em uma das
melhores matérias-primas do mundo para as siderúrgicas, com teor de
68,5%.
A Manabi, mineradora criada em 2011 por experientes
empresários do setor, é a responsável pela façanha. De acordo com o
gerente-geral de Processos e Tecnologia da empresa, Camilo Carlos Silva,
não existe no Brasil nenhuma companhia que comercializa um produto tão
enriquecido – resultado que só será possível graças à aplicação das mais
modernas tecnologias ao processo de exploração e beneficiamento.
Segundo Camilo, para ganhar em competitividade, a
Manabi reuniu um time de profissionais gabaritados, com experiência em
diversas mineradoras de grande porte, e a assessoria de empresas
especializadas para desenvolver um projeto viável, tanto do ponto de
vista econômico como socioambiental. “Para isso, fomos forçados, no bom
sentido, a buscar o que há de melhor na mineração. A questão do minério
ter hoje um teor da ordem de 30%, que é, indiscutivelmente, um dos mais
baixos, é um desafio que nos ajuda a inovar”, afirma o gerente.
Segundo ele, apenas uma mineradora norueguesa
beneficia minério com teor ferrífero parecido. Mesmo assim, o mineral
explorado lá é magnetita, bem diferente do itabirito encontrado por
aqui. Com um pallet feed (minério concentrado) de alto valor, o preço do
produto da Manabi também é alto. Se o mercado paga, por exemplo, US$
100 a tonelada por um minério com 62% de ferro (que é a base negociada
no mercado internacional), pagará à mineradora pelo menos US$ 130 pelo
produto premium. “Podemos atingir até US$ 30 a mais porque levamos no
mesmo navio mais ferro do que as empresas concorrentes”, explica Camilo
Silva.
Com a tecnologia adotada e o máximo aproveitamento
dos recursos minerais, além de conseguir um concentrado rico, que entra
no mercado sem nenhuma restrição, a empresa garante também vantagem
financeira e reduz significativamente o desperdício durante o processo
de exploração. Para se ter uma ideia, o rejeito da produção em Morro do
Pilar terá apenas 8% de ferro, enquanto esse percentual pode chegar a
20% em outras empresas do ramo.
Sem barragem
Outra inovação apresentada pela mineradora é a
ausência de barragens dentro do complexo minerador, algo que preocupa
autoridades em qualquer projeto de mineração devido aos riscos
ambientais. Na barragem tradicional de rejeito, em que geralmente se
constrói um grande dique para conter água e resíduos finos de minério,
há sempre a preocupação com um eventual rompimento. Em Morro do Pilar, a
Manabi vai usar “empilhamento drenado” do rejeito. Assim, a água, que é
reaproveitada, se separa do resíduo, que depois é devolvido às cavas
desativadas.
O mesmo vai acontecer com o estéril. À medida que a
exploração for caminhando, o material sem valor econômico, retirado das
áreas onde há desmonte de rochas, será levado de volta às cavas
inativas, reduzindo os impactos ambientais. Tal processo também é novo
dentro da atividade minerária.
Quanto ao uso de água – outro assunto polêmico
quando se fala em mineração –, o uso será o mais racional possível. Cada
metro cúbico de água vai recircular pelo menos sete vezes dentro do
processo de beneficiamento. “Essa é uma preocupação muito grande. Embora
haja disponibilidade de água na região, a Manabi sempre se preocupou
com os recursos hídricos. Vamos aproveitá-los da melhor forma possível”,
ressalta o gerente.
Para colocar em prática toda essa tecnologia, a
Manabi vai investir R$ 10,5 bilhões no projeto como um todo, que inclui a
mina (Morro do Pilar), um mineroduto e um porto (Linhares - ES). Para
começar as obras, a mineradora aguarda a Licença Prévia (LP), que está
há dois anos sob análise dos órgãos ambientais. Com a LP em mãos, em
seis meses deve sair a Licença de Implantação, que libera o início das
obras. Se a mobilização de homens e máquinas começar no primeiro
trimestre de 2015, o primeiro embarque do minério morrense rumo ao outro
lado do mundo sairá em 2018.
Parcerias com Morro do Pilar
Apesar de o projeto ainda estar em fase de
licenciamento, a Manabi mantém um relacionamento estreito com a
Prefeitura e a comunidade de Morro do Pilar. Desde 2011 foram realizadas
várias reuniões públicas sobre o projeto, suas oportunidades e
impactos, com a presença marcante da população. Em alguns encontros,
mais de 700 pessoas participaram.
A Manabi assinou convênios plurianuais da ordem de
R$ 50 milhões com a Prefeitura de Morro do Pilar para investimento em
projetos diversos. Os recursos estão sendo utilizados na elaboração de
projetos que vão preparar o município para o futuro.
Dos convênios assinados entre a empresa e a
Prefeitura, cerca de R$ 2 milhões já foram usados. Segundo a prefeita
Vilma Diniz, os recursos possibilitaram, entre outras ações, a
contratação de uma empresa especializada para a elaboração do Plano
Diretor Municipal, do Plano de Desenvolvimento Sustentável e um novo
conjunto de ações essenciais ao município.
“Também estão em processo de contratação importantes
projetos e obras, como revitalização de praças, reurbanização de ruas,
capacitação empresarial, cursos profissionalizantes, projetos
estruturadores e outros”, afirma a prefeita. “Esta transparência da
Manabi, que desde o início convidou a sociedade de maneira geral a
participar na busca pelas melhores soluções, estimulou o poder público a
pensar proativamente”, completa o gerente da mineradora, Camilo Silva.
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