Níquel : uma Riqueza de Goiás
Resumo: O níquel,
conhecido desde a Antiguidade, é um metal que por suas propriedades é
amplamente utilizado pelo Homem Moderno. A recuperação da economia mundial e o
desenvolvimento da China são responsáveis por uma substancial demanda e aumento
do preço desse metal. Isto tem levado mundialmente a aplicação de vultosos
investimentos privados na pesquisa, implantação e expansão de unidades de
produção de níquel. Neste contexto, Goiás por ser o maior produtor de níquel
com 82% da produção nacional e deter 74% das reservas brasileiras, tem um
incremento substancial em sua receita e balança de exportação, e é alvo privilegiado do investimento de mais
de 3,0 bilhões de reais no Pólo Mínero-Metalúrgico de Niquelândia-Barro Alto e
na Província Niquelífera do Oeste Goiano.
Palavras-Chave: níquel,
minério de níquel, produção de níquel,
usos do níquel, reservas de níquel, Pólo Mínero-Metalúrgico de
Niquelândia-Barro Alto.
I – Introdução
O níquel (Ni), encontrado em alguns minerais, é um elemento químico,
metálico, cuja concentração na superfície terrestre é da ordem de 0,008%. Tem
uma cor branco-prateado, e suas
características como ductibilidade, maleabilidade, elevado ponto de fusão,
1453º C, grande resistência mecânica à
corrosão e a oxidação atribuem-lhe uma diversidade
de usos.
O uso do níquel pelo homem é conhecido desde a Antiguidade. A presença
do níquel na composição de moedas japonesas de 800 anos A C., gregas de 300
anos A C., e em armamentos de 300 ou 400
anos A C. são os primeiros registros de
uso desse metal pelo homem.
No entanto, a utilização do níquel no processo industrial verifica-se
somente após a obtenção da primeira amostra de metal puro por Richter em 1804,
e do desenvolvimento da liga sintética de ferro-níquel por Michael Faraday e
associados em 1820. Em 1870, Fleitman descobre que a adição de uma pequena
quantidade de magnésio tornava o níquel maleável, e em 1881 é cunhada a
primeira moeda de níquel puro.
Estas conquistas definem o início de uma era industrial
de uso e aplicação intensiva do níquel, tendo com base as ligas desse metal não
só com ferro, mas com outros metais como cobre, magnésio, zinco, cromo, vanádio
e molibdênio.
Paralelamente ao desenvolvimento dessas ligas e usos,
pesquisas de fontes minerais de suprimento de níquel (jazidas minerais), bem
como de processos de beneficiamento mineral e refino (metalurgia) tem sido
exaustivamente desenvolvidos. Assim, desde a Antigüidade, o níquel é objeto de
estudo e pesquisa quanto as suas propriedades químicas e físicas e ampliação do
seu campo de aplicação.
Atualmente a presença e o uso do níquel é cada vez maior na vida do
homem moderno. É utilizado em diversas ligas, como o aço inoxidável, em
galvanização, fundições, catalisadores, baterias, eletrodos e moedas, figuras 1 e 2. Dessa forma, o níquel está presente
em materiais, produtos e equipamentos de transporte, bélicos, equipamentos
eletrônicos, produtos químicos, equipamentos médico-hospitalares, materiais de
construção, equipamentos aeroespaciais, bens de consumo duráveis, pinturas, e
cerâmicas.
Figura 1
Principais
aplicações do Níquel
Figura 2
Uso de
Níquel na indústria
Diante dessa enorme diversidade de usos industriais a
que se serve, fica evidente que o níquel é um metal imprescindível à sociedade
industrial moderna e de uma importância estratégica para muitos países.
II – Contexto Mundial do Níquel
2.1
– Reservas Mundiais
O níquel é
encontrado em minerais sulfuretos, silicatados, arsenetos e oxidados. O teor de
níquel no mineral e a concentração desse mineral em uma área bem definida e
relativamente pequena na crosta terrestre definem os depósitos minerais que são
explorados de acordo com suas reservas, e dessa forma constituem fontes de
suprimento das demandas existentes.
As reservas mundiais de níquel em 2003 foram definidas por depósitos
minerais que ocorrem em vários países. Neste contexto Austrália, Cuba e Canadá
representam 46% do total das reservas mundiais
atualmente conhecidas. Segue a esses, países como Brasil, Colômbia China, Grécia,
Indonésia, Nova Caledônia, África do Sul e Rússia, Quadro 1.
Quadro 1
Reservas e Produção Mundial
|
|||||||
Discriminação
|
Reservas
|
Produção (t)
|
|||||
Países
|
2003
|
%
|
2002
|
2003(1)
|
%
|
||
Brasil
|
8.300
|
5,90
|
44.928
|
45.160
|
3,20
|
||
Austrália
|
27.000
|
19,30
|
211.000
|
220.000
|
15,70
|
||
Cuba
|
23.000
|
16,40
|
73.000
|
75.000
|
5,40
|
||
Canadá
|
15.000
|
10,70
|
178.338
|
180.000
|
12,90
|
||
Indonésia
|
13.000
|
9,30
|
122.000
|
120.000
|
8,60
|
||
Nova
Caledônia
|
12.000
|
8,60
|
99.650
|
120.000
|
8,60
|
||
África
do Sul
|
12.000
|
8,60
|
38.546
|
40.000
|
2,90
|
||
Rússia
|
9.200
|
6,60
|
310.000
|
330.000
|
23,60
|
||
China
|
7.600
|
5,40
|
54.500
|
56.000
|
4,00
|
||
Filipinas
|
5.200
|
3,70
|
26.532
|
27.000
|
1,90
|
||
República
Domincana
|
1.000
|
0,70
|
38.859
|
39.000
|
2,80
|
||
Colômbia
|
1.000
|
0,70
|
58.196
|
65.000
|
4,60
|
||
Botwana
|
920
|
0,70
|
20.005
|
18.000
|
1,30
|
||
Outros
Países
|
4.780
|
3,40
|
64.446
|
64.840
|
4,60
|
||
TOTAL
|
140.000
|
100,00
|
1.340.000
|
1.400.000
|
100,10
|
||
Fonte: Mineral commodity Summaries
- 2004
|
|
|
|
||||
Notas:
(1) Inclui reservas medidas e indicadas, em níquel contido, (2) Dados de
produção de Ni contido no minério, (r) Revisão, (p) Preliminar
|
|||||||
2.2 – Reservas Brasileiras
No Brasil as reservas de níquel aprovadas pelo DNPM encontram-se nos estados de Goiás (74,0%), Pará (16,7%), Minas Gerais (
5,1%) e Piauí (4,2%). O recente desenvolvimento de projetos de pesquisa mineral
em novos alvos, como também em depósitos minerais conhecidos, não só nesses
estados, mas também em
Mato Grosso, segundo o DNPM, é responsável pelo aumento das
reservas brasileiras de níquel e sua elevação para 8a posição no
ranking mundial, Quadro 2.
Quadro 2
Reservas
Brasileiras de Níquel (Medidas)
UF
|
Minério
(t)
|
Ni Contido
|
Teor (%)
|
GO
|
228.415.454
|
3.380.549
|
1,48
|
PA
|
45.560.000
|
797.148
|
1,83
|
PI
|
20.007.510
|
314.118
|
1,57
|
MG
|
9.034.016
|
140.027
|
1,55
|
Total
|
301.016.980
|
4.631.842
|
1,61
|
Fonte:
DNPM – Sumário Mineral - 1999
2.3 – Produção Mundial
Segundo dados do Mineral Commodity Summaries de 2004, a produção mundial de
níquel em 2003 foi da ordem de 1.400.000 toneladas de Ni contido no minério,
representando um aumento de 6,2% em relação a 2002, Quadro 1. A Rússia é o maior
produtor, seguida pelo Canadá. O desenvolvimento de processos mais rentáveis e
eficientes de beneficiamento mineral do chamado minério laterítico tem sido
responsável por novos patamares na produção de níquel na Austrália
principalmente, e em outros países como o Brasil. Neste contexto, a produção
brasileira, 9a no ranking dos
produtores mundial, foi de 45.600 mil toneladas de níquel contido em ligas de
ferro-níquel, níquel eletrolítico e matte de níquel produzidas pela Cia Níquel
Tocantins, Codemin S.A e Mineração Serra
de Fortaleza.
2.4 –Mercado
Mundial (Exportação e Importação)
O consumo mundial de níquel ultrapassou 1,0 milhão
de toneladas em 2003. Os maiores consumidores desse metal em todas as suas
formas são Noruega, Alemanha, Finlândia,
Estados Unidos, Alemanha e o Japão. Os países da América do Norte e da Europa
consomem 43% do total mundial, enquanto os países do sudeste asiático
participam com 38,6% do consumo mundial.
O Japão é o maior consumidor mundial, e a Coréia do Sul, Taiwan e China
vêm apresentando crescimento significativo no consumo de níquel.
O consumo brasileiro de níquel, segundo o Balanço Mineral Brasileiro 2001, atingiu em 2000 cerca de 14 mil t/ano, ou 1,5%
do níquel consumido no mundo. Em
2003, o país importou semimanufaturados de níquel da Rússia, Finlândia, Cuba,
Alemanha, e manufaturados de níquel dos Estados Unidos, Canadá, Suécia,
Alemanha e Reino Unido.
2.5 – Preço & Valor da
Comercialização
A diversidade e a importância estratégica do uso do níquel, aliados ao crescimento atual da demanda
determinada pela recuperação da economia mundial e principalmente pelo processo
industrial da China são responsáveis pelo
crescente e consistente aumento
no preço desse metal. Dessa forma a
cotação da tonelada de níquel passa de 4 mil dólares em 1998 para 15 mil dólares em julho de 2005, figura 3.
Considerando o preço da tonelada de níquel entre 12,0 a
18,0 mil dólares, em 2003, segundo a cotação da London Metal Exchange (LME),
figura 3, e a produção neste mesmo ano de 1,4 milhão de toneladas de níquel,
segundo Mineral Commodity Summaries de
2004, Quadro 1, a
comercialização desse metal atingiu entre 16,8 bilhões a 25 bilhões de dólares.
No Brasil considerando a produção de 45.160 toneladas de níquel, neste mesmo
ano, estima-se um faturamento da ordem
de 542 milhões a 812 milhões de dólares.
Figura 3
Preço do Níquel
III –Níquel em Goiás
As dimensões das reservas de
níquel (74% das reservas brasileiras(, da produção e o valor da comercialização
de níquel no estado de Goiás constituem um dos pilares do desenvolvimento da
industrial extrativa mineral e importante elo da cadeia produtiva brasileira do
níquel e da siderurgia nacional. Atualmente a comercialização da produção de níquel em Goiás alcançou mais
de 39 milhões de reais neste primeiro semestre de 2005, representando assim o
primeiro item da pauta de exportações da indústria extrativa mineral do estado.
3.1
- Reservas
As reservas de minério de níquel em Goiás são da
ordem de aproximadamente 300 milhões de toneladas, a um teor médio de 1,48 % de
níquel metálico, Quadro 3. Localizam-se tanto no norte como no oeste do estado,
constituindo o Pólo Mínero-Metalúrgico de Niquelândia-Barro Alto e Província
Niquelífera do Oeste respectivamente, figura 4. Estas reservas são objeto de
uma pujante mineração no Pólo
Mínero-Metalúrgico Niquelândia-Barro Alto e de pesquisa mineral e implantação
de projeto de mineração na Província Niquelífera do Oeste.
Figura 4
Localização das Minas e Principais Depósitos de Níquel de
Goiás
Quadro 3
Reservas de Níquel em Goiás (medidas)
Município
|
Minério (t) x 103
|
Teor (%)
|
Americano do
Brasil
|
22,66
|
0,69
|
Barro Alto
|
855,92
|
1,89
|
Iporá
|
198,95
|
1,47
|
Jaupaci
|
176,45
|
1,31
|
Jussara
|
795,81
|
1,48
|
Montes Claros
|
944,35
|
1,26
|
Niquelândia
|
1.215,32
|
1,56
|
Total
|
3.312,37
|
-
|
Fonte: DNPM – Sumário Mineral - 1999
3.2
– Produção
O estado de Goiás produziu em 2004 no
Pólo Mínero-Metalúrgico de Niquelândia-Barro Alto 26.356 toneladas de níquel
contido em ligas de ferro-níquel e carbonato de níquel, Quadro 4, representando
em torno de 82% da produção nacional de níquel contido.
Quadro 4
Produção
e Comercialização do Níquel – Goiás
Ano
|
Produção (t)
|
Comercialização (t) **
|
Valor da Comercialização
R$
x 103
|
2003
|
24.564
|
24.662
|
197.506
|
2004
|
26.360
*
|
26.517
|
291.687
***
|
Fonte: DNPM/Seplan-Go-Sepin – 2005
* Preliminar ** Níquel contido na liga de ferro-níquel *** estimativa considerando o valor médio de US$ 11 mil / t
* Preliminar ** Níquel contido na liga de ferro-níquel *** estimativa considerando o valor médio de US$ 11 mil / t
Os primeiros registros da ocorrência
de níquel no Pólo Mínero-Metalúrgico de Niquelândia-Barro Alto remontam de
1908, com a descoberta por dois prospectores, Helmut e Freimund Brockes, do
minério laterítico na região da Serra da Mantiqueira em Niquelândia.
As atividades de extração do minério e
produção metalúrgica neste Pólo só iniciaram a partir de 1980, após as
pesquisas minerais nas décadas de 60 e 70. Atualmente são responsáveis por toda
atividade de mineração e metalurgia do níquel no Pólo Mínero-Metalúrgico de
Niquelândia-Barro Alto duas empresas de grande porte, Cia Níquel Tocantins-CNT
e a Codemin S.A.
A CNT, do Grupo Votorantin, produz em
Niquelândia-GO o carbonato de níquel que é totalmente processado em São Miguel Paulista-SP
para a obtenção do níquel eletrolítico. Deste processo, além do níquel
eletrolítico é obtido o cobalto eletrolítico. Em 2004 a CNT produziu um total de 19.741 toneladas de
níquel eletrolítico, sendo dessa forma o maior produtor nacional, Quadro 5.
Quadro 5
Produção
Goiana de Níquel (t) por empresa
Empresa
|
2003
|
2004
|
Variação
(%)
|
Codemin (1)
|
6.408
|
6.492
|
1,3
|
Cia Níquel Tocantins (2)
|
18.155
|
19.741
|
8,7
|
Total
|
24.563
|
26.223
|
6,3
|
Fonte: ABAL/ABRAFE/SNIEE in: Brasil Mineral, nº 240
A CODEMIN S.A., empresa do Grupo
AngloAmerican, produz em Niquelândia-GO ligas de ferro-níquel, que em 2004
alcançou 6.492 toneladas de níquel contido nesta liga, Quadro 5.
3.3 – Mercado Consumidor e Comercialização
As exportações brasileiras de níquel,
em sua maior parte oriunda de Goiás e incluindo ferro-níquel, ligas de níquel
em forma bruta, mattes de níquel, sinters de óxido de níquel, catodos de níquel
e resíduos de níquel são realizadas
principalmente com a Alemanha, Japão, Bélgica, Finlândia, Estados Unidos.
Outros compostos químicos, incluindo aqui óxido niqueloso, hidróxido de níquel
e sulfato de níquel, têm como mercados a Bélgica, Alemanha, Espanha, Estados
Unidos e Argentina. Nos últimos anos,
essas exportações têm rendido entre 150 a 200 milhões de dólares de divisas ao
país.
No mercado interno, constituído
predominantemente pelos estados de Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro e
Rio Grande do Sul, o níquel é consumido na forma de ferro-níquel e de níquel
eletrolítico. A siderurgia é o setor de maior demanda pelo metal, consumindo
80% da produção que se destina à fabricação de aço inoxidável. O restante é
destinado ao fabrico de outros tipos de aços, a artefatos como galvanoplastia,
alpacas (ligas metálicas) e outros produtos, Quadro 6.
Quadro 6 –Principais Estatísticas/Brasil |
|||||
Discriminação
|
2001(r)
|
2002 (r)
|
2003(P)
|
||
Produção:
|
Minério
/ Níquel contido
|
(t)
|
3.916.210/45.456
|
3.876.687/44.928
|
3.827.096/45.160
|
Ni contrido no carbonato
|
(t)
|
17.063
|
18,1
|
18406
|
|
Ni contido no Matte
|
(t)
|
10.183
|
6289
|
5962
|
|
Ni eletrolítico
|
(t)
|
17.663
|
17676
|
189155
|
|
Ni
contido em liga Fe-Ni
|
(t)
|
5.768
|
6011
|
6409
|
|
Importação
|
Semi
+ manufaturados
|
(t)
|
9.781
|
13845
|
16514
|
|
(10³ U$$-FOB)
|
83,954
|
98,97
|
150,753
|
|
Compostos
químicos
|
(t)
|
1509
|
1237
|
1021
|
|
|
(10³ U$$-FOB)
|
3,063
|
2577
|
2851
|
|
Exportação
|
Bens
Minerais (concentrado)
|
(t)
|
0
|
0
|
192
|
|
(10³
U$$-FOB)
|
0
|
0
|
10
|
|
Semi
+ Manufaturados
|
(t)
|
32.481
|
28.990
|
26.375
|
|
|
(10³ U$$-FOB)
|
112,885
|
114,015
|
146,525
|
|
Compostos
químicos
|
(t)
|
310
|
468
|
295
|
|
|
(10³ U$$-FOB)
|
309
|
438
|
389
|
|
Níquel contido
|
(t)
|
10.314
|
15.255
|
20.916
|
|
Preço Médio
|
Ferro
Níquel*
|
(U$$/t-FOB)
|
1,870.93
|
1,954.13
|
2595,14
|
Níquel
Eletrolítico*
|
(U$$/t-FOB)
|
6,316.83
|
6,734.47
|
10,251.90
|
|
Sinters
de óxido de níquel*
|
(U$$/t-FOB)
|
5,655.57
|
5,812.67
|
8,529.76
|
|
Fonte: DNPM-DIRIN, SECEX- D.T.I
|
|
|
|
|
|
Notas: (1) Produção+Importação-Exportação, foi utilizado
com base de cálculo em 2003: Produção: 30.777 t
|
|
||||
Importação: 16.514t (exceto compostos químicos por não
obter dados de Ni contido);
Exportação: 26.375t (sendo 18.241 t oriundo das empresas:
Cia Níquel Tocantins 11.349 t, Codemin 1.000 t e Min. Serra da Fortaleza 5.892 t)
(*) Preço médio base exportação
(r) Revisão (p) Previsão.
|
Em Goiás considerando os dados de
comercialização de níquel contido na liga de ferro-níquel e carbonato de níquel
apresentados pelo DNPM e uma média de preços por toneladas da LME, os valores
estimados em relação a 2003 e 2004, são da ordem de 197,506 milhões de reais e
291,687 milhões de reais respectivamente, Quadro 4.
3.4 – Investimentos & Perspectivas de
Desenvolvimento em Goiás
Diante do cenário mundial de forte demanda de
consumo por níquel e cotação recorde de seu preço na Bolsa de Metais de Londres
a partir de 1998, figura 3, a produção de níquel é atualmente um dos principais
focos mundiais de investimentos privados no segmento de commodities
minerais. Neste contexto, Goiás por suas reservas,
características do minério, localização, logística e política estadual para o
setor mineral, é o estado brasileiro com um dos
maiores investimentos privados, mais de 3,0 bilhões de reais, em pesquisa, implantação e expansão da produção
brasileira de níquel.
A maior parcela desses investimentos está sendo
aplicada no Pólo Mínero-Metalúrgico Niquelândia-Barro Alto, figura 4. A Codemin S.A., no projeto
da mina de Barro Alto, tem programado investimentos da ordem de R$ 2,23
bilhões, multiplicando em oito vezes sua capacidade de produção em 2007. A Cia Níquel Tocantins
tem como investimentos R$ 900 milhões em sua jazida de Niquelândia, sendo R$
300 milhões direcionados a uma nova logística para a lavra, ampliação da jazida
e modernização do sistema de abastecimento do minério, objetivando o aumento da
produção para 23 mil toneladas em 2007, o que representa um incremento de 24%
na produção. Os R$ 600 milhões restantes serão destinados à implantação do
projeto ferroníquel também em Niquelândia.
A Província Niquelífera do Oeste, conjunto de
depósitos minerais de níquel conhecido desde as décadas de 60 e 70, e uma das
maiores reserva do país, figura 4, é palco de pesquisas minerais visando à
pré-viabilidade e implantação de exploração do minério por parte de empresas de
grande porte. A implantação do Projeto Americano do Brasil pela Prometálica
Mineração Ltda marca o início da exploração das reservas de níquel nesta
província. Este projeto orçado em 62 milhões de reais, iniciou suas obras em
2004 e o começo das operações de produção está previsto para o primeiro semestre
de 2006.
Em relação aos outros depósitos dessa Província,
desde de 2003 importantes projetos de pesquisa e reavaliação de suas reservas
de níquel estão sendo desenvolvidos por empresas de mineração de grande porte,
que têm aportado vultosos investimentos nesta fase de risco. A Cia Vale do Rio
Doce, depois de 20 anos ausente de Goiás, vem desenvolvendo a reavaliação das
reservas do depósito de Santa Fé que, juntamente ao Projeto do Vermelho em
Carajás (PA) e São João do Piauí (PI), deverá constituir o programa de produção
de níquel desta companhia.
De forma semelhante, os depósitos de níquel de
Jussara, Montes Claros e Iporá são objeto de reavaliação e pré-viabilidade
visando à implantação de unidades de produção de níquel pela empresa canadense
Teck-Cominco, e pela Cia Níquel Tocantins do Grupo Votorantin. A se confirmar a
viabilidade da exploração dessas reservas, a região será palco de investimentos
privados e geração de renda e postos de trabalho semelhantes aos que ocorrem no
Pólo Mínero-Metalúrgico de Niquelândia-Barro Alto.
Este cenário de investimentos recentes, mais de
3,0 bilhões de reais, constitui um singular e expressivo incremento de indução
do processo de interiorização do desenvolvimento econômico e social do estado
propiciado singularmente pela mineração, mais especificamente às regiões onde
ocorrem as minas e os depósitos minerais de níquel como o Pólo Mínero-Metalúrgico de Niquelândia-Barro
Alto e Província Niquelífera do Oeste.
Está indução é comprovada hoje
em Niquelândia onde a atividade mínero-metalúrgica, que teve início na década
de 80, é responsável, atualmente, pelos elevados índices de IDH, PIB Municipal
e renda per capita em relação ao conjunto dos municípios do estado de Goiás.
Além desses indicadores, a mineração é a responsável também pela criação de
dezenas de micro empresas prestadoras de serviços, tais como oficinas,
montadoras, tornearias, lojas de materiais, de peças, além de criação de cursos
de nível médio profissionalizante em mecânica, elétrico-eletrônica e química.
Nenhum comentário:
Postar um comentário