Ajustes em todo o circuito quase dobram a produção de ouro
Desenvolvido na Mineração Apoena pelos autores Thiago Vitali Pignaton, coordenador de Beneficiamento, José Carlos Ferreira, líder Geral da planta, Samuel Trindade Viana, engenheiro de Processo, com o apoio gestor de José Eduardo Correa, gerente de Operação, Jota Júnior José de Azevedo, gerente Geral e Neil Hepworth, diretor de Operações Brasil, o trabalho “Otimização do processo e aumento de produtividade elevam produção de ouro da mina São Francisco e reduzem custos de produção” da Mineração Apoena foi um dos vencedores do 16º Prêmio de Excelência da Indústria Minero-Metalúrgica Brasileira.
A mina possui, em seus processos produtivos de ouro, as etapas de mina (pesquisa, perfuração, desmonte, carregamento, transporte e estocagem) e beneficiamento (britagem, gravimetria, lixiviação em pilhas, ADR e fundição). O trabalho foca nas melhorias executadas na planta de beneficiamento, principalmente na britagem e gravimetria, que representavam o principal gargalo.
Em parceria com a equipe da Metso, ficou definido um plano de melhoramentos para as plantas de britagem e gravimetria com foco em aumento de produtividade e recuperação, redução de custos e aumento da disponibilidade física.
Foi realizada a troca do desenho e o tipo de mandíbula utilizada no britador primário, elevando a massa processada por conjunto de 250.000 t para 400.000 t, com diferença de preço inferior a 20 %. O ganho na durabilidade das mandíbulas impacta não somente em custo, mas também em aumento de disponibilidade da planta.
Constituiu-se também a troca do tipo de revestimento do britador secundário de standard extra grosso para standard grosso, gerando um ganho de 10.000 t processadas por conjunto de revestimento, além de possibilitar que o britador trabalhe com câmara cheia, melhorando a qualidade do material processado. Aliado a esta mudança, foram alteradas as telas do segundo deck da peneira que alimenta esse britador - de telas tencionáveis de 48 mm de abertura para telas modulares de 35 mm de abertura, propiciando maior enchimento da câmara, maior facilidade e agilidade nas trocas e menor tamanho de rocha no processo subsequente.
O pátio de estocagem de minério britado foi ampliado de 25.000 t para 80.000 t, aumentando a demanda operacional do processo por até seis dias na britagem terciária/gravimetria. Esta alteração reduziu em 90 % as horas de parada da planta por falta de minério, mesmo com longas paradas corretivas/programadas de manutenção. Além disso, a mineradora alterou o tipo de revestimento do britador terciário de cabeça curta fino para cabeça curta extra fino, gerando um ganho de 8.000 t processadas por conjunto de revestimento, além de possibilitar que ele trabalhe com a câmara cheia, melhorando a qualidade do produto.
Juntamente com a troca do desenho dos revestimentos dos britadores secundário e terciários, foi realizado um estudo para determinar a melhor liga metálica para fabricação desses componentes, a fim de ter o melhor custo benefício possível. Conforme o resultado dos ensaios realizados, verificou-se que a liga intitulada de 720, pela Metso, composta de alto cromo, foi a que apresentou maior durabilidade, representando um ganho de 10 % em R$/t processada.
Com o objetivo de melhorar o peneiramento e garantir maior geração de finos, com consequente aumento da proporção de minério que é processado na jigagem, foram realizadas diversas adequações no peneiramento, tais como: ajuste do chute de alimentação da peneira, melhor empolpamento do minério, troca dos bicos de água da peneira, adição de mais linhas de lavagem e padronização de telas. Essas mudanças deram uma distribuição uniforme do minério empolpado sobre a peneira, melhorando a eficiência do peneiramento e elevando a porcentagem de finos de 40 % para 50 %.
Vista da planta de beneficiamento na mina São Francisco
A equipe de manutenção realizou alterações nos procedimento de parada, melhorias nas inspeções e manutenções preventivas semanais, trimestrais e anuais, visando a aumentar a disponibilidade física das plantas e a qualidade dos serviços, o que contribuiu para o aumento de 3 % a 5 % da disponibilidade.
Para conseguir uma evolução de 2,6 para 4 milhões t, além dos processos de beneficiamento, várias melhorias também foram implementadas pela mina, sendo a principal delas no processo de desmonte por explosivo, onde houve uma readequação da malha com uma aumento da razão de carga de 11,1 % (planejava-se uma malha de configuração em triangulo isósceles e atualmente trabalha-se com uma configuração em triângulo equilátero) que permitiu um aproveitamento eficaz da energia de desmonte, acarretando em uma melhor fragmentação do material (melhor produtividade dos equipamentos de mina e britagem) e maior porcentagem de geração de finos (melhoria na recuperação).
Foi feita também a instalação de mais dois ciclones na bateria primária e utilização de 100 % da capacidade da jigagem, a fim de absorver o aumento de produção sem perda de recuperação, assim como a instalação de um concentrador centrifugo Falcon no underflow da ciclonagem secundária, reduzindo as perdas de ouro fino no rejeito e, consequentemente, aumentando a recuperação.
Além disso, treinamentos com o corpo operacional e técnico com foco em operação das plantas de britagem e gravimetria foram ministrados pela liderança da mina São Francisco em parceria com a Metso, assim como treinos com consultores externos.
Como resultado dos trabalhos de melhorias citados, obteve-se evolução nos indicadores de produção da planta. Notou-se um aumento percentual de 12,9 % na produtividade do circuito de britagem primária e secundária de 2011 para 2013, que combinado com a maior disponibilidade e utilização da planta, resultaram em um acréscimo de aproximadamente 1,5 milhão t processadas ao ano.
A evolução na produtividade da britagem terciária, com aumento na utilização, que combinado com o melhor planejamento e execução das paradas de manutenção, resultaram em uma ampliação da disponibilidade, fazendo com que a produção da planta aumentasse em 1,4 milhões t processadas por ano (elevação de 57 % entre 2011 e 2013).
Finalmente, as melhorias aplicadas no circuito de britagem e no peneiramento a úmido resultaram em um maior percentual de finos alimentando a gravimetria, que por sua vez teve aumento de produtividade de 22 % e 84 % no processamento anual de minério. Além dos ganhos em massa processada, conseguiu-se elevar a recuperação de ouro gravimétrico em 13 %, assim como o custo específico (US$/t) de produção foi drasticamente reduzido no comparativo de 2011 para 2013 - em 41 % para as etapas de britagem e 55 % para a gravimetria.
A soma dos esforços realizados pelas equipes de produção e processos culminaram com forte evolução dos resultados no comparativo 2011 a 2013, tais como: Aumento da massa processada na britagem em 56 %, superando a marca de 4 milhões t processadas/ano; aumento da massa processada na gravimetria em 84 %, superando 1,9 milhões t processadas/ano; forte redução de custos específicos (US$/t) na britagem e gravimetria, sendo 41 % e 55 %, respectivamente; aumento da produção global da mina São Francisco de 52.286 oz para 105.541 oz.
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