"Rei da soja" agora quer investir em minérios no Piauí
Foi graças a essa pesquisa que sua empresa, a Itaoeste, descobriu manganês, titânio, ferro, atapulgita e argila em cidades do cerrado e semiárido do Piauí, além da única jazida de tálio em estado puro em todo o mundo. A mina fica em Barreiras, Oeste da Bahia. Moraes esteve ontem com o governador Wilson Martins, a quem apresentou as intenções de investir na exploração desses minérios.
"Queremos colocar o Piauí no mapa da mineração brasileira", disse o empresário ao Jornal Meio Norte. "Em uma crise global como que se vislumbra agora, tenho certeza que as commodities minerais podem salvar o país", afirma. "Temos esperança de que a exploração mineral no Piauí haverá de produzir bons resultados.
Mas entre a esperança e a realidade, não podemos sonhar", vaticina o empresário, que também pretende pesquisar e explorar calcário para agricultura e fabricação de cimento em território piauiense. "Esse foi nosso primeiro interesse quando começamos a fazer pesquisa mineral no Piauí e seguimos firme com ele", diz.
Segundo relatou o empresário, o governo do estado do Piauí se dispõe a oferecer condições para os investimentos em mineração. Ele diz que quer uma parceria também com os governos municipais das áreas onde sua empresa pretende atuar.
Embora vislumbre a possibilidade de se gerar milhares de empregos diretos e indiretos com a exploração de minérios por sua empresa, Olacy de Moraes não fala precisamente em números. Ele cita que apenas em pesquisa, o grupo empresarial que comanda investiu R$ 50 milhões no Piauí, Bahia e São Paulo. Ele informa ainda que partir da pesquisa para a produção mineral requer tempo e investimento, além de uma custosa transposição de barreiras burocráticas, que incluem, sobretudo, licenciamentos ambientais: "Há uma burocracia infernal no Brasil, muitas vezes inibidora de investimentos", explica.
Ele informa que os investimentos são demorados. Somente em pesquisa se levaram quatro anos. Na exploração de minas e jazidas há necessidade das autorizações de lavra e licenciamento ambiental, sem o que não se pode atrair investidores. "Gostaria de fazer as coisas acontecerem em menor tempo, mas não é possível".
O empresário diz que tem sido sondado por investidores estrangeiros, notadamente pelos chineses, cujas demandas por minerais é crescente. O interesse dos investidores existe, mas ele somente se concretiza, segundo afirma o empresário, quando se pode discutir concretamente as bases desse investimento. "Não há como negociar sem uma autorização de lavra", diz.
Quanto ao volume de investimentos a ser feito para passar da pesquisa à exploração mineral. Olacyr de Moraes esclarece que não se pode estimar valores porque não se tem sequer um modelo de negócios. "Nunca se sabe rapidamente o que se vai fazer: se vamos explorar e vender minério bruto, se vamos implantar uma planta industrial para beneficiário; se vamos usar um sistema totalmente mecanizado ou com uso maciço de mão de obra".
Ele acredita que a mineração deve gerar uma cadeia de negócios. "O emprego com salários melhores não será gerado apenas diretamente pela empresa mineradora, mas por toda uma rede de negócios em torno do investimento principal", explica.
Empresário condena a especulação no Estado
Olacyr de Moraes reconhece que existem especuladores no mercado de mineração. Para ele, são perniciosos aqueles que, tendo uma licença de pesquisa mineral, fazem disso um instrumento para especular.Porém, ele diz que agem corretamente aqueles que fazem pesquisa mineral com objetivo de auferir ganhos. "Há trabalho na pesquisa. Entre não se fazer nada e se fazer algo por intermédio desse pessoal (que faz pesquisa mineral) penso que existe uma ação valida. Tudo é válido desde que haja interesse em se descobrir (os minérios) e se bota as coisas para frente", diz o empresário.
Ele compara investidores e empresas de pesquisa mineral aos bandeirantes que avançaram pelo Brasil no século 18, atrás de riquezas minerais. "Essa ação dá oportunidade para os pequenos",afirma o empresário. Ele também afirma que não se pode pensar em um marco regulatório que onere ainda mais o custo da mineração no Brasil.
"Não podemos exportar ou competir com custos ainda mais elevados", lembra. "É preciso pegar leve com os impostos. Nós temos é que pensar na redução de custos". Olacyr de Moraes afirma que a reivindicação dos estados por royalties minerais pode ser um risco.
"Os estados sonham com coisas irreais. É claro que precisam de uma participação, mas não podemos perder de vista que isso não pode ser um elemento de ampliação dos custos na atividade mineral", diz.
Os minerais buscados por Olacyr de Moraes
As pesquisas da empresa Itaoeste indicaram a existência de manganês e titânio (em forma de macrocristais de rutilo) em uma área de 60,9 mil hectares no município de Parnaguá. O manganês é usado para produção de sulfato usado na agricultura. O titânio se aplica na fabricação de tintas, indústria química e protetores solares. Em Porto Alegre do Piauí, em uma área de 20,9 mil hectares, pesquisam-se titânio e um tipo especial de ferro, altamente magnetizado.Em Guadalupe, em associação com a Universidade Federal do Piauí, a empresa está pesquisando e desenvolvendo, em uma área de 10,5 mil hectares, processos para explorar a atapulgita, mineral usado na clarificação de óleos, perfuração de petróleo e como componente de produtos PET. Em fase de pesquisa, mas já aguardando autorização para exploração, a empresa busca argilas especiais em 1,1 mil hectares nas cidades de Jaicós e Conceição do Canindé.
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