quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Os mistérios das caveiras de cristal e a geologia

Os mistérios das caveiras de cristal e a geologia


As famosas caveiras de cristal, descobertas há décadas, são, até hoje, fontes de controvérsias e de mistérios.

Muitos acreditam que essas peças foram feitas por extraterrestres e deixadas entre os Astecas que os tinham como deuses.

Vários dizem que elas tem poderes mágicos e são uma espécie de computador que armazena a energia e as vibrações do ambiente. Por séculos acreditou-se que as caveiras de cristal têm poderes de cura, além de outros mais macabros e obscuros.

A lenda correu o mundo e influenciou escritores e até diretores de Hollywood.

Existem poucas caveiras de cristal com uma “história”, em torno de uma dúzia, quase todas expostas em grandes museus como o Museu Britânico e o Instituto Smithsonian.

Essas caveiras, de tamanhos variados, foram lapidadas em peças únicas de quartzo que podem ser totalmente transparentes ou coloridas. Poucas são pretas, algumas são de quarto leitoso e a maioria transparente.

A lenda liga essas caveiras aos Astecas e seus deuses. No entanto, até hoje, não há nenhuma prova sólida de que alguma dessas caveiras tenham saído de escavações conduzidas e oficialmente certificadas por arqueólogos.

Consequentemente, um dos pontos de alta importância refere-se às idades desses artefatos.

Serão elas de idade pré-colombiana, tão antigas quanto muitos acreditam?

As mais antigas foram conhecidas em 1870 associadas à coleção de Eugene Boban, que estão expostas no Museu do Homem.

As peças do Museu Britânico e do Instituto Smithsonian foram adquiridas da Tiffany e eram cercadas de mitos e por uma história que as remetia à coleção de Eugene Boban.

Com o intuito de elucidar parte dos mistérios o Museu Britânico e seu departamento de pesquisa científica, juntamente com o Departamento da Ciências da Terra da Universidade de Kingston iniciou em 1996 um programa que visava autenticar essas caveiras de cristal.

Além do tradicional o museu adotou uma metodologia moderna de investigação mineralógica com o uso do microscópio eletrônico de varredura (MEV).

Taça de Oaxaca Com o MEV a equipe de cientistas e mineralogistas comparou as superfícies das caveiras com superfícies de outros artefatos polidos, de idade comprovadamente pré-colombiana, originados em escavações oficiais de Oaxaca, como a taça na foto.

Surpresa!

As peças comprovadamente antigas apresentavam marcas de polimento compatível com a tecnologia da época pré-colombiana, enquanto que as caveiras de cristal haviam sido nitidamente polidas com máquinas de polir rotativas conhecidas a partir do século 19.

 Mais ainda, foram encontrados nas caveiras de cristal, traços de abrasivos que foram analisados por difração de raios-x. A análise dos minúsculos pedaços de abrasivos indica que eram de um composto chamado carborundum (carbeto de sílica) que começou a ser usado, mais recentemente, no século 20.

Os cientistas determinaram que a peça do Museu Smithsonian foi feita na década de 1960 um poucos antes de sair da Cidade do México.

Era uma falsificação!

As pesquisas não pararam por aí e os mineralogistas e geólogos passaram a focar no quartzo usado na fabricação.

Peças de quartzo de alta qualidade do tamanho das caveiras são raras. O estudo de inclusões fluidas e de inclusões minerais encontradas nas peças são excelentes indicadores para a determinação do ambiente geológico onde o quartzo foi formado.

Foi quando eles encontraram inclusões, próximas a base da caveira, de um tipo de clorita com alto ferro, que é comum apenas ao quartzo do Brasil. Eles descobriram que o quartzo de alta qualidade brasileiro era exportado para a Alemanha, durante a década de 1930, onde era polido e distribuído pela Europa.

Essa é a verdadeira história das caveiras de cristal do Museu Britânico e do Museu Smithsonian.

As caveiras de cristal estudadas não passaram no crivo da geologia: eram de fabricação terrena e recente, de quartzo brasileiro, possivelmente de Minas Gerais, mas ainda continuam fascinando as multidões que as visitam...

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