Os mistérios das caveiras de cristal e a geologia
As famosas caveiras de cristal, descobertas há décadas, são, até hoje, fontes de controvérsias e de mistérios.
Muitos acreditam que essas peças foram feitas por extraterrestres e deixadas entre os Astecas que os tinham como deuses.
Vários dizem que elas tem poderes mágicos e são uma espécie de
computador que armazena a energia e as vibrações do ambiente. Por
séculos acreditou-se que as caveiras de cristal têm poderes de cura,
além de outros mais macabros e obscuros.
A lenda correu o mundo e influenciou escritores e até diretores de Hollywood.
Existem poucas caveiras de cristal com uma “história”, em torno de uma
dúzia, quase todas expostas em grandes museus como o Museu Britânico e o
Instituto Smithsonian.
Essas caveiras, de tamanhos variados, foram lapidadas em peças únicas de
quartzo que podem ser totalmente transparentes ou coloridas. Poucas são
pretas, algumas são de quarto leitoso e a maioria transparente.
A lenda liga essas caveiras aos Astecas e seus deuses. No entanto, até
hoje, não há nenhuma prova sólida de que alguma dessas caveiras tenham
saído de escavações conduzidas e oficialmente certificadas por
arqueólogos.
Consequentemente, um dos pontos de alta importância refere-se às idades desses artefatos.
Serão elas de idade pré-colombiana, tão antigas quanto muitos acreditam?
As mais antigas foram conhecidas em 1870 associadas à coleção de Eugene Boban, que estão expostas no Museu do Homem.
As peças do Museu Britânico e do Instituto Smithsonian foram adquiridas
da Tiffany e eram cercadas de mitos e por uma história que as remetia à
coleção de Eugene Boban.
Com o intuito de elucidar parte dos mistérios o Museu Britânico e seu
departamento de pesquisa científica, juntamente com o Departamento da
Ciências da Terra da Universidade de Kingston iniciou em 1996 um
programa que visava autenticar essas caveiras de cristal.
Além do tradicional o museu adotou uma metodologia moderna de
investigação mineralógica com o uso do microscópio eletrônico de
varredura (MEV).
Com o MEV a equipe de cientistas e mineralogistas comparou as
superfícies das caveiras com superfícies de outros artefatos polidos, de
idade comprovadamente pré-colombiana, originados em escavações oficiais
de Oaxaca, como a taça na foto.
Surpresa!
As peças comprovadamente antigas apresentavam marcas de polimento
compatível com a tecnologia da época pré-colombiana, enquanto que as
caveiras de cristal haviam sido nitidamente polidas com máquinas de
polir rotativas conhecidas a partir do século 19.
Mais ainda, foram encontrados nas caveiras de cristal, traços de
abrasivos que foram analisados por difração de raios-x. A análise dos
minúsculos pedaços de abrasivos indica que eram de um composto chamado
carborundum (carbeto de sílica) que começou a ser usado, mais
recentemente, no século 20.
Os cientistas determinaram que a peça do Museu Smithsonian foi feita na
década de 1960 um poucos antes de sair da Cidade do México.
Era uma falsificação!
As pesquisas não pararam por aí e os mineralogistas e geólogos passaram a focar no quartzo usado na fabricação.
Peças de quartzo de alta qualidade do tamanho das caveiras são raras. O
estudo de inclusões fluidas e de inclusões minerais encontradas nas
peças são excelentes indicadores para a determinação do ambiente
geológico onde o quartzo foi formado.
Foi quando eles encontraram inclusões, próximas a base da caveira, de um
tipo de clorita com alto ferro, que é comum apenas ao quartzo do
Brasil. Eles descobriram que o quartzo de alta qualidade brasileiro era
exportado para a Alemanha, durante a década de 1930, onde era polido e
distribuído pela Europa.
Essa é a verdadeira história das caveiras de cristal do Museu Britânico e do Museu Smithsonian.
As caveiras de cristal estudadas não passaram no crivo da geologia: eram
de fabricação terrena e recente, de quartzo brasileiro, possivelmente
de Minas Gerais, mas ainda continuam fascinando as multidões que as
visitam...
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