Ametista : conheça o Garimpo das Pedras
Localizado em território do
município de Marabá, a 60 quilômetros do centro de Parauapebas, o
Garimpo das Pedras foi descoberto há 27 anos por garimpeiros da região.
De lá para cá, as jazidas têm produzido e comercializado milhares e
milhares de toneladas de pedras de ametista para o Brasil e o mundo,
tornando-se a segunda maior jazida do mundo, em termo de quantidade de
reserva.
No último domingo (23), a reportagem da Sucursal do
CORREIO DO TOCANTINS em Parauapebas esteve na Vila Garimpo das Pedras e
conversou com exclusividade com a ex-deputada estadual Elza Abussafi
Miranda, membro da família detentora da área onde se localiza o garimpo.
De acordo com Elza Miranda, a família dela adquiriu a
propriedade rural em 1975, sem saber da existência das reservas em
subsolo de ametista. Em 1983, por acaso, alguns garimpeiros acostumados
com a exploração de pedra semipreciosa descobriram a jazida de ametista,
considerada a segunda maior do mundo, em termo de quantidade de
reserva, só perdendo para a África.
Elza Miranda explica que a extração da pedra é
subterrânea, em túneis verticais, perpendiculares e horizontais com
extensão que vão até 300 metros de profundidade. Mas a ametista começou a
ser descoberta à flor da terra.
Perguntada sobre segurança na exploração das pedras
no fundo da terra, Elza respondeu que os garimpeiros trabalham com total
segurança, e por isso o índice de acidente é zero. “Mas já foram
registrados acidentes com um ou dois garimpeiros que não observaram os
itens de segurança”, admite.
CESSÃO DA ÁREA Ela conta que
após a descoberta das jazidas de ametista na fazenda a família Miranda
administrava com exclusividade toda a produção do minério. Algum tempo
depois, para dar legalidade jurídica à exploração das jazidas, foi
celebrado um termo de cessão gratuita de uso por tempo indeterminado de
uma área de 240 alqueires com a Cooperativa dos Produtores de Gemas do
Sul do Pará (Coopergemas), criada pelos próprios garimpeiros da vila.
A partir daí, a exploração das pedras passou a ser
controlada pela cooperativa, que dá origem ao produto, emitindo nota
fiscal para saída do minério e descontando 6% do valor comercializado. A
família Miranda explora uma mina com seis trabalhadores com direito a
100% da produção.
A produção, que chega até 100 toneladas de pedras
semipreciosas por mês, é toda comercializada no próprio garimpo. Os
maiores comparadores são da Bahia e de Minas Gerais. “Alguns clientes
diretamente da China, que não sabem nem falar a língua portuguesa, vêm
também comprar pedras aqui na vila com intérpretes”, revela a
garimpeira.
Elza Miranda lembra que quando ela era deputada
chegou a levar o então governador Almir Gabriel ao garimpo, e ele viu a
necessidade se implantar na vila uma escola de lapidação de pedra, com o
objetivo de gerar emprego e renda, “mas esbarramos na falta de
mão-de-obra qualificada para instruir a comunidade. A ideia continua de
pé”.
Segundo Elza Miranda, a comunidade do Garimpo das
Pedras conta hoje com uma população aproximada de quatro mil pessoas que
moram em duas vilas: a de baixo e a de cima, e todos os adultos vivem
em função da exploração do minério.
A vila, que geograficamente pertence ao município de
Marabá, conta com escola, posto de saúde, destacamento da Polícia
Militar, supermercados, igrejas, energia elétrica, associação de
moradores, farmácia e até pista para pouso e decolagem de pequenas
aeronaves.
ÁGUA QUENTE
No caminho entre uma vila e outra existe uma nascente que jorra água
com 40 graus de temperatura. Há alguns anos, os Miranda construíram
rusticamente uma piscina para acumular água e possibilitar banho de
pessoas que são atraídas pelo local. Há poucos meses, uma das paredes da
piscina ruiu, ficando apenas a bica jorrando água quente, fato que vem
frustrando os visitantes.
“Estudo engenharia ambiental e costumo dizer que
esta área é vulcânica, que pode ou não ter entrado em erupção, daí a
existência dessas pedras e também da água quente, cuja temperatura fica
na ordem de 40 graus, rica em potássio, própria para o consumo,
inclusive medicinal”, descreve.
Elza Miranda anuncia que nos próximos meses a família
dela deve começar a reconstruir a piscina, agora com trabalho técnico
de engenharia, e disponibilizá-la ao público que vai à vila. Ela lembra
que com a conclusão da estrada do Projeto Salobo para Parauapebas o
asfalto vai passar a oito quilômetros da Vila Garimpo das Pedras.
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